31 maio 2012

a verdade mata

Ordenados da EDP não têm implicação na fatura da eletricidade: António Mexia

Talvez sem querer, o CEO da EDP confessou a verdade, que os salários que a EDP paga não têm qualquer influência na factura da electricidade que os portugueses pagam. Penso que se refere aos salários do CADM.
Se António Mexia estivesse focado nos clientes da EDP, teria contribuido para cortar os custos da empresa e melhorar o serviço que esta presta, teria rejeitado rendas indevidas e hoje poderia afirmar o contrário - "O meu salário tem influência na factura da electricidade, é por eu estar ao leme que a EDP baixou o preço aos seus clientes".
Se assim fosse, ninguém estaria preocupado com o seu salário. Todos desejaríamos é que ganhasse mais.

ambientalismo ou economia?

Salvar la playa o salir del paro

Ongone

A PT, que tem sido a sua bomba de oxigénio, já anunciou que será menos generosa com os accionistas.

a luta pelo poder

BCE pretende supervisionar toda a banca da zona Euro e encosta os políticos à parede. Espanha fica na corda bamba, nesta luta pelo poder. Digo eu...

o legado de Zapatero

Estamos numa situação de emergência total, a pior crise que já atravessamos.
Felipe Gonzales

socialismo, centralização, planeamento, extorsão fiscal

30 maio 2012

nem na URSS

Empregadores devem dar preferência a jovens que frequentaram escola públicas.

o Grande Governo é mau

... a ausência de um governo centralizado torna a Europa mais atractiva do que os EUA. “O governo centralizado não funciona. (…) A melhor coisa que a Europa fez foi ter membros que se confrontam, pelo que não existe o ‘Grande Governo’”, sublinhou Nassim Taleb.
No JN

extradited to Sweden

Se fosse gay ninguém se tinha imiscuído na sua vida privada.

um charlatão

Em desespero de causa a Comissão Europeia volta-se para um charlatão. Nem mais nem menos do que o autor do livro "A Terceira Revolução Industrial". Nessa obra, Jeremy Rifkin apresenta um plano de "sustentabilidade económica de longo prazo", para resolver o "triplo desafio" da crise económica, da segurança energética e das alterações climáticas.
São ideias ultrapassadas e perigosas. A crise económica, num bloco de países muito endividados, não se resolve com mais investimento público, com mais dívida. Em particular para resolver problemas virtuais como a "segurança energética" e "as alterações climáticas".
Jeremy Rifkin é um agitador profissional e um manipulador da opinião pública, sempre em busca de protagonismo.
Em 1992, por exemplo, Jeremy Rifkin lançou o movimento "Para Além do Bife", juntamente com a Green Peace, a Rainforest Action Network e a Public Citizen, para incentivar à diminuição de 50% no consumo de carne de vaca, argumentando que as emissões de metano do gado bovino têm um efeito de estufa até 50 vezes superior ao do CO2.
É risível que num momento tão difícil da sua história a Europa se agarre às ideias patéticas de um charlatão.

não fazem a coisa por menos

Em Bruxelas fala-se da “terceira revolução industrial”
Entre as chamas da crise, a Comissão Europeia apresenta plano industrial em Setembro – um calendário para os “Estados Unidos da Europa”.
A estratégia da Comissão Europeia – que será aprovada em termos gerais pelos governos da União a 27 antes da apresentação em Setembro – assenta na teoria de Jeremy Rifkin. O economista norte-americano defende que o padrão de industrialização ocidental – resultado da segunda revolução industrial – está morto, sendo necessário lançar as bases da terceira revolução.

onde estão os amigos?

29 maio 2012

Obama não precisa de Guantánamo

Yet the administration’s very success at killing terrorism suspects has been shadowed by a suspicion: that Mr. Obama has avoided the complications of detention by deciding, in effect, to take no prisoners alive.

um país feito num 8

Duas empresas têxteis do Vale do Ave não conseguem encontrar trabalhadores, apesar de estarem numa das zonas mais afectadas pelo desemprego. Necessitam urgentemente de 200 costureiras. A associação do sector diz mesmo que há empresas a falhar encomendas por falta de funcionários.
Sic Notícias

realmente

Compreende-se a preocupação de Largarde com o pagamento de impostos.
AAA, no Insurgente

uma empresa à deriva

Facebook intensifica esforços para lançar telemóvel em 2013

28 maio 2012

a curva de Laffer

A curva de Laffer não é estática, a sua forma varia de acordo com diversos enquadramentos macroeconómicos. A tolerância dos agentes económicos a taxas elevadas é mais baixa em recessão e é por isso que o aumento da carga fiscal, no momento que atravessamos, é particularmente prejudicial.
Aqui fica uma análise do impacto da curva de Laffer numa perspectiva Austríaca.

anti-business

Pelo menos metade dos pobres gasta mais de 50% do rendimento anual para pagar casa
No JN

Para o JN não é chocante que um pobre seja proprietário.

27 maio 2012

Tenho uma fada

Eu nunca pensei que o facto de não saber estrelar ovos, e de o declarar publicamente, motivasse tantas especulações, tanta intelectualidade de primeiro nível,  incluindo deduções, presunções, juizos de valor, inferências e até lições de moral.

E, no entanto, não existe nenhum mistério. Estrelar ovos não é a principal coisa essencial à vida, mas que eu não sei fazer na vida. Existem outras.

Desde há mais de trinta anos que eu não uso uma peça de roupa que tenha sido comprada por mim - umas calças, uma camisa, uns sapatos, uma gravata, umas cuecas,  umas peúgas.

Durante este período, eu terei usado milhares de peças de roupa diferentes. Nenhuma foi comprada por mim. Mais, eu nem sequer estive presente nos actos de compra. Não fui eu a escolhê-las, nem sequer chamado a dar opinião. Nos últimos trinta anos a única coisa que eu ponho diariamente no corpo e que foi escolhida por mim são os óculos. Mais nada, rigorosamente mais nada. Nem os relógios que durante este período usei.

Como assim, como é que um homem consegue viver tanto tempo sem comprar uma única peça de roupa, sem sequer estar preente para dar a sua opinião sobre aquilo que ele próprio vai vestir e usar?

Tenho uma fada.



Tenho uma fada, que volta-não-volta, chega a casa, com um par de sapatos de homem e me diz: "Comprei-te estes sapatos. Gostas?". Eu digo que sim.

Na semana seguinte: "Trouxe-te aqui estas camisas e estas gravatas que ficam muito bem com as camisas. Gostas?" E eu sempre: "Gosto".

Quinze dias depois: "Passei  pela DDO e mandei cá entregar dois fatos. Hás-de prová-los para ver se te ficam bem". E eu: "Está bem".

Mas tendo-me assim desabituado de escolher roupa, de saber qual a  camisa que fica bem com cada fato, e qual a gravata que fica bem com cada camisa, como resolvo eu o problema de escolher, cada manhã, a roupa que vou vestir nesse dia?

Tenho uma fada.

Tenho uma fada que, na véspera ou no próprio dia de manhã, me pergunta o que vou fazer nesse dia.

E, assim, eu acordo cada manhã, faço a barba, tomo duche e, quando saio da casa de banho, lá está acamadinha sobre uma cadeira ou sobre a cama a roupa que eu vou vestir nesse dia, o fato, a camisa sobre o casaco, a gravata sobre a camisa, o cinto, tudo a condizer, as cuecas e as peúgas, e no chão, os sapatos que ficam bem com o resto.

Tenho um fada.

prontos

Os EUA estão prontos para intervir militarmente no Irão.

o ovo estrelado

Na Sexta-feira, poucas horas depois de escrever o post dedicado ao ovo estrelado, e já com uma grande parte dos comentários na caixa, fui a um jantar onde também estava o Prof. Daniel Serrão.

Houve uma altura em que participei em várias conferências com o Prof. Daniel Serrão sobre questões  como a economia da saúde,  o aborto e o transplante de orgãos humanos, e as nossas posições encontravam-se então frequentemente, sobre alguns assuntos, nos antípodas uma da outra. Nunca isso o impediu de me tratar sempre respeitosamente, mesmo se eu tinha idade para ser seu filho, e até de  citar, sempre de uma forma fiel e respeitosa, a minha posição divergente em publicações de Ética Médica. Agora, já não o via há vários anos, e ele a mim, excepto em fotografia, porque escrevemos ambos quinzenalmente para o mesmo jornal - A Ordem.

Ele tem agora 85 anos e permanece o mesmo cavalheiro. Aproveitei a ocasião, não fosse faltar-me outra, para lhe dizer uma coisa que sempre pensei, e que representava uma pequena homenagem que  lhe prestava: "O senhor foi uma das raras pessoas que encontrei em Portugal que sabe verdadeiramente discutir ideias e com quem tive um imenso prazer em discutir ideias. Queria agradecer-lhe por isso". Não fosse ele não ter apreendido o sentido da minha mensagem, acrescentei: "Como sabe, é muito difícil encontrar pessoas no nosso país que saibam discutir ideias...".

