Num artigo do José Manuel Fernandes sobre a praxe, aliás excelente, aparece esta pérola:
‹‹O país que se indigna com o sadismo dos duxes veteranoruns é o mesmo país que fez de um romance de contornos sadomasoquistas (...) o maior êxito de vendas dos últimos anos››.
Eh lá, o que é que tem a ver "os fundilhos" com as calças? Seria como dizer que uma pessoa que se indigna com um assassínio, por exemplo, é a mesma pessoa que é uma ávida consumidora de romances policiais ordinários. Ou que uma rapariga que foi violada, tinha fantasias sexuais relacionadas com violações.
Uma coisa é a realidade, outra é a virtualidade do pensamento ou de uma fantasia. O JMF não percebe esta distinção, mas não importa. Vale a pena ler a sua análise e, já agora, aqui ficam votos de sucesso para o seu novo projeto - O Observador.
31 janeiro 2014
escola de praxe
Vai abrir uma nova "loja" para iniciar jovens, dos 12 aos 21 anos, em princípios e rituais. *
* Segundo o Sol, a Grande Loja Legal de Portugal, da Maçonaria, vai criar uma juventude maçónica.
* Segundo o Sol, a Grande Loja Legal de Portugal, da Maçonaria, vai criar uma juventude maçónica.
em que lugar da Terra?
... se não há um único país na Europa que esteja a pôr em prática uma política em que o PS se reconheça, como quer o Partido Socialista convencer os portugueses de que tem uma alternativa viável?
Em que lugar da Terra podemos ver essa alternativa posta em prática, para ver se funciona?
José António Saraiva, no Sol
Comentário: Nem de propósito, este editorial do JAS vai ao encontro dos meus dois últimos posts. Em que lugar da Terra?
Em que lugar da Terra podemos ver essa alternativa posta em prática, para ver se funciona?
José António Saraiva, no Sol
Comentário: Nem de propósito, este editorial do JAS vai ao encontro dos meus dois últimos posts. Em que lugar da Terra?
30 janeiro 2014
a melhor prova
A melhor prova de que o socialismo ‹‹nunca existiu, não existe e nunca existirá››, é muito fácil de obter. Basta perguntar aos "socialistas" o que pensam do socialismo da URSS, RDA, China e Albânia, por exemplo. Dirão de imediato que não eram países verdadeiramente socialistas.
Os mais moderados ainda olhavam para a Suécia, mas os suecos têm fugido do socialismo a sete pés (desde os anos 90). E agora, até o Hollande meteu o socialismo na gaveta.
Os mais moderados ainda olhavam para a Suécia, mas os suecos têm fugido do socialismo a sete pés (desde os anos 90). E agora, até o Hollande meteu o socialismo na gaveta.
nunca existiu, não existe e nunca existirá
Nunca houve, não há e nunca haverá socialismo.
Escrevo depois de ler o artigo do Francisco Assis, hoje no Público.
A dicotomia entre a economia de mercado e a
economia social não existe, é uma patranha para papalvos, para explorar a
populaça.
Passo a explicar. O socialismo, em teoria,
consiste na colectivização dos meios de produção, na gestão pública e na
redistribuição da riqueza produzida, de acordo com as necessidades individuais.
O colectivo, porém, somos todos e ninguém. A
vontade colectiva é sempre interpretada por protagonistas individuais, de
acordo com as suas idiossincrasias ou com a expressão do que parece ser a
vontade da maioria. No primeiro cenário teríamos um despotismo (o contrário do
social), no segundo cenário – a vontade da maioria – teríamos regressado ao
mercado (neste caso a um mercado de vontades).
O socialista no poder acaba por ter de seguir
tendências populares. Caso contrário perderia legitimidade e teria de recorrer
à coerção.
E a redistribuição? Até aqui é impossível
fugir ao mercado. A pressão da opinião pública, os lobbies, os partidos, os
sindicatos, etc., impõem opções políticas. Em Portugal, por exemplo, os
funcionários públicos têm mais privilégios do que os outros trabalhadores e até
o TC os protege.
O socialismo não escapa às leis de mercado.
Estas continuam a funcionar, apesar das distorções. Quando o socialista puxa o
cobertor para tapar a cabeça, destapa os pés, não é possível escapar à
realidade.
A melhor definição de socialismo, portanto, será:
uma sociedade de mercado falsificada. Francisco Assis atribui a Hayek a ideia
de que o socialismo seria uma ideologia antiquada e ultrapassada. Tendo lido as
obras mais importantes do Hayek, não recordo essa perspectiva, o que recordo é
que Hayek entendia que os socialistas eram pessoas bem intencionadas mas que
não compreendiam nada de economia.
A minha visão dos socialistas não é tão
dourada. O socialismo, na prática, nunca existiu, não existe e nunca existirá.
E os socialistas são populistas que singram na vida à custa da miséria que
impõem aos seus concidadãos. É o mercado dos “conceitos fatais” a funcionar.
mediocridade
A mãe da mediocridade é a universidade
Theodore Dalrymple
Comentário: Concordo, especialmente nos últimos 30 anos.
Theodore Dalrymple
Comentário: Concordo, especialmente nos últimos 30 anos.
29 janeiro 2014
eles vivem em nós
A confirmação de que genes do Homo sapiens
neanderthalensis sobrevivem em nós é uma notícia esplendida. O homem de Neantherthal viveu na Europa e na Ásia durante mais de
400.000 anos, tendo-se extinguido há cerca de 30.000 anos, provavelmente na
Península Ibérica.
Foi uma super-espécie de homens – julgo que
não devo falar de hominídeos – com um porte atlético, resistente às baixas
temperaturas do Norte e com um cérebro ainda maior do que o nosso (+200 cc).
O cruzamento do “sapiens sapiens” com o “sapiens
neantherthalensis” só nos pode ter beneficiado, mesmo que os seus genes tenham
uma pequena presença no nosso genótipo. Representa 1,15% dos genes dos
caucasianos; 1,38% dos genes dos asiáticos; mas está praticamente ausente nos
Africanos.
Durante muito tempo não aceitei este cruzamento, por
me parecer que a descendência seria estéril. De facto confirma-se que as duas
espécies estão no limite da compatibilidade e que os descendentes
(especialmente os machos) seriam pouco férteis. Contudo, um pequeno número de
híbridos foi suficiente para nos deixar a herança genética dos Neandertais. E
os asiáticos, parece, ainda beneficiaram mais do que nós.
o acesso às fêmeas
Sem mulheres, todo o dinheiro do mundo não valeria nada - Onassis
Quando contestei a ideia do CGP de que as sociedades de caçadores recoletores eram igualitárias, pensei logo no estatuto social e na questão do acesso às fêmeas. De facto, a desigualdade neste campo é tão grande que estudos genéticos demonstram que só 40% dos homens deixaram descendência, contra 80% das mulheres.
