30 novembro 2013

What if?


O populismo é, em grande parte, responsável pela miséria que grassa na América do Sul. A Argentina, por exemplo, que já foi um dos países mais desenvolvidos do mundo, anda hoje de mão estendida. A Venezuela vai a caminho do colapso total e de Cuba, nem é bom falar. Pelo contrário, o Chile abraçou um caminho diferente e obteve um resultado exatamente oposto.
Se tivéssemos um governo global, nas mãos de uma Kirchner, de um Maduro ou de um Castro, o que seria de esperar? Miséria, miséria e mais miséria. Não tenho qualquer dúvida sobre isso, nem vou dar troco a quem afirmar o contrário.
Felizmente não há governos globais, mas há pessoas que, pelos cargos que ocupam, são líderes globais e podem exercer uma influência global. É o que há de mais parecido a um governo global, são magistraturas de influência global.
Continuando nos “ses”... E se um destes líderes globais fosse um populista, saído da fornalha argentina, retórico exímio, disposto a usar o prestígio do seu cargo para incendiar a rua e desencadear ondas de violência? E se fosse alguém que afirmasse que “a economia capitalista mata” e que trata os seres humanos como “lixo”?
Não faltariam débeis mentais a pensar que tinham luz verde para a violência, porque se trataria de legítima defesa contra uma ameaça de morte.
Infelizmente, na minha opinião, o Papa Francisco está a colocar-se, ou a deixar-se colocar, nesta incómoda posição de difundir ideias que foram fatais em todos os países que as adoptaram. Daí, estar a ser tão elogiado por pessoas como Mário Soares e Francisco Louça, pessoas que de religião devem perceber tanto um peru de Natal, depois de receber a sua dose misericordiosa de água-ardente.
Se Francisco tiver sucesso na sua cruzada ideológica contra o que designa por “capitalismo selvagem”, “monetarização social” e a “lixificação dos seres humanos”, há uma coisa que posso garantir – no final do seu papado, os ricos estarão mais ricos e os pobres estarão mais pobres. Porque o capitalismo é o único sistema capaz de tirar milhões de seres humanos da pobreza (pensem na China).
Em particular, os países protestantes, que se estão completamente nas tintas para o Francisco, estarão mais ricos. E os católicos estarão mais pobres. Deus queira que me engane!

o pai fundador

Reparem nesta pérola de Mário Soares:

- Graças à intervenção do PS, depois do 25 de Abril, a Igreja portuguesa tornou-se muito aberta, com o Patriarca D. António Ribeiro, e progressista, ao contrário do que sucedeu com a Igreja espanhola.

Hoje , no Público

Comentário: Eis o que os socialistas pensam sobre a separação entre a política e a religião. Mário Soares afirma que o PS, depois do 25 de Abril, "condicionou" a Igreja Católica e "manipulou-a" à sua conveniência.
É muito útil que Mário Soares, o fundador do regime que nos levou à bancarrota, continue a falar desbragadamente, para conhecermos a verdadeira face do "socialismo democrático".

2 franciscos 2

Francisco Bergoglio

Francisco Louçã - A Cavalaria Prussiana contra o Papa, uma declaração de amor, hoje no Expreso

29 novembro 2013

sine ira et studio

What is Life? - Erwin Schrödinger (PDF)

uma característica universal


Como é que podemos identificar a presença de vida, por exemplo, noutros planetas?

- Por uma redução da entropia, porque esta tem de ser uma característica universal da vida.

James Lovelock

reflexões tradicionalistas - absolutismo e o moderno estado demo-liberal: o mesmo pecado

(Via Raquel Sá Lemos Guedes) 
"Muitos têm confundido a Monarquia Tradicional com a Monarquia Absoluta. São estes, em geral liberais endeusadores do sufrágio universal e do parlamento, que acusam os adeptos da Monarquia Tradicional e do Poder Pessoal do Monarca, tais como os miguelistas e integralistas lusitanos, os carlistas espanhóis e os patrianovistas brasileiros, de defensores da Monarquia Absolutista.  
É forçoso sublinhar, contudo, que este é, sem dúvida alguma, um absurdo equívoco, posto que não há forma de governo tão distinta da Monarquia Tradicional, lídimo produto da Civilização Cristã, quanto a Monarquia Absoluta, filha do “Renascimento” e do racionalismo e precursora da liberal-democracia, alicerçada no mito da soberania popular, e da ditadura “proletária”, fundada no mito da redenção da Humanidade pelo proletariado, a um só tempo povo eleito e messias do “paraíso terreno” que seria o comunismo. 
Como bem ressalta António Sardinha, há profunda identidade entre “o dogma da vontade suprema do monarca e o dogma supremo da soberania do povo”, ambos derivados da “concepção naturalista do Poder”. E, em que pese o fato de as monarquias absolutas haverem preservado mais elementos da Ordem Tradicional do que as monarquias liberais e, sobretudo, do que as repúblicas modernas, o princípio absolutista é, ainda segundo as palavras do egrégio pensador, homem de ação e poeta lusitano, de “natureza essencialmente revolucionária”, havendo sido ele o preparador do triunfo do espírito liberal-democrático.  
Registre-se, ademais, que, consoante preleciona Francisco Elías de Tejada, o “absolutismo destroçava a harmônica variedade do corpo social cristão para robustecer o poder do governante”, supondo, outrossim, “nova ruptura da ordem orgânica medieval, por substituir ao corpo místico da sociedade cristã tradicional por um novo equilíbrio mecanicamente apoiado sobre o cetro todo-poderoso dos reis do despotismo ilustrado”. 
Cumpre notar, ainda, que a ideia de Monarquia de direito divino, tão cara aos absolutistas, nada tem que ver com a Monarquia Tradicional. Tal ideia, aliás, possui nítido tom protestante e foi mesmo condenada pela Igreja, bem como pela totalidade dos pensadores católicos tradicionalistas que a discutiram.  
Com efeito, a origem divina do poder, reconhecida pela Santa Igreja, não implica na aceitação da tese segundo a qual Deus designaria, para governar determinado povo, esta ou aquela pessoa.  
Enfim, tanto a monarquia absoluta quanto a liberal-democracia e o socialismo, este último filho desta e neto daquela (...)"
Victor Emanuel Vilela Barbuy
Publicado por Wesley S. Novaes

reflexões tradicionalistas - O morgado

O morgado (http://www.infopedia.pt/$morgado)
"A instituição destes vínculos entre a família e o seu património imobiliário desenvolveu-se entre nós a partir dos séculos XIII-XIV e apenas foi extinta no terceiro quartel do século XIX. Foi, portanto, um dos caracteres estruturais da sociedade portuguesa ao longo de vários séculos."
Wikipedia:
"O morgadio consistia num vínculo de terras, rendas ou outros utensílios provenientes de uma determinada profissão, feito pelo respectivo instituidor. Estes bens assim vinculados não podiam ser vendidos nem de outra forma alienados, cabendo ao respectivo administrador (o morgado) o cumprimento das determinações do instituidor, o usufruto do morgadio e o gozo dos rendimentos proporcionados pelos bens vinculados. As regras de sucessão na administração do morgadio eram definidas pela respectiva instituição. Em geral, sucedia o filho primogénito e, à falta de filhos, o parente mais próximo."
No século 19, foram extinguidos por decreto. Mas extinguidos porquê e com que direito (não é que a questão do direito preocupe o poder, se o pode fazer, faz, logo uma escola de direito o justificará)?

Argumentos:
"Se constituiu, de facto, uma forma de prevenir a desagregação das estruturas económicas que suportavam uma dada classe social, este sistema teve também inconvenientes, até para a própria aristocracia. Em primeiro lugar, era óbvio que fazer do filho varão primogénito o único herdeiro representava um tratamento de desigualdade para os filhos segundos e para as filhas, lançando-os em dificuldades e fazendo com que, muitas vezes, se perdesse o seu contributo e empenho no desenvolvimento do património da família. Em segundo lugar, os morgados eram um entrave ao estabelecimento de novas relações sociais e económicas nos campos; eram um fator de imobilismo, incompatível com as dinâmicas do capitalismo." http://www.infopedia.pt/$morgado 
Acho particularmente irritante o argumento utilitarista do "factor do imobilismo, incompatível com as dinâmica do capitalismo".

É um argumento típico da abordagem utilitarista que faz uma certa escola. Mas o "capitalismo" em si mesmo não carece, nem deve ser uma filosofia política, de mudança da sociedade com visões construtivistas, só carece que a estabilidade de instituições e direitos de propriedade, e não é a eficiência que justifica o eu atropelo por considerações de visão política.

