31 dezembro 2013

2014

Votos de menos entropia para 2014

The Road to Reality: A Complete Guide to the Universe


Fig 27.9  The Earth gives back the same amount of energy that it receives from the Sun, but what it receives from the Sun is in a much lower entropy form, owing to the fact that the Sun’s yellow light has higher frequency than the infrared that the Earth returns. Accordingly, by Planck’s E=hv, the Sun’s photons carry more energy per photon than do those that Earth returns, so the energy from the Sun is carried by fewer photons than that returned by the Earth. Fewer photons mean fewer degrees of freedom and therefore a smaller phase-space region and thus lower entropy than in the photons returned to space. Plants make use of this low entropy energy in photosynthesis, thereby reducing their own entropy, and we take advantage of the plants to reduce ours, by eating them, or eating something that eats them, and by breathing the oxygen that the plants release. This ultimately comes from the temperature imbalance in the sky that resulted from the gravitational clumping that produced the sun.

Roger Penrose

a física da vida

Thanks to the advent of non-equilibrium Thermodynamics, it is now possible to bridge Thermodynamics and evolutionary Biology. By focusing on entropy, structure and information, it is now possible to shed some light on the relationship between cosmological evolution and biological evolution. Biological phenomena can be viewed as governed by laws that are purely physical. This step might prove as powerful as the synthetic theory of evolution.
Prigogine’s non-equilibrium approach to evolution, i.e. that biological systems (from bacteria to entire ecological systems) are non-equilibrium systems, has become a powerful paradigm to study life in the context of Physics. Life can finally be reduced to a natural phenomenon just like electromagnetism and gravity.
The Austrian physicist Erich Jansch has extended Prigogine’s vision of life to the entire universe: the universe as a gigantic self-organizing system subject to the laws of non-equilibrium thermodynamics.
The American physicist Jeffrey Wicken went as far as to state that "Thermodynamics is above all the science of spontaneous processes", and link life with the expansion of the universe.

Pietro Scaruffi

Comentário: O autor afirma que é agora possível estudar os fenómenos biológicos à luz das leis da física. E que esta abordagem tem tanto potencial como a teoria da evolução. Subscrevo!

 

Prémio Nobel da Química 1977

Prigogine is best known for his definition of dissipative structures and their role in thermodynamic systems far from equilibrium, a discovery that won him the Nobel Prize in Chemistry in 1977. In summary, Ilya Prigogine discovered that importation and dissipation of energy into chemical systems could reverse the maximization of entropy rule imposed by the second law of thermodynamics.
Wiki

Comentário:  Sublinho, mais uma vez, que a investigação que permitiu estabelecer uma ponte entre a física e a biologia é ciência normal, não é nehuma especulação alternativa.

30 dezembro 2013

a cultura consome recursos energéticos


A cultura não existe em abstracto, reside no cérebro dos seres humanos. A informação só é útil quando interpretada por um Homo Sapiens. Sem razão e sem uma consciência volitiva, todo o conhecimento reduz-se a átomos e moléculas, mesmo que arquivado em bibliotecas.
É muito importante esta perspectiva para compreender que a cultura humana necessita de energia para se manter “viva”. Mais energia do que a consumida por um computador, porque o cérebro humano tem um metabolismo deveras elevado.
Porque é que os seres humanos dedicam tanta energia à cultura? Porque esta é essencial à sobrevivência. Sem irmos mais longe, pensemos apenas no fogo e nas técnicas de caça.
Uma cultura sofisticada é complexa e fica dispendiosa, em termos energéticos. Obriga a trabalho para a manter e adaptar às circunstâncias. Pensem numa democracia liberal e capitalista a funcionar em pleno. As eleições ficam caras, os políticos também, os mercados necessitam de ferramentas adequadas, os contratos exigem advogados e tribunais, enfim... estão a ver onde eu quero chegar.
Prosseguindo o meu raciocínio, uma cultura sofisticada só pode emergir e manter-se num ecossistema termodinamicamente eficaz. A população tem de extrair energia para sobreviver, reproduzir-se, manter os laços sociais e a cultura.
Se o ecossistema for adverso, as populações limitam-se a suprir as necessidades fisiológicas e a manter uma cultura rudimentar. Não têm energia para investir no social – na cultura – e, portanto, aceitam a desordem e o caos.
Julgo que África é um paradigma desta última situação (alta entropia) e que os países nórdicos são o paradigma das civilizações complexas (baixa entropia). Até agora, a maior parte dos académicos tem analisado esta problemática sob o ponto de vista geográfico, sociológico e histórico.
Eu estou a propor uma análise termodinâmica (física).

comer peru não é pecado


A natureza procura o equilíbrio. O estudo da termodinâmica demonstra isto mesmo, quando dois sistemas entram em contacto evoluem para o equilíbrio. Se colocarmos água quente em contacto com água fria, passado algum tempo a temperatura equilibra-se (a entropia aumenta).
Passa-se o mesmo com a vida, que não é senão uma manifestação da natureza. Se uma população aumentar para lá do limite suportável pelo meio ambiente, a reprodução diminui e estabelece-se um equilíbrio. Não é possível viverem na Terra mais seres humanos do que os que a Terra pode alimentar.
Quando eu afirmo que o propósito da vida é reduzir o gradiente de entropia Sol/ Terra e que para tal devemos “Crescer e Multiplicarmo-nos”, não estou a dizer que não existem limites, pelo contrário, estou consciente desses limites – caminhamos sempre para o equilíbrio.
Relativamente aos outros seres vivos, o meu raciocínio é o seguinte. A evolução seleciona os seres vivos que dissipam mais entropia e, de todos, o Homo Sapiens, é o mais apto nesta tarefa. Quando uma tribo sacrifica um peru para o jantar, o saldo é positivo em termos termodinâmicos. O propósito da vida realiza-se. 

é ela

Por que é que, na tradição monárquica portuguesa, a figura central é a rainha, e não o rei?

Pela mesma razão que, na tradição católica - que também é uma tradição portuguesa - a figura central é Maria, e não Cristo.