Impressionante.
Quando contestei a ideia do CGP de que as sociedades de caçadores recoletores eram igualitárias, pensei logo no estatuto social e na questão do acesso às fêmeas. De facto, a desigualdade neste campo é tão grande que estudos genéticos demonstram que só 40% dos homens deixaram descendência, contra 80% das mulheres.
Impressionante.
28 janeiro 2014
Bolhas e Crise: alguma dúvida?
Índices de Preços de Casas na Irlanda, Grécia, Espanha e Alemanha (por ordem descendente).
Friedman conta o episódio de Mises na Mont Pelerin Society:"You´re all a Bunch of Socialists"
e ainda Ayn Rand. E Hazlitt.
hierarquia e acesso às fêmeas
O Karl é um dos nossos melhores, posta uns
gráficos bestiais na parede da caverna, todos gostam dele e é provável que um
dia venha a liderar o bando. A malta só não vai é com aquela treta da
igualdade, mas como também não temos nada para redistribuir... cada um com a
sua mania. Quando o aferroamos desata a subir e a descer um monte aqui em frente, até cair de exaustão.
Há dias desapareceu de vista para
regressar de madrugada com uma "mula" pela trela a gritar e a espernear. Foi a
galhofa geral, o Karl raptou-a de noite a um bando vizinho e trouxe-a à força.
A rapariga enche o olho, com um par de tetas descomunal e um traseiro a
condizer. Chama-se Markl e é de um bando do Norte que anda em guerra connosco
há muitas luas, disputam o nosso território de caça, mas até agora sem sucesso.
Quando chegou à caverna o Karl vinha de rastos,
a Markl batia-lhe e arranhava-o sem descanso. Sentou-se à fogueira e agarrou
num pedaço de carne que tínhamos assado.
Entretanto a Za e a Zie aproximaram-se da
Merkl e começaram a acalmá-la. Acariciavam-lhe as mamas e riam-se, o que serenou
a situação. Secaram-lhe as lágrimas, recolheram-na para o meu canto e deram-lhe
de beber e de comer. Não compreendemos nada do que ela diz, mas também não é
preciso.
Quando acabou de comer, o Karl aproximou-se
das raparigas, mas foi de imediato repelido com grande alarido. Eu próprio
censurei-o com o olhar. Neste bando, as mulheres são para mim.
Há quem pense que eu ando a fornicar acima das minhas possibilidades. Ao fim e ao cabo vou fazer 30 anos em breve e a minha
linha da cintura, admito, já não é o que era. Mas a verdade é que, no bando, as
mulheres só têm olhos para o líder e enquanto eu mandar...
Logo, com a ajuda da Za e da Zie, vou
enrolar-me com a Merkl. Quero domar aquela égua selvagem até a domesticar. Como tenho o gene da igualdade no corpo, todos vão poder
assistir.
O Karl ficou triste por não ter desfrutado da sua
conquista, mas aceita a hierarquia do bando. A vez dele há-de chegar... Para o
consolar dei-lhe um bocado de terracota
para esculpir e o resultado foi fenomenal. Colocamos a estatueta num lugar de
destaque e chamamos-lhe Barb.Joak
Comentário: A desigualdade nos bandos de caçadores recolectores manifesta-se na hierarquia social e no acesso às fêmeas.
Barriga
Os caçadores-recolectores tinham uma escassa capacidade de fazer reservas de alimentos. Longos períodos sem conseguir caçar ou apanhar frutos poderiam condenar tribos inteiras à fome. Para compensar a falta de capacidade em fazer reservas físicas de alimentos, o ser humanos desenvolveu a capacidade de fazer reservas dentro do próprio corpo: a capacidade de acumular gordura. Aqueles que mais gordura conseguiam acumular e que beneficiassem de um metabolismo mais lento sobreviveram melhor a períodos de fome, transmitindo os seus genes às gerações seguintes.
A evolução recente da economia fez com que a alimentação deixasse de ser escassa para grande parte da população. Pelo contrário, é o excesso de gorduras que é causador de doenças, problemas reprodutivos e morte precoce. A capacidade de armazenar gorduras e um sistema metabólico lento é hoje uma desvantagem evolutiva. Assim como a preferência cega pela igualdade.
A evolução recente da economia fez com que a alimentação deixasse de ser escassa para grande parte da população. Pelo contrário, é o excesso de gorduras que é causador de doenças, problemas reprodutivos e morte precoce. A capacidade de armazenar gorduras e um sistema metabólico lento é hoje uma desvantagem evolutiva. Assim como a preferência cega pela igualdade.
Mamas
Ao contrário do que se poderá pensar, as mamas não foram desenhadas pelo processo evolutivo para amamentar. Se fosse esse o caso, teriam uma forma mais semelhante a de outros mamíferos (compridas e estreitas). Prova disso é que um dos problemas mais comuns na alimentação de bebés recém-nascidos é encontrar uma posição de amamentação que permita que o bebé consiga respirar pelo nariz enquanto mama.
A capacidade reprodutiva feminina é maior quanto mais nova for a mulher depois da puberdade. Claro que na esmagadora maioria da história humana, não havia muitas formas para um homem conhecer a idade de uma mulher, usando para isso indicadores físicos. Como o ser humano andava apoiado em dois membros, e não quatro como a maioria dos mamíferos, as mamas eram o indicador mais evidente. Mamas levantadas significavam juventude e pujança reprodutiva, atraindo a preferência do macho humano. Quanto maiores fossem, mais forte seria o sinal. Machos que preferissem mulheres com mamas caídas e pequenas reproduziam-se menos
Na era dos sutiãs e dos bilhetes de identidade, as mamas perderam essa função indicativa da idade. A nossa preferência por mamas não esvaneceu. Está-nos nos genes.
A capacidade reprodutiva feminina é maior quanto mais nova for a mulher depois da puberdade. Claro que na esmagadora maioria da história humana, não havia muitas formas para um homem conhecer a idade de uma mulher, usando para isso indicadores físicos. Como o ser humano andava apoiado em dois membros, e não quatro como a maioria dos mamíferos, as mamas eram o indicador mais evidente. Mamas levantadas significavam juventude e pujança reprodutiva, atraindo a preferência do macho humano. Quanto maiores fossem, mais forte seria o sinal. Machos que preferissem mulheres com mamas caídas e pequenas reproduziam-se menos
Na era dos sutiãs e dos bilhetes de identidade, as mamas perderam essa função indicativa da idade. A nossa preferência por mamas não esvaneceu. Está-nos nos genes.