PS: não resisto a referenciar mais uma vez esta palestra, onde se podem ver bem os problemas que os chamados austro-libertarians têm com a Escola de Chicago que eu denomino de eficientista, dada até a usar tal critério para formar princípios de direito e justiça - um mal terrível que tem feito ao liberalismo:
The Chicago School: Libertarian or Jacobin? | Joseph T. Salerno
http://www.youtube.com/watch?v=Rf75CpWaQ_Q

Podemos ver os argumentos utilizados: a desigualdade e por isso o igualitarismo tem ser forçado, ou  o "impediam outros de desenvolver património da família". Bem a divisão forçada, a maior parte das vezes implica sim o desinteresse de todos no património, objeto de disputas ou desleixo e depois venda dessa património para resolver essas disputas. Por outro, o facto de existir um processo seguro e previsível de sucessão do património colocava a responsabilidade de dela cuidar, e de cuidar de alguma forma do resto da família, nem que seja como ponto de reunião e suporte para tempos adversos.

 Na wikipedia, argumentos opostos são utilizados:
"O morgadio difundiu-se como um forma de contrariar o empobrecimento das famílias devido às sucessivas partilhas, servindo, assim, para manter o seu ramo principal com o suficiente estatuto económico-social. "
 E depois diz:
"Uma das razões que levou à sua extinção foi o empobrecimento dos filhos não primogénitos."
Percebe-se a confusão. Os argumentos adaptam-se à realidade da força do poder. Os juristas são especialistas nisso, esmagados pelo processo legislativo incerto, que subverte a própria ideia de direito, conseguem justificar a cada altura o que está na altura. Podiam resumir assim: se o legislador faz, tinha de fazer, nem que faça o contrário. E volte ao ponto de partida.

Alexandre Herculano é bastante honesto na análise da questão embora venha defender o seu fim, mas analisa as várias vertentes do que está em jogo. Pode ser lido nos seus opúsculos aqui:

http://www.gutenberg.org/cache/epub/17177/pg17177.html:

III *Abolição dos vinculos* O pró e o contra
IV *O principio vincular considerado na sua legitimidade*

Esta passagem resume a questão de direito:
"Na verdade os instituidores de morgados tinham o direito de transmittir a propriedade de que livremente podiam dispor com as condições que entendessem; mas as consequencias que d'ahi se deduzem estão longe de serem incontestaveis. Se admittis a doutrina que apenas estriba o direito de propriedade nas leis positivas, é evidente que ellas podem modificar, restringir e até annullar esse direito."
E
"Comtudo a legitimidade da successão nos vinculos, como em outra qualquer propriedade, estriba-se forçosamente ou na lei civil revogavel, ou no direito natural da familia."
Pois, como em certa escola, obviamente fundada na vontade geral, armadilha em que até muitos liberais caiem, o direito de propriedade é uma manifestação positiva da sociedade e não um direito natural auto-evidente, necessário a conceder a cada pessoa, a sua dignidade própria, necessária à sua próprio sobrevivência autónoma, a partir do qual, sim, agora, pode construir vínculos de cooperação social com os seus semelhantes, e não, ao contrário; a sua vivência ser sempre, uma espécie de concessão da vontade geral. Se vamos pelo caminho da propriedade como um direito positivo, nada poderá escapar a esta. Tudo é alterável á sua boa vontade. E é isso que o estado moderno persegue.

Mas ainda que passada esta dúvida Alexandre Herculano refere que mesmo aceitando o direito de propriedade como natural o morgadio tem dificuldades e só poderá talvez justificar-se num qualquer "direito natural da família".

Sim, em toda história da existência humana, a unidade social e legal era a família (e o conceito era estendido, incluía relações de não-sangue, posses físicas, etc), não o indivíduo. É o estado moderno que procura individualizar a sociedade, e o estado social, como argumento muitas vezes, potencia essa individualização até um futuro visionado por Aldous Huxley. Dizer que é o capitalismo que o faz é não perceber que o capitalismo trata de relações de cooperação, mas é o poder que tem vindo a formatar sob que forma estas podem estar configuradas, ao mesmo tempo, que tudo tira e tudo concede ao indivíduo. Em especial liberta-o da necessidade do estado-social-providenciado-pela-família que o obrigava a relações mais duras de hierarquia e deveres. O amor faz a família, mas a necessidade de sobrevivência e de aceitação social (para o negócio, crédito, etc.) também. Em relações naturais, sem a presença positiva do Estado, as relações sociais tendem a ser reguladas por decisões de inclusão ou ostracismo. E nessas relações, o nome e prestígio colectivo da família não só contavam como existiam responsabilidade e consequências colectivas.

Alexandre Herculano no final, utiliza o argumento que sendo uma relação de propriedade, o vínculo parece ser meio-propriedade, entrando em contradição.

A mim parece-me que quem tem propriedade pode doá-la a quem quiser, e quem a recebe pode recusá-la. A seguir fica a questão da condição de não-venda, ficando o usufruto. Tal como o vejo, mas é tema a explorar, quem a recebe podendo recusar ou aceitar a condição escrita em testamento, o morgado é possível de replicar com a utilização de um "trust" que replique a condição de usufruto, para a linha de sucessão, escolhida por quem recebe e aceita o morgado.

O que quero dizer ainda de forma intuitiva, é que analisando a questão de direito civil ao pormenor, creio que não existem razões para a instituição do morgado ter sido abolida. Não que a inspiração de pendor liberal-construtivista da altura alguma vez tivesse preocupada com purismo de direito e ainda menos com a tradição. E assim foi abolido na mesma génese de todas as alterações que atacaram os costumes e relações tradicionais, e que entravavam a visão do estado iluminista e necessariamente centralizado.

PS: Assim, a abolição deste tipo de costume e relações, assim como por exemplo, a inclusão do casamento no código civil, para mais tarde o destruir por completo, faz parte da movida do estado moderno até à abolição total de qualquer resquício de relações naturais. Começou por ser um projecto conservador na verdade, mas os tradicionalistas parecem identificar e intuir a armadinha em que consistiu legitimá-lo.

as boas notícias

"Têxtil iguala exportações de 2007 com menos 2.500 empresas" Negócios.pt

sociologia termodinâmica


As chimpanzés vivem cerca de 40 anos e, ao contrário das mulheres, não têm menopausa, pelo que reproduzem até ao fim da vida.
Ocorre, porém, um fenómeno curioso que afecta, por vezes, a última cria da prole. A chimpanzé já é velhota e tem pouca energia para educar os filhotes. Tolera os seus abusos, não os castiga quando se portam mal e, sobretudo, não os enxota do “colo”.
Estão mesmo a ver as consequências, não é? Quando a chimpanzé morre, a última cria está incapaz de sobreviver autonomamente e morre também. É uma grande lição para o Homo Sapiens. Educar é dar autonomia e dar autonomia implica enxotar as crias para fora da zona de conforto.
Mas estas considerações não são a razão deste post. O meu interesse vai para a termodinâmica, a chimpanzé não tem energia para desenvolver o comportamento social desejável.
O seu corpo envelhecido é “um mecanismo” com menos capacidade para extrair e utilizar a energia do meio ambiente. Usando uma metáfora um pouco simplista, é como um carro velho que gasta de mais e perdeu cavalagem. A entropia do seu corpo aumenta e o desequilíbrio impõe a morte.
Até aqui, nada de novo. Excepto, pelo impacto social desse desequilíbrio termodinâmico. O comportamento da chimpanzé, pela sua falta de energia, prejudicou o bando, que perdeu uma preciosa cria.
Se por cansaço, desleixo, ou apenas falta de energia, uma sociedade não cuidar das instituições que a tornam funcional, o colapso é inevitável. É a desordem... o aumento da entropia.
Essa desordem pode tomar a forma de uma guerra civil, como em Moçambique, ou de uma bancarrota, como em Portugal, mas é sempre um aumento da entropia que corresponde a uma “pulsão da morte”.

28 novembro 2013

parecer que se faz o bem

Patrick Monteiro e os outros defensores do SMN deviam ter vergonha de impor a desertificação do interior ao impor barreiras à oferta (e aceitação) de empregos em zonas de baixo rendimento.

Só o perceberão se imaginarem que na Grande Lisboa tendo em conta o seu rácio de poder de compra relativamente ao resto do país, tal como Portugal tem em relação a outros com maiores SM, devia ser de uns 675€ e no resto do país uns 380€.