Tradição, uma palavra que tem origem no latim,  significa transmissão (ou sucessão).

E quem garante a autenticidade ou a verdade da sucessão é ela, não ele.

Vinde unir Portugal!


Blogger Rui Alves disse...
Desde as fragas da Estrela
Aos areais do Atlântico
Uma nação vos apela
Como num mariano cântico
Vinde e tomai a rédea
Dona Isabel de Herédia

Por laço matrimonial
Sois vós legítima herdeira
Da ilustre Casa Real
Do valoroso Pereira
Não se perca vossa herança
Dona Isabel de Bragança

Decerto Nossa Senhora
Rainha de Portugal
Vos confia em boa hora
O seu ceptro divinal
Sem partido nem facção
Vós unireis a nação

Vinde unir Portugal!

Que sejais a mulher forte
Por detrás de um grande rei
E possa eu ter a sorte
De saber que viverei
Tempo bastante para ver
Portugal amanhecer

Pela Lei e pela Grei

29 dezembro 2013

Princesas

Eu não preciso de perguntar à F. aquilo que ela mais gostaria de ser na vida. Basta estar atento às conversas dela, ver aquilo com que ela brinca e os filmes que ela vê para conhecer a resposta - Princesa.

As outras meninas da idade dela não hão-de ser diferentes.

Por isso, o meu desejo para 2014 é o de poder oferecer à F. e a todas as meninas da geração dela, que serão as mulheres portuguesas de amanhã, um sonho capaz de se tornar realidade - a de serem Princesas.

Basta que uma delas se case com um filho do Rei.

Para isso, preciso de ter um Rei, e mais ainda uma Rainha, de preferência disposta a ter muitos filhos.

E tenho?

Estão aqui mesmo à mão.

Eu estou a imaginar a F. e todas as meninas da geração da F., daqui por alguns anos as filhas da F. e das mulheres da geração dela... Agora, já podem ser Princesas. E até Rainhas.

Eu  nunca tinha pensado em Princesas, mas desde que a F. me chamou a atenção para elas, eu agora só gosto de Princesas e passo o tempo a pensar em Princesas e Rainhas.

Princesas - é o meu desejo para 2014. Que cada menina portuguesa possa  vir a ser uma Princesa.

cinco anos

A F. faz hoje cinco anos.

Ao pensar nela, e na influência que ela teve na minha vida (nós não nos fazemos a nós próprios - somos feitos pela comunidade) dei comigo a pensar naquele episódio da Páscoa de 2012 - ela ainda não tinha três anos e meio - que deu origem ao livro que lhe dediquei.

Era acerca de um pirata mau de que ela tinha ouvido falar na Escola, e ao qual eu contrapus o pirata de SMP, que era um pirata bom.

Pouco tempo depois, e como que para me recompensar - num episódio que também registei aqui - ela deu-me a conhecer uma Princesa que eu não conhecia - a Princesa Rapunzel.

E desde então não tem deixado de falar comigo sobre Princesas, e sobre Princesas são também os seus brinquedos e vídeos preferidos.

Uma questão passou a aflorar ao meu espírito: Por que é que uma menina como a F., e logo desde a mais tenra idade, tem o espírito povoado por Princesas, vestidos de Princesas, histórias de Princesas - e não por Filhas de Presidentes da República?

Naquela altura, prometi à F. levá-la ao castelo da Princesa Rapunzel e levá-la também a ver Princesas de verdade.

Ainda não cumpri a promessa do castelo que, sendo a F.  portuguesa e para ser impressivo, tem de ser um castelo estrangeiro (decidi que seria o castelo de   Neuschwanstein, que eu próprio tinha visitado havia pouco tempo).

Mas, quanto a levá-la a conhecer uma Princesa, já cumpri a promessa. Em meados de Novembro, estive numa pequena ocasião social onde estava a D. Isabel de Herédia. Levei o livro da F. para lhe oferecer e levei comigo a própria F.

Perante uma pequena audiência e dirigindo-me à D. Isabel, que também tem uma filha chamada F., expliquei o conteúdo do livro e disse que a F. gostava muito  de Princesas, de vestidos de Princesas e de histórias de Princesas, e que eu tinha prometido levá-la um dia a conhecer uma Princesa.

E foi então que dirigindo-me à F., e apontando para a D. Isabel, lhe disse: "Nós, em Portugal, também temos Princesas. Esta senhora é a Princesa de Portugal".

Os olhos da F. abriram-se de surpresa, nem podia acreditar.

o santo silencioso

"Joseph the Husband of Mary
Joseph of Nazareth is an enigmatic character, because we know so little about the man whom Christians revere among the greatest of saints. He is often called "the silent saint" because none of his words are recorded, and we know almost nothing about him (...)".
(Richard R. Losch, All the People in the Bible, Cambridge: Erdman, 2008,  p. 232)

José foi o primeiro homem a compreender racionalmente, através de prova real, que Deus existe.

Perante esta compreensão, que poderia ele dizer, que Cristo era filho dele? Não, porque não era verdade. Que Cristo não era filho dele? Não porque iria expôr Maria às maiores atrocidades. A única atitude racional era o silêncio.

