30 abril 2011

elementos fundamentais das sociedades civilizadas

  1. Livre concorrência
  2. Espírito científico
  3. Respeito pela propriedade privada
  4. Medicina moderna
  5. Sociedade de consumo
  6. Ética do trabalho


Nial Ferguson, Civilization

1830

... eu governei durante 20 anos, e retirei dessa experiência algumas, poucas, certezas: 1) A América do Sul é ingovernável, por nós; 2) Os revolucionários andaram a "encher pneus" (lavrar o oceano - no original); 3) A única coisa que podemos fazer na América é emigrar; 4) Este país vai cair nas mão da populaça e passar a ser governado por tiranetes, de todas as cores e raças; 5) Quando formos corrompidos por todos os crimes possíveis e derrotados pela selvajaria, os Europeus nem nos vão considerar dignos de sermos conquistados; 6) Se alguma parte do mundo regressar à barbarie, será a América (do Sul) nos seus últimos momentos.

Simon Bolívar

a relação com o dinheiro



Os estudiosos ou meros observadores dos países de cultura católica, como Portugal, têm notado a dificuldade que os povos desta cultura têm na sua relação com o dinheiro, sem que eles próprios - frequentemente economistas e outros cientistas sociais oriundos de países protestantes - consigam deslindar esta relação.

Para o economista típico americano ou inglês, esta relação dos católicos com o dinheiro é um mistério difícil de desvendar. Primeiro, porque a cultura católica é uma cultura complexa na aparência (embora muito simples na realidade). É uma cultura onde nada daquilo que parece é. É uma cultura de aparências, uma cultura muito diferente da cultura protestante donde eles vêm, em que a aparência e a realidade são em geral coincidentes (o valor protestante da transparência).

Segundo, porque a cultura católica é uma cultura onde as pessoas são muito diferentes umas das outras (o valor católico do personalismo), ao contrário da cultura protestante onde elas tendem a ser todas iguais. É claro que, por virtude disto, fica muito mais difícil fazer ciência social e formular leis da sociedade, numa sociedade de cultura católica do que numa sociedade de cultura protestante. A generalização, que é essencial à lei social, corre o risco de não ser válida numa sociedade de cultura católica.

Tendo no espírito estas duas dificuldades, qual é então a relação dos católicos com o dinheiro? O assunto é vasto e eu só posso neste post tocar num aspecto, deixando outros aspectos para tratamento posterior.

Primeira observação: há de tudo. Numa sociedade de cultura católica - Portugal pode ser tomado como exemplo -, há de tudo, desde pessoas que não vivem absolutamente pelo dinheiro, que não querem saber do dinheiro, até ao outro extremo de pessoas que fazem tudo por dinheiro, ou que não fazem nada a não ser por dinheiro. Entre estes dois extremos, encontra-se depois todo o tipo de pessoas, pessoas representando cada um dos pontos do espectro.

Levar uma vida independentemente do dinheiro e sem ser pelo dinheiro, trabalhar sem ser por dinheiro, mas por vocação, por gosto, pelo sentimento do dever, por devoção, seja porque motivo fôr - desde que não seja pelo dinheiro - é uma característica da elite, e que encontra o seu paradigma na figura do padre católico.

Pelo contrário, trabalhar pelo dinheiro, não fazer nada a não ser pelo dinheiro, viver a vida pelo dinheiro, é uma característica do povo e que se exprime no povo com vários graus de intensidade. Não existe num país de cultura católica nada que não se venda e não se compre. Basta consultar a secção de anúncios de um jornal popular num país desta cultura, incluindo a secção de Relax, para ver que assim é. Mas não se pense que as coisas ficam por aí. Se alguém quiser comprar uma mãe, deve procurar num país de cultura católica porque acabará por encontrar alguém que esteja disposto a vender a sua.

Aqui surge o primeiro paradoxo para os cientistas sociais que estudam a cultura católica, que é o paradoxo de que a Igreja é rica nesses países enquanto o povo é, geralmente, pobre. Na realidade, a Igreja Católica, com o seu vastíssimo património imobiliário, é a instituição mais rica do mundo, e no entanto, os homens que a compõem não podem viver pelo dinheiro. Esta é uma cultura em que a corporação feita por homens que não trabalham por dinheiro é rica, enquanto o povo, que, em vários graus, não mexe uma palha a não ser por dinheiro, é geralmente pobre. O paradoxo, porém, é fácil de desvendar. Parece complexo mas é simples, como tudo na cultura católica.