O SMN tem outro efeito no interior, só as grandes empresas com grande capital conseguem criar procura de emprego no interior cumprindo todas as exigências. Por exemplo, as grandes superfícies. O comércio local, tem dificuldade em cumprir com o SMN. Imaginem as mercearias de bairro no interior. Podiam talvez empregar jovens ou adultos mais desabilitados, quem sabe, a morar em casa de família em conjunto com alguma auto-produção. Um pequeno emprego seria um complemento bem vindo. Ao menos fosse o SM decisão do município local.

Mas não podem. Existe os que gostam de fazer o bem pelo proibicionismo. Não permitindo os pequenos negócios locais iniciarem-se e acumularem capital e crescerem, ficam os locais dependentes dos habituais investimentos negociados pelo poder central, com programas de incentivos que adoram conceder, com grandes empresas que vão cumprir, claro, com o SMN. E ficam orgulhosos. O hubris do bem intencionado que em vez de fazer a caridade ou dar os meios a quem a faça, se põe a dispor da vida dos outros, é uma praga na humanidade. É mais um problema de misturar a moral com a ética.

o fim

"A centralisação é o grande defeito dos governos representativos: centralisação da soberania; centralisação da administração pelo executivo; centralisação da justiça; centralisação da força publica. Mas todos os poderes centraes tendem a destruir a independencia ou a acção uns dos outros e a elevar-se acima d'elles. Não raro acontece isto, e a experiencia ensina-nos que por via de regra é o executivo quem triumpha, sobre tudo pelos meios de corrupção, triumpho tanto mais perigoso, quanto é certo que se mantem de ordinario as apparencias constitucionaes, e que esse absolutismo é mais facil de sentir do que de demonstrar quando acata certas formulas tornadas estereis. A força dos agentes administrativos é, n'esta hypothese, immensa; porque se multiplica de um modo incalculavel a energia da centralisação já d'antes exaggerada. Abolindo-se os morgados e capellas, e destruindo-se por esse modo a grande propriedade e as influencias dos nomes historicos, não se faz mais do que remover obstaculos ás demasias dos delegados do poder central. O cavalheiro de provincia, essa entidade com recursos materiaes e moraes para contrastar a autocracia do funccionalismo, cessará de existir. Retalhados os predios allodiaes pelas heranças, os morgados seriam o ultimo e unico refugio da resistencia legal ao despotismo da centralisação administrativa."Alexandre Herculano
O que fez o constitucionalismo dito liberal no século 19 foi centralizar a vida da sociedade e destruir por legislação todo conjunto disperso de instituições e costumes que formavam a nação antes do estado. Destruir claro, tal como a presença da Igreja através de ataques à sua propriedade legítima, a aristocracia local, e como antes o Marquês de Pombal, com a morte dos Távoras, procurou suprimir a alta Nobreza. Tudo entraves ao estado moderno. Os argumentos passam pela defesa aparente do capitalismo: a mobilidade da propriedade. Mas o capitalismo não tem culpa desses desvarios. O que fizeram no século 19 é impor uma visão de desenho de sociedade porque queriam rejeitar a antiga, que se teria, sem estas revoluções de direito positivo, adaptado ao seu próprio ritmo e mais funcionalmente. Queriam, claro, trazer a si, o poder de fazer a sua visão de bem e formar e fazer parte da elite iluminista concentrada na capital e tomar as rédeas do poder de monopólio de legislar e uniformizar o direito.

Não admira que o tradicionalismo rejeite o "liberalismo" e "capitalismo", sempre representado por estas derivas de pendor, obviamente construtivista e de cuja inspiração sabemos bem onde.

más espacio

El fenómeno de la secularización se ha ido consolidando en los últimos siglos.

Procesos de tan larga gestación no se resuelven en años, meses o semanas.

El cardenal Ratzinger explicaba que nuestra visión del mundo suele seguir un paradigma “masculino", donde lo importante es la acción, la eficacia, la programación y la rapidez.

Y concluía que conviene dar más espacio a un paradigma “femenino", porque la mujer sabe que todo lo que tiene que ver con la vida requiere espera, reclama paciencia.


 Lo contrario de este principio es la prisa y el cortoplacismo que llevan a la impaciencia y muchas veces también al desánimo, porque es imposible lograr objetivos de entidad en plazos cortos.
(Enviado por um leitor identificado e com ênfases dele; não refere a fonte)

Coisas com que os economistas intoxicam a razão

"Deflação é boa para os consumidores e má para a economia? À primeira vista, parece uma boa notícia para os consumidores. Preços mais baixos significa maior poder de compra. Mas a longo prazo a deflação é uma das maiores dores de cabeça que podem ter governos e bancos centrais. E o pior é que é difícil de combater." via negócios.pt
A situação normal numa ordem económica e monetária saudável é os custos e preços unitários descerem com o aumento da produtividade possível pela acumulação de bens de capital. É a própria definição de crescimento económico. É com o poder de compra que sobra (dado agora os mesmos bens terem um preço inferior para os consumidores e/ou a margem de lucro ter aumentado para as empresas, aumentando a sua capacidade de investimento), aumenta a procura de bens adicionais a serem produzidos pelos recursos poupados (por exemplo horas-homem agora libertos) e agora excedentários para a mesma produção anterior.

Esta seria a ordem natural das coisas, os pequenos aforradores beneficiariam imenso, podendo acumular a sua pequena poupança em valores monetários que valorizariam com o crescimento económico, sem ter que se sujeitar ao sistema financeiro. Mas em nada, isto, poria em causa, a capacidade do ciclo de poupança- > investimento ser realizado.

Nem tal coisa prejudica obviamente os consumidores, nem tal coisa prejudica as empresas, incluindo a sua capacidade de pagar dívidas. A deflação de preços só é um mau sinal (mas é uma consequência, não uma causa) quando provocada por aumentos súbitos na procura e/ou diminuição quantitativa de moeda, caso de crises e falências de bancos.

No actual momento em que o sistema se encontra com excesso de reservas, e com os bancos centrais sempre dispostos a injectar mais reservas, como nunca na história monetária terá acontecido, a descida da preços não deve ser "combatida" de forma alguma. Isso corresponde a inflacionar de forma menos visível e mais gravosa.

E esta inflação providenciada pelos bancos centrais beneficia os grandes. Cada quantidade de moeda fabricada é injectada em pontos específicos da economia, beneficia quem o primeiro o utiliza na economia pela vantagem da sua despesa ser efectuada a preços mais baixos do que estarão mais tarde, depois de ser incorporada nos preços essa mesma nova quantidade de moeda.

O inflacionismo é um mecanismo de transferência de poder de compra da população a favor das elites que se situam próximas das fontes de entrada das novas quantidades de moeda. Sim, esses mesmos que nas crises são salvos da falência que seria natural dado terem sido os que mais beneficiaram da alavancagem artificial (tomando a expansão de crédito).

Liberdade e Estado

Na tradição portuguesa iniciada com D. Afonso Henriques o rei presta vassalagem à figura da Virgem Maria e compromete-se a servi-la. A figura da Virgem Maria representa o povo português ou a comunidade portuguesa. Portanto, o juramento de vassalagem à Virgem por parte do rei é um juramento de serviço ao povo português.

Daqui resultam duas consequências importantes da tradição portuguesa de governação que gostaria de salientar. Primeira, a de que a governação é feita pelo povo, na figura da Virgem. O povo sabe muito bem governar-se e é o povo que se governa, o rei não se mete nisso. O rei só intervém a pedido do povo.

Encontra-se aqui a tradição de liberdade católica, que é a tradição de liberdade dos portugueses. O povo é livre, o rei não manda no povo, nem se substitui à vontade do povo. O povo, na imagem de Maria,  é que é o verdadeiro soberano, o rei sendo um vassalo do povo.

A segunda consequência é a de que, como vassalo, o rei intervém nos assuntos da governação a pedido de Maria e, portanto, do povo, ou por ordem de Maria e, portanto, do povo, quando o povo se considere incapaz de, pelos seus próprios meios,  atingir algum fim comum (v.g., realizar a paz, suprir situações de fome ou de doença, etc.). Encontramos aqui, na pessoas do rei, a figura do Estado subsidiário que é o Estado da nossa tradição portuguesa e católica.

O povo é livre e soberano, sabe muito bem governar-se e não necessita que lhe ditem ordens (leis) acerca de como viver. O Estado está lá para proteger o povo e as maneiras de viver (tradições) do povo, e só intervém a pedido do povo.