Estava tudo dito.

o aborto é um Mal


Sob o ponto de vista ético, o aborto é um Bem ou um Mal?
Para responder a esta pergunta vou começar por recorrer à física. Uma vez que o propósito da vida é reduzir o gradiente de entropia entre o Sol e a Terra, quanto maior for a população humana mais se realiza esse objectivo. A reprodução é um Bem.
O aborto, ao eliminar um ser humano potencial, elimina toda a entropia que este (e o seus descendentes) poderia produzir no período da sua vida. O aborto é portanto um Mal. É possível estimar a entropia – S – que deixou de ser dissipada e, portanto, este Mal pode ser expresso numericamente.
Matar, em termos físicos é um Mal, um Mal quantificável. O bom senso diz-nos que um genocídio é pior do que um assassínio único e a física confirma esta perspectiva. O aborto, claro está, não é um assassínio, porque apenas é eliminado um ser humano potencial, mesmo assim há um impacto termodinâmico.
Conclusão: a física indica que o aborto é um Mal.
Agora, vamos à perspectiva biológica. A finalidade de todos os seres vivos é ‹‹Crescerem e Multiplicarem-se››, não há outro propósito.
O aborto, ao interromper o fluxo da vida, vai contra a natureza e portanto só pode constituir um Mal, em termos biológicos.
Conclusão: a biologia indica que o aborto é um Mal.
Por fim, vamos à tradição. O que nos diz a tradição? A tradição diz-nos: ‹‹Não matarás›› e ainda ‹‹Trata os outros como gostarias de ser tratado››, a regra de ouro.
O aborto impõe a morte de um ser humano potencial, é um Mal. Por outro lado, a pessoa que aborta não está a aplicar a regra de ouro, senão não andava por aí.
Conclusão: a tradição indica que o aborto é um Mal.
Há uma consiliência nestas abordagens que nos tranquiliza. É Verdade que o aborto é um Mal, qualquer que seja a perspectiva.
Claro que há situações em que um Mal se justifica para obviar um Mal maior. Executar um assassino em série, por exemplo, pode estar justificado em termos físicos, biológicos e de tradição, mas não deixa de ser um Mal.

a rainha

Tem-se dito que os principais inimigos da monarquia em Portugal - monarquia que é uma das nossas maiores tradições -, são os monárquicos.

E não é sem razão.

Os monárquicos concentram a sua promoção da monarquia na figura do rei, quando a principal figura da nossa tradição monárquica nunca foi o rei, mas a rainha.

Da mesma forma que a principal figura da Igreja Católica - outra das nossas grandes tradições de portugueses - não é o Papa, mas a Virgem Maria.

Um homem, só por si -  excepto quando está ao serviço de uma mulher -,  nunca conseguirá unir e inspirar uma comunidade. Só uma mulher o consegue fazer. Ao concentrarem-se na figura do rei, os monárquicos desunem-se e combatem-se uns aos outros.

Da mesma forma que, ao concentrarem-se em Cristo a partir do advento do protestantismo, os cristãos se desuniram e passaram a combater-se uns aos outros.

Quem estiver de fora a observar, só se pode perguntar: "Mas se a figura do rei não consegue  sequer unir os monárquicos, como é que ela seria capaz de unir todos os portugueses?".

O mesmo se pode perguntar de Cristo: "Mas se a figura de Cristo não consegue sequer unir os cristãos, como esperar que ela una toda a humanidade?".

A humanidade só será reunida em Cristo através de Maria, que é a figura da Igreja - e com um Papa ao seu serviço. Da mesma forma que o povo português só será reunido através de uma Rainha - e com um Rei ao seu serviço.



contra

A modernidade, que teve origem no protestantismo, tem um só nome - anti-catolicismo.

E o que era o catolicismo no mundo de então?

Era sobretudo Portugal e Espanha.

A modernidade é contra Portugal e os portugueses.

a pulsão da morte, em Espanha

Em Espanha, a média de nascimentos é 1,7 filhos por mulher e, para manter a população actual, teria de ser 2,1.

Entretanto, as feministas reclamam o direito ao aborto a pedido (penso que financiado pelo Estado, como em Portugal).

dá coragem

"my mother gave birth to twins: myself and fear."

Esta é uma frase do Thomas Hobbes sobre um assunto que já aqui aflorei, e ao qual volto agora.

Ocorreu-me a certa altura que os homens que intelectualmente criaram a modernidade eram homens medrosos, homens tímidos,  como o Hobbes, que o Hobbes defendia aquele Estado grandalhão e todo-poderoso  - o Leviathan - para se proteger dos outros, ele tinha um enorme medo dos outros.

Os criadores da modernidade eram pessoas que tinham medo das outras pessoas.

E foi assim, embalado por esta ideia, que fui à procura do medo em outros nomes grandes da filosofia moderna. O Hobbes admitia-o com todas as letras. Decidi começar por onde devia, o Descartes, depois fui ao Locke, passei pelo Kant, vi também o Hegel e o Nietzsche, sobre o Adam Smith eu já sabia que era um homem muito tímido. Vi também o Rousseau. O David Hume vivia aterrorizado por aquilo que os outros pensavam dele. E fui ao primeiro de todos, Lutero, esse tinha até medo de Deus, o que significa ter medo do mundo e, em primeiro lugar, das pessoas que nele habitam porque é nelas que está Deus, em primeiro lugar.

Havia excepções, claro. Por exemplo, o Marx não me parecia particularmente tímido.

Depois fui procurar a razão para a timidez destes homens. Aquilo que havia de comum entre eles - à excepção do hesitante e medroso Descartes - é que todos tinham renegado a Igreja Católica, que é uma figura de Mulher - a Virgem Maria.

Faltava-lhes Mulher.

E não apenas a Virgem Maria. Na maior parte dos casos, faltava-lhes mesmo mulher de carne e osso.

Um homem sem mulher é, em geral, um medroso, um tímido.

É a mulher que dá coragem ao homem.

Ao mesmo tempo que a reforma protestante e a modernidade despontavam no horizonte, e com elas a cultura do medo,  os portugueses eram intrépidos navegadores e missionários  - intrépidos,  uma palavra que significa não ter medo de nada. E eles não tinham medo de nada não apenas pela sua extrema devoção à Igreja Católica e, por consequência, à figura de Maria, mas também porque eram governados, não tanto por um Príncipe Perfeito, que nem sequer viveu muitos anos, mas sobretudo por uma Princesa Perfeitíssima. Esta mulher não brincava em serviço.

Chumbada

Paglia has said that she is willing to have her entire career judged on the basis of her composition of what she considers to be "probably the most important sentence that she has ever written": "God is man's greatest idea" (aqui).

Chumbada.

