28 fevereiro 2013

a modernidade e o catolicismo



É a segunda vez que ponho aqui este vídeo, e serve apenas para apontar por escrito alguns males aqui realçados:

- o estado moderno é uma criação protestante.
- o agnosticismo: não há verdades alcançáveis.
-.o direito subjectivo.
- a destruição da lei natural.
- o fideísmo convertido num sentimentalismo (a existência de Deus como sentimento, dizia o outro).

leis universais

... que descrevem a realidade mas não necessitam de validação empírica (no sentido Popperiano se quisermos), mas assentam na natureza da acção humana: o homem escolhe fins ("objectivos" valorizados subjectivamente por ordenação não por mensuração) e meios para os alcançar perante recursos escassos (o que inclui o tempo). Preferimos mais a menos (ainda que com utilidade decrescente), ou o mesmo mas com menos, e o antes do que depois.

Dentro desta realidade (da acção humana com um propósito) podem-se produzir outros encadeamentos de verdades (descrevem a realidade), mas sem carácter determinístico-mensurável, e sem carecerem do método das ciências naturais.

Lei da utilidade marginal: "Sempre que a oferta de um bem aumenta em uma unidade, contanto que cada unidade seja considerada idêntica em utilidade por uma pessoa, o valor agregado a esta unidade adicional diminui. Pois esta unidade adicional só pode ser empregada como um meio para alcançar um objetivo que é considerado de menor valor do que o objetivo menos valorizado alcançado por uma unidade deste bem se a oferta fosse reduzida em uma unidade."

Lei da associação de ricardiana "Entre dois produtores, se "A" é mais eficiente do que "B" na produção de dois tipos de bens, eles ainda podem participar de uma divisão de trabalho mutuamente benéfica. Isto porque a produtividade física geral é maior se "A" se especializa na produção de um bem que ele possa produzir mais eficientemente, ao invés de "A" e "B" produzirem ambos os bens autônoma e separadamente."

[Nota: esta lei da associação explica quase só por si porque a cooperação social se dá, porque as pessoas o reconhecem como verdadeiro, útil e moral e assim... trocam, e se trocam voluntariamente por definição ambos beneficiam ex-ante, não há soma nula]

Este tipo de acepções são muito diferentes de pretendermos determinar leis empíricas do género: Rendimento= m * Investimento, que pressupõe determinação de variáveis independentes, medida, agregação e alguma forma de determinismo, e ainda temos de acrescentar ter de assumir que o conhecimento desta nova "lei" não alterar o futuro (o que lhe retiraria o carácter "universal").

Como pode então o empirismo produzir leis universais? não pode. Quando os empiristas realizam isto, não sem antes tentarem dar muita luta, passam para o outro patamar: não há leis universais. E pronto, lá se vai outra vez a verdade. Não há verdades, etc e tal.

como bancos e poder político enganam o povo há séculos

Para percebermos sucintamente como foi a deturpação do estatuto legal do depósito que desaguou na percepção errada da actividade de crédito bancário como expandindo a partir de uma base natural dos depósitos e procedendo depois à sua criação pura (para ganho dos bancos, grandes credores/empresas e poder político), vamos recorrer a Huerta de Soto que escreve no seu livro “Moeda, Crédito Bancário, e Ciclos Económicos” no seu capítulo 2 em que analisa a evolução histórica das práticas bancárias quanto aos depósitos e crédito:
“Vamos agora examinar três casos particulares que, juntos, ilustram o desenvolvimento da banca medieval: os bancos Florentinos do século XIV; Banco de Barcelona de Depósitos, o Taula de Canvi, no século XV e mais tarde, e o Banco Medici. Esses bancos, como todos os bancos mais importantes do final da Idade Média, mostram consistentemente o padrão que vimos na Grécia e em Roma: bancos que inicialmente respeitavam os princípios legais tradicionais encontrados no Corpus Juris Civilis, ou seja, operando com 100 por cento de reservas, rácio que garantia a guarda do tantundem e a sua constante disponibilidade ao depositante. Então, gradualmente, devido à ganância dos banqueiros e cumplicidade dos governantes, esses princípios começaram a ser violados, e os banqueiros começaram a emprestar dinheiro dos depósitos à ordem, muitas vezes, de facto, aos próprios governantes. Isso deu origem à reserva fraccionária e à expansão artificial do crédito, que na primeira etapa parecia estimular fortemente o crescimento económico. Todo o processo terminava numa crise económica geral e na falha de bancos que não podiam devolver os depósitos quando a recessão aparecia e perdiam a confiança do público. Sempre que os empréstimos eram sistematicamente efectuados a partir de depósitos à ordem, é uma constante histórica a falha no sector bancário. Além disso, as falências bancárias eram acompanhadas por uma forte contracção na oferta de moeda (especificamente, a escassez de empréstimos e depósitos) e pela recessão económica assim inevitável. Como veremos nos capítulos seguintes, foram necessários quase cinco séculos aos estudiosos económicos para compreender as causas teóricas de todos estes processos."
E assim, o crédito hoje expande-se  não por intermediação de poupança prévia mas por emissão (inflação quantitativa) de moeda. O problema económico (das bolhas seguidas de crises) nasce de um problema jurídico.

PS: uma pitada de populismo não faz mal a ninguém.

vamos lá

Acabem com os coelhos enforcados. Não há gajas com bons pares de mamocas na Faculdade de Direito da UL?
Vamos lá!

PS: Foto de Maio de 68, tinha eu 17 anos.

a tradição greco-cristã da lei natural II


"A Lei universal é a lei da natureza. Porque realmente há, como cada um de alguma forma intui, uma justiça e injustiça natural que obriga todos os homens, mesmo aqueles que não têm nenhuma associação ou aliança com outros." Aristóteles

sistema de saúde a 2 velocidades

SNS — Enfermeiros substituem médicos em casos de rotina

Privado — Quem paga pode continuar a ter o seu médico

porta-te bem

Carta de Lagarde a Seguro (PDF)


  • ... estamos em Portugal para corrigir os erros que conduziram à actual crise económica.
  • Foi possível garantir a estabilidade financeira.
  • Sem consolidação orçamental, os custos económicos e sociais, para Portugal, seriam maiores.
  • Espero que continue a dar o seu apoio construtivo às reformas que ainda são necessárias.