Existe um livro de um autor americano ("Rich Dad, Poor Dad"), que está traduzido em português ("Pai Rico, Pai Pobre") em que o autor conta como o seu pai natural o educou a nunca fazer nada a não ser por dinheiro - e, não obstante, o seu pai (o pai pobre) nunca conseguiu enriquecer. Pelo contrário, o pai de um amigo, ensinou-lhe que nunca devia fazer nada na vida por dinheiro, devia fazer por gosto, por vocação, por se sentir bem consigo próprio e com os outros, porque o dinheiro depois vinha atrás. Este homem, (o pai rico) tinha enriquecido.

Ora, esta é precisamente a lição que a Igreja Católica tem dado ao longo de séculos, mas que o povo católico nunca aprendeu. Quem quiser enriquecer deve fazer como os padres, trabalhar sem ser pelo dinheiro, por gosto, por vocação, por entrega aos outros, porque o dinheiro depois vem atrás. Pelo contrário, quem trabalhar por dinheiro e só por dinheiro, como o povo faz, nunca vai enriquecer.



se fossem portugueses

Se fossem portugueses, teriam imediatamente direito a 15 dias de férias pagas. Para as coisas boas da vida: comer, beber, dormir e -----.

quatro coisas

A visão de Portugal - especificamente do povo português, que não da elite - como uma figura de mulher permite lançar luz sobre um certo número de características permanentes na sociedade portuguesa, e que não são compreensíveis de outro modo.

Portugal não é um país propício à gratificação do espírito. Sendo um país católico, portanto universal, ele tem de tudo, e existem também no país locais onde é possível levar uma vida entregue às coisas do espírito. Mas são nichos, e estão escondidos do povo, porque o povo é largamente avesso às coisas do espírito. Se o povo descobre e invade esses locais, destrói-os. Os Conventos parecem-me ser um desses locais, e a Universidade também já foi, até ao momento em que o Marquês de Pombal resolveu tirá-la à Igreja, e entregá-la ao povo.

Portugal não é um país propício nem ao cultivo da filosofia nem da ciência, e nisso faz justiça à sua natureza feminina. Não existem mulheres na história da filosofia Ocidental, e, mesmo na história da ciência, só existem como excepção. São actividades predominantemente masculinas. Nem mesmo existem grandes teólogos portugueses, apesar de Portugal ser um país profundamente católico. A razão é que, mais do que todas as outras actividades do espírito, a teologia é a mais distintamente masculina, e Portugal é uma figura mulher. Especular sobre Deus é uma actividade de homens, não de mulheres. É claro que em Portugal se cultiva alguma teologia, mas não se vê, não vem a público, está escondida nalguns desses nichos que são geralmente instituições da Igreja.

As únicas actividades do espírito que encontram um solo razoavelmente fecundo em Portugal são aquelas que exprimem sentimentos ou atitudes que são predominantemente femininas, como o amor, a imaginação e a fantasia. Refiro-me, em primeiro lugar, à literatura, especialmente a poesia e o romance, e secundariamente às artes.

Quem queira ser poeta, romancista ou artista pode acolher-se em Portugal porque encontra terreno fértil, embora a pequena dimensão do país dificilmente lhe permita tornar-se mundialmente conhecido. Neste caso, a Itália, a Espanha, ou mesmo o Brasil, oferecem-lhe as mesmas condições de fertilidade e um mercado muito maior. Pelo contrário, quem queira ser filósofo, sociólogo, economista, politólogo, químico, físico, biólogo ou teólogo, o melhor é emigrar para um país do norte da Europa, ou da América do Norte.

Mas, então, em que é que Portugal é propício, se não é propício às actividades de gratificação do espírito, à parte as excepções indicadas? Portugal é propício a todas as actividades de gratificação do corpo - gratificação do corpo que é uma tendência muito mais feminina do que masculina. São as mulheres, muito mais do que os homens, que se entregam aos cuidados do corpo.

Num post recente, mencionei uma gratificação do corpo em que Portugal é exímio - o clima. Não é apenas o clima de Portugal Continental. É o clima dos Açores e da Madeira, é o clima de todos os lugares onde os portugueses se fixaram, a tal ponto que eu estou hoje convencido que não existe povo que melhor saiba escolher climas do que os portugueses.

Dei-me conta desta realidade quando há cerca de ano e meio estava em Salvador da Baía, a primeira capital colonial do Brasil. O dia tinha estado quente, embora não intolerável. À noite, soprava uma brisa refrescante da baía que tudo amenizava. Lembrei-me logo do Rio, a segunda capital colonial, para onde segui viagem, talvez a cidade com o melhor clima do mundo.