27 janeiro 2014
é relevante saber se somos igualitários?
Tem alguma relevância tentar compreender se o
Homo Sapiens é geneticamente igualitário ou se, pelo contrário, convive bem com
a desigualdade desde que haja sentido de equidade e de justiça?
Para mim tem imensa relevância porque gosto de
pensar que a minha visão libertária do mundo corresponde, o melhor possível, à
chamada natureza humana.
A Lei Natural, tão cara aos católicos
(Agostinho, Aquino) e aos libertários (Rothbard, Rand) – eis aqui uma ponte
interessante – emerge da natureza humana. Citando Agostinho: ‹‹antes de Deus as
inscrever nas Tábuas da Lei, já estavam inscritas no coração dos homens››. É a
natureza humana que busca a Verdade (Deus), é a natureza humana que institui a
propriedade privada (não roubarás) e é a natureza humana que condena a cobiça.
Se a igualdade tivesse um fundamento genético,
o roubo e a cobiça nunca poderiam ser estigmatizados. Pelo contrário, seriam
tolerados. No nosso íntimo sentiríamos que o roubo repunha a igualdade, onde
antes havia desigualdade (ninguém rouba os que têm as mesmas posses, se o
objectivo for a igualdade).
Se sonharmos com um futuro contrário à
natureza humana (utopia), temos de armar a guilhotina, porque só pela força o
vamos conseguir impor. Foi isso que aconteceu aos diversos socialismos que
varreram o mundo, deixando dezenas de milhares de mortos pelo caminho.
Se o nosso sonho porém for ao encontro da
natureza humana, como eu penso que o libertarianismo (e provavelmente o
catolicismo) vai, então podemos remeter a guilhotina para um museu de horrores
e contemplar um futuro em que cada um seja livre de buscar a sua própria
felicidade (reparem como não há igualdade na felicidade...).
Como libertário, eu penso que estou em sintonia com a
natureza humana e com o sucesso do Homo Sapiens na Terra. Caso contrário teria
de rever toda a minha filosofia de vida.
Gini = 0,25 entre os caçadores-recolectores
How Egalitarian Are Hunter-Gatherers?
Hunter-gatherers have long been anthropology’s favorite exemplar—of whatever social, political, or moral principle an analyst wishes to support. The twists and turns in this intellectual history have been ably reviewed elsewhere (e.g., Winterhalder 1993; Kelly 1995;Marlowe 2005). We wish to avoid any suggestion of endorsing a new stereotype for what is inherently a diverse set of societies. However, we do think our findings support a reassessment of the view that hunter-gatherers (with a few obvious exceptions) are characterized by pervasive equality in wealth and life chances.
The intergenerational wealth transmission coefficients estimated here range from values that are very low and statistically indistinguishable from zero to ones near or above 0.4. Let us focus on intermediate values of β≈0.25, close to several measures (Table 5). While far below a perfect transmission rate of 1.0, this measure indicates a fairly high bias in the life chances according to the parent’s wealth. Indeed, as detailed in the introductory paper in this forum by Bowles et al., β=0.25 implies that a child born into the top wealth decile of the population is 5 times more likely to remain in the top wealth decile than a child whose parents were in the bottom decile. Even a β of 0.1 implies that a child born into the top wealth decile is twice as likely to remain there as is one born into the bottom decile. These results suggest that in hunter-gatherer populations, even those with extensive food-sharing and other leveling devices (Cashdan 1982), the offspring of those better off will tend to remain so, and conversely.
But how much wealth inequality actually exists in these populations? The Gini coefficients listed in Table 5 are low compared to contemporary societies, and even to agricultural and pastoral populations (see other papers in this forum); but they are far from negligible. Excluding the low coefficients for weight, the Ginis range from 0.2 to 0.5, and even including weight the α-weighted average is 0.25 (Table 5). This value is the same as the income inequality in contemporary Denmark (0.25), the country with lowest such value in 2007 (UNDP 2007). Thus, to the extent that our measures for this set of foragers are representative, wealth inequality is moderate—that is to say, very low by current world standards, but far from a state of “primitive communism” (cf. Lee 1988).
The combined picture from the intergenerational transmission (β) and inequality (Gini) estimates suggests we may need to rethink the conventional portrayal of foragers as highly egalitarian and unconcerned with wealth. Even classic examples of hunter-gatherer society display more inequality than is widely appreciated. For example, evidence indicates that leadership was much stronger among the Ju/’hoansi in the past before the Bantu arrived, with the best foraging areas (n!ore) held by strong families (Wiessner 2002), and the language has distinct words for poor, ordinary and rich.
26 janeiro 2014
os caçadores-recolectores eram libertários, não eram comunistas
Eis um excelente artigo que pode ajudar a compreender a questão do igualitarismo nas sociedades primitivas: Hunter-Gatherers - The Original Libertarians, Thomas Mayor 2012 .
Analisados os argumentos em debate, subsiste uma dúvida que nem Marx, nem Engels, nem o CGP esclareceram: se o Homo Sapiens viveu numa espécie de comunismo primitivo durante a maior parte da sua existência e se os genes dos que contrariavam o igualitarismo não sobreviveram, porque é que o comunismo não se tornou no sistema político e económico predominante e de maior sucesso?
Analisados os argumentos em debate, subsiste uma dúvida que nem Marx, nem Engels, nem o CGP esclareceram: se o Homo Sapiens viveu numa espécie de comunismo primitivo durante a maior parte da sua existência e se os genes dos que contrariavam o igualitarismo não sobreviveram, porque é que o comunismo não se tornou no sistema político e económico predominante e de maior sucesso?