Não sei bem o que teria levado Seguro a escrever à Srª Lagarde, mas a resposta, com um cunho vincadamente "maternal", pode resumir-se em duas palavras:
— Porta-te bem!

a tradição greco-cristã da lei natural III


"A lei natural contém certos preceitos universais que são eternos, enquanto a lei humana contém certos preceitos particulares de acordo com várias emergências." São Tomás de Aquino

o homem não é uma tábua rasa

O libertarianismo à Ayn Rand ainda assenta na premissa da "tábua rasa", do John Locke.
Acontece que a biologia tem demonstrado que o homem, como qualquer outro ser vivo, nasce com tendências inatas. E o conhecimento dessas tendências é fundamental para compreender a génese da moral e da política.
Steven Pinker, neste livro, também contesta outras visões do homem como a do "bom selvagem" ou a do "ghost in the machine" (dualismo alma/ corpo).

a tradição greco-cristã da lei natural IV - a morte

“O relativismo epistemológico e o positivismo selou o destino da filosofia do direito natural.

Em última análise, a mente do progressista não tem uso para tais noções como "verdade objectiva" e "realidade", a que associa as características de quem é pouco sofisticado ou mesmo ao pensamento reaccionário.

Se não existe uma "realidade" lá fora, então não há distinções reais - todas as distinções são artificiais, convencional. Consequentemente, não pode haver ordem natural ou de direito; toda a lei é artificial, convencional.

Daí a fórmula geral do positivismo: as coisas são o que se dizem ser e a fórmula do positivismo jurídico em particular é: a lei é o que se diz ser direito. No entanto, se, em teoria, cada opinião é tão boa como outra qualquer, na prática, o direito de definir só pode ser uma prerrogativa da opinião dominante, o parecer do poder.

Apenas a opinião deles é "objectiva"; toda outra opinião é meramente "subjectiva" - pode ser tolerada, mas não é para ser tomado a sério.”

“NATURAL LAW, LIBERALISM, AND CHRISTIANITY”, Frank van Dun, Professor de Filosofia do Direito na Universidade de Ghent e Maastricht.

E assim uma lei natural universal que é condição necessária para a socialização de entes subjectivos (cada ente com valores subjectivos e em escalas não medíveis),  passou a ser subjectiva (é o que for) para regular entes objectivos (empíricos, medível e de acção determinável), embora reclame precisamente o contrário, ela é que é objectiva para permitir a realização plena da "liberdade do cidadão. A modernidade progressista inverte a civilização.

27 fevereiro 2013

SMN II

A Alemanha tem 8 milhões de trabalhadores a ganhar abaixo do Salário Mínimo Francês. A Alemanha tem 5,5% de desemprego, a França 10,5%. (http://t.co/xbdHolT4T3)

Podemos acabar com a Lei da Proibição de Aceitar e Oferecer Emprego (SMN) imposta pela geração do "é proibido proibir"?

it's all in the genes

A Verdadeira lei é a recta razão, de acordo com a Natureza…
Cícero, citado pelo CN, neste post.

O meu comentário acerca da recta razão, de acordo com a natureza, é que esta nunca pode ser contrária à natureza humana.

Agostinho afirmava que o Decálogo estava inscrito no coração dos homens muito antes de Deus o ter inscrito nas Tábuas das Leis. Numa linguagem mais moderna, o que eu digo é que o Direito Natural reside no nosso património genético. Se não tivéssemos desenvolvido a capacidade para nos orientarmos por determinadas normas, ninguém reconheceria os princípios que são a fundação do Direito Natural.

o indivíduo moral é distinto do indivíduo político, e a ele superior

"A essência prática do Cristianismo está no conceito de que o indivíduo humano — alma imortal criada por Deus e remível por seu Filho da condição pecaminosa em que a queda a lançara — tem em si mesma, como tal, um valor superior maior que o de todos os poderes e pompas da terra, porque é um valor de outra ordem. Deste conceito se deriva estoutro - que o indivíduo moral é distinto do indivíduo político, e a ele superior.

Deus está acima do Imperador, e a salvação da alma acima do serviço do Império. E as consequências últimas do conceito primário são estas: o critério moral é absoluto, o critério político ou cívico é relativo. O Estado está acima do cidadão, mas o Homem está acima do Estado.

Nenhum Estado, nenhum Imperador, nenhuma lei humana podem obrigar o indivíduo a proceder contra a sua consciência, isto é, contra a salvação da sua alma. O inferior não pode obrigar o superior."

Fernando Pessoa

Teoria do Município IV

"Quebrando (...) o poder da fidalguia, que mau grado o pouco feudalismo entre nós, ainda assim era uma regionalização, a Monarquia mais aumenta o seu centralismo e o seu poder. Houve, assim, ruptura de equilíbrio.

Ficando Portugal, assim, reduzido politicamente a um mero poder central, sem vida aristocrática política, porque a aristocracia foi, politicamente, morta por D. João II, e sem vida popular política porque a vida dos municípios, lentamente apagada sob os últimos reis de Avis, veio a extinguir-se dos Filipes para os Braganças — o poder central, decaindo, decaiu politicamente tudo. Houve, com a Restauração, um renascimento do aristocratismo, mas o Marquês de Pombal esfacelou-o novamente, levando ao fim a obra iniciada por D. João Segundo.

Assim, quando o internacionalismo maçónico cindiu Portugal em dois partidos, de instinto atacou a forma política que era a única no Reino — a Monarquia (absoluta). Mas em nome de que classe é que atacou a Monarquia? Não em nome do povo, pois não buscou reconstituir o municipalismo português."

Fernando Pessoa

a tradição greco-cristã da lei natural

"A Verdadeira lei é a recta razão, de acordo com a Natureza… é de aplicação universal, imutável e eterna, que convoca ao dever por seus comandos, e evita o mal-fazer pelas suas proibições.

É um pecado tentar alterar esta lei, nem é permitido tentar revogar uma parte dela, e é impossível que desapareça por completo.

Nós não podemos ser libertos de suas obrigações pelo Senado ou Pessoas, e não precisamos olhar para fora de nós mesmos à procura de um intérprete.

E não haverá leis diferentes em Roma e em Atenas, ou leis diferentes, agora e no futuro, mas uma lei eterna e imutável será válida para todas as nações e todos os tempos, e haverá um mestre e uma regra, que é, Deus, sobre todos nós, pois Ele é o autor da lei, o seu propagador, e seu juiz de execução."  Cícero
Na boa tradição escolástica católica que bebe dos clássicos, seja o que for que constitua essa lei natural, resultará da capacidade da boa razão a compreender e descobrir. Até Deus se descobre. Se existe não dependerá do licenciamento legislativo de nenhum poder, ou de alguma vontade geral, porque é inerente à criação e é universal.

Eu creio que qualquer pessoa intuí o direito a primeiro ocupar um pedaço de terra no estado da natureza, trabalhar e tirar daí o seu sustento, e com isso proceder a trocas voluntárias ou dádivas  E se alguém por meio da força o de lá tirar ou prejudicar receberá o nome de usurpador ou ladrão. Porquê?