Deus não é uma ideia. Deus é a realidade expurgada do mal, Deus é a Camille Paglia quando não está a dizer ou a fazer asneiras.

destruído

A observação da Camille Paglia, citada em baixo pelo Joaquim, é muito interessante, e eu próprio já a fiz, embora por outras palavras e de uma forma mais radical - a de que um mundo exclusivamente povoado por mulheres seria um mundo parado.

Mas, então, e como seria o mundo se ele fosse povoado exclusivamente por homens, seria um mundo muito progressivo?

Não. Seria um um mundo destruído.

28 dezembro 2013

na mão das mulheres

If civilization had been left in female hands, we would still be living in grass huts.

Camille Paglia

Se a civilização tivesse ficado na mão das mulheres, ainda vivíamos em cabanas de palha.

bê-á-bá


Podemos olhar para os seres humanos como simples animais? “Em verdade vos digo” que podemos e devemos.
Lá por estarmos no topo da escala evolutiva, não devemos esquecer as origens. Somos mamíferos primatas que partilham a maior parte do ADN com os outros primatas que habitam a Terra. Entre nós e eles há grandes diferenças, pois com certeza, mas parece-me que são mais as semelhanças do que as diferenças. Deformação profissional, talvez.
Enquanto escrevo estas linhas, tenho a Marta ao meu lado. É uma cadelinha Shi Tzu que adoptámos há 7 anos. É provável que eu e ela tenhamos um antepassado comum lá para o cretácico, há dezenas de milhões de anos. Tanto tempo, porém, não impede que nos entendamos razoavelmente. A Marta compreende a linguagem humana e eu também a compreendo.
A principal razão para nos entendermos tão bem é por partilharmos as mesmas emoções básicas: raiva, desgosto, medo, felicidade, tristeza e surpresa. Quando chego a casa, por exemplo, sei que ela fica feliz e transmito-lhe o mesmo sentimento.
Agora coloco outra pergunta, podemos olhar para os seres humanos como uma entidade físico-química? “Em verdade vos digo” que podemos e devemos.
Apesar da nossa complexidade, somos constituídos por elementos básicos que se encontram na natureza. Estamos integrados no meio ambiente e obedecemos às Leis da física e da química.
Mais uma vez, isto não quer dizer que sejamos comparáveis a um calhau. Apenas que fazemos parte do mesmo universo e que nos regemos por princípios comuns. Se formos atirados do cimo da Torre de Pisa, caímos como qualquer bala de canhão.
Enquanto “máquinas biológicas”, necessitamos de energia para funcionar e a eficácia do trabalho que desenvolvemos é sempre parcial. Parte da energia é dissipada sob a forma de calor.
Esta abordagem bio-físico-química só pode surpreender quem anda distraído ou se dedicou de tal maneira às ciências ditas humanas que se esqueceu que somos de carne e osso e que estes materiais são constituídos por átomos e moléculas.
A única coisa que verdadeiramente nos distingue é a cultura. A cultura humana é incomensuravelmente superior à de qualquer outra espécie animal e o modo como processamos a informação incomensuravelmente superior ao de qualquer outro maquinismo. Mas é tudo.
Eu gosto de pensar que sou um ser vivo constituído por elementos materiais que fazem parte de um Universo admirável, com princípios e Leis que estão ao alcance da minha compreensão. É uma espécie de milagre.

todos os conhecimentos são úteis


A história da filosofia é como a de um pai que vê os filhos saírem de casa, começa por os alimentar e educar, e a certa altura estes tornam-se adultos e saem de casa.
Foi isso que aconteceu com a física, com a matemática, com a lógica, com a epistemologia ,etc. Aparentemente só lá ficou a metafísica, a área do conhecimento que está para além da física. Aristóteles chamou-lhe “filosofia primeira” ou teologia, e era um capítulo que nas suas obras se seguia à física. Na filosofia primeira, Aristóteles debruçava-se sobre “a causa das causas”, sobre Deus (o que eu chamo o Princípio).
Mas até os filhos adultos regressam à casa dos pais, com histórias para contar, de experiências e de conhecimentos que adquiriram. Ora, “em verdade vos digo” que o mesmo se passa com as disciplinas que se autonomizaram da filosofia. Os conhecimentos adquiridos pelos cientistas ficam disponíveis para os filósofos explorarem “a causa das causas”.
Que sentido faria que um filósofo negasse os conhecimentos da biologia (do evolucionismo, por exemplo), da genética, da neurologia ou da física? Essa atitude seria a de um fundamentalista religioso e não a de um ser que busca a Verdade.
O estudo das Leis Universais (ver aqui) dá-nos ferramentas para explorar o Princípio. Devemos rejeitá-las?
O nosso leitor Euro2cent, que me parece uma pessoa culta e até sábia, pela abrangência dos seus comentários, que citam Marx e Jane Austin, para além dos conhecimentos de psiquiatria que lhe permitem diagnosticar-me um “delírio febril” e até recomendar-me uma terapêutica antipirética, pensa que não. Pensa que há uma área do conhecimento, chamada metafísica, para a qual devemos partir como Deus nos trouxe ao mundo, despidos de qualquer conhecimento analítico.
Pois bem, no meu delírio bio-físico-filosófico, eu penso o contrário. Todos os conhecimentos são úteis para buscar a Verdade. A consiliência procura precisamente harmonizar o conhecimento de todas as disciplinas.
Esse esforço pode ser inútil, como já aqui sublinhou o PA, mas há um aspecto que não devemos esquecer. Pelo menos temos de ter consciência das áreas em que os conhecimentos das diversas disciplinas são contraditórios, para percebermos onde podemos estar a errar.

27 dezembro 2013

onde está a virtude?