"Sim, sim - interrompeu-me ele - desatam logo ao insulto e a dizer disparates...". E eu acrescentei: "Ou a levar a discussão para  assuntos que não têm nada a ver com o tema em discussão...",  enquanto, de súbito, me ocorria fresco ao espírito o post sobre o ovo estrelado.

está

Portugal está uma sociedade feminina. Eu digo está, e não é, porque Portugal pode ser tudo, uma coisa e o seu oposto, e também todos os graus intermédios.

Tudo no discurso público é feminino e nada ficaria mal se fosse feito por mulheres. Mas não, os intervenientes principais são homens. Olha-se para a capa dos principais jornais, vêem-se os telejornais, e tudo é feminino - os assuntos e a forma como são tratados. O caso "Público/Miguel Relvas" é paradigmático e ficaria bem na Crónica Feminina. Mas um homem, que seja verdadeiramente um homem, que paciência tem para acompanhar aquelas frivolidades?

Tudo nele é assunto de mulher, aqui agravado pelo facto de a directora do jornal e a directora editorial serem ambas mulheres. Trata-se de um caso de palavras - e as mulheres dão muito mais importância às palavras do que os homens. Mete também um caso de saias, que faz a delícia da curiosidade feminina. Mete muitas reuniões, da Assembleia da República, da ERC, do Conselho Editorial do próprio jornal - e  são as mulheres, muito mais do que os homens, que adoram estar em companhia. E mete ainda espiolhagem da vida privada, que é a versão em cultura feminina de uma actividade que é verdadeiramente masculina - a espionagem.

Numa altura em que o país se debate com problemas de extrema gravidade, os principais jornais que se pretendem os jornais de referência,   bem como os Deputados à Assembleia da República, aquilo que consideram importante, são umas frivolidades próprias de mulheres do povo.

estado falhado

A Grécia é um estado falhado.

o mundo é ingovernável?

It was in Europe, two centuries ago, where the idea emerged that the world was a governable place. This idea was radically new: the term “international” itself was coined by British philosopher Jeremy Bentham and only entered general circulation in the decades after Napoleon’s defeat. Although nationalism was emerging as a potent force at this time, the supporters of international co-operation were not alarmed. On the contrary, they believed that nationalism and internationalism were soul mates, that a continent of vibrant national democracies necessitated co-operation among its diverse people.

...
All international organisations require their members to give up some sovereignty in exchange for the benefits of joining the group. But in earlier times, this choice did not entail anything close to the kinds of sacrifices that are required today. Legislatures within the EU, and especially within the eurozone, are now obliged to cede discretionary power to unelected central bankers, judges, bureaucrats and industry regulators. One does not have to be a supporter of Syriza to see how this allows established political parties in difficult times to be turned into stooges of shadowy special interests.
So what is at stake in the eurozone crisis goes beyond the consequences of a Greek exit and beyond even the future of the EU itself. The crisis has thrown into question the very idea that the world can be governed.


Mark Mazower, no FT

a propensão para o detalhe



Uma das ideias mais importantes saídas do protestantismo, e que o próprio Lutero foi o primeiro a promover, é a de que as mulheres são iguais aos homens. Muitas teorias modernas - económicas, políticas, sociológicas - são hoje construidas sobre este pressuposto da igualdade, às vezes radical, entre homens e mulheres.

A tradição católica, pelo contrário, sempre afirmou que os homens e as mulheres são muito diferentes, e que as diferenças principais nem sequer são as que estão à vista. São do foro espiritual. E são de tal modo grandes que um homem e uma mulher, longe de serem iguais, são complementares - aquilo que ele tem a mais ela tem a menos, e vice-versa.

Não se trata de afirmar que o homem possui capacidades que faltam radicalmente às mulheres, ou vice-versa. Na realidade, são muito escassas as capacidades que pertencem exclusivamente a homens ou a mulheres. A grande maioria das capacidades humanas são possuidas por homens e por mulheres. A diferença é de grau e é esta diferença de grau que é, por vezes, muito substancial.

Gostaria hoje de tratar uma delas, a forma como um homem e uma mulher apreendem um objecto e o processo pelo qual formam a imagem desse objecto - uma coisa ou uma pessoa. O homem fá-lo de uma forma rápida - tudo nele é mais rápido do que na mulher -, como que de sopetão, através de uma visão que capta o objecto na sua generalidade e que faz ressaltar aquilo que nele é mais importante ou essencial (em certo sentido, aquilo que salta mesmo à vista).

É muito diferente a maneira como uma mulher forma a imagem do mesmo objecto. Ela fá-lo passo a passo, de forma muito mais lenta - tudo nela exige mais  tempo - detalhe a detalhe, pormenor a pormenor, montando a imagem final do objecto sobre uma multiplicidade de detalhes e pormenores que, decisivamente, escapam ao homem: "Aquela rapariga era muito bonita". "Sim, mas aquele sinal postiço na cara não lhe ficava nada bem".

Desta diferença resulta a maior propensão do homem para a generalidade e a abstracção, e para se concentrar naquilo que é importante e essencial, e a maior propensão da mulher para o particular e o concreto, e para dar mais importância àquilo que é acessório e superficial. As duas propensões complementam-se e produzem o seu melhor resultado quando um homem e uma mulher observam juntos um objecto, ela chamando a atenção para os detalhes, ele para o cerne da questão.

Como referi num post anterior, a primazia das ideias sobre as pessoas é outra característica do espírito masculino, e em que ele difere muito do espirito feminino, o qual dá primazia às pessoas sobre as ideias. As ideias e as ideologias só podiam ter sido criações masculinas e próprias das sociedades masculinas.

É impossível discutir ideias numa sociedade feminina. Porquê? Porque a discussão rapidamente deixa de estar centrada nas ideias para se centrar em pessoas e, mais importante ainda, rapidamente se desloca da ideia central - ou tese - para se concentrar em detalhes.

Num post anterior procurei ilustrar como se reproduz uma cultura feminina. Pelo caminho, e como um mero à-parte que não era nem de perto nem de longe essencial ao argumento, disse que não sabia estrelar ovos. Pois a caixa de comentários ficou dominada pelo tema dos ovos estrelados e pela centralidade da minha pessoa, especulando os vários comentadores se, em realidade, eu saberia ou não estrelar um ovo. (A resposta certa a esta questão é a seguinte: eu próprio não sei, nunca experimentei). E  foi um homem  - um homem, e não uma mulher - o primeiro a trazer os ovos estrelados para o centro do debate.

E chegamos ao ponto  que pretendo atingir neste post. Aquilo que caracteriza uma sociedade ou cultura feminina não é as mulheres agirem como mulheres, porque essa é a sua natureza própria e feminina. Aquilo que caracteriza uma sociedade ou cultura feminina é existir nela um número desproporcional ou uma grande massa de homens - a esmagadora maioria - que possuem um espírito que é, largamente, um espírito feminino.

Marina

Marina,

Gosto muito de si como comentadora.

Pediu-me que escrevesse sobre a relação caracteristicamente conflituosa ou competitiva entre mães e filhas na nossa cultura, bem como sobre o tema de serem as mães  caracteristicamente a mimar os rapazes.

Escrevi vários posts sobre ambos os temas. Talvez os mais significativos sejam estes: aqui e aqui.

Dedico-lhos. São para si.
PA

25 maio 2012

como os homens

Eu estou agora em condições de fazer passar um argumento que já tentei passar várias vezes, mas sem êxito. 

Trata-se de questionar o mito de que foi o protestantismo e o movimento da modernidade a que ele deu origem que libertou as mulheres. Mulheres livres são as suecas, as holandesas, as alemãs ou as americanas - enfim, as estrangeiras -, não as portuguesas porque essas estiveram tradicionalmente submetidas à escravidão do trabalho de casa e dos cuidados dos filhos.

O facto de os movimentos de libertação das mulheres, ao longo do último século e meio, terem tido origem, invariavelmente, nos países protestantes, e não nos países católicos, deveria ser motivo para levantar imeditamente a sobrancelha. Então, é lá que as mulheres são livres e é lá que elas se sentem escravizadas? Alguma coisa não bate certo.

É verdade que Lutero, logo depois das célebres teses, estava a declarar que as mulheres são iguais aos homens. É verdade também que foi o protestantismo e a modernidade que, em parte, libertaram as mulheres do trabalho da casa e do cuidado dos filhos - mas só em parte. Mas libertaram-nas, em parte, destas tarefas para elas fazerem o quê? Para elas irem trabalhar para os campos, para as fábricas, e só mais recentemente também para os escritórios, como os homens.