Esta concepção portuguesa da liberdade e do Estado está nos antípodas daquela que hoje prevalece em Portugal. Actualmente, quem manda é o Estado, e os partidos políticos que o controlam, que passa o tempo a ditar ordens ao povo (leis) acerca da maneira como o povo há-de viver, e como há-de pagar essas ordens.


rendidos à entropia

Maioria das mulheres não tenciona ter mais filhos

A massa biológica de seres humanos representa, em termos físicos, um elevado estado de organização molecular que requer energia para se formar e manter. Ao recusar reproduzirem-se, os portugueses "atiram a toalha ao chão", por assim dizer. Cedem à entropia, aceitam a desorganização, o regresso à matéria bruta, "ao pó".

É muito claro, da leitura do artigo "linkado", que as principais causas desta recusa reprodutiva são de natureza económica; muito bem. Contudo, não devemos esquecer que foram os portugueses que, colectivamente, deixaram criar as condições sociais e políticas que determinaram o colapso económico.

Foi a pulsão da morte, Thanatos, que nos arrastou para a desorganização, para um aumento da entropia. Thanatos é um demónio que Deus criou para desafiar a nossa sede de eternidade. Obviamente, neste momento, os portugueses pensam pouco na eternidade, se é que pensam. Se o fizessem escutariam Deus:
- Crescei e multiplicai-vos.
E saberiam criar as condições sociais para tal. Mas a maioria não vê a luz, envolta que está no manto da morte. Como sociedade, parece que perdemos a "vontade de viver" (the will to live). Rendemo-nos à entropia.

Krebs - o pai da termodinâmica biológica


27 novembro 2013

salvos pela termodinâmica

O arrefecimento global, da Pequena Idade do Gelo em que entramos (ver aqui e aqui), é uma excelente notícia para Portugal.

Sob o ponto de vista termodinâmico, a diminuição da temperatura libertará energias produtivas que poderão acrescentar 2 a 3 pontos ao nosso PIB.

A imigração qualificada vai aumentar (refugiados climáticos) e o investimento estrangeiro também. Parece inacreditável, não é? Especialmente para os crentes do aquecimento global, deve ser de cair os queixinhos.

Contudo, nada é mais garantido. Quando o Norte for uma autêntica Sibéria, Portugal vai ser o novo El Dorado.

PS: Esta manhã saí de casa com 2º C e regressei com 7ºC.

estar lá

Qual era o regime político prevalecente lá em casa?

Monarquia absoluta.

Havia um rei e uma rainha, ambos com poderes absolutos. A rainha ocupava-se de quase tudo, o rei raramente foi chamado a intervir.

Olhando para trás, o rei hoje considera que a sua principal função foi a de estar lá.

o maior elogio

Estando eu (oficialmente) quase a entrar na terceira idade e tendo largamente concluídas as minhas funções de pai (a minha filha mais nova tornou-se independente há dois meses), eu estou num processo, já iniciado há alguns anos, de fazer o balanço da vida que já vivi, incluindo a minha experiência como pai.

Por exemplo, qual foi o maior elogio que me fizeram como pai?

Foi feito à mãe há cerca de oito anos e só indirectamente eu o assumi por tabela.

Os meus quatro filhos frequentaram todos o mesmo colégio católico até ao sexto ano de escolaridade, e houve uma professora - uma só - que foi comum a todos eles, embora o meu filho mais velho diste da mais nova em doze anos. Chamava-se IP, era engenheira, e uma exigente professora de Matemática.

Sendo crianças, os meus filhos eram frequentemente levados ao colégio pela empregada doméstica - duas, nesse intervalo de tempo.

Até que um dia  a professora IP, entretanto reformada, disse à minha mulher: "Os seus filhos são as únicas crianças que conheço que tratam a empregada doméstica como se fosse da família".

Foi o maior elogio que recebi como pai até hoje. Provavelmente, prevalecerá para sempre.

o modelo tradicional de governação


Segundo o historiador A. Pimental (citado aqui), ainda antes de ser reconhecida a independência de Portugal, D. Afonso Henriques consagrou o seu novo Reino à Virgem Maria: «Desejando agora de ter também por advogada diante de Deus a Bem-aventurada Virgem, de consentimento de meus vassalos, os quais por seu esforço sem ajuda nem socorro estranho me colocaram no trono real, ordeno que eu, meu reino, minha gente, meus sucessores fiquemos debaixo da tutela e proteção, defensão e amparo da Bem-aventurada Virgem Maria... Portanto, a vós Virgem Mãe do meu Senhor Jesus Cristo..., eu, humildemente servo vosso, D. Afonso, rei de Portugal, vos peço que defendais meu reino dos Mouros, inimigos da Cruz de vosso Filho e conserveis minha coroa livre de sujeição estranha e corroboreis no trono real fiéis servos da minha geração.».

Esta tradição foi seguida ao longo dos séculos pelos seus sucessores que fizeram Portugal à imagem de Maria. E foi D. João IV, a seguir à restauração, que definitivamente consagrou, de maneira oficial,  Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal. Mas não apenas isso. A partir de então inovou-se a  tradição de uma maneira que durou até ao fim da monarquia em 1910, e segundo a qual os reis portugueses deixavam de ostentar a coroa na cabeça.

O sinal transmitido por esta inovação era claro, e dava novo vigor à tradição iniciada por D. Afonso Henriques. A rainha de Portugal, o símbolo da Nação, é uma rainha eterna, e é uma figura de mulher. O rei, tirando a coroa, põe-se ao serviço dessa mulher, que ao mesmo tempo representa toda a comunidade ou o povo português.

Uma mulher no centro da comunidade  e representando toda comunidade, e um homem, investido de poder absoluto, ao seu serviço. A função deste homem, dentro de casa, é proteger a comunidade contra ataques externos e prevenir desordens internas; fora de casa, compete-lhe ordenar as coisas por forma a  assegurar o sustento da comunidade.

Quem já tenha governado uma família reconhece aqui o modelo típico de governação da família portuguesa. É este também o modelo tradicional de governação de Portugal.

Aquilo que as ideias da modernidade, que tiveram origem no protestantismo religioso do século XVI vieram fazer foi, em primeiro lugar, dividir a família em seitas ou partidos, apeando também a mulher do lugar central que ela ocupava na família. O exercício da governação passou a ser um exercício muito difícil, senão mesmo impossível – passou a ser o exercício de governar uma família desavinda, uma família dividida em seitas ou partidos.

Não existe comunidade sem mulher. Sem a intervenção da mulher nem o pai sabe se é pai do filho nem o filho sabe se é filho do pai. É necessária a intermediação da mulher para dar certezas a ambos e unir pai e filho, e daí a centralidade da mulher na comunidade.

A mulher ao centro, representando o povo e a comunidade, e um homem a servir a mulher. É este o modelo de governação tradicional de Portugal e ao qual vamos ter de voltar se queremos sair do imbróglio institucional em que presentemente nos encontramos.
(Excertos do meu artigo desta semana a publicar no jornal Vida Económica)

Se não financiarem a próxima bolha, levam tautau

"O Banco Central Europeu (BCE) estará a ponderar avançar com uma nova linha de financiamento de longo prazo à banca, mas desta vez com condições específicas. Os bancos terão de garantir que esses empréstimos serão usados na economia"

para as mulheres católicas

La escritora se muestra en contra de lo que llama la “lógica del contrato en el matrimonio”: “Yo he cuidado a los niños para que tú fueras a jugar a fútbol-sala, tú tienes que quedarte con ellos ahora para que yo vaya al gimnasio. Más que una pareja, una empresa. Y las empresas se abren y se cierran según las exigencias del mercado. Así se entiende el vertiginoso aumento de los divorcios, con las mujeres poniendo en crisis los antiguos equilibrios -a veces con razón-, pero sin saber proponer otros nuevos”.

El País

a bolha é a doença...

... a crise é o processo de cura.

Não esquecer isso, se a demagogia e a irracionalidade social se agudizar, atrapalhando e prolongando esse processo de cura, ou pior, gerando uma crise-pós-bolha-pós-crise-2008-pós-bolha-pós-crise -2001.

26 novembro 2013

a moderna escravatura

Cont...

Coagir os portugueses a produzir como os nórdicos é impor uma espécie de escravatura. A energia extra que temos de dispender e os custos de oportunidade que temos de suportar são tão elevados que só um escravo se sujeita a esse esforço.

sobre a escravatura

Slavery makes other people do the hard work. It is no accident that slave labor has historically been associated with tropical and semitropical climes. The same holds for division of labor by gender: in warm lands particularly, the women toil in the fields and tend to housework, while the men specialize in warfare and hunting; or in modern society, in coffee, cards, and motor vehicles. The aim is to shift the work and pain to those not able to say no. 

David S. Lades, no artigo citado no post anterior.