O gene do igualitarismo
(Fonte: wikipedia)
A hunter-gatherer or forager society is a nomadic society in which most or all food is obtained from wild plants and animals, in contrast to agricultural societies, which rely mainly on domesticated species (...) As The Cambridge Encyclopedia of Hunter-Gatherers says: "Hunting and gathering was humanity's first and most successful adaptation, occupying at least 90 percent of human history. Until 12,000 years ago, all humans lived this way."(...) Hunter-gatherers tend to have an egalitarian social ethos, although settled hunter-gatherers (for example, those inhabiting the Northwest Coast of North America) are an exception to this rule. Nearly all African hunter-gatherers are egalitarian, with women roughly as influential and powerful as men
A origem da desigualdade está nos mesmos factores que geram o crescimento: a divisão do trabalho, a acumulação de capital e as trocas comerciais. Todos são factores geradores de diferenciais de produtividade individual. Sem estes três factores, a produtividade individual seriam bastante semelhantes e, portanto, a expectativa dos indivíduos de um grupo era de dividirem o fruto do trabalho colectivo em partes semelhantes. Nesta situação, se um indivíduo recebesse substancialmente mais, tal exigiria que outros recebessem menos por via da coerção. A coerção, por seu lado, era uma prática indesejável numa sociedade cuja sobrevivência dependia tanto do trabalho colectivo. Ou seja, durante 90% da história humana, a igualdade era amiga da sobrevivência. Claro, haveria sempre alguns elementos mais fortes no grupo, cuja maior produtividade justificaria uma maior porção do resultado final, mas nada que se compare às diferenças que surgiram mais tarde nas sociedades agrícolas ou nas sociedades modernas. Durante 90% da história humana, o igualitarismo, mesmo que não absoluto, era uma necessidade da sobrevivência. Os genes daqueles contrariavam o egalitarismo acabaram exterminados pelo processo evolutivo. Todos os que sobreviveram ao processo evolutivo eram portadores do gene do igualitarismo. O mesmo que nos leva hoje a rejeitar institivamente as mesmas diferenças que nos proporcionam o desenvolvimento económico e bem-estar.
são o mesmo
Direita e esquerda são retalhistas que se abastecem no mesmo grossista: a Europa
Philippe Séguin, citado no Figaro
Philippe Séguin, citado no Figaro
25 janeiro 2014
o papel insubstituível das prostitutas
Em todas as latitudes e longitudes do globo
terrestre, as fêmeas estão dispostas a afastar os joelhos para machos
dominantes. Machos que estão no topo da hierarquia social.
Não o fazem por razões de natureza sexual, nem
por dinheiro, nem até pelo poder do macho, fazem-no pelo estatuto que esse
relacionamento lhes confere. A consorte do primeiro-cavalheiro torna-se
automaticamente na primeira-dama e é isso que as fêmeas buscam e ambicionam.
Porquê? Porque de imediato, todas as outras
fêmeas lhe ficam subjugadas, eis a quintessência afrodisíaca feminina –
esmagar, humilhar e reduzir à sua insignificância, todas as outras.
O macho é apenas um instrumento, passo a
expressão, de uma estratégia maior. Não importa se é bonito ou feio,
inteligente ou estúpido, se é rico ou pobre. O que conta é que as
circunstâncias o catapultaram para líder e, através dele, a fêmea pode dominar
todas as outras.
Os analistas do fenómeno Hollande e até talvez
ele próprio, passaram ao lado desta perspectiva. Ao que estamos a assistir, em directo, é a uma
luta fratricida entre fêmeas e, nessa luta, o pobre Hollande não passa de um
joguete.
É por estas e por outras que as prostitutas
desempenham um papel insubstituível na sociedade. Um macho poderoso não precisa
de pagar para ter sexo, mas é bom que pense que se pagar “elas estão mais
dispostas a desamparar a loja no final da contenda”.
rasganço
Na sua crónica de hoje, no Público, Vasco Pulido Valente desfere uma crítica violenta, mas certeira, às universidades privadas. Pouco haveria a acrescentar, excepto o contexto.
As universidades privadas, no seu modelo actual, não caíram do céu. São o subproduto de um ensino estatizante e medíocre. O Estado tolera as universidades privadas para dar saída a uns milhares de jovens que não conseguem entrar nas públicas, mas mantém-nas de trela curta e com pouca autonomia.
Por seu turno, as universidades privadas limitam-se a copiar o fracassado modelo das públicas, sem se atreverem a qualquer inovação que desafie o “status quo”.
As praxes não foram inventadas pela Lusófona, foram copiadas, especialmente da Universidade de Coimbra. Ainda há dias, ouvi uma estudante desta Universidade relatar uma tradição chamada “rasganço”, cuja boçalidade me escuso de comentar (ver foto).
Como as cópias são sempre mais ordinárias do que os originais, era de esperar que as privadas refinassem o mau gosto e a incompetência.
VPV ataca as privadas com a garra de um pitbull, mas presta um mau serviço aos estudantes e ao país quando ignora o contexto. Podia ter aproveitado para criticar o estatismo, o centralismo e o colectivismo que são a mãe de todos estes vícios, mas preferiu o alvo fácil, as privadas.
Por fim, transmite a ideia de que, no seu íntimo, apoia este centralismo delirante, quando sugere ao ministro da educação que acabe com a Lusófona. Em que outro país do mundo é que tal seria possível ou recomendável? Um governo terminar com uma universidade privada por simples golpe de caneta.
As universidades privadas, no seu modelo actual, não caíram do céu. São o subproduto de um ensino estatizante e medíocre. O Estado tolera as universidades privadas para dar saída a uns milhares de jovens que não conseguem entrar nas públicas, mas mantém-nas de trela curta e com pouca autonomia.
Por seu turno, as universidades privadas limitam-se a copiar o fracassado modelo das públicas, sem se atreverem a qualquer inovação que desafie o “status quo”.
As praxes não foram inventadas pela Lusófona, foram copiadas, especialmente da Universidade de Coimbra. Ainda há dias, ouvi uma estudante desta Universidade relatar uma tradição chamada “rasganço”, cuja boçalidade me escuso de comentar (ver foto).
Como as cópias são sempre mais ordinárias do que os originais, era de esperar que as privadas refinassem o mau gosto e a incompetência.
VPV ataca as privadas com a garra de um pitbull, mas presta um mau serviço aos estudantes e ao país quando ignora o contexto. Podia ter aproveitado para criticar o estatismo, o centralismo e o colectivismo que são a mãe de todos estes vícios, mas preferiu o alvo fácil, as privadas.
Por fim, transmite a ideia de que, no seu íntimo, apoia este centralismo delirante, quando sugere ao ministro da educação que acabe com a Lusófona. Em que outro país do mundo é que tal seria possível ou recomendável? Um governo terminar com uma universidade privada por simples golpe de caneta.
24 janeiro 2014
23 janeiro 2014
ignorância, ideias pré-concebidas e evolucionismo
Os nossos antepassados nunca viveram num
paraíso Roussauniano de partilha e de igualdade. Pelo contrário, a vida do Homo
Sapiens durante a maior parte da sua existência foi ‹‹solitária, pobre,
desagradável, bruta e breve›› - Thomas Hobbes.