A responsabilidade de sustentar financeiramente a família que, na cultura católica, recai exclusivamente sobre o homem, passou a ser repartida, na cultura protestante, também pela mulher. Sem que a mulher pudesse fazer repercutir sobre o homem, de alguma forma significativa, os cuidados dos filhos, porque ela é insubstituível nos mais importantes cuidados dos filhos. Um homem sabe mudar uma fralda, mas não pode amamentar. E, por mais que um homem se esforce, os filhos quando têm fome, pedem comida à mãe, não ao pai. E quando estão doentes correm para a mãe, não para o pai. A mãe é a educadora por excelência, não o pai.

Livres eram as nossas mães, antes de o 25 de Abril introduzir em Portugal mais este elemento da cultura protestante. Muitas delas trabalhavam, sobretudo depois de os filhos serem crescidos, mas era
por opção. Agora as mulheres, na sua generalidade, trabalham por obrigação.

a servir outras mulheres


É claro que a mensagem cultural - "Vais sempre precisar de uma mulher" - que citei no post anterior não é a única que resulta daquela regra que a minha mãe anunciava e que fazia cumprir escrupulosamente - "Não quero cá homens na cozinha" - e fazia-o com tamanha autoridade que ninguém ousava contestar (afinal, ela era a autora principal de quatro dos cinco homens que a rodeavam).

Há outra, que é ainda mais importante. Mas antes de me referir a ela, gostaria de comentar a primeira reacção que o quadro que tracei pode suscitar, que é o de  uma mulher a servir cinco homens, tratando-lhes da comida, da roupa e da casa, e sem que eles mexessem uma palha.

É este quadro que é frequentemente invocado para ilustrar a alegada escravidão a que uma mulher se sujeita quando é ao mesmo tempo mãe. E, na verdade, seria assim se não existissem consequências daquele comportamento que ela assumia voluntariamente, e sem que ninguém lho impusesse - "Não quero cá homens na cozinha".

Passo agora à segunda parte da mensagem cultural que aquela frase transmitia aos filhos. É a seguinte: "O vosso lugar para trabalhar não é na cozinha nem em qualquer outra parte da casa. O vosso lugar para trabalhar é lá fora, num campo, numa fábrica ou num escritório. Um dia quando forem homens, é lá o vosso lugar para trabalhar, para trazerem para casa o dinheiro que permita à vossa mulher cuidar de vocês e dos vossos filhos, como eu agora estou a fazer".

Por outras palavras, aquela educação que ela deu aos filhos nunca permitiria a nenhum deles fazer à sua mulher uma proposta com o seguinte teor: "Olha, querida, hoje chateei-me com o patrão, e como está um excelente tempo lá fora, resolvi despedir-me. Agora fico eu em casa a fazer a comida e as camas, a limpar o pó, e também a olhar pelos miúdos. Nos tempos livres, dou umas voltas por aí, que também tenho direito. É a tua vez de ires lá para fora empregar-te num campo, numa fábrica ou num escritório para trazeres dinheiro para casa". Como assim, se eles não sabiam fazer nada em casa, se ela os educou para não saberem fazer nada em casa, se ela os proibia mesmo de fazer qualquer trabalho que envolvesse o cuidado da casa?

Aquela aparente servidão doméstica a que ela se sujeitava, tinha um outro fim em vista: educar os seus filhos para que fossem eles, um dia, como homens, a servir outras  mulheres.

homens na cozinha

"Saiam daqui. Eu não quero cá homens na cozinha".

Esta é uma das frases que mais frequentemente me ocorre ao espírito quando me lembro da minha mãe.

Para uma mulher que vivia rodeada de homens, o marido e quatro filhos, parece uma frase extraordinária. Na maior parte do tempo havia empregada doméstica que partilhava com ela todos os cuidados da casa. Mas quando não existia, ou estava de férias, era a minha mãe que assumia tudo sozinha. Fazer a comida, arrumar os quartos, tratar da roupa, e nunca umas calças ou uma camisa eram arrumadas no armário sem estarem devidamente engomadas.

O que é que ela pretendia com aquele princípio tão rígido, de não querer ninguém na cozinha, mesmo se às vezes nós só íamos lá com o propósito de a ajudar?

A minha mãe não era nenhuma intelectual e portanto aquele princípio, afirmado assim de forma  tão categórica e recorrente, só podia ter origem cultural, ser o reflexo da cultura em que ela própria nasceu e foi criada, e em que agora educava os filhos, todos homens.

O que é que ela visava com aquele princípio?

Valorizar as mulheres, torná-las indispensáveis aos olhos dos homens, como é próprio de uma cultura feminina.

Comecemos pelas consequências. Eu ainda hoje não sei estrelar um ovo, nem sequer fazer uma cama, e engomar uma camisa ou umas calças é para mim uma ciência  profundamente oculta, embora eu a tenha visto muitas vezes ser praticada pela minha mãe e pela empregada doméstica.

Por detrás daquele princípio - "Não quero cá homens na cozinha" - havia uma mensagem cultural profunda: "Vou-te educar de maneira que nunca conseguirás viver sozinho. Vais sempre precisar de uma mulher".

Cumpriu-se.

É assim que se reproduz uma cultura feminina.

e o fiel amigo?

Esta relação tão próximas entre pessoas e cães é única. Gatos, peixes, tartarugas, aves, ratos - nenhum animal doméstico mostrou ser tão fiel ao Homem.
Na revista Sábado desta semana.

PS: O bacalhau é um animal doméstico?

vida de cão

Os cães pensam? Segundo a Sábado, sim.






pensar (Infopédia)
verbo intransitivo
1.fazer uso da razão para depreender, julgar ou compreenderencadear ideias de forma lógicaraciocinar
2.refletir

recebido por email

2 palhaços 2










Beppe Grillo & Alexis Tsipras

24 maio 2012

troika dixit

Há hospitais a mais e gasta-se demasiado em cuidados continuados.

Porque é que os portugueses ligam tanto às opiniões dos estrangeiros e nada às dos portugueses, como aqui tem sido sublinhado pelo PA.
Será porque são os "maridos das outras"? Gostaria de propor uma explicação alternativa que me ocorreu quando li a notícia que linkei.
Toda a gente sabe que há camas hospitalares a mais e que alguns hospitais deviam fechar, mas ninguém quer ferir susceptibilidades. É como se fossemos uma família e ninguém quer chatear os familiares e amigos. Agora quando os estrangeiros vêm dizer o mesmo, a coisa muda de figura. É a troika que quer fechar hospitais. Não é o Dr. Paulo Macedo, nem o Dr. Passos Coelho, nem o Dr. Miguel Relvas... estas pessoas não têm de ficar com o ónus dessas decisões.
O apreço pelas opiniões dos estrangeiros pode, portanto, ser também uma espécie de concretização de algo local, mas que é convenientemente transferido para fora. Nalguns casos, estou convencido de que é isto que se passa.

Daniel Cohn-Bendit MEP

As propostas do Syrisa para eliminar os cortes salariais e subir o salário mínimo para 1.300,00 € são malucas e completamente idiotas. Toda a gente sabe que os cofres estão vazios. Onde é que vão buscar o dinheiro para esses aumentos salariais se a Europa não continuar a ajudar?
Cohn-Bendit sobre o Syrisa

fortes com os fracos

“O que estes números nos dizem é que essencialmente são os trabalhadores assalariados e os pensionistas a segurar a receita e a levar a crise às costas”, comenta o fiscalista Sérgio Vasques. “Quanto mais se tira aos contribuintes pelas retenções na fonte de IRS mais eles se retraem no consumo do dia-a-dia. E mais se recolhem à “cash economy” [economia informal] que renasce por toda a parte”, junta.

Receitas com IVA baixam 3,5%

As receitas fiscais baixaram 3% nos primeiros quatro meses do ano, um comportamento que se deve sobretudo à redução na colecta de impostos indirectos, que desceram 6,7%, já que as receitas com impostos directos subiram 3,3%.
Segundo os dados da DGO, as receitas com IVA, que espelham de forma mais fidedigna o desempenho da economia, desceram 3,5% . Ainda assim foram registadas quebras mais intensas noutros impostos indirectos, com o ISP a cair 7,8%, o imposto sobre veículos a baixar 48% e o imposto sobre o tabaco a descer 17,7%. Nos impostos directos o Estado cobrou mais 33,2% em IRS e 13% em IRC. 
A DGO destaca que os impostos directos estão acima do esperado, com um grau de execução de 26,3%, acima do padrão médio de execução (23,8%), “baseado no comportamento IRS, cuja cobrança tem aumentado nos três últimos meses”.
No JN

PS: Depois de pagarem os impostos directos (IRS), os portugueses ficam sem dinheiro para sobreviver (impostos indirectos). Não me parece uma situação sustentável.

