29 agosto 2013

o cota é que sabe

Homens da minha idade são muito imaturos. Meu arranjo atual é maravilhoso. Ao contrário de estudantes sem dinheiro, eu ganho vários presentes caros. Meu "sugar daddy" é o homem mais carinhoso que eu conheço. Ele é o meu mentor, meu benfeitor e meu amor.

Sugar Baby - Ler aqui: o que é um arranjo

horas por fora

Cerca de 200 professoras de Detroit complementam o seu rendimento com umas horas por fora como prostitutas "sugar babies". A coisa parece estar na moda e já há muitas alunas a seguir-lhes o exemplo.
As interessadas podem inscrever-se neste site: SeekingArrangement

não há relação

A proibição da venda de armas não contribui para diminuir o número de mortes relacionadas com crimes violentos.

Ver estudo da U. de Harvard aqui (PDF)

28 agosto 2013

a natureza humana e a guerra

A história é um banho de sangue. A guerra é tão dispendiosa que somos levados a pensar que os mercados são uma via melhor para a pilhagem; mas o homem moderno herdou toda a belicosisdade e toda a paixão pela glória dos seus antepassados. Demonstrar a irracionalidade e o horror da guerra não convence ninguém. O horror fascina. A guerra é a vida enérgica, pujante, a vida "in extremis"; os impostos da guerra são os únicos que o homem nunca hesitou pagar, como os orçamentos de todas as nações demonstram.
William James

O consenso

internacionalista do militarista humanitário e do humanista militarista não se questiona:

- se as suas acções podem resultar em piores danos que, a darem-se, passam a ser da sua co-responsabilidade.
- se a pretensão de perceber as situações de conflito dos outros, com reminiscências culturais e históricas insanáveis é limitada
- se o povo que paga impostos tem um contrato social para usar a força militar de defesa para fazer o bem pelo mundo
- se faz sentido evocar a protecção de civis numa guerra... civil.
- sobre todos e inúmeros problemas na história passada e recente com intervencionismos, incluindo, que para pacificar a força de ocupação do bem... nunca mais pode de lá sair.

Lei natural II - “natural law positions are discernible by reason alone” and are “for everyone.”

Nota: palavras importantes que validam o que já se tem dito por aqui. A comentar mais tarde sem ser em estrangeiro.

Bishop Morlino spoke on Dignitatis Humanae, the Vatican II declaration outlining the Church’s relationships to states and the proper understanding of religious freedom. Explaining the historical development of religious freedom as a concept, he said that the last three ecumenical councils – Trent, Vatican I, and Vatican II – are “the Church's responses to modernity.”

He described how prior to modernist philosophy, both the Church and society recognized that “to know the truth meant that there was a correspondence between the mind and the reality out there.” This correspondence enabled man to know the natural law – the participation of human reason in divine law.

“There was a conformity of the mind to what was real, independent of the mind,” the bishop explained.

The philosophical movement of modernity, he explained, was a “major turn in the way human beings thought about knowing.” It shifted thinking towards a more subjective view of reality, in which the individual’s perception determines what he or she thinks to be real.

“Instead of being accountable to what is independent of the mind,” Bishop Morlino said, under a modernist view, “the world is what I think it is.”

In this understanding, “it was decided that there is no reality independent of the mind.”

This understanding of reality and the truth had profound implications for the meaning of conscience. In the original understanding of the term, “the natural law holds conscience accountable” because the conscience guides the individual to recognize and act upon the truths of the natural moral law, Bishop Morlino explained.

“The conscience is not a dispensation machine from what is right,” he continued, though “this is how it’s used today.”

He said that this misinterpretation of conscience has transformed natural law arguments “into denominational beliefs” taken upon faith.

“Catholics don’t observe the natural law because we’re Catholic; Catholics observe the natural law because it is true.”

The natural law in and of itself is not a matter of faith, because “natural law positions are discernible by reason alone” and are “for everyone.”

However, “if everyone is composing his or her own world, there’s got to be conflict,” the bishop said, and the conflict between modernism and natural law has grave implications for persons of faith.

“The natural law frees me to seek the truth about God, and thus seek my salvation,” Bishop Morlino stated.

http://www.catholicnewsagency.com/news/bishop-highlights-link-between-religious-liberty-natural-law/

27 agosto 2013

direito constitucional neocon

Se uma guerra é para fazer o bem não precisa de consulta ao Congresso. Tal como a ONU não é necessária.

PS: o que me lembra que se o ministro de informação do Iraque jurava com a verdade não ter WMD e foi enforcado (penso) já Collin Powell na ONU e perante o mundo e em directo só disse mentiras.

Adenda: parece que não foi enforcado e vive nos Emirados Árabes Unidos. Fica a correção. Vá lá, o humor serve para qualquer coisa.

23 agosto 2013

a origem do Bem e do Mal

As pessoas são naturalmente boas, mas corrompíveis pela força do mal? Ou, pelo contrário, naturalmente más e salvas apenas pela força do bem? As pessoas são ambas, boas e más. E assim será para sempre, a não ser que alteremos os nossos genes, porque o “dilema humano” foi predeterminado na evolução da nossa espécie. Os seres humanos, em sociedade, são intrinsecamente imperfeitos e ainda bem. Num mundo em constante mudança, precisamos da flexibilidade que só a imperfeição assegura.

O dilema do Bem e do Mal surgiu da selecção multiníveis, em que a selecção individual e a selecção de grupo actuou em conjunto sobre cada indivíduo, mas em grande medida de forma oposta. A selecção individual é o resultado da competição pela sobrevivência e reprodução entre indivíduos do mesmo grupo. Determina instintos de natureza egoísta. Pelo contrário, a selecção de grupo consiste na competição entre sociedades, tanto através do conflito directo como através da diferenciação de competências para explorar o meio ambiente. A selecção de grupo determina instintos altruístas (mas não em relação a grupos externos). 