S. Francisco de Assis é uma figura maior do catolicismo, ‹‹uma luz que brilhou no mundo›› (Dante). Repudiou a fortuna familiar e todos os bens terrenos, para prosseguir uma vida de completa pobreza, fundando uma ordem mendicante.
É ainda conhecido pelo seu amor à natureza e a todos os seres vivos. De algum modo, em pleno século XIII (muito antes de se falar em termodinâmica), S. Francisco já compreendia que o mundo é um só e que tem de estar em equilíbrio.
O aspecto que gostaria, contudo, de realçar aqui, é o seguinte: o que aconteceria se toda a humanidade seguisse o exemplo de S. Francisco? Julgo que a resposta é evidente, teríamos de regressar às cavernas, a uma vida ‹‹curta e violenta››.
A população de Assis que se dedicou à agricultura, à indústria e aos negócios, deu um contributo tão válido como o de S. Francisco para o sucesso da espécie. Talvez até mais válido porque criou a relativa abastança que permitiu ao Santo devotar-se à imitação de Cristo.
Já pensaram no que teríamos perdido se Dante, Aquino ou Marco Polo, que são quase contemporâneos do Santo de Assis, lhe tivessem seguido os passos?

o Bem e o Mal


A vida, para os seres humano, é o principal valor. Preservá-la é o Bem e destruí-la o Mal. Não me refiro aqui à vida de cada indivíduo, mas à vida do conjunto dos indivíduos que constituem uma colectividade, uma nação, ou até a própria espécie – o Homo Sapiens.
Na ausência de vida consciente, não existiriam juízos éticos, nem Ética, nem Filosofia. A vida é portanto um fundamento inquestionável da Ética e da Moral. A melhor maneira de a preservar é o melhor código ético.
Gostaria de sublinhar que, na minha opinião (e aqui discordo da Ayn Rand), a sobrevivência da espécie (tribo, família...) é mais importante do que a vida de cada indivíduo. Baseio esta opinião no facto de cada indivíduo, isoladamente, não poder perpetuar a espécie, e ainda na percepção de que quase todos os seres humanos compreendem a necessidade de “dar a própria vida” por causas nobres (estou a pensar em situações de guerra, por exemplo).
A evolução destilou um conjunto de normas éticas (tradição) que procuram precisamente defender a vida. Procuram criar condições para que todos os seres humanos possam “Crescer e Multiplicar-se”. Se não nos multiplicarmos extinguimo-nos e lá se vai a Ética.
De umas centenas de milhares dos nossos antepassados que emigraram de África há 200.000 anos, hoje somos mais de 7 biliões. Este sucesso biológico resulta de praticarmos o Bem, mais do que o Mal.
Se refletirmos sobre o propósito da vida, em termos físicos, também podemos concluir que tivemos sucesso. Uma população maior tem mais capacidade para reduzir o gradiente de entropia solar. Desempenhamos Bem a função que a natureza nos atribuiu.
A biologia já permitia uma avaliação matemática das normas éticas: número de indivíduos, mortalidade infantil, esperança de vida, etc. Agora, a física vai mais longe, permite calcular a entropia que acrescemos ao ambiente, de forma rigorosa.
Por fim, é necessário ter consciência da necessidade de equilíbrios. Reproduzirmo-nos é um Bem, mas esgotar os recursos terrestres é um Mal. O que pretendemos é eternizar a vida da espécie, não é criar condições para o fim da espécie.

as grandes Leis Universais


É irrefutável que os seres humanos estão submetidos às Leis da física. Aceitar este princípio é o mesmo que aceitar a existência da realidade e a possibilidade de a conhecermos.
Todos os dias convivemos com essas Leis, naturalmente, porque assim foi toda a nossa vida e assim será para sempre. Mesmo que um dia venhamos a habitar noutros planetas ou noutras galáxias.
Sentimos a ação da gravidade, aproveitamos a energia solar, procuramos energia (sob a forma de alimentos) para sobreviver e temos consciência do espaço que nos rodeia e do tempo que passa; temos consciência, também, de que envelhecemos, de que o tempo nos afecta.
De todas as Leis da física, há duas que têm uma importância excepcional. A Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica. A sua designação, nesta época, é bastante infeliz porque parece circunscrever o seu âmbito às relações entre a energia e o trabalho, ora nada poderia estar mais errado. Tão errado que eu proponho que se altere a nomenclatura em uso.
A Primeira Lei da Termodinâmica deve passar a chamar-se Primeira Lei do Universo e a Segunda Lei da Termodinâmica deve passar a chamar-se Segunda Lei do Universo, tão grande é a sua importância. E que rezam estas Leis?
A Primeira Lei do Universo (PLU) diz que a energia não pode ser criada nem destruída e a Segunda Lei do Universo (SLU) diz que a entropia de um sistema isolado só pode aumentar. Ora a importância destes princípios é tão grande que não se limita ao estudo das máquinas a vapor.
A PLU remete-nos imediatamente para a metafísica. Se a energia do Universo não pode ser criada nem destruída, de onde vem e para onde vai? Já aqui afirmei que aceitar a PLU obriga a aceitar um Princípio Criador. Querem algo mais relevante?
A SLU afirma algo ainda mais importante. Há uma seta do tempo no Universo que está constantemente a passar da ordem para a desordem. A energia disponível dissipa-se e torna-se inutilizável, ao ponto da chamada “Morte Fria” do Universo. Para quando? 300 biliões de anos? O prazo não conta, sob o ponto de vista filosófico, o que é importante é a trajetória.
Tudo no Universo se degrada, por efeito da SLU. A entropia aumenta... As únicas entidades que escapam temporariamente aos efeitos da SLU, fazem-no à custa de energia que retiram do meio ambiente (embora o balanço seja sempre o aumento da entropia).
Os seres humanos estão obviamente submetidos à PLU e à SLU. Para manterem a sua organização biológica necessitam constantemente de energia. Para a obterem, trabalham, sendo claro que a energia que despendem a trabalhar tem de ser inferior à que obtêm do meio ambiente. A "máquina humana" tem uma eficiência limitada, desde logo pela temperatura exterior. Ninguém de boa fé pode contestar estes factos, que, na realidade, não têm nada de novo.
O que surgiu de novo nestes últimos anos foram hipóteses e teorias que explicam a origem da vida por abiogénese e propõem um propósito físico para a existência da vida. Como disse em posts anteriores, a vida terá surgido por um gradiente de entropia entre o Sol e a Terra e o seu propósito é reduzir este gradiente.
Foram estes conhecimentos que me atraíram para a física por responder a perguntas que me inquietavam há muitos anos. Como é que surgiu a vida e com que propósito? Como biólogo (médico) conseguia entender que a vida podia ter surgido da chamada sopa primitiva, mas como? Também entendia que todos os seres vivos procuravam "Crescer e Multiplicar-se", mas para quê?
A física moderna desenvolveu uma teoria que dá resposta a estas perguntas, responde ao “como” e ao “para quê”. E aqui entra o meu contributo pessoal, se o propósito da vida é reduzir um gradiente de entropia a melhor via é: Crescer e Multiplicar-se. Eureka!
Agora, usemos a inteligência que o Princípio nos deu. É possível desenvolver uma Ética com base no imperativo de crescermos e nos reproduzirmos? Com certeza que sim. Então, se tal é razoável, também temos de aceitar como razoável que a Ética possa ir buscar os seus fundamentos à física, porque os meios se sobrepõem.
É possível que esta abordagem seja nova para muitos. Até é possível que eu seja a única pessoa no mundo a defender esta hipótese, mas não é por pensar que o Homo Sapiens é uma espécie de panela de pressão, é porque sei, de saber certo, que estamos submetidos à PLU e à SLU.