23 maio 2012

razão suficiente

Um membro do governo, bem relacionado com as secretas, ameaça revelar factos da vida privada de um cidadão. Como é que esse membro do governo poderia ter tido, alegadamente, acesso a esses dados e de que tipo de dados poderíamos estamos a falar?
Sabemos que, em Portugal, o Estado controla mais de metade da economia e ainda que os sectores da educação, da saúde e da segurança social são “quase monopólios” públicos. Assim sendo, os espiões amigos não devem ter qualquer dificuldade em “escrutinar” a vida pessoal seja de quem for e expor potenciais esqueletos escondidos.
1. Actividade profissional: A pessoa em causa desempenhou algum cargo na função pública ou numa empresa pública (ou semi-pública)? É só vasculhar.
2. Educação: Equiparações duvidosas, exames por fax aos fins de semana, plágios, falsificações curriculares. É só perguntar.
3. Saúde: Doenças sexualmente transmissíveis, abortos, doenças psiquiátricas, toxicodependência. É só ir ao arquivo.
Usem a imaginação, exemplo: essa tipa é conflituosa, já teve alguns processos disciplinares, tirou negativas a latim e grego, já fez um aborto e... é verdade, também tem herpes e hemorroidas.
Se não existisse qualquer outra razão para defender o Estado mínimo, pelo menos a defesa do direito à privacidade já seria razão suficiente. É que mesmo sem grandes esqueletos escondidos, é sempre possível denegrir um cristão com alegações e meias-verdades.

o humor da Bloomberg

despedimentos na EDP

EDP quer cortar 48 milhões em custos com trabalhadores

Pergunto: corte nas rendas = despedimentos? Onde está a gestão?

o tempo



Não existe recurso mais precioso para uma mulher do que o tempo. Tudo nela demora tempo e requer tempo. Ela demora mais tempo a reagir sexualmente. Ela demora mais tempo a arranjar-se de manhã para ir para o emprego. Ela demora mais tempo a tomar decisões. Naquele processo de produção em que ela participa juntamente com o homem, e que é o mais importante de todos - a reprodução - a participação do homem pode reduzir-se a alguns minutos, a dela demora nove meses.

É assim também numa sociedade feminina, como Portugal. Tudo demora tempo, pedir uma certidão, obter uma licença, fazer uma reparação no ar condicionado, produzir de parafusos.

Numa sociedade masculina, pelo contrário, tudo é rápido porque tudo é feito com pressa. É feito à homem. Os homens economizam o tempo, as mulheres preenchem o tempo. Vender tempo, cobrando por ele uma preço ou taxa de juro, só podia ser uma invenção de uma cultura masculina - a judaica - nunca de uma cultura feminina, como a católica. A uma mulher nunca sobra tempo, uma mulher ou uma sociedade feminina não tem tempo para vender.

Pretender que uma sociedade feminina, como é a portuguesa, pode competir em termos de produtividade industrial com uma sociedade masculina, como a alemã ou a dinamarquesa, é uma ilusão. Primeiro, porque as mulheres não gostam do ambiente das fábricas. Segundo, e mais importante, porque tudo nelas demora muito mais tempo.

+ AAA

Bar Refaeli


AAA

morte fiscal

Um "case study".

óbvio

Um socialista não deve estar no governo a interferir com as áreas económicas. Só prejudica!

descontrolo

A análise do Diário Económico aos mapas de cada unidade hospitalar permite concluir que os prejuízos quase duplicaram, passando de um resultado global negativo de 49 milhões de euros em Fevereiro para 95 milhões em Março. Contas feitas, os prejuízos agravaram-se em 94%.

22 maio 2012

Desconcentrá-lo


O que é que visa o assédio, o que é que se pretende conseguir com este comportamento que é na origem feminino e dirigido a um homem, embora nas sociedades femininas seja indiscriminadamente praticado, nas mais variadas formas,  por mulheres e homens e sobre homens e mulheres?

O que é que uma mulher visa assediando um homem?

Desconcentrá-lo.

Desconcentrá-lo de tudo o que seja espiritual ou do intelecto, para o trazer à terra, para o virar para aquilo que é real e concreto - ela, em primeiro lugar.

Uma mulher não abdica de ser o centro das atenções, e este é um dos mais distintivos comportamentos femininos. Ela disputa este lugar a Deus.

Tudo começou no Jardim do Eden. Adão estava lá concentrado, olhos postos no céu, a meditar em Deus. Eva passou uma vez e, à primeira, ele nem reparou nela. Ela passou a segunda vez. Desta vez, ele baixou o olhar, mas rapidamente o voltou de novo para o céu, como que envergonhado, e o espírito para Deus. Ela passou mais uma vez e ainda outra.

Não demorou muito tempo até que ele estivesse na posição do missionário, de costas  voltadas ao céu e a Deus.

Os maridos das outras




Dizer mal dos seus é, em primeiro lugar, um comportamento de mulher. É o comportamento típico da mãe em relação ao seu filho adolescente e é uma componente essencial do assédio que ela exerce sobre ele com vista a educá-lo.

Não é possível a uma mulher ser mãe, criando com outros seres humanos a relação emocional mais forte que existe, sem que esse comportamento fique indelevelmente gravado na sua natureza feminina e na sua personalidade, e seja generalizado a outras pessoas a quem ela quer bem. E qualquer homem que tenha vivido o tempo suficiente com uma mulher sabe que os melhores maridos são os maridos das outras, não o dela.

Numa sociedade de cultura feminina, e ao contrário do que acontece numa sociedade de cultura masculina, este comportamento de assédio, com a sua componente de dizer mal dos outros, que é um comportamento na origem feminino e da mãe, tende a sair desta esfera privada ou familiar, onde ele possui um fim altruista, e a generalizar-se na comunidade de uma forma que é socialmente aceite.

Assim, uma característica típica das sociedades de cultura feminina, como é Portugal, é o facto de as pessoas dizerem mal dos seus. Os portugueses dizem mal dos portugueses e do que é português  - e são indistintamente mulheres e homens a fazê-lo porque numa sociedade de cultura feminina o espírito dos homens tem muito de feminino.

Aquilo que numa sociedade de cultura feminina exerce um fascínio irresistível sobre as pessoas é o estrangeiro e tudo o que é estrangeiro. Nesta sociedade feminina, o estrangeiro é uma espécie de marido da outra.

welcome to the multiverse

The latest developments in cosmology point toward the possibility that our universe is merely one of billions.

um sinal que ainda não vimos por cá

Las grandes empresas se movilizan en defensa de la solvencia de España

spin

Peso dos impostos cobrados em Portugal em 2010 abaixo da média europeia 21/5/2012 16:06
O peso médio dos impostos sobre o rendimento laboral e o consumo em Portugal estão abaixo da média europeia, revela um estudo do Eurostat divulgado hoje. Em 2010 os impostos implícitos sobre o trabalho pesavam 23,4%, quando nos 27 Estados-membros a média ultrapassa os 33%. Na zona euro, o peso da carga fiscal laboral é de 34%.

Portugal cobra impostos acima da média europeia 21/5/2012 11:57
Portugal apresenta actualmente taxas máximas de impostos sobre pessoas singulares (IRS), empresas (IRC) e sobre valor acrescentado (IVA) acima da média europeia, revela um estudo do Eurostat sobre a evolução da política fiscal na União Europeia (UE), hoje divulgado.

PS: O Público de hoje vem dar a mão ao ministro das finanças, pretendendo talvez conquistar um aliado na guerra com Miguel Relvas, digo eu. A verdade é que os impostos em Portugal estão demasiado elevados e o esforço fiscal tornou-se insuportável. Nas comparações com a Europa temos de começar por compreender que os nossos salários são mais baixos e portanto uma taxa de 23,4% sobre um salário, por exemplo, de 500,00 € representa um esforço muito maior do que uma taxa de 33% sobre um salário de 1.000,00 €.

21 maio 2012

hiper, giga, mega-neoliberal

Portugal cobra impostos acima da média europeia

o comando foi confiado a irresponsáveis

não foi para isto que se fez o 25 de Abril

Quando um banqueiro utiliza a linguagem da CGTP sabemos que se chegou ao fim do regime. Cada um fez a sua leitura pessoal do 25 de Abril e foi remando para o seu lado, mas o barco ficou sem rumo até naufragar.
Claro que não foi para isto que se fez o 25 de Abril, não foi certamente para perdermos a soberania nacional, mas foi isso que aconteceu e agora muita gente vai querer regressar ao 24 de Abril.

porquê?

Porque é que Miguel Relvas se preocupa com o Público? Eis o mistério.

20 maio 2012

uma instituição divina

No seguimento do meu post anterior, o que é que pode levar mesmo pessoas de boa-vontade, às vezes muito informadas e lidas, a possuirem um monumental preconceito em relação à Igreja Católica, por forma a ignorá-la, a desprezá-la, senão mesmo escarnecê-la?

Eu penso que, na maior parte dos casos, certamente nos países de tradição católica,  é uma monumental confusão - a  confusão entre a Igreja e aqueles que a servem. Ora, existe uma grande distinção, que é a seguinte: A Igreja é uma instituição divina, embora seja servida por homens - os padres. A Igreja é uma criação de Cristo ("Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja"). Os homens que a servem podem cometer pecados e deixar-se corromper, como por vezes sucede. Mas a Igreja não, porque é obra de Deus.