Porque a dignidade de cada pessoa lhe confere a capacidade de constituir um fim único, seu, com a autonomia a transformar a natureza na prossecução desses fins. Só uma lei natural auto-evidente e universal pode não depender de proclamações humanas e assim se torna compatível com a cooperação social pacífica (o respeito da autonomia de cada um). o dever moral de ter em conta o bem comum não o põe em causa, só existem deveres morais na medida em que existe "deve fazer" apesar de "não ter que fazer".

Agora, existem 2 alternativas:
- ou se segue o caminho que não existe qualquer lei natural e tudo nasce da vontade geral, o caminho do relativismo e pressupõe o uso da força de alguma forma.
- ou enveredar pelos desconstrutivismo e a recusa sequer em escolher caminhos (é tudo ilusório), e o uso da força também é tão válido com qualquer outra coisa.
PS: ainda há quem tente um certo determinismo ou lei biológica da espécie, creio que é o que o Joaquim tenta fazer. Altamente problemático. Pode levar a muitos mais caminhos. Parece mais uma versão de vontade geral. Mas posso estar a não compreender bem.

a pedido de várias famílias

Aqui está a entrevista de Hans Hermann Hoppe em 1998 onde fala do seu percurso.

The Austrian Economics Newsletter, Spring 1998, Volume 18, Number 1
Austrians and the Private-Property Society
http://mises.org/journals/aen/aen198.asp

insustentável

"A democracia representativa será insustentável caso uma grande parte do eleitorado esteja na folha de pagamentos do governo". "Bureaucracy", Ludwig von Mises.

salvar a democracia de si mesma III - Pensões de Reforma

2011: reformados da segurança social + caixa geral da aposentação: 63.8% da população activa (dados: Pordata)

Não admira que a TSU só pague hoje 56% das despesas com pensões de reforma e seja preciso enganar o povo com o recurso a transferências do OE (quer do IVA consignado quer de outras receitas).

O primeiro passo para resolver problemas é tornar as coisas claras e verdadeiras:

- separar a eventual componente redistributiva, colocando-a noutra rubrica da despesa do estado,
- acabar com a noção de TSU paga pelas empresas, integrando-a no rendimento bruto do trabalhador.
- aumentar a TSU e baixar os outros impostos de forma ao sistema ser autofinanciado, como é suposto ser.

Com este cenário transparente, será claro que as reformas devem baixar, e devem baixar tanto quanto esta receita assim autonomizada baixar (quem sabe um dia possa subir), sendo urgentíssimo aumentar significativamente a idade de reforma o quanto antes.

O que se ganharia? assegurar um sistema sem défice, e isolado dos restantes problemas de solvabilidade do Estado, dado assumir-se plenamente como um serviços de transferência entre população activa contributiva e população receptora. Ou seja, nenhum colapso potencial do estado deveria por em causa este serviço / transferência dado estar assim isolado. Mude-se de moeda, acabe a UE, o poder central desabe, o que seja. Bem mais seguro que actualmente.

Pelo caminho pode ser que se convençam que o melhor é regressar à soberania de cada um. O sistema quanto muito deveria tratar de uma componente subsidiária.

PS: Ou então ponham a cabela debaixo da terra e ignorem-no e deixem o regime fazer as suas habituais fugas para a frente. Pessoalmente o colapso não me incomoda por mais que me venha a afectar na prática. É o que merecemos.

salvar a democracia de si mesma II

Notícia de 2007:

"Quase metade dos portugueses tem como principal fonte de rendimento o Orçamento de Estado, alimentado pelos impostos e contribuições de trabalhadores e empresas. Entre reformados do sector público e privado, funcionários do Governo central, regiões autónomas ou autarquias e beneficiários de subsídios e complementos, são perto de 4,7 milhões os portugueses que vivem (ou sobrevivem) à mercê do Estado."

Ou seja, metade de nós (mesmo quem não o está terá família que o está) portugueses influencia o regime-OE do lado da despesa.

26 fevereiro 2013

rejeitar a austeridade III - a saída do €

A descida de salários nominais é por norma recusada por muitos, mas sair do € é isso que faria em termos reais, introduzindo adicionalmente muitos mais problemas: o que fazer a dívidas e obrigações em €, incluindo os depósitos e outros passivos dos bancos, principalmente os depósitos do povo em geral, porque os de alguns/muitos já estão protegidos de alguma forma lá por fora.

E uma moeda própria não assegura nada de relevante, em especial em estados pequenos, o banco central passaria a ter de gerir reservas externas, o que no limite, vai dar ao mesmo. Por isso muitos estados passam pelo mesmo que Portugal mesmo com moeda própria (tal como o sabemos muito bem no passado com o escudo). Acho que se esquecem disso. A única coisa que a classe política e de economistas ganha é poder recorrer livremente a mais inflação interna. Nada bom.

Mais depressa iria para a via do Panamá. Não tem moeda própria e a banca funciona com n moedas embora o Usd seja dominante. Eu acrescentaria os metais (e até quaisquer outras moedas que alguém se lembre de emitir). Os actuais depositantes em € continuariam com os seus valores em €, se assim o quisessem, e as actuais obrigações continuariam. Os actuais bancos continuariam a fazer parte do sistema do € (falta saber o que o BCE diria, se bem que nada obstaria a que continuassem assim cumpram as suas prerrogativas), o que seriam de resto obrigados dado o montante de financiamento recebido. Mas bancos sem esse problema não seriam a isso obrigados. Ganharíamos flexibilidade e diversificação.

Quem sabe, um cluster nacional de negócio (quer industrial quer de serviços) associado ao uso crescente de ouro e prata monetária nascesse. O primeiro país a adoptar tal coisa será o que mais beneficiará. E eu suspeito que serão países do Médio Oriente ou Ásia se outros não se adiantarem. Mais valia sermos nós.

Nada disto permite escapar à necessidade do OE ter de ser equilibrado e que para o crescimento retomar as empresas têm de restabelecer lucros normais.