A selecção individual é responsável por muito do que consideramos pecado, a selecção de grupo é responsável por muito do que consideramos virtude. Em conjunto, a selecção individual e de grupo, geraram o conflito entre os anjos maus e os anjos bons da natureza humana.

Edward O. Wilson

Collateral Murder - Wikileaks - Iraq - original video

os empiristas não aprendem

Krugman na sua coluna habitual escreve sobre:

"O que matou a teoria?"

E acaba assim:

"Talvez se esteja a exagerar nesta história, mas precisamos de mais dados antes de começar a contá-la."

Talvez começando por vislumbrar que dados não fazem teoria, e em economia, nem tais dados e medições podem comprovar ou refutar os (não muitos) princípios que se podem induzir da acção humana, em nada passível de medição e observações mecânicas com validade universal, e cujo conteúdo ou relações entre si nunca terão qualquer capacidade explicativa sobre causas e efeitos.

Por piada fica aqui (vindo do Vivendi):


numa boa

Talvez por influência da minha recente estadia em S. Francisco, começo a ver o Francisco (como o Papa gosta de ser tratado) como... como um "hippie".

os 8 sábios

A mulher das fotos, de 27 anos, é um dos 8 sábios que aconselham o Francisco.


















um gajo porreiro

Olá, sou o Papa Francisco, podemos tratar-nos por tu

22 agosto 2013

história e historiadores da corte

(em estrangeiro)
"Armies of scholars, meticulously investigating every aspect of [Lincoln's] life, have failed to find a single act of racial bigotry on his part."
~ Doris Kearns-Goodwin, Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln, p. 207.
"I will say then that I am not, nor ever have been in favor of bringing about in any way the social and political equality of the white and black races, that I am not nor ever have been in favor of making voters or jurors of Negroes, nor of qualifying them to hold office, nor to intermarry with white people . . . . I as much as any man am in favor of the superior position assigned to the white race."
~ Abraham Lincoln, First Lincoln-Douglas Debate, Ottawa, Illinois, Sept. 18, 1858, in The Collected Works of Abraham Lincoln vol.3, pp. 145-146.

Conclusão: Se queres saber história, investiga, a história e o historiador.

O peru

turkey-bird-animal_coultj0062sComo o Natal é quando o homem quiser, hoje falo sobre o peru de Natal no Diário Económico:
Dia 24 de Dezembro: durante toda a sua vida, o peru viu o dono trazer-lhe comida diariamente. Sem motivos para desconfiar, nunca o perú se sentiu tão confiante (e tão gordo) como naquele dia. Foi mais ou menos neste estado que deixei o País quando escolhi emigrar em 2007.
(Resto do artigo aqui)


babes watch


Um sujeito que se prepare para passar umas férias na Califórnia não pode deixar de salivar em antecipação à fortuna de poder contemplar as indígenas, em estado natural, quase como Deus as pôs no mundo.

Eu imaginei-as loiras, de cabelos encaracolados sobre os ombros, de olhos azuis, bronzeadas e sorridentes, com lábios de rubi e dentes como pérolas. Desculpem a foleirada desta confissão juvenil, mas todos temos o direito de voltar a ser adolescentes – quinze dias por ano. Isto sem prejuízo da opinião dos que pensam que esse período deveria ser alargado para as 50 semanas e que quinze dias de juízo perfeito, por ano, já são um fardo terrível.

Ora eu passei por essa fase de salivação Pavloviana antes das férias que agora terminei nesse “El Dorado” norte-americano. Contudo, e essa foi a minha maior frustração nestas férias, depois de ter as glândulas salivares a cem, o estômago acabaria por ficar a dar horas porque “babes” ao estilo Baywatch nem vê-las nem cheirá-las.

As fêmeas que pululam na Califórnia são de tal modo aberrantes que em vez de funcionarem como motor de arranque acabam por convidar a pegar de empurrão, o que de facto parece ter acontecido a muitos dos machos nativos. ‹‹Rais parta a sorte›› – pensei, sem chegar a verbalizar a tristeza que me ia invadindo o espírito, para não convocar uma repreensão da minha mulher que também acha que todos temos o direito a quinze dias de adolescência por ano, só que sem nos comportarmos como adolescentes... retardados.

Próximo já de uma depressão reativa a necessitar de psicoterapia, acabei por ser salvo, no último minuto do último dia, por duas hospedeiras de bordo da Lufthansa. Duas autênticas brasas que me receberam, a bordo de um Airbus 380, de regresso a Portugal, com um caloroso ‹‹Guten Tag››.

‹‹Deus existe, pensei››.

Já em casa, aproveitei a magnífica tarde de verão para dar um salto à praia de Matosinhos e recuperar do “Jet lag”. Foi difícil encontrar um sítio para a toalha, mas fácil curar-me da melancolia californiana.