É esta confusão entre a instituição e os homens que em cada momento a servem que é a fonte de todas as incompreensões.

Peter Drucker

O outro austríaco.

Podem ler aqui, no WSJ, uma selecção de crónicas do Peter Drucker.

Governar e executar

O post anterior do Joaquim, citando o Peter Drucker, ilustra uma conclusão que tenho vindo a amadurecer e que cada vez mais tomo como firme. É a seguinte.

A Reforma protestante cortou radicalmente com a  Igreja Católica (e,  nesse movimento, teve o apoio da comunidade judaica; a este respeito, que é secundário para o meu própósito presente, a expulsão dos judeus da Península Ibérica deve ser vista como uma reacção católica de defesa contra o facto de os judeus se terem associado ao "inimigo").

A partir de então, a comunidade judaico-protestante, no norte da Europa e, mais tarde,  na América do Norte também, passou a ignorar por completo tudo o que era católico - a Igreja, a doutrina católica, os países católicos, os autores católicos.

E dedicou-se a descobrir verdades, às vezes apresentadas como grandes novidades, que, passado um tempo, se verifica, afinal, serem as verdades que o catolicismo sempre ensinou, quer pela palavra quer pelo exemplo.

O Papa (e mais geralmente a Cúria Romana) há muito que pratica aquilo que o Drucker vem agora dizer como se fosse uma grande descoberta. O Papa (ou mais geralmente, a Cúria Romana) toma decisões, mas não as executa.

Porquê? Porque corre o risco de se "queimar", de desvalorizar a sua autoridade, não sendo capaz de executar as decisões que ele próprio toma. Bastava um caso destes, para que a sua autoridade como tomador de decisões ficasse aniquilada. Governar e executar são tarefas muito distintas e que devem ser rigorosamente separadas.  

Existe mais ao tema para além da conclusão do Peter Drucker. As pessoas que exercem a governação (ao contrário daquelas que fazem a execução) devem ser praticamente inacessíveis aos governados.

Eu não pretendo com estas observações desvalorizar o Peter Drucker. O que pretendo é incentivar os portugueses que se dedicam a estas questões do intelecto a pensarem que aquilo que andam à procura lá fora está mesmo aqui dentro de casa.

+ Drucker

As empresas... tiveram de enfrentar, embora numa escala muito mais reduzida, o problema com que agora se deparam os governos modernos: a incompatibilidade entre "governar" e "executar". A gestão de empresas aprendeu que as duas funções têm de ser separadas e que o órgão superior, aquele que toma as decisões, tem de ficar afastado da "execução", caso contrário, não toma decisões e a "execução" também não é lavada a cabo.
Peter F. Drucker

coroa a ética duma estética

"E só para terminar, e deixar de vez em paz este blogue, mais os seus respeitáveis autores e leitores, sempre encerro o assunto com uma daquelas de cátedra:
a diferença essencial entre a tradição católica (que desde o século XIII, com Aquino, se converteu a Aristóteles) e a "cultura protestante" é que aquela coroa a ética duma estética enquanto esta sujeita (e portanto nanifica) ambas a uma epistemologia. No fundo, mitologicamente falando, a diferença que vai de Teseu a Procusta.
Quem tiver ouvidos que oiça; quem tiver olhos que veja".



Thanks Dragau Au Au. Bye bye. We are going to miss you.
Humbleness is what I feel before your explanation. Fantastic.

o assédio

O assédio é o comportamento pelo qual uma pessoa, de forma sistemática e recorrente, anda de volta de outra - contra a vontade desta - com o propósito de obter certo fim. Aquilo que caracteriza o assédio é, em primeiro lugar, uma forte relação emocional da primeira para a segunda pessoa, a tal ponto que ela não se consegue desligar da outra. A segunda característica é que um tal comportamento é contra a vontade da pessoa que é alvo dele. Em termos populares, o assédio é o comportamento pelo qual, de uma forma sistemática e recorrente, uma pessoa anda a chatear a outra com vista a conseguir certo fim.

Na sua esfera própria, o assédio é um comportamento altamente valioso e construtivo. É o comportamento típico da mãe em relação ao seu filho adolescente. Numa altura em que o filho se sente em condições de assumir a sua própria individualidade e capaz de trilhar os seus próprios caminhos e experiências na vida, é pelo assédio que a mãe o controla e o educa, e se certifica que ele não entra por maus caminhos: Onde é que andaste? Com quem andaste? A que horas chegaste? O que é que andaste a beber? Vai fazer essa barba, meu desleixado. Vai estudar para o exame, que ainda chumbas o ano. É esta também a razão por que, nesta fase da vida, todo o filho considera a sua mãe uma chata. O assédio que ela lhe move é frequentemente sem quartel. Aquilo que caracteriza o assédio materno é o seu altruismo, ele é feito não para o bem da mãe, mas para o bem do filho, embora contra a vontade deste.

Muito diferente deste é o assédio que é praticado para gratificar o seu próprio autor. Trata-se agora de andar a chatear o próximo por prazer próprio. É um comportamento danoso para o próximo. Por isso, nas sociedades masculinas este comportamento é inaceitável ao ponto de ser criminalizado. Trata-se de uma extensão, ainda por cima indevida, de um comportamento que, sendo feminino na origem,  não é particularmente valorizado nas sociedades masculinas, como não é valorizado  nenhum comportamento feminino. Pelo contrário, nas sociedades femininas, o assédio indevido, embora não sendo valorizado, é, pelo menos tolerado, precisamente por que é um comportamento na origem feminino e que corresponde, por conseguinte, à cultura prevalecente nessa sociedade. É normal, por assim dizer.

É conhecido que o   assédio indevido mais frequente é o assédio  sexual, geralmente praticado por homens. Nas sociedades masculinas, este comportamento é criminalizado. Nas sociedades femininas, assediar sexualmente mulheres, constitui, pelo contrário,  um alegre passatempo. E, embora este comportamento, seja mais frequentemente praticado por homens, é preciso não esquecer que a sua origem  é feminina. O assédio é a grande arma da mãe para educar o seu filho ou filha adolescente.

O assédio indevido, aquele que visa o prazer do seu autor, e não o bem da outra pessoa, não é exclusivamente sexual. Pode revestir outras formas, que são igualmente criminalizadas nos países masculinos, mas não nos países femininos, em que permanecem socialmente aceites. Trata-se agora meramente de andar de volta de outra pessoa com o objectivo de a chatear e para gratificação própria.

Para não ir mais longe, quem abrir as caixas de comentários deste blogue constatará que, pelo menos metade dos comentadores que aí se exprimem, vão lá com o propósito explícito de assediar o Joaquim ou a minha própria pessoa. Destes, a maior parte são homens; na realidade, eu só consigo encontrar uma mulher entre eles. Eles vão lá para diminuir o autor, para o depreciar, frequentemente para o insultar, em suma, para o chatear, e parecem retirar grande prazer dessa actividade, no sentido em que estão lá permanentemente, estão sempre de volta.

Encontramos aqui a ambivalência típica de sentimentos que é própria do espírito feminino, e que caracteriza o assédio, a coexistência simultânea de dois sentimentos  radicalmente opostos e contraditórios, como são o amor e o ódio: "Detesto-te, mas não posso passar sem ti". Quando é uma mulher a fazê-lo, tudo parece perfeitamente compreensível.

Mas o que dizer, quando são homens? A resposta é que são homens tipicamente saídos de uma cultura feminina, homens em cujo espírito existe muito de mulher.  Numa cultura masculina, eles seriam reprovados pela  própria comunidade e, a prazo, desapareceriam: "Deixe lá o homem. Você não larga o homem. O que é que você pretende do homem?". E, na realidade, quem pode duvidar que este comportamento de "não largar o homem" é um comportamento típico de mulher?

realismo católico

Como o Joaquim sugere num post anterior, invocando o Peter Drucker, é necessário, no momento difícil actual, que é uma espécie de beco sem saída em que a sociedade portuguesa se encontra, procurar novas soluções aos problemas que afectam a comunidade portuguesa.

Exige-se a máxima racionalidade, quer no diagnóstico dos problemas, quer na procura de soluções para os resolver.  E a racionalidade significa em primeiro lugar realismo, olhar para a sociedade tal como ela é e não como nós gostaríamos que ela fosse. Só com realismo se podem diagnosticar os verdadeiros problemas e encontrar as soluções eficazes.

Encontramo-nos aqui no cerne de mais uma oposição moderna entre a doutrina católica, por um lado, e as várias doutrinas saídas do protestantismo, como são as ideologias. O catolicismo afirma categoricamente que todas as ideologias são falsas, porque não são realistas. Em que é que ele se baseia para fazer tal afirmação ou, de outro modo, em que é que consiste, e o que é que caracteriza, o chamado realismo católico?