Mas estamos no ponto da paralisia de decisões e assim berra-se com os credores que financiam essa paralisia.

emérito

Quase todos os comentadores, a começar aqui pelo nosso PA, têm sublinhado a carreira académica de Joseph Ratzinger. Se tivesse continuado na Universidade, Ratzinger seria agora, com toda a probabilidade, Professor Emérito.
Como ascendeu a Papa, o Vaticano (isto é, ele próprio) vai conferir-lhe, na reforma, o título de Papa Emérito - talvez por analogia com a carreira académica. Vai continuar a chamar-se Bento XVI, a vestir batina branca e a manter o título de Sua Santidade.
Estas mordomias, na minha opinião, não auguram nada de bom para a Igreja Católica que não pode, nem deve, adoptar o modelo de governação do BE. O Joseph deve assumir a humildade de um verdadeiro pastor, o que, convenhamos, deve ser um pouco difícil para um alemão. Caso contrário, o novo Papa terá de lhe tratar da saúde, da forma que Deus lhe soprar ao ouvido e for mais expedita.

rejeitar a austeridade II

Duas tentações: saída do € e protecionismo.

PS: algo contraditórias, a saída do € é normalmente defendida para induzir o aumento das exportações, possível/eficaz (muito a dizer sobre se ainda assim eficaz), se os nossos vizinhos não tiverem a mesma ideia: sair do € e protecionismo.

rejeitar a austeridade

não significa rejeitar a dependência dos credores, é rejeitar que os credores possam rejeitar mais financiamento. Sugere-se um perdão parcial da dívida, mas é para que esses mesmos credores continuem a financiar os mesmos défices. Ou viram-se para o banco central, e pretendem o financiamento pela emissão de moeda. O que está a ser feito de resto em todo o lado (zona euro, libra, iene, usd).

É onde estamos.

ser conservador

Os tradicionalistas gostam ("the last men standing"), a direita dita moderna nem guarda memória do que tal coisa seja. Aqui não entra progressista de esquerda, liberal ou direita, nem sequer a do tipo fascismo republicano. É outra coisa. É aquela coisa que o estado moderno procura apagar furiosamente todos os resquícios isolando a existência do indivíduo a quem tudo oferece e tudo pede, e a quem de todos os vínculos tradicionais liberta. Mais tarde ou mais cedo, quando sentir que tem força para isso, tentará acabar com a Igreja, já o vai tentando. Quem sabe apoiado pela "direita" da altura, mergulhada já no caldo da legitimidade incontestada da vontade geral porque decidiram que direito natural é coisa estranha, a verdade decide-se a cada momento, adapta-se, pergunta-se aos outros. Perderam a memória, desvaneceu-se. O que é a propriedade? é aquilo que a autoridade política diz que é, uma espécie de licença dos outros, e enquanto o quiserem, começa tudo aí. Como já disse, é Huxley não Orwell, que arriscamos.

“Ser conservador [conservadores ocidentais greco-cristãos] refere-se a alguém que reconhece o antigo e natural para além do "ruído" de anomalias e acidentes e que defende, apoia, e ajuda a preservá-lo contra a temporário e anómalo.

Dentro do reino das ciências humanas, incluindo as ciências sociais, um conservador reconhece a família (pais, mães, filhos, netos) e as famílias com base na propriedade privada e na cooperação com uma comunidade de outras famílias como a mais fundamental, natural, essencial, antiga, e indispensáveis unidades sociais.

Além disso, o agregado familiar também representa o modelo da ordem social em geral. Assim como existe uma ordem hierárquica numa família, assim há uma ordem hierárquica dentro de uma comunidade de famílias de aprendizes, servos e senhores, vassalos, cavaleiros, senhores, e até reis-ligados por um sistema elaborado e complexo de relações de parentesco, dos filhos, os pais, padres, bispos, cardeais, patriarcas ou papas, e, depois, o transcendente, Deus.

Das duas camadas de autoridade, o poder físico terreno dos pais, senhores e reis é naturalmente subordinado e sujeito ao controlo pela autoridade espiritual-intelectual final de pais, sacerdotes, bispos, e, finalmente, Deus.” Hans Hermann Hoppe

uma cultura mais saudável

In case you needed more of a reason to imbibe in the delicious cuisine coming out of the Mediterranean here it is: A new study found that 30 percent of heart attacks, strokes and deaths from heart disease could be prevented if high-risk people switched to a diet full of olive oil, fish, nuts, beans, fruit and veggies. The New England Journal of Medicine published the findings, which clearly show the benefits of Mediterranean food. A spokeswoman for American Heart Association called it "really impressive" and experts were shocked at the magnitude of benefits gleaned from these foods. Eat up!
Daily Beast
...

Em suma, segundo o New England Journal of Medicine, a dieta mediterrânica pode diminuir em 30% a incidência de doenças cardiovasculares.

Como a gastronomia é um elemento cultural, é muito provável que muitas das nossas outras tradições também venham a ser reconhecidas como fundamentais para o equilíbrio pessoal e social. E eu até estou disposto a apostar que o valor que as sociedades mediterrânicas, ou católicas como diz o PA, atribuem à família esteja já na calha para um reconhecimento pelo menos idêntico ao da gastronomia. Basta pensar que é no seio da família que se aprendem e transmitem os gostos e as tradições gastronómicas.

25 fevereiro 2013

este Papa nunca lá devia ter estado


O Público de hoje traz uma peça muito engraçada com o título “Bento XVI – Este Papa nunca lá devia ter estado”, da autoria do Paulo Moura.
Nesse trabalhinho, o jornalista autor transmite as opiniões de um personagem tão sui generis que se não existisse teria de ser inventado. A não ser que o dito personagem, que dá pelo nome de Ivan, seja um heterónimo do Paulo Moura e que, portanto, todo o texto não passe do libreto de uma espécie de Ópera do Malandro.

Logo no início da alegada entrevista, que decorre em Fátima, Ivan, que é militar dispara a matar: ‹‹Este Papa nunca lá devia ter estado››. Imagino a reação do Paulo ‹‹Ó Ivan, isso é terrível››. Mas o nosso magala não se encolheu. Mais dois dedos de conversa e desabafa: ‹‹Espero que o novo Papa esteja à altura do meu novo amor (Ivan veio a Fátima com a Ivana). Pode ser americano ou africano, o importante é que tenha humanidade. E seja aberto aos novos tempos››.

Foi aqui que o Paulo Moura acabou, sem querer, por abrir o jogo. É natural que o Ivan deseje que o Papa esteja à altura dos seus relacionamentos amorosos, não só o Papa mas também o Chefe de Estado-Maior do Exército, o Ministro da Defesa e até o Presidente da República. É um desejo humano e compreensível. Agora o que não cola é que um soldado se refira a um africano como “um africano”, quando todos sabemos que no meio castrense os africanos são conhecidos por “turras”.