A escravatura obriga os outros ao trabalho pesado. Não é por acaso que a escravatura está historicamente associada aos climas tropicais e subtropicais. O mesmo conceito se aplica à divisão do trabalho por género: nos climas quentes, em particular, as mulheres trabalham na agricultura e ainda tratam da casa, enquanto os homens se especializam na guerra e na caça; ou nas sociedades modernas, no café, no jogo, e nos carros. O propósito é empurrar o trabalho e o sofrimento para os que não conseguem dizer não.

O que se vê é o que não se vê

"Can we continue to stand by when food is thrown away while people are starving?", diz o documento agora saído (referenciado abaixo).

Foi o que Roosevelt fez no New Deal, no meio de fome, porque acreditava ser necessário tudo tentar para que os preços não caíssem.

Custa a crer em tanta estupidez e miséria espalhada e imposta pelo poder. Como se não bastassem as guerras para decidir quem tem o monopólio da violência em que Km2 do planeta.

Cuidado com o diabo, tem mil maneiras de se esconder.

atraídas para a desgraça

In general the discomfort of heat exceeds that of cold. We all know the fable of the sun and wind. One deals with cold by putting on clothing, by building or finding shelter, by making fire. These techniques go back tens of thousands of years and account for the early dispersion of humanity from an African origin to colder climes. Heat is another story. Three quarters of the energy released by working muscle takes the form of heat, which the body, like any machine or engine, must release or eliminate to maintain a proper temperature. Unfortunately, the human animal has few biological devices to this purpose. The most important is perspiration, especially when reinforced by rapid evaporation. Damp, "sweaty" climes reduce the cooling effect of perspiration--unless, that is, one has a servant or slave to work a fan and speed up evaporation. Fanning oneself may help psychologically, but the real cooling effect will be canceled by the heat produced by the motor activity. That is a law of nature: nothing for nothing; or in technical terminology, the law of conservation of energy and mass.
The easiest way to reduce this waste problem is not to generate heat; in other words, keep still and don't work. Hence such social adaptations as the siesta, which is designed to keep people inactive in the heat of midday. In British India, the saying had it, only mad dogs and Englishmen went out in the noonday sun. The natives knew better. 

David S. Landes

Comentário: Não gostaria de discutir a influência do clima na economia, por ser uma evidência que estou disposto a aceitar como verdade. Nos últimos posts, eu comecei a esboçar um modelo que ultrapassa esta relação e que entra no domínio da sociologia e da política.

Nos extremos de temperatura, em particular no calor, as pessoas são mais atraídas para a desgraça, para a desordem económica, social e política - para um aumento da entropia - porque a energia necessária para garantir a ordem excede as suas capacidades físicas. Eis o cerne do meu argumento.

Freud chamou a esta atracção pela desgraça "pulsão da morte", ou Thanatos. Pulsão que me parece muito mais presente nos países do Sul do que nos países do Norte da Europa.

tradicionalismo e capitalismo

No momento em que sai o documento:

Evangelii Gaudium : Apostolic Exhortation on the Proclamation of the Gospel in Today's World (24 November 2013)

Em que se diz:
No to the new idolatry of money [55-56]No to a financial system which rules rather than serves 
Mais se torna importante identificar que ao longo dos séculos, foi sempre o poder de criar riqueza do nada (moeda) que perturba a ordem social e económica (como poderia tal facilidade não se tornar um instrumento de mal? parece instintiva tal conclusão), concedendo um poder desmesurado e ilegítimo a quem pode beneficiar de uma capacidade especulativa (que inclui tomar e conceder crédito por esta via) artificial à custa da subversão de um bem comum.

Portanto, por amor à verdade, devemos contribuir para que tal mecanismo de desordem desapareça. E é simples, basta obedecer a princípios básicos do direito civil e combatendo o que o subverte.

é a termodinâmica...





Numa expedição filosófica, parti do berço da humanidade – a Garganta de Olduvai, em África – em direção a Berlim, no meu Jeep Wrangler 2,8 CRD.
Como podem ver, é uma viagem de cerca de 10.000 Km que demorei 20 dias a fazer. O consumo médio foi de 16 L/100 Km, mas variou bastante consoante a temperatura exterior.
Em África chegou aos 20 L, e isto para manter uma temperatura interior de 23º C. À medida que me aproximei do meu destino, o consumo foi diminuindo, até que atingiu uma média de 13L, em Berlim. Bom, a temperatura lá era de 23º C e portanto o ar condicionado não consumia nada.
Se tivesse prosseguido a minha viagem até Narvik, na Noruega, o consumo teria voltado a disparar, agora para aquecimento.
Manter a “homeostasia ambiental” é mais dispendioso em temperaturas extremas. O mesmo se passa, meus amigos, com o corpo humano; para manter a homeostasia, com um dispêndio mínimo de energia, o meio ambiente tem de oferecer certas condições.
No equador e nos pólos, é mais difícil sobreviver. Manter a entropia corporal requer mais energia e é por isso que a criação de riqueza é mais difícil. A “pulsão para a morte”, a tendência para a desordem, a tendência para um aumento da entropia, é máxima.
Na minha opinião, é por este factor, que a certas latitudes a desordem pessoal, social, política e económica, é maior.
É a termodinâmica, estúpidos!

Uma boa explicação do funcionamento do Bitcoin



notícias do estado moderno

Estado Social destrói a comunidade e divide para reinar: "Aumentem Impostos" Presidente Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados. Reparem que as receitas da Segurança Social (28% sobre o produto do trabalho cobrado pela TSU trabalhador e da entidade empregadora) e CGA cobrem aproximadamente apenas 50% da despesa, o restante tem de ser coberto pelos restantes impostos (IRS, IVA, etc). E é isto. Democracia, um confronto de voto universal entre o conflito de interesses dos receptores do OE (salários, pensões e outros) e os contribuintes líquidos. A estratificação da sociedade em classes. Cada vez menos avós que cuidam dos netos e/ou o contrário. É a classe dos reformados versus o estado moderno, dependentes de nacionalizar parte do rendimento dos seus filhos e netos (em crescente minoria).

das exportações

Só temos tido boas notícias. Incluindo exportações para a China [cuja entrada na economia mundial beneficiou o mundo inteiro pela baixa de custos e preços, e cuja enorme capacidade de poupança sustentou a acelerada formação de capital local que a seu tempo, agora contribui para  a procura acrescida por parte dos chineses de produtos do resto do mundo para o qual não estão vocacionados].

A parte da economia onde estas ainda não aparecem são as que de uma forma ou outra, têm estado agarradas ao OE, à protecção regulatória e ainda aos sectores da moda do momento dos gestores políticos de incentivos. Acabassem todos os programas de "apoio" e baixassem ou acabassem com o IRC, seria o caminho mais curto para a rápida formação de capital.

tiremos as devidas conclusões


Uma das razões que tem sido invocada para explicar o “gap” de produtividade entre o Norte e o Sul são os custos de oportunidade. Com um clima fabuloso como o nosso, com as melhores praias do mundo, com uma gastronomia fantástica e com vinhos bons e baratos, como é que se obriga a malta a trabalhar?
Quanto é que nos têm de pagar (custo de oportunidade) para virarmos as costas a um belo dia de praia, com umas deliciosas sardinhas assadas com pimentos e uma garrafa de vinho do Dão? E, não esquecendo, os olhinhos refastelados de tirar as medidas às mais belas raparigas do mundo – as portuguesas.
Ora bem, os custos de oportunidade elevados são um facto. Mas a este, eu acrescento outro. A energia que se despende a trabalhar, em Portugal, é superior à que se despende no Norte –ceteris paribus. Fica mais caro (em termos energéticos) trabalhar em Portugal do que a maior latitude. É mais cansativo, dito de outro modo.
Portanto, somemos estas duas circunstâncias. Trabalho mais dispendioso e custos de oportunidade elevados e tiremos as devidas conclusões.

entropia comportamental


Manter a ordem consome energia, tanto mais energia quanto maior for a temperatura exterior ao sistema considerado.
Observemos um simples cubo de gelo a derreter, o gelo a transformar-se em água. As moléculas de H2O a agitarem-se cada vez mais, a entropia a aumentar, a desordem a sobrepor-se à ordem.
Para voltarmos a congelar essa mesma quantidade de água necessitamos de energia. Tanta mais quanto maior for a temperatura ambiente. Mais energia será necessária em África do que na Escandinávia.
Ou seja, manter a ordem é mais dispendioso nos trópicos. As pessoas têm de fazer um esforço maior e, portanto, é absolutamente lógico que aceitem um grau mais elevado de desorganização.
Os seres vivos emergiram do mundo inorgânico e obedecem aos princípios e leis que governam a biologia. Mas essas leis não estão acima da física e da química, pelo contrário, estão submetidas a estas.
Para manter a entropia do seu corpo (e por extensão da sociedade), um ser humano tem de despender mais energia num clima quente do que num clima frio – é a segunda Lei da Termodinâmica.
O nosso comportamento, portanto, é determinado, em última análise, por esta equação:

a morte é uma necessidade física

25 novembro 2013

aumenta a entropia

Usando um exemplo que li algures, já viram o trabalho que dá manter uma casa arrumada. Se nada fizermos, a casa vai ficando cada vez mais desarrumada até se tornar inabitável – aumenta a entropia.