As ideologias, como o próprio nome sugere, partem das ideias para analisar a sociedade. O catolicismo, pelo contrário, parte das pessoas, e começa por reconhecer que existem dois tipos de pessoas - homens e mulheres. Lutero foi, obviamente, o primeiro teólogo do protestantismo a afirmar que as mulheres são iguais aos homens. Ao fazê-lo, ele tornou irrelevante a distinção entre homens e mulheres e ao remover o culto de Maria, exaltando o de Cristo, ele assimilou as mulheres aos homens. Para o protestantismo,  e para as correntes de pensamento que dele emanaram, a sociedade é uma massa amorfa de pessoas em que, neste sentido, todas podem ser tratadas como homens.

Existem aqui duas questões. A primeira é a de saber quem tem precedente, se são as pessoas se são as ideias. A resposta é, seguramente, as pessoas e neste primeiro aspecto é a doutrina católica que é verdadeira. As pessoas precedem as ideias. As ideias existem como um dom de Deus, que é posto ao serviço das pessoas, e não o contrário. Não são as ideias que precedem as pessoas, não são as pessoas que devem ser postas ao serviço das ideias.  Na sua pretensão de fazê-lo, de pôr as pessoas ao serviço das ideias, as ideologias cometem o seu maior erro e o erro de base.

Assim, o liberalismo procura construir a sociedade em torno da ideia suprema de liberdade, e o socialismo procura fazer o mesmo mas em torno da ideia de igualdade. (Peter Drucker, fazendo uso do pragmatismo, que é típico da cultura anglo-saxónica, parece querê-la reconstruir em torno da ideia de funcionalidade). Depois, os respectivos ideólogos, procuram torcer as pessoas   por forma que elas serviam, respectivamente, cada um destes ideais abstractos. Mas como as pessoas não foram feitas para servir as ideias, foram as ideias que foram feitas para servir as pessoas, falham sempre nesta tentativa, mesmo quando utilizam a violência para tentar torcer as pessoas.

A segunda questão respeita aos sexos. É claro que existem diferenças profundas (mas também igualdades) entre homens e mulheres, caso contrário Deus teria apenas criado homens ou mulheres, e não ambos. As igualdades que existem entre os dois géneros esbatem-se perante as diferenças, a tal ponto que aquilo que os caracteriza é a sua complementaridade. Homens sozinhos ou mulheres sozinhas não conseguem fazer nada de produtivo, certamente não se conseguem em primeiro lugar reproduzir. Uma comunidade só de mulheres ou só de homens estaria irremediavelmente condenada à extinção. Uma comunidade humana não é, como pretende o pensamento moderno saído do protestantismo, uma comunidade essencialmente de homens, e onde  as mulheres são assimiladas aos homens. É uma comunidade feita de dois géneros complementares e, por isso, diferentes - homens e mulheres. É também a doutrina católica que está certa neste ponto.

Para o pensamento católico, então, para identificar os problemas de uma comundade humana e procurar a sua solução, aquilo que se deve começar por fazer é conhecer as pessoas e, em particular, o dois tipos de pessoas que existem - homens e mulheres. Só a pessoa humana, na sua variedade de homem e mulher, pode constituir o ponto de partida para uma análise realista da sociedade. O resto, as ideologias, são jogos de intelectuais, que são aqueles que acreditam, contra toda a evidência, que as ideias precedem as pessoas e que são mais importantes do que as pessoas.

Existem muito poucas capacidades que são exclusivas dos homens (v.g., ejaculação) ou exclusivas das mulheres (v.g., dar à luz). A maior parte das capacidades humanas, ou dons de Deus, são possuidas por ambos os sexos, mas em graus muito diferentes. Assim, a propensão para o abstracto é mais uma característica masculina do que feminina, sendo a propensão para o concreto mais feminina que masculina. É mais comum entre os homens dar mais importância às ideias do que às pessoas. As mulheres, pelo contrário, tendem a dar mais importância às pessoas do que às ideias. Neste ponto particular, e  como argumentei anteriormente, a verdade está do lado feminino, que é também o lado católico, por oposição ao lado protestante.

Uma sociedade é feminina ou masculina consoante o comportamento ou paradigma prevalecente seja o feminino ou o masculino. Uma sociedade feminina não é uma sociedade onde os homens são mulheres. É uma sociedade onde, quando chega a altura de optar entre o comportamento masculino e o comportamento feminino, ela defere perante o comportamento feminino. Na medida em que a maior parte das capacidades e comportamentos são comuns a homens e mulheres, e são muito raros aqueles que pertencem exclusivamente a um dos géneros, trata-se de uma diferença de grau. É claro que numa sociedade feminina os homens possuem em maior grau características femininas do que numa sociedade masculina.

Num post anterior, eu tinha prometido ilustrar esta característica com o comportamento do assédio. É isso que farei no próximo. 

 

uma sociedade disfuncional

Para que uma sociedade seja funcional, segundo Peter Drucker, são necessários dois requisitos essenciais: que cada um conheça o seu estatuto e respectivas funções sociais e que todo o poder social decisivo - toda a autoridade - seja legítimo, isto é, que reflicta o "ethos" da sociedade.
Ora no momento actual, a nossa sociedade não poderia ser mais disfuncional. A crise e a mudança ameaçam o estatuto e a função social de cada cidadão, com consequências devastadoras:
"Para o indivíduo desprovido de função e estatuto sociais, a sociedade é irracional, instável e informe. O indivíduo "desenraizado", marginalizado ... não vê qualquer sociedade; vê apenas forças demoníacas, semissensíveis, mas sem sentido, semi-iluninadas, semiobscuras, mas sempre imprevisíveis, que decidem sobre a sua vida e sobre o seu meio de subsistência, sem que haja a possibilidade de interferência da sua parte; sem que haja, na verdade, possibilidade de as entender".
Por outro lado, o poder social decisivo é ilegítimo porque "não retira o seu direito das doutrinas básicas da sociedade" e "o poder ilegítimo, invariavelmente, corrompe; porque só pode ser força, nunca autoridade".
Chegamos portanto a um daqueles momentos históricos em que não é possível continuarmos com mais do mesmo. A sociedade portuguesa necessita de ser refundada, para se tornar funcional.

uma cambada de ursos

A "verdade inconveniente" é que os defensores da teoria do aquecimento global foram uma cambada de ursos.

gaia

James Lovelock, the maverick scientist who became a guru to the environmental movement with his “Gaia” theory of the Earth as a single organism, has admitted to being “alarmist” about climate change and says other environmental commentators, such as Al Gore, were too.

PS: Por cá vai demorar mais alguns anos até que se reconheça o alarmismo.

refusenik

"Déjà vu". A contestação vai aumentando até à queda da ditadura. Não vai demorar muito até os intelectuais perceberem que o modelo chinês não constitui uma alternativa à democracia liberal e capitalista.

2 notícias 2

David Cameron's radical plan to reform jobs red tape (Desemprego - 8,2%)

Ministro diz que Portugal é um exemplo de "valorização da coesão social" (Desemprego - 15%)

18 maio 2012

liberdade

Qual é o valor fundamental que os socialistas estão sempre dispostos a sacrificar? Enquanto releio Peter Drucker, penso: é a liberdade. Os socialistas estão sempre dispostos a sacrificar a liberdade, em particular pela igualdade e pela segurança.
A simples liberdade de escolher uma escola para os filhos, ou um médico, deixa-os à beira de um ataque de nervos. Mas nem é necessário falar das vacas sagradas que são a educação e a saúde, a mera possibilidade de os cidadãos optarem por umas promoções no super já os deixa de rastos, num estado de incontinência verbal que mais parece patológico.

as rotativas estão prontas

Meanwhile, an industry source told Reuters Friday that De La Rue has drawn up contingency plans to print drachma banknotes should Greece exit the euro and approach the British money printer.

o maior erro



O maior erro que as empresas podem cometer é desencorajar a concorrência.

palhaço

Trichet defende que a Europa possa governar um estado-membro em casos excepcionais

o rabo a arder

“Não sei onde vamos parar. Se a Grécia sai do euro não sei o que vai acontecer. Nos próximos dias, se não houver uma actuação dos responsáveis políticos europeus, e do BCE, que possa inverter esta situação, nós estamos à beira de uma catástrofe económica, financeira e social como não há dimensão”.
Quanto a Portugal, o deputado do PSD sublinha que, sozinho, “Portugal pode fazer muito pouco” para evitar a tragédia.
Frasquilho defende que Portugal não estava preparado para entrar no euro, e que devia ter feito reformas estruturais em áreas como a Justiça, o mercado de trabalho, ou o mercado de arrendamento, há uma década atrás. “Estamos a actuar agora com mais de dez anos de atraso”, reforçou.