O Paulo Moura não fez a tropa, digo eu, e não conhece estes preciosismos. Daí que eu ainda aposte que o Ivan é mesmo um heterónimo do presuntivo autor.

salvar a democracia de si mesma

Criação de Câmara especial de aprovação do OE (e por exemplo veto em todas as questões com impacto orçamental), com assento proporcional eleito por cidadãos que não tenham conflito de interesses directo como Receptores do OE como por exemplo funcionários públicos e similares, receptores de subsídios ou pensões públicas acima de um dado valor a fixar, ou em actividades ainda que privadas dependam em mais de x% (50%?) da sua facturação do OE ou recebam apoios do OE acima de um dado montante. É uma questão técnica a analisar mas o que se pretende é claro.

Esta medida só pode ser implementada pela consciência colectiva de que a democracia no que respeita ao orçamento geral do estado, confere um conflito de interesses que vai minando qualquer regime à medida que os receptores se tornam uma maioria. O Medina Carreira já tentou dizer mais ou menos isto mas não tirou as devidas consequências.

Não se trata de demonizar os receptores do OE como a origem dos problemas, mas devem também reconhecer eles próprios (ou antes, devemos nós próprios convencer-mo-nos, dado cada um de nós poder vir a ser receptor e/ou deixar de ser) que um processo de decisão colectivo desta forma fica crescentemente disfuncional. E digo já agora que nem sou muito partidário de pretender que o funcionalismo público por exemplo funcione "como os privados". Acho isso uma ilusão ainda que se possa sempre melhorar processos de gestão tendo em conta a sua natureza própria.

A capacidade de voto para esta Câmara especial, seria assim suspensa ou reactivada tantas vezes quanto determinadas condições estejam presentes ou deixem de estar. Não me parece tecnicamente difícil de implementar. Para o processo legislativo comum subsistiriam os deputados, de preferência, eleitos por círculos uninominais.

Não me lembro de nada melhor para tentar prevenir o suicídio colectivo por vontade democrática, de resto, um certo padrão na história das democracias. (Podem começar a atirar pedras)

querem refundar a dívida

para poderem continuar a praticar maiores défices orçamentais dentro da ciência oculta da estimulogia keynesiana.

Mas o corte da massa salarial do estado e pensões é inevitável.

Nas pensões é até injusto que as actuais possam beneficiar aquilo que no futuro vai ser impossível beneficiar. Ou seja, os cortes no futuro vão acabar por ser maiores e mais bruscos por causa da tentativa de conter cortes nas actuais.

De certa forma, um default total era melhor. O défice passava a zero e os bancos faliam.

Uma refundação a sério.

Lincoln e a história

O filme de Spielberg está a dar a oportunidade, aos poucos, de se discutir história permitindo fazer transparecer que o que parece história genericamente aceite tem muito que se lhe diga. E normalmente isto sucede na tentativa de branquear quando não glorificar estatistas envolvidos na história das guerras ("war is the health of the state") provavelmente inúteis e evitáveis. Por isso ocorrem a promover o homem indispensável numa situação indispensável. Mas a informação já não é o que era.

Dois textos em português:
A farsa sobre Abraham Lincoln , uma tradução de Walter Williams no mises.org.br
A história negra de Lincoln, uma tradução de Garry Wills no libertarianismo.org

Keynes IV

Keynes distorceu os economistas clássicos propagando erroneamente a chamada Lei de Say como formulando que esta diria:
“a produção cria a sua própria procura”.
Mas Say não afirmou tal coisa com esse sentido, o que na verdade quis dizer foi algo como:
A produção de um bem constitui a procura de outros bens.
O que é uma verdade em si mesmo e não pode ser refutada. Toda a produção se destina a servir para a procura de outros bens.

Mas a forma como eu próprio defino o pensamento de Keynes como que resumindo uma boa parte do que está de errado na “sua” economia é:
O consumo cria a sua própria produção. 
O investimento cria a sua própria poupança. 
A despesa cria o seu próprio rendimento.
E assim, cabe aos governos estimularem o consumo, o investimento e a despesa em geral que tudo o resto vem atrás. Mas a verdade é que:
É a maior produção com os mesmos recursos que permite o maior consumo. 
É a poupança que sustenta o investimento na diminuição de custos. 
É o rendimento que sobra com a diminuição de preços que permite o aumento de despesa.

celibato e sexualidade do clero católico



A temática sexual começa a apossar-se, injusta, mas perigosamente, da imagem pública da Igreja Católica. Naturalmente que a instituição está imensamente longe de merecer ser avaliada pelo comportamento indevido de alguns dos seus membros, mas a verdade é que a sua imagem começa a sofrer danos de difícil reparação por causa desses comportamentos.

O problema coloca-se, sobretudo, porque a Igreja Católica mantém sobre a sexualidade, desde sempre e principalmente nestas últimas décadas, quando, coincidentemente, a sexualidade tomou de assalto a vida das pessoas comuns, uma dogmática que é necessariamente conservadora e moralizante, enquanto os escândalos sexuais com o seu clero se desmultiplicam, tornando-se, também por isto, notícia fácil. Ele é o problema – gravíssimo – da pedofilia, ao qual apenas Bento XVI deu uma resposta clara e satisfatória, o da homossexualidade entre o clero, dos rumores sobre práticas sexuais moralmente duvidosas ao mais alto nível da hierarquia, etc.. A especulação chegou a um ponto tal que se discorre sobre a possibilidade de Bento XVI ter resignado ao tomar conhecimento de alguns destes escândalos, havendo até quem avance a possibilidade dele ter vindo a ser atacado por um lóbi gay supostamente existente nas esferas mais elevadas da hierarquia do seu clero. Seja isto verdade seja isto mentira, havendo ou não exagero da comunicação social, intencional ou com intuitos meramente comercial, o facto é que as pessoas comuns cada vez mais olham para a Igreja Católica e aceitam que ela tem um problema grave e sério com a sexualidade do seu clero, que se repercute na sua missão evangélica e social. E se essa é a impressão comum do homem comum – e não duvido que o é cada vez mais – então, qualquer que seja a natureza e a dimensão do problema, a Igreja Católica tem, efectivamente, um problema seriíssimo para resolver.

E esse problema reside essencialmente, embora não se esgote, na questão do celibato dos padres. O verdadeiro fundamento que a Igreja tem (que sempre teve) para a exigência do celibato e da abstinência sexual do seu clero, não é nenhum dos que, às vezes, são comentados, tais como a necessidade dos padres não terem vida própria, mas apenas vida para o outro e para a sua missão, como Bento XVI argumentou na sua homília proferida na Basílica de Mariazell, na Áustria, em 2007. Tão pouco a associação da sexualidade ao pecado compõe, nos dias de hoje, a mentalidade e a dogmática da Igreja. O fundamento é mais sério e profundo do que tudo isto. É que a Igreja entende a abstinência sexual como uma via de ascese ao sagrado e a Deus, de elevação espiritual pela recusa do instinto primeiro do nosso corpo. Sendo um padre um interlocutor entre Deus e os homens, quanto mais alto estiver o seu espírito, melhor ele cumprirá o seu desígnio. Esta a verdadeira razão teológica para a manutenção da proibição do celibato e da sexualidade dos sacerdotes católicos.