Para a mantermos arrumada temos de gastar energia. Temos de nos empenhar em criar e manter uma certa ordem, contra a desordem que naturalmente se impõe. Num país tropical, esse esforço é quase sobre humano. Mais vale viver numa cabana – com muito pouco para arrumar – e descansar numa rede, a abanar uma folha de palmeira. Num país nórdico, pelo contrário, arrumar a casa pode ser quase um prazer, um gosto que exige pouco esforço e que ainda deixa energia para “filosofar”.

A organização social e política também exige esforço. Exige voluntariado e participação social e política. A “casa social” precisa de arrumação e, para ter sucesso, os cidadãos têm de deitar mãos à obra e esquecer a rede.

Há um custo energético a pagar, para evitar a desordem – a entropia –, que é maior a Sul do que a Norte. Talvez daí, uma certa tendência tropical para a desordem.

Terra de Santa Maria

Portugal: Terra de Santa Maria (aqui e aqui)

com as mulheres

De que lado estou? do lado das mulheres. Se há coisas que correm mal, na grande maioria das vezes começa por ser culpa, continuada, persistente, inconsciente, dos homens, que conta com a paciência da mulher, grande e bondosa, mas finita ainda assim, porque infinita terá com os filhos. Portanto a responsabilidade do que está bem e mal está do lado dos homens. Aviso que há algo de sexista nesta posição, o sexista que respeita as mulheres em tudo o que têm para dar, incluindo salvá-lo dele mesmo, se ele a deixar. Mas tem de ser ele, que vai merecer e assumir tudo o que lhe acontecer. Já o que acontece à mulher não é culpa dela em última análise. Eu avisei que era sexista, num bom sentido espero.

mais mentira ou omissão

O protestantismo, a filosofia moderna que dele saiu, bem como as ideologias laicas dele resultantes - as mais importantes, o liberalismo e o socialismo - são uma conversa de homens para homens e onde a mulher não tem qualquer lugar.

Uma conversa que é feita exclusivamente entre homens e para homens só pode conter algumas verdades, e também algumas mentiras ou omissões, porque o mundo não é feito só de homens - é feito de homens e de mulheres.

A questão a que pretendo responder aqui é a seguinte: Mas então, o protestantismo, a filosofia moderna e as ideologias contêm mais verdade ou, pelo contrário,  mais mentira ou omissão? É o mesmo que perguntar se a parte excluída - a mulher - é mais ou menos importante que a parte incluída - o homem.

A parte mais imporante é a mulher, até uma criança sabe isso, dirigindo-se à mãe e não ao pai para tratar dos assuntos essenciais à sua existência. A conclusão é a de que o protestantismo, a filosofia moderna e as ideologias dele resultantes contêm mais mentira do que verdade - excluem o principal.

autoridade


Com a invasão nas últimas décadas das ideias protestantes caíram vários valores que são caros à cultura portuguesa. Um deles foi o da autoridade. Os professores perderam autoridade, os padres também, ainda os médicos, os juízes e os militares. Até o pai perdeu autoridade em casa.

A autoridade é, em primeiro lugar, um valor feminino, embora, por vezes, na aparência, pareça ser uma valor masculino porque as formas mais visíveis de autoridade são exercidas por homens.

O meu propósito neste post é duplo. Primeiro, salientar que foi a desvalorização da mulher, típica da cultura protestante que invadiu o país nas últimas décadas,  que deitou atrás de si por terra o valor da autoridade. Não existe autoridade sem mulher. E, pelo caminho, desfazer a ideia errada de que a autoridade, sendo frequentemente protagonizada por homens, é um valor masculino. Num mundo sem mulheres, ou onde as mulheres não contam para nada, não existe autoridade nenhuma - como agora em Portugal.

A primeira forma de autoridade natural é a autoridade da mãe. É uma autoridade intrínseca à mulher, já que o filho lhe sai das entranhas. E o homem, o pai, como é que ganha autoridade? Através de um milhão de frases repetidas, ao longo da vida, e especialmente nos primeiros anos de vida, pela mãe ao filho, como estas: "Se te portas mal, digo ao teu pai"; "Para fazeres isso, tens de pedir ao teu pai". Sem esta intermediação da mãe, o filho nunca reconheceria autoridade de pai àquele homem, na realidade ele nunca o reconheceria sequer como pai. O pai só tem autoridade porque é a mãe que lha dá.  

a rainha eterna

Era o ano de 1646. Por toda a Europa do norte, no continente e nas ilhas britânicas, lutavam-se guerras ferozes e faziam-se revoluções causadas pela difusão das ideias protestantes, que são ideias divisivas e sobretudo masculinas e que pretendiam reorganizar as nações à luz da imagem de um homem. A Guerra dos Trinta anos durava então há vinte e oito.

Portugal tinha reconquistado a independência de Espanha. E o nosso rei D. João IV consagrou Nossa Senhora da Conceição como a padroeira de Portugal. Mais, a partir de então iniciou-se uma tradição que durou até ao fim da monarquia, durante mais de 260 anos. Não mais um rei português ostentou a coroa, transportava-a na mão ou debaixo do braço, mas não mais a colocou na cabeça. A decisão teve enorme apoio popular.

O sinal transmitido por esta tradição é claro. A rainha de Portugal, o símbolo da Nação, é uma rainha eterna, e  é uma figura de mulher. O rei, tirando a coroa, põe-se ao serviço dessa mulher.

Não existe, no meu conhecimento, acto mais simbólico da nossa reacção ao protestantismo, e de reivindicação da nossa cultura tradicional e católica, do que este.

desvalorização radical

Em termos das ideias, o protestantismo infligiu ao catolicismo uma derrota extraordinária e cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir - seguramente em Portugal. Como sugeri noutra ocasião, isso deveu-se, em parte, ao facto de, do lado protestante, lutarem religiosos e laicos, ao passo que a defesa católica foi sobretudo feita por padres, estando os laicos ausentes.

Ligada à anterior existe uma outra razão importante. O protestantismo religioso, nas suas duas maiores correntes, fez surgir duas visões laicas do mundo que rapidamente ganharam influência - o liberalismo,  a partir do calvinismo, e o socialismo, a partir do luteranismo. Nada de equivalente surgiu do catolicismo, a defesa católica processou-se em termos quase exclusivamente teológicos, sem que houvesse uma tentativa séria - à parte uma mão cheia de autores - que projectasse na esfera laica e na vida de todos os dias a visão católica do mundo. Como é a nossa vida de todos os dias numa sociedade de tradição católica?

Não surpreende que o protestantismo, em versão liberal ou socialista, encontrasse terreno fértil e sem oposição em países de tradição católica como Portugal, com os resultados que, agora e mais uma vez, estão à vista. Nas nossas universidades, em particular nos departamentos de Economia, Direito, Sociologia, Filosofia, não se faz outra coisa senão promover as ideias laicas do protestantismo que são inimigas da nossa cultura. E tudo isto é feito por intelectuais - professores universitários - aos quais eu não atribuo más intenções, mas a quem atribuo a maior falta de compreensão. Não é aceitável que, sendo eles próprios portugueses e pagos por portugueses, usem a universidade para propagandear ideias que são inimigas dos portugueses e que, já por mais de uma vez, como agora, ameaçam arruinar Portugal.

Tem sido minha preocupação, ao longo dos últimos anos, encontrar o significado laico do catolicismo e como ele se projecta na nossa vida diária e nas nossas instituições, ao mesmo tempo que procuro compreender o significado laico e a verdade do protestantismo. E cheguei a uma conclusão que me parece a mais fundamental, em resposta à seguinte questão: Qual o significado laico do protestantismo? Se eu tivesse de resumir numa só frase o significado principal do protestantismo e, portanto, a maior arma que o protestantismo utilizou e continua a utilizar contra a nossa cultura portuguesa, que é católica, que frase escreveria eu?