Deputado do PSD, no JN

PS: Infelizmente, ainda não há quaisquer reformas dignas desse nome. Nem na justiça, nem no mercado de trabalho, nem no mercado de arrendamento. É mais do mesmo.

responsáveis pelo Bem Comum

Nas sociedades modernas o único grupo de líderes são os gestores. Se os gestores das nossas maiores instituições, e especialmente das empresas, não assumirem a responsabilidade pelo Bem Comum, mais ninguém o poderá ou quererá fazer.
Peter F. Drucker

o que ando a ler

"O homem, para a sua existência social e política, precisa de uma sociedade que funcione, tal como, para a sua existência biológica, tem de ter ar para respirar. No entanto, o facto de o homem precisar de uma sociedade, não significa forçosamente que a tenha. Ninguém chama "sociedade" a uma massa de seres humanos que, num naufrágio, foge em pânico e de forma desorganizada. Não há sociedade, embora existam seres humanos num grupo. Na verdade, o pânico é uma consequência directa do colapso de uma sociedade e a única maneira de o superar é restaurar uma sociedade com valores sociais, disciplina social e organização social."
Peter F. Drucker

Fico a pensar se ainda temos uma sociedade funcional em Portugal ou se somos apenas um grupo de pessoas que para aqui estão. Vou ler.

o orgasmo




Neste post,  decidi desenvolver o assunto do post anterior numa direcção que me pareceu prioritária, deixando o tema do assédio para mais tarde.

Ao afirmar que a cultura popular portuguesa e católica é uma cultura feminina, eu não espero ser popular. Primeiro, porque estou a entrar por caminhos que, no meu conhecimento, nunca foram antes desbravados. Segundo, porque a cultura popular portuguesa não dá grande importância às coisas do intelecto (outra das suas características femininas, dando mais importância às coisas do coração). Terceiro, porque pode parecer que estou a atentar contra o sentimento de virilidade dos homens portugueses, diminuindo-os. Ora, é precisamente este último ponto que pretendo esclarecer.

Numa cultura masculina os homens não são necessariamente mais viris do ponto de vista sexual. Pelo contrário, são até menos viris. Começo por admitir que a consumação de uma relação sexual entre um homem e uma mulher se verifica pelo orgasmo, e elevo até o  padrão da relação ao ponto de considerar que a relação sexual ideal ou perfeita se consuma no orgasmo simultâneo do homem e da mulher.

Considero, agora, dois factos da realidade. O primeiro é que o orgasmo feminino se desenvolve muito mais lentamente do que o orgasmo masculino. O segundo é que o orgasmo feminino não é necessario à reprodução da espécie, a tal ponto que existe quem o considere um "luxo biológico". Apenas o orgasmo masculino é necessário para esse fim.

Numa cultura masculina, o padrão é o dos homens e, portanto, a consumação  da relação é aferida pelo orgasmo masculino. Se a mulher quer partilhar o seu orgasmo com o do homem, então ela que se apresse. Pelo contrário, numa cultura feminina, o padrão é o da mulher e, portanto, o êxito da relação é aferido pelo orgasmo feminino. Se o homem quer partilhar o seu orgasmo com o orgasmo da mulher, então ele que se contenha.

Numa cultura masculina, a mulher está lá para servir o homem e a relação é consumada com o orgasmo do homem, o que significa que na esmagadora maioria dos casos, a mulher fica a meio do caminho, se é que sequer iniciou o caminho. Numa cultura feminina, pelo contrário, o homem está lá para servir a mulher, ficando ele próprio em segundo plano. "Primeiro as senhoras", é o lema desta cultura, também em matéria de relações sexuais.

Nesta cultura, um homem que não se consegue conter e consuma o seu orgasmo, deixando a mulher para trás, não passa de um adolescente, sofrendo de ejaculação precoce. E é assim também que este homem vê a relação sexual da cultura masculina. É uma relação que só gratifica o homem e em que a mulher não conta para nada - excepto para o servir.

Muito diferente é a maneira como um homem de cultura masculina vê uma relação sexual na cultura feminina. É conhecido que uma pessoa vinda do norte da Europa ou da América acha que nós portugueses complicamos tudo, demoramos muito tempo a fazer tudo, e frequentemente fazemos coisas para nada. Seria esta reacção também que esta pessoa teria ao observar uma relação sexual na nossa cultura: "Tanto trabalho que ele está a ter, e tanto tempo que eles demoram, para chegar a uma coisa que afinal não serve para nada (o orgasmo feminino)".

A fama do "macho latino" (católico, mais apropriadamente) não resulta, como às vezes se pensa, da sua capacidade para produzir múltiplos orgasmos durante uma relação sexual. Neste aspecto, ele não é nenhum super-homem diferente do homem de qualquer outra cultura. Na realidade, o verdadeiro "macho católico" não tem sequer como sua primeira prioridade atingir o orgasmo. A sua primeira prioridade é que a mulher atinja o orgasmo. É esta deferência pela mulher, acompanhada de contenção - o que em geral significa uma erecção prolongada - que deu fama ao "macho latino", e que constitui a marca distintiva da sua virilidade.

E, de facto, não é difícil imaginar o que pode sentir uma mulher vinda de uma cultura masculina, caracterizada por aquele tipo de relações sexuais,  em que ela é a serva, e que agora experimenta outra cultura, uma cultura feminina - uma cultura onde ela é a rainha.

17 maio 2012

não levam

"É verdade, o PA que não manche o cv de candidato a déspota à conta de erros.

O nu é como o cu, não levam acento."


Peço desculpa pelo erro que cometi no post anterior e para o qual uma comentadora me chamou a atenção. É caso para dizer: "Diz o rôto ao nu ..."

para acabar com o desemprego

1. Acabar com o salário mínimo
2. Acabar com as indemnizações por despedimento
3. Acabar com os subsídios de férias e de Natal
4. Reduzir as férias para 15 dias por ano

2 notícias 2

Andalucía es la región que paga más impuestos de Europa

La tasa de paro que han alcanzado Extremadura y Andalucía ya está cerca de la tasa de la Franja de Gaza, que está en el 37 por ciento. En Extremadura, el 30,1 por ciento de la población en edad de trabajar está en el paro; en Andalucía, el 27,6 por ciento.

paradigma


Agora que a crise do euro veio pôr a nú a clivagem, nalguns casos profunda,  que existe entre os países do norte da Europa, de cultura predominantemente protestante, e os países do sul da Europa, de cultura predominantemente católica, existe também a oportunidade ideal para analisar aquilo que caracteriza cada uma dessas culturas e para compreender por que é que as ideias e as instituições que são adequadas a uma se mostram inadequadas a outra.

Para conhecer cada uma desta culturas e as confrontar é conveniente dispôr de um paradigma, uma ideia ou filosofia geral que possa servir de matriz ou referência a cada uma desta culturas, e a partir da qual as respectivas diferenças sejam facilmente deduzíveis. Na minha consideração, o melhor paradigma que encontrei, no sentido de ser um paradigma realista, é o de olhar a cultura católica como uma cultura feminina e a cultura protestante como uma cultura masculina.

Na realidade, umas das características principais da Reforma protestante foi a abolição do culto de Maria, e a sua concentração exclusiva no culto de Cristo. Com a Reforma protestante, Maria desceu do altar em que a cultura católica sempre a colocou e, com ela, desceram todas as mulheres. O culto passou a centrar-se na figura de um homem - Cristo - enquanto nos países católicos o culto continua a centrar-se na figura de Maria (como o último dia 13, em Fátima, mais uma vez demonstrou).

Apeando Maria do altar, o protestantismo tornou a mulher igual ao homem, mas o movimengo foi feito de cima para baixo, e tornou o homem, na pessoa de Cristo, a figura central da sociedade. Foi esta transformação que conferiu às sociedades de influência protestante o seu carácter masculino. As referências de comportamento são as referências masculinas e as mulheres comportam-se tendencialmente da mesma forma que os homens, e segundo os padrões masculinos.

Nos países que conservaram a tradição católica, as mulheres, na pessoa de Maria, permaneceram no altar, um altar que as coloca acima dos homens. Nestas sociedades, as referências de comportamento são femininas e os homens, por educação e cultura, tendem a comportar-se segundo os padrões sociais vigentes, que são padrões femininos.

Portugal, por exemplo, é tipicamente uma figura de mulher, no sentido em que a cultura popular é uma cultura distintamente feminina. Pelo contrário, em países como a Alemanha ou os EUA, encontram-se culturas masculinas, no sentido em que as referências do comportamento social são referências típicas do comportamento dos homens.