Os indivíduos nunca se preocuparam demasiado
com a igualdade e essa tendência mantém-se até hoje. É por isso que para
implementar o socialismo é necessário recorrer à violência, à coerção.
O argumento do CGP é que ‹‹a desigualdade era
um risco para a sobrevivência do grupo. Para que um elemento do grupo tivesse
mais de algo, seria necessário que outro tivesse menos. A desigualdade na
distribuição do produto do trabalho poderia levar à desintegração do grupo. Não
por acaso, aqueles que ofereciam maior resistência à desigualdade foram aqueles
que ganharam o desafio da evolução. Por isso, a aversão natural, pré-concebida,
à desigualdade é algo que se mantém ainda hoje.››.
A minha discordância resulta da observação do
comportamento dos outros animais, do estudo de tribos primitivas e da
psicologia das organizações.
Em termos etológicos, não vemos os outro
primatas preocupados com a igualdade, impera a lei do mais forte. Nas tribos
primitivas, o mesmo. Há hierarquias rígidas e rituais que respeitam essas
hierarquias até para a distribuição de alimentos.
Na psicologia das organizações aprendemos que
os trabalhadores procuram equidade e não a igualdade tout court. Quando um
colega recebe sem produzir, os outros diminuem a produção para repor a
equidade.
A máxima: ‹‹de cada um segundo a suas
possibilidades e a cada um segundo as suas necessidades›› - Marx, é rejeitada
especialmente pela populaça. Na minha experiência pessoal, são as pessoas mais
pobres que mais rejeitam o RSI, por exemplo. Em termos até chocantes, pelo
menos para mim.
Por fim, vamos aos argumentos evolucionistas.
A selecção natural é sobretudo a selecção de indivíduos, não de grupos. Ainda,
se o socialismo fosse a melhor forma das sociedades prosperarem, o mesmo se
verificaria hoje, ocorre o contrário.
Porque é então que a maior parte dos eleitores
portugueses manifestam o tal conservadorismo socialista? Porque são
beneficiários líquidos das políticas socialistas – é por isso que fomos à
falência, é por isso que há défice. Quando a maioria for contribuinte e não
beneficiária: adeus socialismo que eu levo na ideia não mais o votar.
2014 ou 2008?
2014 está cada vez mais parecido com 2008, daí este meu post. Reparem:
- Regressou uma certa euforia económica - sem qualquer fundamento objectivo
- Voltamos aos negócios bilionários com a Venezuela - que não tem recursos para nos pagar
- Estão outra vez na moda as questões fracturante (co-adopção) - como se não tivéssemos mais nada com que nos preocupar
Ó tempo volta p'ra trás
O Sócrates foi-se embora
O tempo p'ra mim parou
O passado foi com ele
P'ra mim não mais voltou
um discurso histérico
Anda pelo país uma sombra tenebrosa e sufocante que invade todos os pontos cardeais, sem regras nem açaimes, como um vómito asqueroso e repulsivo.
A Constituição da República "foi escarnecida" e, enquanto a pobreza, o medo e o desemprego “aumentaram”, os “bilionários multiplicaram-se”, sublinhou o fundador do SNS. António Arnaut referiu que, ao mesmo tempo, assiste-se no país a “uma gestão danosa e à corrupção” por parte de governantes “incompetentes e submissos ao grande capital”.
Governantes esses que apelidou de “corja”, palavra que António Arnaut diz ter-se lembrado no dia 01 Janeiro de 2014, data em que escreveu o seu discurso, quando viu duas crianças a gritar de “fome e de frio” enquanto remexiam no lixo à procura de comida, como contou, emocionado.
Público
Comentário: Em Portugal, no SNS do Dr. António Arnaut, operam-se 100.000 doentes às cataratas por ano (dados de 2008)*. Mais do que se fazem na Bélgica, um país com uma população idêntica à nossa. Se fossem apenas 75.000, quanto dinheiro não sobraria para alimentar "crianças a gritar de fome e de frio"?
* Ver aqui
A Constituição da República "foi escarnecida" e, enquanto a pobreza, o medo e o desemprego “aumentaram”, os “bilionários multiplicaram-se”, sublinhou o fundador do SNS. António Arnaut referiu que, ao mesmo tempo, assiste-se no país a “uma gestão danosa e à corrupção” por parte de governantes “incompetentes e submissos ao grande capital”.
Governantes esses que apelidou de “corja”, palavra que António Arnaut diz ter-se lembrado no dia 01 Janeiro de 2014, data em que escreveu o seu discurso, quando viu duas crianças a gritar de “fome e de frio” enquanto remexiam no lixo à procura de comida, como contou, emocionado.
Público
Comentário: Em Portugal, no SNS do Dr. António Arnaut, operam-se 100.000 doentes às cataratas por ano (dados de 2008)*. Mais do que se fazem na Bélgica, um país com uma população idêntica à nossa. Se fossem apenas 75.000, quanto dinheiro não sobraria para alimentar "crianças a gritar de fome e de frio"?
* Ver aqui
todas as revoluções são eufóricas
Para solucionar a crise, acredita numa revolução "democrática e eufórica" – “uma revolução que, democraticamente, ponha fim à humilhação nacional que nos diminui e nos torna indignados, por nos terem imposto a tutela da ordem económica para pagar dívidas”. E ironiza: “Dívidas para pagar compras que pessoalmente não pedi para fazerem ”.
Público
Comentário: É engraçado o jeito do Eduardo Lourenço para dizer o que o auditório quer ouvir, sem dizer nada de substantivo. É um poeta da prosa. É claro que não há revoluções democráticas, embora uma revolução possa pretender implementar um regime democrático. Por outro lado, todas as revoluções são eufóricas. Não há revoluções depressivas. O que me levou a escrever este post foi a subtileza da foto, dois Lourenços a falar de euforia com dois copos de vinho ao lado. Parabéns ao fotógrafo.
Público
Comentário: É engraçado o jeito do Eduardo Lourenço para dizer o que o auditório quer ouvir, sem dizer nada de substantivo. É um poeta da prosa. É claro que não há revoluções democráticas, embora uma revolução possa pretender implementar um regime democrático. Por outro lado, todas as revoluções são eufóricas. Não há revoluções depressivas. O que me levou a escrever este post foi a subtileza da foto, dois Lourenços a falar de euforia com dois copos de vinho ao lado. Parabéns ao fotógrafo.