Justiça privada


a latitude, a cultura e a termodinâmica

A latitude é um dos maiores determinantes da cultura. Correlaciona-se, por exemplo, com o Índice de Distância ao Poder (PDI) e com o Índice de Individualismo (IND).
Hofstede definiu estas variáveis do seguinte modo:

PDI
Corresponde à aceitação da desigualdade na distribuição do poder pelas populações. É elevado no equador e diminui com o aumento da latitude.

IND
Expressa o grau de autonomia e lealdade dos indivíduos em relação à tribo (família, comunidade). É baixo no equador e aumenta com a latitude.

Deixei aqui e aqui dois exemplos destas variações culturais.

Assim sendo, podemos fazer algumas previsões teóricas baseadas neste factos empíricos e depois confrontá-las com a realidade.

Seria de esperar que nas regiões equatoriais prevalecesse uma mentalidade tribal, em que a lealdade à família e à comunidade prevalecesse sobre a Lei, com uma corrupção generalizada. Seria de esperar que o poder fosse exercido de forma autocrática, por senhores da guerra, ou por líderes que ascendessem ao poder alavancados pelas tribos mais numerosas.
A democracia seria inexistente, ou apenas de fachada. Os direitos cívicos (individuais) ignorados, ou espezinhados. A Lei abstrata substituída pela vontade do ditador.

É isso que acontece em África? Deixo a resposta aos leitores e comentadores.

Hofstede não explica porque é que o PDI e o IND são tão afectados pela latitude, apenas constata factos empíricos.

Eu avanço com uma hipótese, a de que, enquanto entidades termodinâmicas, os seres humanos que vivem próximo do equador, não têm condições objectivas (físicas) para investir no desenvolvimento da sociedade. O trabalho que seria necessário despender para tal efeito ultrapassa a energia disponível. Por esse motivo aceitam viver com elevada entropia (desordem, caos).

Trata-se de uma hipótese radicada em princípios da física. Certa ou errada, gostaria de sublinhar que  a minha hipótese não altera a realidade, apenas o entendimento das suas causas. Penso que alguns comentadores ainda não compreenderam este facto.

26 dezembro 2013

impacto do clima na produtividade




Comentário: O "homem branco" só começou a preocupar-se com o impacto do clima na produtividade quando se começou a falar do aquecimento global.

Analisando os dados disponíveis, é perfeitamente possível que a elevada entropia social de África resulte de um problema termodinâmico que pode não ter solução, nos tempos mais próximos.

gradiente


25 dezembro 2013

síntese


A vida surgiu por abiogénese
O processo de abiogénese foi possível devido à existência de um gradiente de entropia (GE) entre o Sol e a Terra
O aparecimento dos seres vivos permite reduzir este gradiente
Todos os seres vivos retiram negentropia do meio ambiente e exportam entropia, reduzindo o GE
A biomassa foi e é fundamental para manter a habitabilidade da Terra
O processo de evolução por selecção natural (Darwinismo) favorece os indivíduos que dissipam mais entropia para o meio ambiente
O Homo Sapiens é o expoente desse processo, é o ser vivo que mais entropia dissipa
O aquecimento global antropogénico, a existir, contribui para diminuir o GE e comprova a hipótese termodinâmica da abiogénese
Na ausência de vida na Terra, o nosso planeta arrefeceria continuamente
...
Os seres humanos são eusociais. Dividem o trabalho, têm várias gerações a colaborar e repartem a responsabilidade pelas crias
Numa organização eusocial, é necessária energia para manter uma sociedade funcional (SF)
O trabalho que os seres humanos dedicam a manter e promover uma SF facilita, por seu turno, que cada indivíduo extraia, do meio ambiente, o máximo de negentropia possível
...
A facilidade com que os seres humanos extraem negentropia do meio ambiente depende da eficiência com que realizam trabalho
Em condições extremas de temperatura, a eficiência termodinâmica do trabalho realizado diminui
A negentropia retirada do meio ambiente é dedicada prioritariamente a manter a vida e só a quantidade excedente é que é utilizada para investir na organização social
Uma sociedade complexa não pode emergir num ambiente termodinamicamente hostil porque não sobra energia suficiente para a manter
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As condições termodinâmicas (CT) de sobrevivência humana são mínimas no equador, vão aumentando com a latitude, até voltarem a decair com a aproximação dos polos
Em CT adversas predomina a entropia social
Em CT adversas é mais fácil Thanatos sobrepor-se a Eros, a desordem sobrepor-se à ordem
As migrações humanas têm lugar de zonas com CT adversas para zonas com CT favoráveis
A cultura reflete as CT
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A cultura humana serve um propósito biológico
A biologia serve um propósito físico
O propósito físico é diminuir o GE Sol/Terra
Em última análise é possível conceptualizar que todo o comportamento humano pode ser explicados em termos físicos
...
É possível a consiliência dos diferentes ramos do conhecimento
A física pode fornecer os alicerces da filosofia, em particular da teologia e da ética

O autor

O autor da oferta ao Papa, que mencionei aqui, é o General António Martins Rodrigues, da Força Aérea Portuguesa.