No post seguinte, ilustro esta diferença com o comportamento do assédio, um comportamento que é criminalizado nos países protestantes, mas não nos países católicos. A razão é que, como procurarei demonstrar, o assédio é um comportamento distintamente feminino, o que, numa sociedade masculina, o torna um comportamento anormal, um comportamento de mulher numa sociedade de homens - e daí a sua criminalização. Pelo contrário, numa sociedade feminina, o assédio é socialmente aceite porque é um comportamento normal, um comportamento de mulher numa sociedade feminina.

lá vai o verniz III

Um homem pode ser rico mas, se o seu país estiver arruinado, ele fica arruinado. Por isso, todos devem aliar-se em defesa do estado, caso contrário todos perdem a sua segurança colectiva.
Péricles, cerca de 400 anos AC.

lá vai o verniz II

- Querido, vais sustentar-me até à morte?
- Sim, meu amor.

Alguns milhões de Euros depois:

- Meu amor, estou falido!
- Seu cabrão, isto "é um abuso de confiança e uma mentira", relativamente às promessas que me fizeste. Eu não sou nenhuma meretriz.

lá vai o verniz

... “abuso de confiança e uma mentira relativamente ao que foi dito às empresas que iria ser feito”.

PS: Os gestores não devem usar a linguagem da CGTP, digo eu.

saudades de leite

Dear Dragon,
Do you have a family nurse? She is a specialist in "espoldrinhamento".

PS: Just joking, I was so flattered that you associated me with Joaomiranda, that I decided to offer you the possibility to be nursed by this beautiful professional. But hurry up because she will have to serve 300 families.

is back II

Dear PA,
Thanks, I had missed it completely. I think we might be safe because this dragon's bark is worse than its bite. All reactionaries bloggers  are just paper tigers dragons.
Best regards,

16 maio 2012

is back

Joaquim,
This message is only for you.
(Pardon to our readers).
It is to inform you that Dragau Au Au is back.
He has been writting about you. About me too.
No, it is not good.
Have you ever seen Dragau Au Au say something good about anyone, except himself?
Stay on guard.
Regards.
PA

PS. Do you know by now, by any chance, the meaning of the word espoldrinhamentos? Do you confirm that meaning of the word you once provided in a hurry? If so, may I ask you how many espoldrinhamentos did you have lately, say, over the last week or two? Just for our audience to know.

um filme

MAS claro, (...) isto é um filme.
.
Mas pronto, sonhar por sonhar, que se sonhe em grande.
.
Rb



Ricciardi,
Nunca lhe tinha ouvido dizer tamanha atoarda, mesmo se você às vezes brinca muito.
Que raio de mariquice é esta que você escreveu?
Você não acredita na sua cabeça?
Então acredita na de quem?
Uma das características essenciais da cultura popular portuguesa (e católica) é retirar a confiança intelectual a quem a tem. Se você conviver muito com o povão português, para lá das muitas qualidades desse mesmo povão, você fica assim: sem confiança em si próprio.
Abç.
PA

WW III

1. Terroristas gregos abatem avião da Lufthansa
2. Tropas francesas e alemãs atacam focos de terrorismo na Grécia
3. Governo grego declara guerra ao eixo franco-alemão
4. Irão apoia Grécia
5. China defende interesses que detém na Grécia
6. Rússia também apoia a Grécia e suspende fornecimento de gás à Europa
7. EUA ameaçam Rússia e fazem ultimato à China
8. E foi assim...

realmente

Vandals have daubed the house of a top German EU official working on Greece and set his wife's car on fire in an apparent protest against the cutbacks that international lenders are imposing on Greece.

PS: O termo correcto não é vândalos, é terroristas.

saudades de leite

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) apelou hoje ao Governo para tomar medidas que permitam combater o desemprego na região, que atingiu os 20% no primeiro trimestre de 2012.

Se bem entendi as medidas propostas, Macário Correia pretende que o governo transfira desemprego do Algarve para o resto do País.
O socialismo tinha de acabar nisto. Não havendo riqueza para distribuir, vamos distribuir o desemprego e a miséria.

o socialismo como individualismo


Os socialistas são individualistas tão radicais que pretendem impor aos outros a sua visão pessoal do mundo.

libertário


Porque é que eu sou libertário? Porque estou firmemente convencido de que a melhor maneira de servir o Bem Comum é através do exercício da liberdade individual, numa democracia liberal e capitalista.

admiração

No final dos anos quarenta, nas suas notas pessoais, Salazar exprimia a sua admiração por os países europeus afectados pela Guerra se estarem a reconstruir exactamente segundo o mesmo regime político democrático que, em primeiro lugar, os tinha levado à miséria e depois à Guerra.

vai a seguir

É bem provável agora que os gregos não consigam chegar às  eleições de 17 de Junho dentro do Euro. Uma corrida aos bancos na Grécia parece estar em curso. A confirmar-se, os bancos poderão vir a ser fechados pelo Governo durante os próximos dias. Quando reabrirem, as pessoas recebem os seus depósitos em  dracmas.
Portugal vai a seguir.

escolhido pelo povo

Admitindo que Hitler, Salazar e Franco foram ditadores (as ditaduras estavam na moda devido à crise económica da época), o que é que os diferencia? A qualidade humana. Nem suprpreende que assim seja, Hitler foi escolhido pelo povo, Salazar e Franco foram escolhidos pelas elites militares.

Hitler nunca conseguiu estudar, chumbando na admissão à universidade (Música era o que ele queria estudar), e nunca teve uma profissão. A parte mais impressionante do seu CV era o facto de ter estado preso durante 5 anos.

Salazar e Franco, pelo contrário, eram pessoas de bem. Os Estatutos da Espanha franquista determinavam que o Caudillo respondia perante Deus.

individualismo

Como é que a Grécia, e já agora Portugal, chegou ao ponto a que chegou? Em última análise penso que foi em consequência de um individualismo extremo e irresponsável. Cada um, nas suas respectivas funções, apenas se preocupou com a sua própria pessoa e nada com o colectivo, com o país.
O post anterior demonstra bem esta hipóteses. Os gregos retiram dinheiro dos bancos para comprar dívida alemã. Dívida do país "que lhes impõe a austeridade e os sacrifícios" que rejeitam. É cada um a desenrascar-se pelos seus próprios meios.
Penso que é por causa deste individualismo extremo e irresponsável que a democracia não pode funcionar. Não há uma visão colectiva para o país.

PS: Tema que irei desenvolver mal tenha algum tempo.

de tragédia a comédia

As famílias gregas retiraram dos bancos 700 milhões de euros só na segunda-feira, revelou o presidente da Grécia numa reunião este domingo e cujas conversas estão a ser reveladas através de transcrições que estão a chegar às redacções. 
A Dow Jones revela que Karolos Papoulias terá dito aos responsáveis políticos, que não conseguiram chegar a acordo para formar Governo, entre os resgates de depósitos e as ordens recebidas para comprar dívida alemã totaliza 800 milhões de euros. O que significa que os gregos poderão estar a retirar as suas poupanças dos bancos e a apostar em dívida alemã, considerada um investimento seguro.

lapso

Por lapso, apaguei o post anterior que tinha o título "escolhido pelo povo".
E foram-se também os comentários. Peço desculpa.
Talvez o volte a escrever amanhã.
PA

15 maio 2012

ateu

O verdadeiro ateu não é aquele que diz não acreditar em Deus.
O verdadeiro ateu é aquele que não acredita nas pessoas porque Deus está em primeiro lugar nas pessoas.

um a dois anos

Um homem com poder absoluto e lealdade ao bem comum põe a economia portuguesa e o emprego a crescer vigorosamente no espaço de um a dois anos.

Que mal é que este presumptivo ditador teria interesse em fazer a alguns comentadores do Portugal Contemporâneo, que o temem, esse é que eu ainda não descortinei. Não descortino sequer o que é que ele teria interesse em ditar-lhes.

descartado

Num post anterior, o Joaquim afirmou que a democracia é um valor relativo, isto é, só é um bem enquanto satisfizer certos critérios ou condições, deixando de o ser quando esses critérios ou condições não forem satisfeitos.

Uma das grandes novidades que Cristo trouxe ao mundo judaico do seu tempo foi a separação entre a esfera política e a esfera religiosa. Na tradição cristã, a escolha dos regimes políticos passou a ser deixada à liberdade dos homens e não emana de Deus: "... Jesus operou uma separação entre as dimensões religiosa e política; uma separação que mudou o mundo e que pertence verdadeiramente à essência do seu caminho novo...De facto, na ordem em vigor até então, as duas dimensões - a religiosa e a política - eram absolutamente inseparáveis uma da outra. Não existia o político «sozinho» nem o religioso «sozinho»". (J. Ratzinger, Jesus de Nazaré, vol. II, p. 141)

Não existe nada de sagrado no regime político da democracia, nem em qualquer outro. Pelo contrário, a  verdade absoluta que a tradição cristã afirma acerca dos regimes políticos é que todos - os que já se conhecem e os que podem ser inventados - são legítimos desde  que promovam o bem comum: "A diversidade dos regimes políticos é moralmente admissível, desde que concorram para o bem legítimo da comunidade que os adopta." (Cat: 1901).

Um regime político que não promova o bem comum pode e deve ser descartado e substituído por outro. E a democracia não é excepção.