22 janeiro 2014
Saída do €
"ARGENTINE CENTRAL BANK RESERVES FALL TO $29.5B: BANK STATEMENT. Dropping by $100MM a day"
Disciplina numa moeda única e a dívida contraída nessa moeda
versus
Disciplina na gestão das reservas de moeda externa e dívida em moeda externa (inevitável em economias pequenas)
Disciplina numa moeda única e a dívida contraída nessa moeda
versus
Disciplina na gestão das reservas de moeda externa e dívida em moeda externa (inevitável em economias pequenas)
bem-me-quer mal-me-quer
No tempo em que os animais falavam, uma mocinha com este ar angelical não teria qualquer dificuldade em encontrar um senhor que lhe financiasse uma "bolsa de investigação" ou até uma bolsa Luis Vuitton e uns sapatos da Louboutin.
Só que a tradição já não é o que era e agora a menina prefere o Estado, na convicção de que este "a tratará bem e será carinhoso com ela".
Pura ilusão juvenil. O Estado somos todos e ninguém, e ninguém pode ser responsável por alguém.
As crises são penosas e desafiam tudo. O tempo em que as "cientistas" se casavam com o Estado - como as freiras se casam com Deus - acabou e ninguém avisou a miúda que os casamentos, agora, não são para sempre.
Como era aquela canção: encoste a sua cabecinha no meu ombro e chore e eu juro...
Só que a tradição já não é o que era e agora a menina prefere o Estado, na convicção de que este "a tratará bem e será carinhoso com ela".
Pura ilusão juvenil. O Estado somos todos e ninguém, e ninguém pode ser responsável por alguém.
As crises são penosas e desafiam tudo. O tempo em que as "cientistas" se casavam com o Estado - como as freiras se casam com Deus - acabou e ninguém avisou a miúda que os casamentos, agora, não são para sempre.
Como era aquela canção: encoste a sua cabecinha no meu ombro e chore e eu juro...
as pulsões vitais
Eros... é a pulsão para acasalar e produzir
descendência capaz de continuar a redução do gradiente de entropia para além da
morte individual. Thanatos, pelo contrário, pode ser definido como a tendência
natural para o equilíbrio. O equilíbrio termodinâmico é equivalente à morte. A
pulsão da vida... é dupla: para destruir gradientes, sistemas complexos são
naturalmente construídos: novos pequenos gradientes surgem localmente enquanto
gradientes mais antigos e maiores são reduzidos globalmente. Tal como os pratos
caem ao chão pela força da gravidade, também nós somos compelidos por Eros e Thanatos por efeito da segunda
lei. A diferença é que a gravidade atua por meios físicos e a segunda lei por
meios bioquímicos.
Eric Schneider e Dorion Sagan
um mapa termodinâmico
A influência da termodinâmica, no desenvolvimento social, pode ser avaliada pelas afinidades culturais das zonas destacadas. É a "cultura da oliveira".
Salário Mínimo
A map of minimum wage across Europe via http://t.co/YEm9SCzlUY (Germany’s will be around €1289/month from 2015): pic.twitter.com/QRI2T2rtLI
— electionista (@electionista) 22 janeiro 2014
Para perceber os problemas que um Salario Mìnimo Nacional provoca dentro de um dado país relativamente às diferenças de rendimento entre a capital e o interior só têm de imaginar o SM na Europa ser nivelado pelo mais alto.
yes, we can-nabis
With just three years left in office and a possible Republican landslide in the fall’s midterm elections, Obama must be in something close to panic mode. His health care plan seems like it’s imploding, his foreign policy and civil liberties record is awful, and the economy is still barely stumbling forward into an uncertain future. Enthusiastically winding down the federal war on pot would be popular with voters and, as important, wouldn’t require immediate cooperation from Congress.
Historian Doris Kearns Goodwin tells Remnick that in 2007, Obama explained, “I have no desire to be one of those presidents who are just on the list—you see their pictures lined up on the wall. … I really want to be a President who makes a difference.” But Obama’s approval ratings are mired in the low 40s, a reality he partially—and unconvincingly—attributes to racism: “There’s some folks who just really dislike me because they don’t like the idea of a black president.” As HotAir’s Ed Morrissey notes, the existence of rump racists completely fail to explain Obama’s two electoral victories and his 60 percent-plus approval ratings at the start of his presidency. A far better explanation is simply that he’s failed to accomplish much of anything the public likes.
But there’s one thing left Obama could do to finally become the change he wanted to be: declare a swift and honorable peace in the decades-long war on pot.
21 janeiro 2014
ciência e conhecimento
"WHAT differentiates the realm of the natural sciences from that of the sciences of human action is the categorical system resorted to in each in interpreting phenomena and constructing theories. The natural sciences do not know anything about final causes; inquiry and theorizing are entirely guided by the category of causality. The field of the sciences of human action is the orbit of purpose and of conscious aiming at ends; it is teleological." Mises
E isto leva de facto a um grande paradoxo. No dia a dia, é corrente afirmar que as ciências naturais é que são a verdadeira ciência, onde se "conhece" as coisas. Mas não é assim, as ciências naturais podem ser caracterizadas como uma colecção de medições e observações. Não existe uma compreensão dos fenómenos. O paradoxo é que é na descoberta de causa e efeitos dentro do pressuposto da acção humana (acção com um propósito) que se pode reivindicar algum conhecimento - e ainda (ou será porque...?) que seja desadequado o uso da matemática e observação estatística.
a falácia do seguro de saúde
O conceito de seguro só faz sentido para eventos onde o risco pode ser distribuído por toda a classe de risco. É evidente que uma boa parte do que chamamos seguro de saúde é "apenas" um cartão de adesão a serviços com desconto de quantidade com qualidade de serviço
Mas em saúde (como em qualquer actividade), o único risco segurável será o de eventos raros e relativamente independentes do sujeito. Ou de acidentes, ou doenças pouco frequentes sem grande conexão com estilo de vida do segurado. Ora para este tipo de doenças mais raras, e mesmo que muito dispendiosas, o sector segurador será perfeitamente capaz de oferecer o produto e preço acessível porque existe distribuição desse risco por todos os subscritores.
No entanto, é a este tipo de doenças que dizem ser a razão porque a saúde ter de ser pública. É ao contrário, o volume na gestão dos cuidados e eventos frequentes no domínio público poderia em tese levar a alguma eficiência. Mas mesmo aqui...