Ele autorizou-me a reproduzir a mensagem que enviou ao Papa Francisco no dia do seu aniversário, 17 de Dezembro:

Santidade,

No dia do Vosso Santo Aniversário Natalício,gostaria de lhe oferecer qualquer coisa que brotasse do meu coração,primeiro porque sou um pobre de Cristo devoto do Poverello de Assis e, segundo, porque sei que Vossa Santidade não aceitaria "nem "Prata nem Ouro porque a vida é o vosso maior tesouro".

Acresce,que o que tenho para lhe oferecer- um Livro-que só é meu, porque me ficou gravado no meu coração quando o li.

O seu autor e meu querido amigo, Pedro Arroja,economista,cidadão,avô combina o saber profissional e a experiência de vida para falar às gerações que em breve ,terão de continuar Portugal tomando como exemplo uma das suas netas que designa por F.

Transcrevo,só um parágrafo que é exemplo firme do conteúdo da Obra citada.

"Ora aquilo que a F.me fez ver-até uma menina de três anos sabe isso-é que as pessoas querem o Bem,aquilo que devem procurar,como ela fez junto de mim,é o bem, não o mal.

O mal nunca se deve procurar,porque quem  procura sempre encontra.Aquilo que se deve procurar é o bem,como a F.fez,porque só com o Bem uma pessoa pode ser feliz."

Se Sua Santidade tiver a Caridade de o aceitar ser-lhe enviado via, Núncio Apostólico em Lisboa ou outra,para o efeito adequada.

O Vosso Irmão em Jesus Cristo,

Antônio Rodrigues

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Ex Corde

normal science

This work harmonizes physics and biology at the macro level and shows that biology is not an exception to physics, we have simply misunderstood the rules of physics.

Publicação da National Oceanic and Atmospheric Administration

Comentário: Este artigo excelente demonstra que a abordagem física da vida é um paradigma aceite pela comunidade científica.

o preço da paz














Mensagem de Natal do Papa Francisco:

A paz exige um trabalho diário

Comentário: Trabalho? Não estaremos a falar de termodinâmica? Nos países mais quentes é mais oneroso (em termos de energia) desenvolver o trabalho necessário para manter a paz (o Papa referiu-se à República Centro-Africana, em pleno equador).

Na época presente, a única maneira de manter a paz, nestas regiões, é exportando negentropia dos países desenvolvidos para lá. Capacetes azuis, por exemplo. O problema é que esta exportação de negentropia, obrigatoriamente, resulta numa importação de entropia para os países solidários (baixas, por exemplo). Entropia que as populações com culturas termodinamicamente mais evoluídas poderão não estar dispostas a aceitar.

leis físicas exactas

O FUNCIONAMENTO DE UM ORGANISMO EXIGE LEIS FÍSICAS EXACTAS
Se não fosse assim, se fossemos organismos tão sensíveis que um único átomo pudesse provocar uma perceção nos nossos sentidos - Meus Deus, o que seria a vida.
...
Um organismo que não obedecesse às leis da física nunca poderia desenvolver qualquer tipo de pensamento ordenado.

Erwin Schrodinger, Prémio Nobel da Física

Deixem-me recorrer ao génio do Schorodinger para sublinhar um aspecto incontornável, todos os seres vivos estão sujeitos às leis exactas da física. O enquadramento termodinâmico, portanto, não é nenhum delírio mental, é uma exigência da razão.

É inquestionável que o Homo Sapiens, como qualquer outro ser vivo, está submetido à Segunda Lei da Termodinâmica. Só fica aberto a debate qual é o impacto desta realidade no nosso pensamento e na matriz cultural.

24 dezembro 2013

foi o sonho

O melhor presente de Natal que tive este ano, momentos antes de receber  os outros, recebi-o faz hoje precisamente uma semana, no dia 17.

Um leitor do meu livro "F. - Portugal é uma figura de Mulher" escreveu ao Papa a dar-lhe os parabéns, e enviou-lhe o meu livro como presente de aniversário. Eu fiz uma dedicatória.

Existem algumas coincidências que eu gostaria de mencionar.

Primeira, eu escolhi o título do livro (F.) há mais de um ano, muito antes do Papa ser eleito. Quando foi eleito, o Papa escolheu o nome de Francisco, que é precisamente a versão masculina do nome da minha neta.

Segunda, recentemente, ao ver na televisão um programa sobre o Papa Francisco, reparei que, na correspondência que envia, o Papa assina F.

Terceira, o leitor ofereceu o livro ao Papa sem saber que mais de um mês antes eu decidira - uma decisão que entretanto se tornou pública, embora não por minha iniciativa - doar todos os direitos de autor resultantes da venda do livro no país ou no estrangeiro a uma obra humanitária denominada "Um Lugar para o Joãozinho".

(Esta obra destina-se a financiar a construção de uma ala pediátrica no Hospital de S. João do Porto, onde vão parar todas as crianças sofrendo de doenças as mais  graves de toda a região norte do país. A actual ala pediátrica está em instalações precárias).

Quarta - um facto que não passou pelo meu espírito quando tomei a decisão anterior, e que só mais tarde recordei - é que a própria F. nasceu no Hospital de S. João (embora não na ala pediátrica, mas suponho, na materno-infantil).

Mas nada disto foi o meu melhor presente de Natal. O melhor presente foi o sonho: "Se o Papa Francisco lesse o livro e desse uma palavra pública sobre ele, as crianças internadas no Hospital de S. João teriam uma nova casa já amanhã".

ruinoso

O terceiro pilar que eu aprecio no pontificado do Papa Francisco é o de ele estar a minar as bases do socialismo, mostrando a sua inerente falsidade.