A grande dificuldade é que o instinto sexual, tal como a fé, move montanhas. E num tempo em que a sexualidade está generosamente exposta por todo o lado, e a moral sexual reviu muitos dos seus princípios e das suas regras, a tentação, que sempre foi altíssima e nunca deixou de seduzir e de pôr à prova (nem sempre com os melhores resultados…) os homens da Igreja, será agora uma tormenta permanente para os sacerdotes. Para muitos deles, intransponível. Para outros, uma fonte de temor que os leva a esconder as suas tentações. Para alguns, ainda, causa de comportamentos desviantes por terem prolongadamente reprimido a sua natureza.

Ora, perante esta situação que abrange cada vez mais membros do clero e se torna pública e, assim, transmite uma péssima imagem da instituição e constitui um mau exemplo para os que têm e os que não têm os olhos postos nela, e que, mesmo até, constituirá motivo para a quebra de convicções e da redução do número de crentes, a Igreja Católica terá que fazer alguma coisa. Um Papa forte tomará, inevitavelmente, a si a solução do problema. Um Papa frágil deixará a solução para quem lhe suceda. A verdade, todavia, é que todas as tentativas de remediar o problema falharam, desde logo, a de aumentar as funções dos diáconos, fazendo deles uns quase-padres, em muitos aspectos. Não chega, porque eles verdadeiramente não integram o clero e, portanto, não representam a organização nem a hierarquia da instituição, nem são sentidos como tal pelos fiéis.

É certo que o celibato é prática muito antiga da Igreja Católica. Apesar de somente o Concílio de Trento (1545-1563) o ter imposto como obrigação universal para todo o clero católico, as recomendações nesse sentido eram já muito anteriores, tendo marcas importantes como as dos Concílios de Latrão, dos séculos XII e XIII. Todavia, outras Igrejas seguiram procedimentos distintos, desde logo a Igreja Católica Ortodoxa, que permite que homens casados possam ser padres, ou a Igreja Anglicana (da qual têm vindo a ingressar, na Igreja Católica, alguns padres casados, insatisfeitos com certas inovações, como a ordenação demulheres, a aceitação do aborto e as bênçãos a homossexuais), que aceita o casamento dos seus sacerdotes. Admitindo que a Igreja Católica Romana não tenha muito a aprender com as outras Igrejas, o certo é que alguma coisa terá de fazer rapidamente por si própria.

24 fevereiro 2013

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"Sócrates soube mostrar carinho pelas farmácias" — Presidente da ANF

PS indica Presidente da ANF para candidato à Câmara de Cascais

Sócrates é contratado para presidir ao conselho consultivo do grupo Octapharma

O Correio da Manhã de hoje dá conta que a firma Octapharma que empregou José Sócrates, desde há uns meses, facturou em Portugal e durante os dois governos do dito, seis milhões de euros.

Octapharma envolvida numa megafraude de enormes proporções - Processo Máfia dos Vampiros

Dr. Watson

Watson

Um computador que compreende a linguagem humana.

a paixão pela educação

Ao longo dos últimos anos, todos os governantes fizeram questão de salientar a sua paixão pela educação. Em palavras e actos, ao ponto de gastarmos mais na educação do que a média da OCDE.
Não deixa por isso de surpreender que, segundo o INE, o rendimento mensal por nível de formação tenha diminuido apenas para os licenciados, se analisarmos o período entre 2009 e 2012 - o período da crise.
Para as pessoas com ensino básico o rendimento aumentou 2,5%, para o secundário aumentou 0,1% e para as pessoas com licenciaturas diminuiu 9,5%.
É caso para perguntar, para que serve afinal uma licenciatura em Portugal? Será que alguém pensa que são as pessoas com o ensino básico que nos vão tirar da crise?
O socialismo e a social-democracia deram nisto.

23 fevereiro 2013

O mito do New Deal

Secretário do Tesouro de Roosevelt, Henry Morgenthau em Maio de 1939:

“Tentamos a despesa. Estamos a fazer mais despesa que alguma vez já fizemos e não funciona… depois de 8 anos desta administração, temos tanto desemprego como quando começamos … e adicionamos uma enorme dívida”

Keynes III

Outra das intoxicações intelectuais conseguida por Keynes concerne a incompreensão crónica sobre o que significa procura/oferta de moeda e procura/oferta de crédito.

A procura/oferta de moeda respeita à procura por saldos monetários (ex: o aumento da incerteza leva as pessoas a procurar maiores saldos de moeda) e induz alterações no nível geral de preços (deflação/inflação). Mas em si mesmo não implica necessariamente alterações nas taxas de juro e à repartição relativa entre consumo/poupança.

A procura/oferta de crédito concerne a actividade de poupança/investimento determinada pela preferência entre consumo hoje e a possibilidade de maior consumo amanhã que se expressa nas taxas de juro.

Keynes conseguiu misturar estas 2 categorias de acção humana dizendo que a procura por moeda (liquidez) depende da taxa de juro provocando a maior confusão nas cabeças dos economistas desde então, deixando a ideia (Keynes, como outros pensadores admirados é absolutamente confuso e contraditório na sua obra - em certa academia, dá-lhe o ar de complexidade e profundidade) que a maior ou menor escassez de crédito se deve aos maléficos acumuladores ("hoarding") de moeda (sempre a ideia dos burgueses aforradores como culpados por baixo consumo), criando uma escassez artificial de capital.

E isso leva-o a afirmações absolutamente idiotas como:

“Existe espaço, por conseguinte, para ambas as políticas, operarem em conjunto: para promover o investimento e, ao mesmo tempo, promover o consumo…”.

“Não há motivos intrínsecos para a escassez de capital..."

uomo d'onore


O mito do New Deal II

As taxas de desemprego nos EUA (depois de uma média de 3.3% de 1923 a 1929) e começando em 1930 foram sucessivamente de 8.9%, 15.9%, 23.6%, 24.9%, 20.7%, 20.1%, 17.0%, 14.3%, 19.0%, 17.2% e 14.6% em 1940.

O que é se passou distintivamente com Hoover primeiro e depois com Roosevelt? A crença que era preciso suster a deflação de preços e salários, e pela primeira vez o governo tinha condições de poder político para o realizar.