Esta: Uma desvalorização radical da mulher.

Com a desvalorização radical da mulher, caíram todos os valores que são caros à nossa cultura portuguesa e católica. Caiu o valor da comunidade porque não existe comunidade sem mulher. Caiu o valor da tradição, porque a tradição é a voz viva da comunidade e é passada sobretudo pela mulher. Caiu a autoridade porque, mesmo a autoridade do homem, é-lhe dada pela mulher.

Quem quiser organizar a defesa católica e laica contra a invasão das ideias protestantes tem de começar por aqui, por restaurar a importância da mulher que o protestantismo destruiu. E destruiu mal porque entre homem e mulher, a mulher é mais importante do que o homem. Até uma criança sabe isso, mesmo antes de falar.

viva la muerte

Thanatos, ou a pulsão da morte (Freud), é a expressão do princípio físico que nos obriga a "regressar ao estado inorgânico", se não desenvolvermos as atividades necessárias a manter a vida.

Atendendo ao maior desgaste que os esforços físicos determinam a menor latitude, será que os povos do Sul manifestam um desequilíbrio que favorece Thanatos sobre Eros? Um desequilíbrio que favorece a desordem sobre a ordem? A morte sobre a vida?

“Viva la muerte” - É um grito hispânico!
Teremos um instinto suicidário? A incapacidade de nos organizarmos não será uma manifestação de Thanatos? Só pergunto...

24 novembro 2013

abaixo a irracionalidade


A razão é o que nos une a Deus, o elo que nos permite ter a certeza absoluta de que fomos criados à Sua imagem:
O Princípio divino que originou o universo, dotou-o de ordem, dotou-o de leis. Leis que são imutáveis porque refletem a Sua eternidade. Sermos capazes de perscrutar e entender essas leis é comungar a nossa existência com a do Criador  e partilhar, mesmo que numa ínfima parte, da sua omnisciência.
Essa possibilidade garante-nos que refletimos a sua imagem. Tudo o que é racional venera, portanto, a Deus. E, pelo contrário, tudo o que é irracional afasta-nos Dele.
Crer num Princípio, crer em Deus, é uma necessidade racional porque tudo o que existe necessita de uma origem que “não tem origem”, que simplesmente É. Por isto, rejeito a necessidade da Fé para chegar a Deus. Embora aceite que seja necessária fé para chegarmos aos “Deuses” das diferentes seitas religiosas.
Esta fé, contudo, encerra uma “irracionalidade”. Uma irracionalidade que consiste na negação da natureza profundamente racional do Universo e do seu Criador.
Este post vem na sequência deste outro e do artigo que lá citei, mas reflete o meu interesse constante na origem da razão e na sua importância, interesse que devo à Ayn Rand.
Damásio alertou-nos para que a razão dissociada da emoção pode ser uma ferramenta inútil. E assim é, em muitas tarefas humanas. Atenção, porém: na filosofia, como na matemática ou na física, não há espaço para as emoções.
2 e 2 são 4. Para um homem, para uma mulher, para um génio ou para um atrasado mental. A verdade existe independentemente de cada um de nós. Procurá-la é o mesmo que procurar Deus, mas só lá podemos chegar com o instrumento essencialmente divino que Dele recebemos. Outros caminhos não vão Lá.

viva a irracionalidade

O papa Francisco sabe que as questões da contracepção, da coabitação, do divórcio, das novas uniões, das uniões entre pessoas do mesmo sexo, a adopção de novas tecnologias de fertilidade, etc., apresentam dificuldades que não podem ser resolvidas de forma abstracta, com mais ou menos tolerância ou intolerância.
Bento Domingues

Comentário: A minha leitura destas afirmações é um "viva a irracionalidade". Como seres racionais que somos, aceitar a irracionalidade - situações que não podem ser resolvidas de forma abstratacta - é um "viva la muerte". Em última análise, e sob o ponto de vista filosófico, aceitar a irracionalidade é o mesmo que rejeitar Deus.

23 novembro 2013

não há candidatos

Os partidos políticos são, obviamente, a primeira e a mais divisiva de todas as instituições entre os portugueses.

Ao fazer esta afirmação, eu tenho sido confrontado frequentemente com uma pergunta que revela tanto de surpresa como de incredulidade:

-O quê, uma democracia sem partidos?

As pessoas estão de tal modo viciadas nos partidos - lavagem ao cérebro seria um termo brando - que não concebem a democracia sem partidos. E, no entanto, é muito simples.

Além de proibir os partidos, a lei também proíbe os candidatos.

Suponhamos que queremos eleger o Presidente da Câmara da Amadora. Definindo a lei as condições de eleitor e de elegibilidade (v.g., quanto a idade) cada cidadão vota no homem ou mulher que considera mais competente para dirigir a Câmara da Amadora.

Ao final desta primeira volta, existirão várias pessoas nomeadas com diferentes números de votos. A lei define então o número mínimo de votos acima do qual os nomeados passam a uma segunda volta. E depois a uma terceira, que pode ser a volta final.

Obviamente, qualquer pessoa nomeada pode excluir-se.

O povo escolheu o Presidente da Câmara. Esta é que é a  verdadeira democracia e a democracia  da nossa tradição (a comunidade, o povo, é que escolhe) ao passo que na "democracia" actual são os partidos que escolhem o Presidente da Câmara, limitando-se o povo a escolher entre os candidatos apresentados pelos partidos - candidatos que, na maior parte dos casos, são apenas aparelhistas com a presunção de que sabem governar alguma coisa quando, na realidade e frequentemente,  não sabem e nunca governaram coisa nenhuma. Às vezes, até nem são da terra.

ainda não o procurámos

Portugal deve ser um dos raros países do mundo que seria capaz de viver na mais completa autarcia. Tem de tudo e os portugueses sabem fazer tudo.

É quase irónico que esteja arruinado por ao longo das últimas décadas ter andado a importar excessivamente.

Se tem petróleo? Claro que tem. Nós é que ainda não o procurámos. Com aquela zona marítima exclusiva de mais de três milhões de Km2 o milagre seria não o ter.

a verdade é troglodita

Aumentar o salário mínimo é estragar a vida aos pobres.
João César das Neves

Comentário: Como se pode ver por este cartoon, em Portugal, quem diz a verdade é troglodita. As pessoas modernas vivem de ilusões.

do problema

O Dr. Mário Soares tem razão quando antecipa uma onda de violência no país e o advento de uma ditadura. Ele é inegavelmente um homem com grande intuição política. Mas ele perde a razão quando  incita os portugueses à revolta e à violência pois só está  a apressar aquilo que ele próprio vaticina.

Um novo regime do tipo salazarista não é propriamente aquilo que os portugueses desejam, embora o Dr. Mário Soares ao longo dos últimos quarenta anos, e especialmente nos últimos meses, seja a pessoa que mais tem contribuído para ele. É que o regime de Salazar foi um regime excepcional, que não faz parte da tradição portuguesa, um regime que foi ditado pelas circunstâncias excepcionais da altura, uma altura que ficou marcada por regimes políticos excepcionais, como a democracia partidária que elevou Hitler ao poder e lhe conferiu poder absoluto.

Existe um caminho para Portugal sair da situação em que se encontra sem violência e sem ditadores. É o caminho que apela à tradição comunitária e de unidade nacional dos portugueses, e não à sua divisão, como faz o Dr. Mário Soares, uma divisão ainda mais radical do que aquela que já existe. O Dr. Mário Soares é hoje parte do problema, não da solução.

o resultado

Em termos laicos, o protestantismo e a filosofia moderna que dele derivou, atacaram três ideias principais: mulher, comunidade e tradição. Ao fazê-lo, desferiram um potente ataque à pessoalidade das relações humanas. A norma das relações entre as pessoas passou a ser a da impessoalidade, em que cada um olha para os outros como se fossem todos iguais, sem distinção entre pai e amigo, amigo e desconhecido, conterrâneo e estrangeiro, mulher e filha, professor e aluno, médico e paciente.

Deste ponto de vista, o protestantismo e  a modernidade são talvez a maior devassa que a humanidade já conheceu à intimidade das pessoas porque é precisamente da intimidade que derivam as relações pessoais e que resulta a sua gradação entre pai e mero amigo, entre amigo e desconhecido, entre português e estrangeiro.

As modernas ciências sociais - como a Economia, a Ciência do Direito, a Ciência Política, a Sociologia -  nasceram todas da filosofia moderna que é filha do protestantismo religioso.

E o que visavam originalmente essas ciências?