21 agosto 2013

os tigres lusitanos

Nas férias recentes que passei na Califórnia ocorreu um episódio que merece ser partilhado. Ia eu num comboio em Sacramento quando o revisor, ouvindo-me falar com familiares, expressou curiosidade em conhecer a nossa nacionalidade.
Somos portugueses – disse-lhe.
Portugueses? Acabei de ler esta manhã que a economia portuguesa é a que está a crescer mais na Europa...
Pois é, é extraordinário, estamos muito contentes.
“Yes, it’s fantastic”.
“You bet” – respondi-lhe e terminamos a conversa com os sorrisos da praxe.
O meu interlocutor afastou-se para continuar a sua atividade e eu fiquei a pensar com os meus botões: ‹‹ caramba, na América já temos a reputação de tigres lusitanos e eu sem ter dado por nada››.

a verdade costuma ser rejeitada e isolada

20 agosto 2013

A galinha, o ovo, a despesa a e os impostos

chicken-and-egg Nos últimos tempos, pelo Blasfémias e nas redes sociais, o Vítor Cunha, o João Miranda e o Luis Rocha têm feito a defesa afincada da subida do IVA na restauração implementada o ano passado pelo actual governo. São dois os motivos apontados para tal defesa: um real mas insuficiente (a distorção económica) e outro falso (o de que para haver cortes de impostos é necessário cortar despesa primeiro).
Comecemos pelo primeiro. A Economia é a ciência que trata a alocação de recursos e não é por acaso que tal acontece: qualquer distorção na alocação de recursos tem efeito no bem estar e crescimento económico. O argumento válido é que IVAs diferenciados são um factor de distorção da alocação de recursos dentro da economia privada. Este argumento, sendo verdadeiro, é fraco por vários motivos. O primeiro grande motivo pelo qual o argumento é fraco é o facto de a grande distorção na economia portuguesa não ser entre os diferentes sectores privados, mas entre estes e o sector público. Qualquer descida sectorial do IVA distorcerá a economia privada, mas ajudará a combater a monstruosa distorção entre economia privada e sector público. O segundo motivo pelo qual o argumento é fraco é o facto de não ser apenas o IVA a provocar este tipo de distorção. A economia privada sofre vários custos indirectos causados pelo estado, nomeadamente através de regulamentos e burocracias. Por exemplo, a ASAE é uma fonte de distorção da economia privada por impôr mais custos ao funcionamento de restaurantes do que de livrarias. Será complicado quantificar, mas até pode ser que, inadvertidamente, a taxa reduzida do IVA na restauração corrija a distorção causada pela regulamentação. Não sei se será assim, mas dificilmente alguém poderá provar que não seja. Finalmente, mesmo se o argumento fosse forte, a posição liberal, e por definição inteligente, aqui seria a de nivelar pelo nível mais baixo de imposto, ou então por um nível intermédio. E é aqui que normalmente surge o segundo argumento: não é possível baixar impostos sem primeiro reduzir despesa.
Este segundo argumento normalmente leva a discussões do tipo do ovo e da galinha. O que é preciso baixar primeiro para reduzir a dimensão do estado: os impostos ou a despesa? Para entendermos isso é preciso entender como decorre o processo de planeamento orçamental. Em termos muito simples, no processo de planeamento orçamental, o ministro das finanças faz uma previsão de receita fiscal para o ano, adiciona-lhe a capacidade de financiamento (o défice possível) e baseado nisso define qual a despesa de cada ministério. Em tempos bons, cada ministro irá tentar aumentar ao máximo o seu orçamentoç em tempos maus tentará que o seu orçamento seja reduzido o mínimo possível. Nenhum ministro tem incentivos a pedir menos dinheiro do que aquele que lhe é alocado, todos têm incentivos a pedir mais. O ministro da educação sabe que terá mais problemas se tentar reduzir o número de professores e o ministro da saúde sabe que terá problemas se não aumantar o salário dos enfermeiros. São cortes de despesas que levam ao fim de carreiras políticas e causam perdas de eleições. Por isso mesmo, cada ministro indivdualmente tenderá a sobreestimar a importância do seu ministério e tentar aumentar o seu orçamento. Nenhum ministro tem incentivos a reduzir despesa na perspectiva de poder reduzir impostos num ano futuro. Havendo a possibilidade, em cada ano, de recorrer a dívida ou a impostos para cobrir despesa, haverá pressão para que tal aconteceça. Um ministro só reduzirá despesa se não houver receita fiscal ou dívida que cubra essa despesa. Não é por acaso que as únicas quedas de despesa pública aconteceram em períodos de crise económica, quando baixa o saque fiscal ou os credores internacionais deixam de estar disponíveis para emprestarNenhum governo jamais baixou despesa na perspectiva de baixar impostos no futuro. Nenhum. Nunca aconteceu, nunca acontecerá em democracia. A única forma de reduzir a dimensão do estado em democracia é colocar no centro do debate público a redução de impostos e aproveitar cada abébia populista que daí advenha (como a da redução do IVA da restauração). As oportunidades de redução da carga fiscal e o peso do estado são tão escassas, que é um erro desperdiçar qualquer uma que seja. Poderão contra-argumentar que uma redução agora, apenas irá gerar um aumento no futuro. Tal pode ser verdade, mas se esse aumento futuro for politica e economicamente mais sustentável que um corte de despesa, então acontecerá de qualquer forma. Cabe à opinião pública, nós, fazer com que não seja assim no futuro, travando assim o aumento de despesa que eles suportarão. Defender que esse corte de impostos não ocorra no presente é um mau princípio para o defender no futuro.
É característica dos socialistas defender um estado grande com contas deficitárias. Mas defender um estado grande com contas equilibradas não torna ninguém liberal por oposição, apenas os torna estatistas inteligentes.

19 agosto 2013

Intervencionismo

"A agência norte-americana de informações, CIA, admitiu formalmente ter estado envolvida no golpe de Estado contra o então Primeiro-Ministro iraniano Mohammad Mosaddeq em 1953, revelam documentos divulgados pelo Arquivo de Segurança Nacional." ionline
Mosaddeq , o presidente eleito democraticamente. A operação foi justificada, parece, pelo anúncio ou ameaça de nacionalização da indústria petrolífera... exactamente aquilo que os ingleses tinham feito à sua indústria depois da Segunda Guerra Mundial.