Esta minha afirmação é capaz de fazer saltar da cadeira o Joaquim e muitos outros que seguem com atenção o Papa Francisco e não se identificam com o socialismo.

No fim de contas, o Papa Francisco tem-se pronunciado é contra o capitalismo - nunca contra o socialismo -, ao mesmo tempo que enfatiza a situação dos pobres e as desigualdades de riqueza, tudo causas que são caras aos socialistas.

Na opinião pública politizada, que vê tudo em termos partidários, o Papa Francisco está identificado com o socialismo, não com o capitalismo. Existem inúmeras semelhanças entre certos pronunciamentos do Papa Francisco e o discurso socialista.

Mas é, precisamente, a partir daqui que o Papa Francisco se torna ruinoso para o socialismo. É que depois de estar identificado com ele, as pessoas não deixarão de notar as diferenças - as diferenças entre o Papa Francisco e os socialistas.

Eu próprio tenho salientado as diferenças em diversas intervenções públicas recentes (uma delas aqui). O Papa Francisco despojou-se de tudo, mesmo os privilégios mais modestos, para servir a sua comunidade católica. Agora, olhe para os deputados. Trabalham durante doze anos na Assembleia da República e depois ficam a viver à conta da comunidade até ao fim da vida. Feitas as contas, servem-se da comunidade.

Olhe para os juízes do Tribunal Constitucional. Trabalham nove anos e depois ficam com uma reforma para a vida - e das boas. Obviamente, no balanço, servem-se da comunidade. Agora, olhe para o Papa Francisco. Aos 77 anos trabalha em favor da comunidade o dia inteiro, sem direito a pensão de reforma.

A Constituição e o Tribunal Constitucional? Não precisamos disso para nada. Precisamos é de um homem, como o Papa Francisco, que ame a sua comunidade e que esteja disposto a dar a vida por ela. Só um homem (servindo uma figura de mulher, a Igreja ou a Nação) pode unir uma comunidade. A Constituição, a Lei, desune-a, e o Tribunal com as decisões que toma só a desune ainda mais (metade dos portugueses são a favor das  decisões do TC e a outra metade contra).

E o que dizer da acção todo-inclusiva do Papa Francisco? O Papa não exclui ninguém, ao passo que o socialismo exclui os seus opositores, é uma seita, que segue o lema de todas as seitas: "Ou és por mim ou és contra mim". Veja o discurso recente do Dr. Mário Soares na Aula Magna, só para citar o mais histórico dos socialistas portugueses. É um discurso que põe portugueses contra portugueses.  Pelo contrário, o Papa não é contra ninguém, o Papa não põe ninguém contra ninguém. Os socialistas desunem, o Papa une.

Quando surge um problema na sua comunidade, como as questões do Banco do Vaticano ou da pedofilia dos padres, o Papa protege a sua comunidade, dando a cara por ela e  assumindo a responsabilidade em nome dela. E os socialistas o que fazem quando existe um problema no seu país? Dizem que não foram eles, apontam o dedo, a culpa é de outro qualquer partido ou dessa força misteriosa que é o neoliberalismo.

Finalmente, o Papa trabalha para transmitir às gerações vindouras um mundo melhor, o Papa fala do Bem, faz o Bem e procura transmitir o Bem - é nisso que consiste a Tradição, transmitir o Bem. E os socialistas portugueses transmitem o quê às gerações vindouras? Um país arruinado, que eles (PS e PSD, com a cumplicidade do CDS) governam há mais de trinta anos.

Depois de se ter tornado igual aos socialistas, o  Papa Francisco pode bem vir a dar cabo do socialismo.

Governar é servir

Governar é servir uma mulher (ou, simbolicamente, uma figura de mulher) e, através dela, toda a comunidade.

Feliz Natal









Ontem sonhei com Deus. Apareceu-me de madrugada para conversar comigo, foi um choque. A verdade é que ainda recentemente tinha sonhado com o Diabo e com duas diabretas que certamente eram obra sua, agora com Deus...
Pois Deus apareceu nos meus sonhos, de carne e osso, parecia o Paul Johnson. A primeira coisa que me disse foi: ‹‹Olá, Joaquim››.
-       Não sabia que eras uma pessoa – disse-Lhe.
-       Eu posso ser tudo o que tu quiseres.
-       Por favor não me venhas dizer que a I. está grávida.
-       Não, não é nada disso, mas era uma boa piada. O Aquino não vos explicou, mas fica a saber que eu tenho um grande sentido de humor. Venho só marcar a minha presença, para que nunca duvides que Eu ando por aí.
-       Fantástico. Olha que eu escrevo num blogue onde falamos muito de Ti.
-       Eu sei, já soprei ao ouvido do Francisco para passar por lá os olhos. O PA bem que podia dar-lhe umas dicas, mas ele é teimoso como um jerico. Quando eu criei os argentinos nunca imaginei que um chegasse a Papa.
-       Ma Tu não sabes tudo? Não controlas tudo?
-       As coisas aqui não funcionam bem assim. Eu “pus a bola a rolar”, mas depois afastei-me. Se eu andasse metido no dia a dia dos humanos, nunca os poderia julgar... não haveria Bem nem Mal. Depois, há muita entropia no Universo.
-       Por falar em entropia...
-       Não digas mais nada. Eu sei que tu procuras compreender o mundo que te rodeia, procuras a verdade. Eu sou a Verdade e, portanto, tu procuras-Me. É por isso que Eu aqui estou.
E foi assim. Deus apareceu-me sozinho, nos meus sonhos. O Diabo tinha aparecido com duas diabretas que abandonou no meu leito.
Não esquecendo o facto de que também o Diabo é obra de Deus, dá muito mais prazer contemplar a Verdade do que passar um bocado com duas piquenas.
Pensando bem, uma coisa não impede a outra. Como dizia o outro: ‹‹Senhor, fazei-me casto, mas agora ainda não››.
FELIZ NATAL PARA TODOS