Procurar descobrir as condições em que um colectivo de pessoas, que são largamente indiferentes umas às outras - quando não mesmo adversárias ou inimigas - poderiam viver em conjunto com um mínimo de harmonia e prosperidade, quais os mecanismos sociais - se é que eles existiam - que permitiriam compatibilizar pessoas que não querem saber umas das outras.

É claro que Portugal, como de resto a Espanha, a Itália ou a Grécia, que se opuseram à reforma religiosa, nunca poderia ser o berço da Economia, da Ciência do Direito, da Ciência Política ou da Sociologia. Mas  Portugal possui uma cultura universal, que é uma cultura que imita tudo, e hoje também tem os seus economistas, os seus juristas, os seus politólogos e os seus sociólogos.

O aspecto importante é que o ponto de partida de todas estas ciências sociais é uma sociedade dividida, inicialmente pelas seitas religiosas do protestantismo,  e onde as pessoas são largamente indiferentes umas às outras. Numa sociedade não-dividida, numa verdadeira comunidade, como tradicionalmente é Portugal, os economistas, os juristas, os politólogos e os sociólogos, para poderem trabalhar, vão ter, em primeiro lugar, de a dividir. Quem olhar hoje para Portugal pode ver o resultado.

22 novembro 2013

as explicações psicológicas-sociais sobre as bolhas

Imaginemos que os pais de 2 ou 3 filhos adolescentes começam a passar os fins de semana todos fora, deixando a casa apetrechada de boa aparelhagem de música, comes e muita e variada, cerveja, gin, vinho espalhado pela casa e quando chegam nunca fazem perguntas nem protestam com desarrumação. E isto de forma persistente e continuada.

Podem imaginar onde isto poderia acabar?

Agora imaginem o sistema económico de produção de bens reais, uns de investimento a médio e longo prazo e outros de bens de consumo imediato. E uma moeda de troca, utilizada para crédito por transferência da sua posse, que sem intervencionismo tenderia a ser ortodoxa, livremente escolhida e usada, mas cujas elites académicas, políticas e financeiras dizem ser melhor uma moeda elástica por decreto, de produção instantânea para conceder e expandir o crédito e moeda a custo 0, aparentemente libertando a economia da necessidade de um novo crédito necessitar da abstenção de consumo por um terceiro (poupança).

Podem imaginar onde isto acabaria?

Kennedy

TIL the conductor of the Boston Symphony announced that Kennedy was assassinated during a performance as news was coming in, and immediately changed their playlist to play the Funeral March from Beethoven's 3rd.

 

Kennedy Speech Conspiracy Secret Societies

 

culturas

Sobre culturas feminina e masculina: aqui.

da violência

Salário Bruto = 100

TSU a cargo do trabalhador = 11
TSU dito a cargo do empregador = 23.75

Produto do Trabalho = 100 + 23.75 (se a TSUempregador desaparecesse por legislação, estes 23.75 poderiam reverter para o trabalhador) = 123.75

Hipótese: IRS taxa efectiva = 20
Hpótese: Taxa Média de IVA e outros impostos = 20% sobre (100 - 11 - 20) = 13.8 

Resumo:

Produto do trabalho = 123.75
Total de impostos = 23.75 + 11 +20 + 13.8 = 68.55

Carga Fiscal sobre o Produto do Trabalho = 68.55 / 123.75 = 55.4%

Agora reparem:

- Mesmo assim o Estado está na falência
- Mesmo com uma receita de cerca de 28% sobre o Produto do Trabalho [(11+23.75)/123.75] esta receita cobre pouco mais de 60% da despesa das pensões de reforma e restante despesa da Segurança Social. Se tivermos em conta  o regime da CGA para os funcionários públicos a receita só cobre cerca de 50% da despesa. 
- A tendência demográfica de suicídio colectivo ainda piora de forma dramática esta realidade nos anos mais próximos.

Assim, sendo caros Helena Roseta e Mário Soares, a violência institucional da democracia parece intolerável.

De resto, vamos ver de que timbre se faz a paz da democracia. Um contribuinte revolta-se, ao longo da história as revoltas contra o pagamento de impostos (por exemplo, por incrível que pareça, Marx nas grandes revoltas da Europa em 1848) são uma constante (embora, a partir de certa altura, as revoltas começaram a fazer-se pelo recebimento de impostos). Recusa-se a pagar. Mais tarde ou mais cedo a máquina fiscal arresta certos bens do contribuinte. Este continua a recusar. Mais tarde ou mais cedo as autoridades propõem-se a invadir a propriedade do contribuinte para arrestar os bens. Este resiste à entrada alegando legítima defesa. Resultado: ou é preso, ou quem sabe morto.

A democracia é um sistema de paz. Excepto quando os receptores do orçamento de estado ou os políticos em seu nome alegam que estão a ser roubados e incitam à violência.

palhaços II

Al ministro de Asuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, le ha estallado en las manos un imprevisto e indeseado conflicto diplomático. Y precisamente con el país en el que España había puesto los ojos como un nuevo El Dorado asiático para las empresas españolas: China, la segunda potencia económica del mundo, llamada a desbancar a la primera en algunos años.

La decisión de la Audiencia Nacional de dictar una orden de busca y captura contra cinco miembros de la nomenclatura china —incluidos el expresidente Jiang Zemin y el exprimer ministro Li Peng—, como presuntos responsables de un delito de genocidio contra el pueblo tibetano, ha hecho montar en cólera a las autoridades de Pekín. No es para menos, pues esta orden, tramitada a través de Interpol, implica que podrían ser detenidos si salen de su país.
El País

Comentário: Enquanto o governo espanhol anda de chapéu na mão a pedir dinheiro emprestado aos chineses, o MP (Audiencia Nacional) emite um mandado de busca e prisão contra o ex-presidente Jang Zemin. Como disse num post anterior, os espanhóis têm um impulso suicidário.

21 novembro 2013

o amealhador de moeda I

A poupança hoje em dia tem mau nome devido ao keynesianismo que intoxica a doutrina económica.

Se repararem, é o crédito pelo sistema bancário de que se fala sempre como elemento chave para o crescimento. Nunca a poupança. O crédito ganhou uma existência própria autónoma e sem qualquer dependência de poupança.

Assim, o crescimento está dependente da "vontade" ou "possibilidade" (não se percebe bem como os próprios encaram o problema: se é uma questão de vontade e expectativas, ou se existem restrições reais de escassez) de mais crédito "circular", enquanto a poupança só prejudicaria a procura.

Mas de todas as formas de poupança, a mais perseguida e mal entendida, até por outras escolas de pensamento económico, é o puro e simples amealhar de moeda, no extremo, debaixo do colchão.

É isso que vou refutar.

the after-life instinct



O Yav é o tipo mais lunático que podem imaginar. Acorda de madrugada e fica sentado à entrada da caverna a ver nascer o Sol. É uma rotina tão repetida que receamos que, se um dia o Yav adormecer, o Sol não surja no horizonte.
Durante o dia, o Yav vagueia pelas redondezas, quase sempre calado. Para junto de certas árvores e ajoelha-se prolongadamente. O que é que lhe vai na cabeça? Mistério!
Ao pôr do Sol, visita as campas dos nossos antepassados e conversa com eles. De regresso traz recomendações do mundo-dos-mortos. Alerta-nos para a necessidade de respeitar a tradição e a Lei. Só há uma Lei: - Não matarás!
Se seguirmos a tradição, como recomenda o Yav, o nosso espírito será venerado depois da morte, pelos familiares e amigos. E os nossos filhos terão melhores condições de sobrevivência.
Por vezes, o Yav pede-nos sacrifícios, por um futuro melhor. Com 29 anos, eu sou o mais velho do grupo e não espero viver muito mais. Mas não posso só pensar em mim, quero ser lembrado como um homem Bom e retribuir o que recebi da comunidade, por isso sigo os conselhos do Yav.
Joak
Comentário: Nós somos filhos dos que se preocuparam com o futuro, para lá das suas próprias mortes.

Catholic ethic

"As Mr Rothbard and Mises demonstrated that the Marxist protestant ideals that Geist was the guiding force of society, made them feel using force to create a pradise on this Earth here and now was justified upon the premise of value judgements. The Catholic ethic on the other hand stripped away these collectivist notions of using coercion towards Paradise on Earth, looking more towards their charity and love now, as ways by which to Hope and be Saved towards the Paradise in the after-life. For these reasons Rothbard pointed out that the subjective theory of value was so important in economics. The Marxian Labor Theory of Value even tripped up much of the Anglo-Saxon Economics by Adam Smith adopting the Labor Theory of Value." Comentário lido algures