Se calhar ainda cabe aqui referir o apoio a Reza Pahlavia, que governou com mãos de ferro e procurava forçar a Ocidentalização a um nível talvez ridículo. É de estranhar a Revolução Islâmica ter tido apoio generalizado? É de estranhar a reacção no sequestro da embaixada americana quando surgiam zunzuns de uma segunda intervenção?  E ainda temos o apoio ao esforço de guerra de Saddam contra o Irão. E mais tarde, a invasão e ocupação dos 2 países que ladeiam o Irão, um estado sem marinha nem aviação.

Existem uns quantos que toleram e outros incentivam mesmo este tipo de hubris e not minding his own business. É que o Médio Oriente sem eles seria caótico.

a inaceitável ameaça do Irão às bases de defesa territorial dos EUA


15 agosto 2013

Voto universal

"Tradição significa dar votos à mais obscura de todas as classes, os nossos antepassados​​. É a democracia dos mortos. A Tradição recusa submeter-se à oligarquia arrogante dos que, por acaso, acontece andarem  por aí."

- G.K. Chesterton

Edward O. Wilson tenta responder a Gauguin


D’où venons-nous ? Que sommes-nous ? Où allons-nous ?


13 agosto 2013

lei natural, Rommen (I)

Pelo tempo, tenho de deixar citações em estrangeiro.

Na introdução:

"Heinrich Rommen is known in the United States primarily as the author of two widely read books on political philosophy, The State in Catholic Thought: A Treatise in Political Philosophy (1945) and The Natural Law (1947), and as a professor at Georgetown University (1953–67). Yet, before 1938, when he fled the Third Reich for the United States.

Rommen was neither a scholar nor a university professor, but a professional lawyer—trained in civil and canon law—who had devoted considerable energies to Catholic social action during the dissolution of the Weimar Republic and the rise of the Nazi Party. The two books that secured his academic reputation in the United States were written in Germany in the midst of his legal and political work, for which he was imprisoned by the Nazis.

(...) For Rommen, natural law thinking has always thrived in the lex-ratio tradition. According to this tradition, law binds by way of rational obligation. To use the older scholastic terminology, law is neither force (vis coactiva) nor mere advice (lex indicans) but is rational direction (vis directiva). The lex-ratio position contends that the intellect’s grasp of what ought to be done comes first; the force executing that judgment comes second, after the directive of reason. Interestingly, Thomas Aquinas insisted that command is principally a work of reason. He believed that without the measure of action grasped and communicated by the intellect executive force is blind and arbitrary"

"Besides the obvious fact of their religion, the Catholic thinkers had at least three things in common that distinguished them from the other émigrés.

First, Rommen, Simon, and Maritain shared a philosophical vocabulary that was rooted in scholastic thought, specifically in the work of Thomas Aquinas.

Second, for the Catholic thinkers the philosophy of natural law was a living tradition: that is to say, it was not only a concept to be expounded according to the philosophy of the schools, it was a tradition formed by centuries of application to a wide array of intellectual and institutional problems.

Third, the Catholic thinkers were more confident in building and deploying a system of natural law."

"Thus, for the intellectualist tradition, law and liberty are not necessarily in opposition, because they are grounded in the same source, namely the intellect’s measuring of action.29 The lex-ratio tradition holds that only on the ground of the primacy of reason can we make sense of law as obligation rather than as a literal binding in the fashion of force."

PS: É altamente curioso como a "acção" aparece aqui, o elemento central da epistemologia "austríaca", o elemento que liga a reflexão à realidade, quebrando o circulo metafísico puro ("razão pura" em vez de reflexão sobre a acção), que aqui neste blogue, inúmeras vezes se atribui a Kant, e desaquadamente se pretende associar à tradição austríaca, na verdade, conectada em várias formas, com os escolásticos.

12 agosto 2013

Cheque-ensino II

Rui Botelho Rodrigues no Ordem Natural 

Oh a cegueira ideológica de ser contra a redistribuição de riqueza.


Sempre que escrevo sobre vouchers acabo invariavelmente por ser criticado por, alegadamente, preferir a inacção ao gradualismo, em nome da pureza ideológica. Mais uma vez devo explicar que não é disso que se trata, ou pelo menos não totalmente.

Trata-se, isso sim, de considerar que os vouchers não são um passo gradual numa boa direcção. (...)

Mas se o cheque-ensino é um avanço no sentido de uma sociedade mais liberal, não percebo como é que ainda não pudemos observar a defesa liberal do cheque-transporte, do cheque-férias, do cheque-[inserir qualquer bem a que os pobres têm menos ou pior acesso que os ricos]. Afinal, os pobres não têm carro próprio, andam de transportes públicos. Não têm “liberdade de escolha” no seu meio de transporte. Esta ignomínia socialista poderia ser definitivamente atenuada, “liberalizada” if you will, se os contribuintes fossem espremidos para providenciar cheques-transporte para os pobres poderem escolher o meio de transporte que consideram mais do seu agrado. Ou, por exemplo, os pobres não têm “liberdade de escolha” em relação às suas férias, sendo obrigados a frequentar a praia de Carcavelos em vez do Vale do Lobo, ou a ficar hospedados no parque de campismo municipal, em vez de no Four Seasons. É um ultraje que o Estado não forneça os meios financeiros, através do dinheiro extorquido em impostos, para providenciar “liberdade de escolha” aos pobres nas suas férias.And so on and so forth.