Mas em saúde (como em qualquer actividade), o único risco segurável será o de eventos raros e relativamente independentes do sujeito. Ou de acidentes, ou doenças pouco frequentes sem grande conexão com estilo de vida do segurado. Ora para este tipo de doenças mais raras, e mesmo que muito dispendiosas, o sector segurador será perfeitamente capaz de oferecer o produto e preço acessível porque existe distribuição desse risco por todos os subscritores.
No entanto, é a este tipo de doenças que dizem ser a razão porque a saúde ter de ser pública. É ao contrário, o volume na gestão dos cuidados e eventos frequentes no domínio público poderia em tese levar a alguma eficiência. Mas mesmo aqui...
a ADSE não vai acabar porque dá lucro ao Estado
Os funcionários públicos estão a ser explorados pelo Serviço Nacional de Saúde. Como? O economista Eugénio Rosa fez as contas e a conclusão só pode ser essa.
O desconto dos funcionários públicos e reformados do Estado para a ADSE - que vai aumentar para 3.5% - vai gerar uma receita de 541 M€. Como a despesa dos beneficiários da ADSE com os privados se ficará, em termos líquidos, pelos 170 M€ - Mendes Ribeiro ao JN, há um saldo positivo de 371 M€ que reverte para o OE (presumo que para o SNS).
Não batam mais no ceguinho... chega de demagogia contra os funcionários públicos.
O desconto dos funcionários públicos e reformados do Estado para a ADSE - que vai aumentar para 3.5% - vai gerar uma receita de 541 M€. Como a despesa dos beneficiários da ADSE com os privados se ficará, em termos líquidos, pelos 170 M€ - Mendes Ribeiro ao JN, há um saldo positivo de 371 M€ que reverte para o OE (presumo que para o SNS).
Não batam mais no ceguinho... chega de demagogia contra os funcionários públicos.
um sistema caro
Porque é que o sistema de saúde dos EUA é
tão caro? Sem entrar em detalhes, deixem-me abordar o que eu penso serem as
duas principais causas desta realidade. O facto de os norte-americanos exigirem
acesso imediato a serviços de saúde e ainda o facto de pretenderem uma garantia
de excelência.
Esqueçamos, por momentos, todas as
divergências ideológicas e concentremo-nos no que referi.
1.
Acesso imediato – Obriga a um
excesso de oferta para ter uma resposta sempre pronta. Julgo que a maior parte
das instituições (dados que podem não estar atualizados) tem uma ocupação média de apenas 70%,
desperdiçando capacidade instalada.
2.
Garantia de excelência – Sai cara,
muito cara. Especialmente quando os doentes se queixam de má prática. Há 20
anos, o seguro profissional de um neurocirurgião custava 150.000,00 US$ e o de
um obstetra 200.000,00 US$.
Usem a imaginação e calculem o impacto destes
factores. Curiosamente, o chamado Obamacare nada fez para os minimizar.
a ADSE como inspiração
No Jornal de Negócios de hoje, a Helena Garrido defende que os sistemas de "saúde totalmente públicos e centralizados num único serviço" se têm revelado mais eficazes do que os sistemas baseados no mercado.
Eu gostaria de perguntar à editorialista do JN se recomenda esta abordagem para todas as outras áreas económicas? Se a economia de Estado, planeada e centralizada é superior à de mercado, porque não?
Adivinho a resposta, a saúde é um caso excecional, escapa às leis económicas. É como os gambozinos que, dizem, escapam à lei da gravidade.
Eu gostaria de perguntar à editorialista do JN se recomenda esta abordagem para todas as outras áreas económicas? Se a economia de Estado, planeada e centralizada é superior à de mercado, porque não?
Adivinho a resposta, a saúde é um caso excecional, escapa às leis económicas. É como os gambozinos que, dizem, escapam à lei da gravidade.
20 janeiro 2014
para desenvolver
‹‹A facilidade (ease) é inimiga da civilização... Quanto mais fácil for o meio ambiente, mais fraco é o estímulo para a civilização››.
Toynbee
Comentário: Como é que a física pode explicar esta afirmação?
Toynbee
Comentário: Como é que a física pode explicar esta afirmação?
19 janeiro 2014
o encaixe imperfeito
Tony Judt se refiere repetidamente a Cataluña en su ensayo de 1996 ¿Una gran ilusión? Judt establece un paralelismo entre las regiones europeas de Baden-Württemberg, Rhône-Alpes, Cataluña y la antigua Lombardía carolingia, autodenominadas los Cuatro Motores de Europa en un acuerdo que firmaron en 1988. Son regiones prósperas, ninguna de las cuales incluye a la capital del Estado, que se consideran culturalmente más próximas entre sí que con otras regiones de sus respectivos países. Según Judt se sienten europeas, pagan sus impuestos, están mejor educadas, tienen una ética del trabajo y una industriosidad que no comparten otras regiones de los Estados a los que pertenecen —regiones a las que se ven obligadas a subvencionar— y tienen poco peso en la toma de decisiones de sus gobiernos. Como señala Kaplan, son regiones “norteñas, que no se sienten identificadas con las que creen regiones atrasadas, perezosas y subsidiadas del sur mediterráneo”. Vicens Vives nunca lo hubiese escrito tan crudamente. El problema del encaje catalán en España es el del encaje de un pueblo norteño en un país sureño. Es un problema de muy difícil solución, agravado por la ausencia histórica de un Cavour catalán que impulsase un proyecto nacional capaz de integrar a los demás pueblos de la Península. Es un problema que se arrastra desde hace siglos y que no se arreglará ignorándolo o negándolo.
El País
Comentário: Um artigo excelente sobre a Catalunha. Portugal, no seu conjunto, parece sofrer do problema oposto: o encaixe de um povo do Sul numa união - UE - do Norte.
El País
Comentário: Um artigo excelente sobre a Catalunha. Portugal, no seu conjunto, parece sofrer do problema oposto: o encaixe de um povo do Sul numa união - UE - do Norte.
18 janeiro 2014
it from bit
A informação dá origem a cada coisa (it), cada partícula, cada campo de força, inclusive ao próprio continuum espaço-tempo
John Archibald Wheeler
John Archibald Wheeler
17 janeiro 2014
Salazar e a termodinâmica
Salazar tinha uma noção perfeita das
limitações termodinâmicas de Portugal. Estamos condicionados por uma latitude,
entre o equador e o Norte, que baliza o trabalho que produzimos e o
investimento que fazemos na organização social.
No texto que reproduzi neste post, Salazar
refere-se ao ‹‹comodismo nato e ao delírio burocrático do comum dos portugueses››
e ainda à sua ‹‹falta de iniciativa››. Ora este comodismo nato não é mais do
que uma limitação física à quantidade de negentropia que conseguimos extrair do
meio ambiente, circunstância que também trava a livre iniciativa e nos
predispõe para o tal “delírio burocrático”.