“Se na depressão de 1920-21 os salários nominais chegaram a cair 20% num ano, em 1931 esse declínio foi apenas de 3%. Por contraste, os preços caíram mais substancialmente 8.8%. portanto os salários reais subiram significativamente em 1931 e eram maiores que em 1929, altura em que a produção por trabalhador era mais alta… subiram à taxa anual composta de 3% entre 1929 e 1933.” Richard Vedder, 1997.

Keynes escreveu na altura um memorando ao primeiro-ministro Ramsey Macdonald, informando-o da sua visita à América e elogiando os seus esforços para manter o nível de salários.

Pois, mas nem a crise nem o desemprego passavam, só depois da guerra (e não por causa da guerra).

O que se passou na crise de 1920-21?

Começou por ser tão ou mais severa, em alguns dos seus indicadores, que a Grande Depressão iniciada no final de 1929: por exemplo, registou uma queda da produção industrial superior a 20% em 6 meses. Mas a despesa federal americana foi reduzida agressivamente de 18.5 mil milhões (na terminologia americana, biliões) de dólares no ano fiscal de 1919 para 3.3 mil milhões de dólares no ano fiscal de 1922, e a deflação de preços no consumidor atingiu os 15,8% no ano seguinte ao pico no Índice de Preços no consumidor registado em Junho de 1920, quando a Reserva Federal Americana (FED) subiu a taxa de desconto para uma taxa, na altura, recorde de 7%.

Outro dado interessante é o facto do colapso na base monetária (contracção da moeda em circulação) ter sido o maior que se verificou na história dos EUA, ou seja, maior que o dos anos de Hoover (1929-1933), um fenómeno a que o monetarismo de Milton Friedman atribuiu as culpas (alegada insuficiente injecção de moeda pelo FED no sistema bancário) pela intensidade da Grande Depressão.

Mas... depois da taxa de desemprego ter atingido os 11,7% em 1921 desceu no ano seguinte para 6,7% e em 1923 era já de 2,3%!

um erro monumental


A partir da próxima semana a SIC irá começar a cobrar alguns dos seus conteúdos vídeo da área da informação nas suas plataformas online (www.sic.sapo.pt  e www.sicnoticias.sapo.pt ).

Ana Quintans III


Crise, corrupção e secessionismo

Diz o Expresso sobre o que ameaça a Espanha. E a seu tempo, a Europa e o resto. A história não pára. Seguramente não parará no presente centralismo dos macro-estados, social-democrata, pesado e monolítico, herança do século das grandes guerras materiais e ideológicas. Nós já temos uma boa dimensão, isso favorece-nos no longo prazo.

22 fevereiro 2013

vamos a números

In August 2009, Portugal's National Health Plan said that the consumption of sedatives and antidepressants in Portugal is on the rise. Consumption of anxiolytics, soporifics, sedatives and antidepressants increased by 32% between 2002 and 2008. In Portugal in 2002, 115.6 doses of sedatives and antidepressants were consumed per 1,000 inhabitants per day, and by 2008 this figure had increased to 152.1 doses per 1,000 inhabitants per day. Portugal is therefore way above the European average for consumption of this type of medicine, which stands at 41.3 doses per 1,000 people per day. The National Health Plan aims to reduce the consumption of sedative and antidepressant medicines to 92.5 doses per 1,000 inhabitants per day by 2010.
...
Ocorreu o contrário do planeado. O consumo destes medicamentos, em vez de diminuir, duplicou (de acordo com a notícia do Público que refiro no post anterior).
Os laboratórios passaram a ganhar menos por embalagem, devido aos cortes cegos do governo, mas vendem muito mais. Interessante, muito interessante.

ansiolíticos acima dos 65 anos?

No Público de hoje, a Alexandra Campos dá conta de que, em Portugal, "As receitas de ansiolíticos para idosos duplicaram", em 2012.
"O aumento foi exponencial na prescrição destes fármacos (ansiolíticos) a maiores de 65 anos, subindo de 1.739.406 em 2011 para 3.577.838 em 2012".
E porquê? Como se pode ler no artigo, foi porque "A mudança das expectativas para o fim da vida que estas pessoas tinham e as consequentes reduções dos valores das reformas que levaram a uma desilusão e sentimento de insegurança" determinou um maior recurso a estes fármacos.
Infelizmente, a Alexandra Campos passou completamente ao lado da verdadeira história. E qual é ela?
A verdadeira história é que os ansiolíticos, de um modo geral, estão contra-indicados em pessoas com mais de 65 anos. As recomendações do FDA apontam para que estes medicamentos só devem ser usados em último recurso, em doses baixas e por curtos períodos de tempo - 3 a 4 semanas.
O seu uso mais prolongado está a associado à emergência de comportamentos violentos, irritabilidade, suicídio, diminuição das capacidades intelectuais, despersonalização e ainda a um aumento de 50% na incidência de demência.
Há ainda um risco acrescido de fracturas, por quedas, e de acidentes de viação.
Como é que a Alexandra Campos não investigou este assunto é que é de espantar.

Ana Quintans II

Ana Quintans

É linda e tem uma voz de anjo.

branca e lésbica de esquerda

"Islandia, con una Primer Ministro lesbiana y socialista, prohibirá el porno en Internet" PS: suponho (não posso ter a certeza, "wild guess" ) que se oporia (é casada) a que o casamento deixasse de constar no código civil lá do sítio... porque o casamento é uma instituição.

breaking news!

Escândalo!  descoberta organização mafiosa e rede internacional que saca dinheiro sob a ameaça de rapto comprando depois uma maioria de dependentes de si mesmo, sob pretexto de serviço de protecção, crê-se que escravizou adolescentes (adenda: maiores de 18 vá,,,) tirados das suas casas obrigando-os a participar nas suas batalhas por zonas de influência, grandes personalidades históricas envolvidas.

adenda: fazem cerimonias pomposas e utilizam a expressão "estado", "homens de estado", "razão de estado".

protestos porque

- a dívida é alta - os impostos são altos - a retracção da despesa tira dinheiro á economia - é preciso cortar despesa - o desemprego é alto - é preciso subir o SMN - os salários não podem baixar - os bancos não dão crédito - bancos fizeram a crise com crédito fácil - bancos têm lucros - bancos têm prejuízos - é preciso estimular o consumo - é preciso estimular o investimento - as taxas de juro são altas - é preciso estimular a poupança - não há concorrência - é preciso regular

Valha-nos o Espírito Santo


Normalmente um rapaz decide tornar-se padre por volta dos 15-16 anos. Nestas idades, os rapazes estão no auge da sua adolescência e do ímpeto sexual. O que leva um rapaz nestas condições a decidir abdicar de conviver sexualmente com mulheres o resto da vida? Normalmente por três motivos: pobreza extrema, repressão sexual e influência do Espírito Santo. No primeiro caso, o rapaz encontra na igreja a única possibilidade de ascensão social, mas não chega a abdicar verdadeiramente do seu ímpeto sexual. Já os casos de repressão sexual estão normalmente ligados a disfunções sexuais reprimidas pela sociedade como homosexualidade ou pedofilia. A igreja é um excelente porto de abrigo para homossexuais reprimidos por uma sociedade homofóbica.