Para não falar do irreversível moral hazard que a medida potencia. Imagine-se o cenário: família de classe média, que em Portugal é uma classe remediada, razoavelmente responsável que se nega alguns parcos luxos para poder providenciar uma escolaridade diferenciada aos filhos. Este cenário, como é evidente, desaparecerá quase por completo (excepto nos pais “ideologicamente cegos”, claro). O cheque-ensino servirá, no fundo, para desresponsabilizar ainda mais as famílias sobre a questão de quem deve, na verdade, financiar a escolaridade dos petizes que trouxeram ao mundo, financiando o supérfluo.
(...)"

Já existiu uma Reforma

Estará o Rui A. ali em baixo a sugerir outra Reforma na Igreja e por causa do seu alegado igualitarismo? Mas será igualitarismo ou universalismo?

O padre citado provavelmente quererá dizer algo mais completo e personalista que o marxismo ideológico em si. Talvez o carácter revolucionário de um Deus feito homem que viria a morrer fraco e sem qualquer expressão de poder (nem deslumbramento pelo poder) na cruz, depois de exaltar os pobres e fracos. E existe um elemento pacifista em Jesus Cristo. Talvez o padre visse em alguns marxistas, nos sinceros e apóstolos da causa, pessoas com um traço similar, acho que já todos os conhecemos num dado momento. Maiores que Marx e o comunismo. Zeca Afonso?

Mas como disse Rothbard sobre Marx, a primeira coisa que é preciso compreender em Marx é que este... era um comunista. 

Existe um elemento teológico no marxismo similar a muitos protestantismos, e sobre isso escreve Rothbard:

"Communism was the great goal, the vision, the desideratum, the ultimate end that would make the sufferings of mankind throughout history worthwhile. History was the history of suffering, of class struggle, of the exploitation of man by man. In the same way as the return of the Messiah, in Christian theology, will put an end to history and establish a new heaven and a new earth, so the establishment of communism would put an end to human history.

And just as for postmillennial Christians, man, led by God's prophets and saints, will establish a Kingdom of God on Earth (for premillennials, Jesus will have many human assistants in setting up such a kingdom), so, for Marx and other schools of communists, mankind, led by a vanguard of secular saints, will establish a secularized Kingdom of Heaven on earth.

In messianic religious movements, the millennium is invariably established by a mighty, violent upheaval, an Armageddon, a great apocalyptic war between good and evil. After this titanic conflict, a millennium, a new age of peace and harmony, of the reign of justice, will be installed upon the earth.

Marx emphatically rejected those utopian socialists who sought to arrive at communism through a gradual and evolutionary process, through a steady advancement of the good. Instead, Marx harked back to the apocalyptics, the postmillennial coercive German and Dutch Anabaptists of the 16th century, to the millennial sects during the English Civil War, and to the various groups of premillennial Christians who foresaw a bloody Armageddon at the Last Days, before the millennium could be established.

Indeed, since the apocalyptic post-mils refused to wait for a gradual goodness and sainthood to permeate mankind, they joined the pre-mils in believing that only a violent, apocalyptic, final struggle between good and evil, between saints and sinners, could usher in the millennium. Violent, worldwide revolution, in Marx's version to be made by the oppressed proletariat, would be the inevitable instrument for the advent of his millennium, communism."

Ler em "Karl Marx as Religious Eschatologist", http://mises.org/daily/3769

Mas tudo isto é estranho ao pensamento católico (o catolicismo é a-miléniista).



11 agosto 2013

Natural Law

Comecei a ler. Esperem coisas.


Cheque-ensino

É para ser aplicado pelos municípios (ou agregados destes), os que o quiserem e na forma parcial que acharem adequado?

Não me parece. Irá ser uma disputa de grandes princípios nacionais uniformizadores, tentando assegurar o acesso de todos a tudo, sendo este "tudo" inevitavelmente ainda mais formatado e pré-aprovado do que já hoje é. Certo também parece ser o aumento de receita e despesa (ainda que em privados) a ser canalizada pelo administração central.

Cabe demonstrar o contrário aos seus defensores. Pode ser que consigam minimizar o que é naturalmente expectável. De resto, um dos argumentos que podem utilizar é que o ensino privado já está estatizado de qualquer forma, via regulamentação e os apoios directos recebidos em convenções.

O crédito de imposto - os supostos "benefícios fiscais" - terá menos defeitos ou pelo menos ia funcionando. Mais vale restabelecê-los, para compensar muito parcialmente quem paga progressivamente mais imposto sobre rendimento sem usufruir da "gratuidade" e pagando depois cumulativamente os custos de educação. De resto, o seu desaparecimento ou quase, contribuiu para as dificuldades actuais do ensino privado.

Tal como o vejo, o certo seria os municípios terem autonomia fiscal na fixação da sua taxa de IRS e IRC e poderem decidir o conjunto de estabelecimentos públicos (ex: gratuitos ou parcialmente) e conjugação com privados mediante cheque-ensino ou não.

"Keynesiano, graças a Deus"

diz Nicolau Santos.

(evocar Deus com um anti-cristão como Keynes não parece lá boa ideia)

"Se o Tesouro enchesse garrafas velhas com notas, enterrando-as em profundidade adequada em
minas de carvão em desuso tapando-as até à superfície com o lixo da cidade, deixando às empresas privadas, nos bons e bem comprovados  princípios de laissez-faire, escavar as notas de novo (o direito de fazê-lo seria, claro, obtido por concurso para o arrendamento do território), não haveria necessidade de mais desemprego e, com a ajuda das repercussões, o rendimento real da comunidade, e a sua riqueza de capital também, provavelmente, tornar-se-ia maior do que realmente é. Seria, de fato, mais sensato construir casas e afins, mas se há dificuldades políticas e práticas nesse caminho, o acima seria melhor do que nada." 

"Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda", John Maynard Keynes, 1936

A falácia da quantidade de moeda, repetidamente demonstrada antes e depois de Keynes na sua máxima expressão. 

O estado do conhecimento, está demonstrado, pode dar saltos significativos para trás. Duas coisas parecem ajudar:

- estruturar uma teoria que justifique actuar sobre a ordem social pela sua suposta utilidade pública credibilizada por suposta cientificidade (umas fórmulas matemáticas ajudam, mesmo que desnecessárias ou nada acrescentem). Ter presente que o forte ideológico da tese é que o desemprego é possível e estrutural mesmo em equilíbrio, quanto mais em crise. Daí o macro-economista como o novo-homem-feiticeiro que manipula as grandes variáveis estatísticas-agregadas para o bem de todos. Com tanto Keynesianismo dominante por  décadas, difícil é perceber como estruturalmente não pára de aumentar.

- mascarar a crendice de complexidade vaga, com definições novas e confusas para termos já estabelecidos, misturado com contradições no seu uso, que conferem uma áurea de sapiência, dado permitir o surgimento de interpretadores sobre o que tenta afirmar salvando-o, pelo caminho, das falhas mais evidentes. Em resumo: infindáveis carreiras académicas com muito trabalho tornam-se possíveis.

08 agosto 2013

Uma história de cheque-ensino

Dezembro 2013 – Governo aprova cheque-ensino para ano lectivo 2014/2015
Setembro 2014 – Jornal Público faz inquérito em zonas pobres da cidade de Lisboa sobre os benefícios do cheque-ensino. 97% das pessoas respondem “Cheque quê?!?”
Dezembro 2014 – Governo lança grande campanha informativa sobre cheque-ensino
Agosto de 2015 – Colégio Luso-Francês anuncia que não aceita mais inscrições para o ano lectivo 2014/2015. Os 3 líderes do Bloco de Esquerda denunciam critérios de escolha das matrículas: “se é com dinheiros públicos, matrículas devem ser por concurso público”.
Setembro de 2015 – Milhares de alunos excluidos das matrículas nos melhores colégios privados ainda sem Escola para ano lectivo
Novembro de 2015 – Governo anuncia que colégios privados beneficiários do cheque-ensino não devem poder fazer selecção de alunos
Março de 2016 – Abrem as inscrições no colégio Valsassina. Confrontos à porta do colégio fazem 5 feridos.
Junho de 2016 – Acampamento cigano em frente ao Colégio Moderno duas semanas antes das inscrições
Julho de 2016 – Colégio Moderno abre filial em Badajoz.
Agosto de 2016 – Ribadouro aumenta preços para níveis anteriores ao cheque-ensino. Os quatro co-líderes dos Bloco de Esquerda protestam.
Setembro de 2016 – Preços dos colégios privados beneficiários do Cheque-ensino passam a ser regulados
Outubro de 2016 – Notícias de escolas públicas abandonadas e alunos sem lugar na zona de residência fazem com que governo anuncie, que a partir de 2016, as matrículas em todas as escolas serão realizadas a partir de um sistema centralizado.
Janeiro de 2017 – Regulação dos preços fazem com que colégios deixem de investir em infraestrutura. Ministério da Educação sem dinheiro para subsidiar investimentos, resolve lançar Parcerias Público Privadas na Educação PPPEs.
Fevereiro de 2017 – Paulo Campos, novo ministro da Educação, garante aos colégios que investirem em infraestruturas, um aumento no valor do cheque-ensino em 30% todos os anos. Estão lançadas as PPPEs. Candeeiros Siza Vieira fazem parte do caderno de encargos
Julho de 2017 – Sistema de matrículas centralizado com atrasos.
Setembro de 2017 – Sistema de Matrículas centralizado é inaugurado
Dezembro de 2017 – Começa o ano lectivo a tempo das férias de Natal
Fevereiro de 2018 – José Gomes Ferreira denuncia as PPPEs e lança livro “Ouçam-me: eu é que percebo disto”
Abril de 2018 – Pentágono de líderes do Bloco de Esquerda defende o fim das PPPEs e a privatização de todos os colégios privados
Junho de 2018 – Perante incumprimento das obrigações das PPPEs, colégios privados vão à falência. Caixa Geral de Depósitos compra colégios em liquidação que são formalmente integrados no sistema de ensino público.

05 agosto 2013

"Em defesa do duelo"

Este é um texto de 2011 de Pedro Bandeira, no seu blog "O Porco Capitalista". À atenção de tradicionalistas. Outros respirem fundo.

"É necessário legalizar o duelo. É uma prática legítima (isto é, não-criminosa), e até certo ponto, positiva. 

Se dois homens decidem de livre vontade combater-se e morrer, estão no seu direito. Pela simples razão de que são donos de si mesmo. A lei não deve condenar os duelistas - os que sobrevivem - como se fossem assassinos. Não o são, porque este tipo de homicídio advém duma interacção mútuamente voluntária. Ao fazê-lo, os tribunais cometem uma injustiça contra o vencedor. E tendo em conta que as condenações por homicídio são pesadas, a injustiça dos tribunais tenderá a ser grande.  

Dum ponto de vista social, a legalidade do duelo tende a tornar uma sociedade mais educada. Numa sociedade com duelo, há mais respeito entre os homens, apesar de ninguém ser forçado a participar num duelo (e sofrer as eventuais consequências). De facto, uma pessoa ofensiva arrisca-se, numa tal situação, a ser convidada para o combate. Aí, enfrenta uma escolha difícil. Ou aceita, e arrisca-se a morrer. Ou não aceita, e é ostracisado pela sociedade como imoral (porque ofensivo) e cobarde. Se o ofensor matar o ofendido no combate, acaba por ser rejeitado na mesma pela sociedade, por provocar e matar as pessoas de forma leviana (mesmo que voluntária). 