Enquanto no Norte a burocracia serve para
agilizar processos e fazê-los avançar de forma estruturada, em Portugal a
burocracia serve para travar processos e garantir que a energia despendida é
menor. O processo “está na gaveta à espera de um carimbo...”.
Acresce que o custo de oportunidade de
trabalhar em Portugal é mais elevado do que, por exemplo, no RU. Um dia numa
das nossas belas praias vale mais do que um período idêntico a passear no Hyde
Park. E é por isso que os bifes vêm para cá passar férias.
Neste enquadramento, é evidente que as
políticas socialistas são mais nocivas para Portugal do que para os países
do Norte. Salazar estava (e continua) cheio de razão.
entropia social
Numa troca voluntária, ambas as partes esperam ex ante ganhar utilidade (entre o estado ante e o post, é um processo ordinal e não cardinal), e a repetição e aprendizagem deverá assegurar que um sistema social se encaminhe para uma maior probabilidade de ganho mútuo ex post. Mais ou menos daqui nascerá o direito de propriedade.
Sendo um jogo de soma positiva, o que se pode dizer sobre a entropia social?
O chamado Óptimo de Pareto parece pretender dizer algo sobre o assunto:
Sendo um jogo de soma positiva, o que se pode dizer sobre a entropia social?
O chamado Óptimo de Pareto parece pretender dizer algo sobre o assunto:
"Uma situação econômica é ótima no sentido de Pareto se não for possível melhorar a situação, ou, mais genericamente, a utilidade de um agente, sem degradar a situação ou utilidade de qualquer outro agente econômico." wikipediaPois, esta definição que costuma agarrar o jovem economista, parece-me inútil. Não existe forma de comparar utilidades em escalas cardinais. Não, o factor, será outro. É o grau de voluntariedade das interacções sociais que parece ser a chave.
austeridade e crescimento
Já tenho falado do claro exemplo da crise nos EUA de 1920/21, existem dados históricos objectivos e são indesmentíveis, mas esse período não é estudado e divulgado (tanto quanto sei) porque põe em causa 100 anos de intoxicação keynesiana (um gay anglo-saxónico anti-cristão que produziu intelectualmente em linguagem confusa e contraditória só poderia ter sucesso no século 20).
Quanto a indícios recentes:
Quanto a indícios recentes:
"En 2009 y 2010, las políticas de austeridad que estaban aplicando los países bálticos parecían abocarles al más irremisible de los colapsos: con respecto a 2008, Estonia había reducido su gasto público un 4,5% en términos nominales, Lituania un 4,7% y Letonia un espectacular 20,1%. Paralelamente, España lo incrementó un 7,7% y todavía hoy, tras los recortes de cortaúñas de Rajoy, sigue por encima del nivel alcanzado en 2008. El efecto a corto plazo fue ciertamente doloroso: en 2009, en plena aplicación de las políticas de austeridad, el PIB de estos tres países llegó a caer entre un 15% y un 20% con respecto al nivel máximo alcanzado en plena burbuja del crédito. De ahí que los sicofantes del despilfarro megaestatal pudieran hacer su propagandístico agosto. Por ejemplo, en 2009 el diario Público titulaba con respecto a Letonia: “El bastión neoliberal de Europa se derrumba”. Pero la austeridad por el lado del gasto logró sanear las finanzas públicas de estos países: Estonia registró superávit presupuestario en 2010, Letonia lo logró en 2012 (partiendo de un déficit superior al 7%) y Lituania se quedó en un déficit del 3,3% en 2012 (partiendo de un déficit del 9,4% en 2009). La ortodoxia financiera también permitió consolidar su endeudamiento estatal en niveles completamente manejables: la deuda pública de Estonia se sitúa en el 11% del PIB, la de Letonia en el 38% y la de Lituania en el 42%."Los bálticos: el ejemplo de recuperación robusta JUAN RAMÓN RALLO
o socialismo é o regime burguês por excelência
Esse socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína e da falência.
O socialismo de Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare.
As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente afastados e os défices cobertos - regalia única! - pelos orçamentos do Estado.
As iniciativas, por outro lado, não surgem, não progridem, porque o padrão é imaterial, quase uma imagem. As coisas marcham com lentidão, com indolência, com sono. É possível que essa socialização tenha dado ou possa vir a dar ótimos resultados em qualquer outro país. Entre nós, os resultados não podem ter sido piores nalgumas experiências já feitas. Basta citar os Transportes Marítimos, os Bairros Sociais, os Caminhos de Ferro do Estado... Apenas uma excepção, que me lembre: a Caixa Geral de Depósitos. Essa é, realmente, uma iniciativa admirável do Estado Português, que tem prestado ao País, ao desenvolvimento da sua economia, sobretudo nestes últimos anos, incalculáveis serviços. (...)
Sou absolutamente hostil a todo o desenvolvimento de atividade económica do Estado em todos os domínios em que não esteja demonstrada a insuficiência dos particulares. Admito, sim, e procuro a cada momento desenvolver a intervenção dos poderes públicos na criação de todas as condições internas ou externas, materiais ou morais, necessárias ao desenvolvimento da produção. Essa intervenção é, mercê das dificuldades da época e dos problemas postos pela economia moderna, não só necessária, como cada vez mais vasta e complexa. Qualquer economia nacional que se encontrasse desacompanhada e desprotegida soçobraria em pouco tempo. Mas isso dificilmente se pode chamar socialismo de Estado.
António Oliveira Salazar
PS: Texto que o Vivendi deixou na caixa de comentários (destaques meus). Obrigado.
16 janeiro 2014
os cursos superiores são inúteis
Um gráfico aterrador (no Público de hoje).
Bruto e líquido, após impostos
700,00 € - 536,00 €
1.000,00 € - 686,00 €
2.000,00 € - 1079,00 €
4.000,00 € - 1903,00 €
Significa que um licenciado, na função pública, leva para casa cerca de mil Euros. Depois de pagar a uma mulher a dias e a quem lhe leve os filhos à escola, sobra-lhe um ordenado idêntico ao da mulher a dias.
É evidente que neste contexto, não vale a pena tirar um curso superior. As universidades andam a "burlar" os alunos.
a socialização do coito
É quando um presidente leva a amante para o Eliseu e lhe atribui 20.000,00 € / semana, à custa dos contribuintes.
Subscrever:
Mensagens (Atom)