Nos últimos 30 anos, a sociedade portuguesa tornou-se mais tolerante em relação a desvios sexuais e as situações de pobreza extrema tornara-se mais raras. Não surpreende por isso que o número de seminaristas ande a baixar drasticamente. Com menos homossexuais necessitando de abrigo e menos rapazes pobres à procura de ascensão social, resta à igreja o trabalho árduo do Espírito Santo.

Certo dia

Certo dia... Napoleão ameaçou o Papa de destruir a Igreja, por esta (os estados papais) não obedecer ao bloqueio continental por ele decretado, ao que o Papa responde:
"mas como ireis fazer isso se nem os padres o conseguiram?"

execuções sumárias high-tech

Senador Lindsey Graham sobre os drones: “Matamos 4,700. Ás vezes atingimos pessoas inocentes, e eu odeio isso, mas estamos em guerra." Estudo da Standford/NYU “O numero de objectivos de ‘alto-nível’ como percentagem do total de vítimas é apenas de 2%.” E aprovaram a possibilidade de detenção infinita de americanos sem julgamento e a resposta à pergunta se o estado federal pode matar americanos em solo americano fica por responder. Pelas mãos de um preto de esquerda.

castidade e sexualidade



Os "pxicólogos" conseguem identificar quatro tipos de orientação sexual, a heterossexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade e a assexualidade.

Não sei bem como é que se identificam estes tipos de orientação sexual, se através de questionários estruturados, da confissão dos próprios ou do recurso a técnicas de afogamento simulado. O que sei é que estas orientações mudam com o tempo e com as experiências individuais. Em particular as mulheres - la donna è mobile - parecem escapar a qualquer classificação, oscilando por vezes entre uma heterossexualidade exaltada e uma assexualidade irritante, com uma facilidade extraordinária. Do mesmo modo que dão uma voltinha com uma amiga, sem complexos, e sem se comprometerem com quaisquer adjectivos tipológicos.

Assim sendo, a orientação sexual, na minha opinião, depende sempre de uma práxis, na ausência da qual, discutir a orientação sexual é como discutir o sexo dos anjos. Pelo que, e concluo, quando alguém, como por exemplo D. Carlos Azevedo, faz votos de castidade, deixa de se encaixar em qualquer tipologia. A não ser que inventássemos tipos de orientação sexual virtual, valha-nos Deus.

The Catholic Church Strikes Back


a pontapé e à estalada


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Li, com a maior atenção, este post do André Azevedo Alves, como, de resto, sempre faço com todos os textos que ele publica e me chegam às mãos. O artigo, acerca dos rumores que têm circulado na imprensa sobre a eventual homossexualidade de D. Carlos Azevedo e o seu eventual comportamento de agressor sexual, chamou-me a atenção para alguns aspectos estranhos em toda esta história, que pressentia, mas não compreendia, e que, de algum modo, continuo sem perceber. De todo o modo, não deixa de ser estranho que esta estória só agora surja à luz do dia, quando as reservas sobre a sexualidade do bispo parecem ser já muito antigas e conhecidas: uma denúncia de assédio feita pelo sacerdote José Nuno Ferreira da Silva, em 2010, e suspeitas que datam da década de 80. Por seu lado, Carreira das Neves também veio confirmar que há muito se sabe que «D. Carlos era homossexual», e o inefável Januário Torgal Ferreira, fazendo coro, também se disse conhecedor do facto desde 2007. O que nisto é estranho é por que razão veio agora esta história ao de cima, seja ela verdadeira ou falsa. A verdade é que não se vislumbra nenhum facto novo que a justifique e todos os factos conhecidos são antigos e nunca foram objecto de atenção mediática, até agora. Há alguém a queixar-se dele? Sucedeu, ultimamente, algum episódio menos próprio que mereça menção? Em suma, que acontecimentos recentes justificam que isto venha agora para os jornais?

Segundo julgo ter entendido do artigo do André, estas movimenações têm a ver com a forte possibilidade de D. Carlos ser o próximo Cardeal-Patriarca, e são, provavelmente, resultado de guerras internas no seio da Igreja portuguesa ou, mesmo até, da Igreja Universal, se não acharmos despicienda a possibilidade de isto ter alguma coisa a ver com a eleição do próximo Papa. A ser verdade, este método de queimar inimigos na praça pública, utilizando aspectos pessoais da vida privada estrategicamente guardados para serem usados no momento mais propício, são próprios de organizações mafiosas e não de uma instituição como a Igreja Católica. Se a isto associarmos a renúncia de Bento XVI, inegavelmente um homem de bem, que parece extraordinariamente saturado, e alguns dos motivos com que ele mesmo a justificou, a imagem pública da Igreja Católica sai fortemente desgastada disto tudo.

Ora, é por estas e por outras que cada vez tenho menos dúvidas de que a instituição precisa de um novo Papa com as características de João Paulo II, que ponha – perdoem-me os fiéis – a cáfila que por ali parece andar em sentido. A pontapé e à estalada, se preciso for, coisa que João Paulo II, nos seus bons velhos tempos, não se eximiria de fazer.

P.S.: Julgo que não se poderão retirar quaisquer ilações que expliquem o que está a acontecer desta notícia linkada pelo André. Sobre o assunto, parece-me até que a posição de Carlos Azevedo é muito equilibrada, desde logo, defendendo a possibilidade de diálogo entre duas instituições que, durante décadas a fio, eram incapazes de conversar. A explicação, parece-me, terá mesmo de ser procurada (e encontrada) dentro de portas e não fora delas.

21 fevereiro 2013

desmoronamento da actividade económica

Ricardo Campelo de Magalhães no Insurgente recorda a citação de Mises (que creio de 1949 do seu Human Action, mas baseado na sua obra inicial de 1913):
"É impossível evitar o desmoronamento da actividade económica causada pela expansão do crédito. A escolha é somente se o colapso virá mais cedo, como resultado do abandono voluntário de políticas de crédito artificial à Economia, ou mais tarde como uma crise catastrófica do sistema financeiro.”
E isto passa-se ciclicamente desde que existe banca e criação de crédito em vez de intermediação de poupança prévia de aforradores.