Ou seja, a existência do duelo é principalmente um entrave para pessoas provocadoras, e uma defesa para pessoas tranquilas e decentes. 

É além disso uma forma de defesa da sua reputação bem mais honrosa do que a alternativa moderna: o processo em difamação. Esta é, na realidade, completamente vergonhosa. Primeiro, porque viola a liberdade de expressão das pessoas (e sim, a liberdade de expressão incluí o direito de ofender). Segundo, porque os processos em difamação são principalmente usados por canalhas poderosos para calar críticas legítimas, ou seja, "insultos" merecidos. Não se compara a decência e a coragem dum duelo, com a manhosice dum processo nos tribunais. É evidente para qualquer pessoa que tenha um mínimo de espírito aristocrático. 

Pode-se considerar o duelo, é verdade, como uma prática um pouco tonta. Já morreu muita gente por motivos fúteis. Gente que podia ter tido uma vida decente e produtiva, mas que se deixou provocar por insultos sem grande relevância. No entanto, a questão do quão apropriado o duelo é em circunstâncias particulares não tem relevância nenhuma para a questão da sua legitimidade, e logo, para a questão de saber como deve ser a lei. Esta deve basear-se nos princípios do Direito Natural, que estipula o domínio de cada um sobre a sua pessoa, e a liberdade de se envolver em interacções voluntárias com outras pessoas. 

Legalize-se o duelo."

eterno retorno

bolha-2014-pós-crise-2008-pós-bolha-imobiliário-2007-pós-crise-2001-pós-bolha-nasdaq-2000-pós-crise-asiática-russa-1997/8-pós-...?

Agradecer aos bancos centrais e o sistema de reservas parciais (depósitos-à-ordem como financiamento dos bancos). Regulamentaram a subversão do contrato de depósito civil de valores.

04 agosto 2013

l'éternel féminin


estado social e aborto

Interrompo as minhas férias de escrita para fazer notar que a minha previsão feita por escrito há muito tempo materializou-se.

O Japão, parece, prepara-se (bem, começam a existir vozes importantes nesse sentido) para proibir o aborto por causa... da taxa de natalidade e efeitos no estado social, ou seja, a sua sustentabilidade.

Fica aqui um aviso: as mesmas pessoas progressistas que com ferocidade defendem a liberdade de abortar (uma boa parte com o argumento incoerente da propriedade do corpo da mãe, quando os mesmos pouco ou nada querem saber de direitos de propriedade) e defendem a santicidade colectivista da segurança social vão acabar a ser os mais ferozes proibicionistas do aborto - e será a suposta legitimidade democrática da vontade geral a determiná-lo.

Esperem só pelo registo obrigatório de gravidez e a sua colectivização por meios vários, todos eles invasores da autonomia dos pais.

O estado moderno continuará a destruir a família e comunidade tradicional e sim, este é um sinal irónico disso.

Cuidado com as alianças.

não têm competência

Correia de Campos afirma, nesta entrevista, que os privados não têm competência nem capacidade para gerir os hospitais do SNS e ainda que são desonestos - ‹‹porque a sua lógica é fazer o máximo número de atos possíveis, com boa ou má qualidade, desde que não se note››.

São afirmações surpreendentes, atendendo a que o Estado tem vindo a concessionar a gestão de vários grandes hospitais ao sector privado, através das famosas PPP's e ainda pela constante dança de cadeiras dos gestores que se movimentam com grande à vontade entre o público e o privado. Aparentemente são gestores excelentes e sérios quando estão no SNS e delinquentes incompetentes quando passam para o privado.

É triste vermos uma pessoa, com a inteligência e a experiência do Prof. Correia de Campos, obnubilada por perspectivas ideológicas que deturpam a realidade. A boa gestão é absolutamente independente da natureza pública ou privada das organizações e pessoas desonestas há em todo o lado, mas felizmente são uma minoria.

03 agosto 2013

a não perder

Entrevista do nosso PA, hoje no Expresso

02 agosto 2013

irreformável

Há uns anos fortes, na cidade de Lamego, cidade de antigas e consideráveis tradições católicas, numa conferência sobre temas religiosos em que participei, também como orador, com o meu amigo António Marques Bessa, chegada a altura do debate com a assistência, um padre de província, já idoso, daqueles por quem pomos as mãos no fogo do inferno, pediu a palavra, e disse uma coisa que me marcou profundamente. Foi mais ou menos isto: "Como os Senhores devem muito bem saber, o primeiro marxista da história foi Nosso Senhor Jesus Cristo". Percebi, nesse momento, a força da penetração do igualitarismo marxista e da propaganda soviética no Ocidente, e por que razão a Igreja Católica não pode deixar de ser o que é, sob pena de ser o que nunca foi. Por outras palavras, por que razão a Igreja é irreformável a golpes de vontade dos que a dirigem, embora não deixe de acompanhar o tempo e o espaço onde se encontra.

o pastor e o seu rebanho

Novos protestos no Rio de Janeiro e em São Paulo

Quero que venham para a rua fazer barulho - Papa Francisco

01 agosto 2013

k kultura

‹‹Soy humano, somos humanos›› - Maquinista do Alvia

Soy humano (poderia ter dito Rajoy), ‹‹Me equivoqué›› - Presidente do Governo de Espanha

Comentário: A cultura latina parece mal equipada para o século XXI

mikhail no vaticano?



Ao invés do Pedro, que começou por ser muito pessimista em relação ao Papa Francisco e está agora em vias de se conciliar com ele, eu comecei por olhar para o início deste imprevisível pontificado julgando antever que o novo Papa vinha por algo muito mais grandioso do que simplesmente passar para a opinião pública a ideia profana de renovação da Igreja. Hoje, temo ter-me enganado.
Por definição, a Igreja não se renova, a Igreja é. Os insistentes apelos à «renovação» da mais velha instituição humana vêm sempre e invariavelmente de quem não lhe pertence e quer que ela ceda às modas dos tempos, aos seus próprios dogmas e convicções pessoais, filosóficas e ideológicas. A Igreja Católica é suposta ser a depositária da palavra de Deus, e a sua doutrina transmite-a ao mundo e interpreta-a para ser vivida pelos homens. Ora, a palavra de Deus não muda, nem cede a tendências mundanas.
Foi este, a meu ver, o sentido do pontificado de Bento XVI, um «conservador e um «ortodoxo», segundo o juízo crítico dos seus detractores: dizer que a Igreja está onde esteve sempre, onde deve estar e é suposto ser encontrada. Por essa razão, a Igreja Católica não cede perante as exigências de «abertura» aos temas fracturantes que colidem com a sua doutrina e a sua moral: porque a palavra de Deus não os subscreve, nem pode nunca ceder perante eles, embora possa muito bem compreender a humanidade dos seus actos.
Todavia, Bento XVI era um teólogo e um intelectual, que com naturalidade se afastou e afastou o Vaticano das questões mundanas, e a Igreja, como qualquer instituição humana, não pode prescindir de uma dimensão política e organizacional. Aqui, as regras são as comuns às das outras organizações humanas, e nelas encontramos glória e miséria. Na Igreja Católica também. Nas últimas décadas, não sei se por acaso se para satisfazer estas necessidades, a Igreja tem-nos oferecido, em alternância, Papas populares e Papas reservados, Papas que se concentram mais na teologia e na doutrina e Papas que olham preferencialmente para a missão terrena da instituição que dirigem. Basta pensarmos em Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e, agora, Francisco, para podermos constatar esta regularidade.
O que está a passar-se com o início do pontificado de Francisco parece ser, todavia, algo diferente do que se esperava de um Papa que pusesse a organização que dirige em ordem e a reaproximasse das pessoas concretas, já que da Humanidade ela estará, sempre e por definição, em completa sintonia. Isso mesmo tem animado as hostes daqueles que sempre criticam a Igreja, a esperança de uma Igreja «renovada», isto é, uma Igreja que finalmente ceda ao que eles consideram dever ser a sua missão no mundo moderno.
E, na verdade, o Papa tem ido ao encontro destes últimos. Ignoro – todos ignoramos – as razões pelo que o faz, sendo que inicialmente interpretei a abordagem que tem feito dos temas fracturantes e a sua perspectiva «revolucionária» das coisas, como uma influência de uma certa cultura católica latino-americana, que gerida parcimoniosamente e com consciência, não oferece qualquer perigo para a instituição. A ideia de que a Igreja necessita de regressar a um certo primitivismo cristão, com mais substância e menos forma, mais humildade e menos ostentação, e que precisa de enfrentar os seus demónios interiores, como a pedofilia e a amoralidade sexual de alguns clérigos, os negócios fraudulentos e as relações profanas menos claras do Vaticano, não deixa de ser pertinente e, se calhar, muito necessária para quem a conhece interiormente. A Igreja é, repita-se, não escapa à sua humanidade...
Contudo, o que Francisco tem vindo a fazer, pelo menos pelas aparências de quem o segue mediaticamente, é concentrar-se quase exclusivamente nesses temas, proferindo a seu respeito opiniões comuns, dos homens comuns. Não julgar a moralidade sexual homossexual, por exemplo, é o que dirá a maioria dos homens comuns, a quem a sensatez recomenda a abstinência de juízo moral a respeito do que cada qual faz da sua vida. Dizer que a juventude deve ser revolucionária é também o que diz a maioria dos homens comuns, que acalentam a ilusão de que aqueles que lhes sucederão vão conseguir aquilo que eles não atingiram. Que devemos ser simples e humildes em vez de pretensiosos e arrogantes, é também o que pensa o comum dos homens de bem. O problema está em que o Papa não é um homem comum. Ele é, para quem acredita, o representante máximo de Deus na terra, e as suas palavras devem reflectir a palavra divina e os valores existenciais, morais e éticos que ela inspira. E, sobre todos e cada um desses problemas, o Papa tem uma palavra a dizer. Essa palavra é a palavra da sua Igreja, isto é, a palavra de Deus. Não necessariamente a palavra das pessoas comuns.
Na sua aparente ânsia em aproximar a Igreja dos homens e de lhe introduzir as reformas de que ela necessitará, Francisco arrisca-se a banalizar a instituição que representa, a submetê-la ao escrutínio futuro da opinião comum, e, pior do que isso, a dessacralizar a imagem do Papa, tornando-o, no exercício dessas funções, um homem igual a todos os outros. Se isto for uma táctica que não corresponda exactamente a uma intenção, não terá um desfecho feliz. O último caso de que me lembro de um «reformador» que foi involuntariamente muito além do que verdadeiramente pretendia chamava-se Mikhail Gorbachev. A instituição que queria reformar para tornar viável, entretanto, desapareceu. A Igreja Católica certamente que não desaparecerá devido ao pontificado do Papa Francisco, dois mil anos depois de ter sido instituída. Mas poderemos ter alguma dificuldade em a reconhecer, quando o seu pontificado terminar.