Salvador da Baía, Rio de Janeiro, Luanda, Lourenço Marques - todas capitais coloniais portuguesas, todas servidas por uma baía, todas com clima quente amenizado à noite pela brisa fresca da baía. No ano anterior, em Junho, ao passear à noite no Funchal, junto ao mar, reparei na temperatura - não estava nem um grau mais nem um grau menos do que a temperatura ideal ao ser humano. Recordei então aquele meu amigo que nos anos sessenta tinha ido combater para Angola. "Ao abrirem-se as portas do avião, e ao sentir no rosto pela primeira vez o clima de Luanda - disse-me ele, muitos anos mais tarde - parecia que tinha regressado de novo ao ventre da minha mãe".

Mas será só o clima? Não, há muito mais que Portugal tem para oferecer à gratificação do corpo. A gratificação do corpo, essa é que é a característica principal da cultura popular portuguesa, porque é generalizada. A gratificação do espírito, pelo contrário, também existe em Portugal, mas é como excepção, não faz uma cultura, é uma subcultura de elite, só existe em nichos.

Quando eu era adolescente frequentava uma barbearia em Lisboa, que tinha dois barbeiros, ambos na casa dos trinta e tal, quarenta anos. Como se sabe, em Portugal, os barbeiros, a par dos taxistas, são os porta-vozes por excelência da filosofia e da opinião popular. Havia um deles que estava sempre a dizer a mesma coisa, numa espécie de refrão. Aquele refrão sempre me intrigou - a tal ponto, que ainda hoje o relembro -, talvez porque nunca consegui concordar inteiramente com ele. Hoje, vejo-o a outra luz, como a expressão clara e distintiva da cultura popular portuguesa, que é uma cultura de gratificação do corpo. Dizia ele, para quem o queria ouvir, e repetindo até à exaustão: "Só existem quatro coisas boas na vida: comer, beber, dormir e ...". Para quem se interrogue sobre a quarta, eu dou uma ajuda: são todas gratificações do corpo. Não é nem estudar, nem meditar, nem poupar, nem pensar, nem trabalhar, nem rezar, nem nada terminado em ar.

a culpa é sempre do PSD

Porque é que José Sócrates não foi convidado para o casamento real?

- Se o PSD tivesse apoiado o PEC IV, Sócrates teria sido convidado.
- Por causa das intrigas do PSD junto da família real.
- Porque se sabia que estava ocupado a responder às cartas do PSD.
- Isso é mais uma infâmia do PSD! Sócrates foi convidado mas recusou para ficar a defender os interesses do País, nas negociações com a Troika.

29 abril 2011

Transportes públicos: abismo

A propósito dos meus posts de ontem sobre o sector dos transportes públicos, hoje, o Presidente da Carris foi citado a afirmar que aquele sector "está à beira do abismo".

perguntas à intelligentsia III

O mesmo povo, a mesma cultura - porque é que a República Popular da China era miserável e Taiwan era próspera.

perguntas à intelligentsia II

O mesmo povo, a mesma cultura - porque é que a Alemanha "Democrática" era pobre e a República Federal da Alemanha era rica?

perguntas à intelligentsia I

O mesmo povo, a mesma cultura - porque é que a Coreia do Norte é miserável e a Coreia do Sul é rica?

Boris Johnson - my kind of mayor

28 abril 2011

Presidenta vs Bovespa

No final deste mês, terão passado seis meses desde que Dilma Rousseff se tornou a primeira Presidenta do Brasil. Desde então, em matéria econômica, Dilma tem-se esforçado em transmitir uma imagem de credibilidade, nomeadamente do ponto de vista orçamental, assumindo, pelo caminho, algumas apostas pessoais, em particular a (muito) discutível mudança na presidência do Banco Central do Brasil. Quanto aos dados concretos, do ponto de vista orçamental há, de facto, um superávite primário de 2% do PIB e quanto ao investimento estrangeiro directo, nos primeiros três meses de 2011 face ao período homólogo, aquele triplicou de valor para mais de 17 mil milhões de dólares. Em face do exposto, nos últimos seis meses, o real valorizou cerca de 6% face ao dólar norte-americano.

Agora, se a situação macro económica brasileira é este mar de rosas, por que é que a Bovespa, a bolsa canarinha, desde que Dilma for eleita Presidenta, e em clara divergência com o resto do mundo, apresenta já uma desvalorização de quase 10%? Uma resposta pode estar na Balança de Pagamentos, que, altamente deficitária nas rendas e nos serviços, se deteriorou nos primeiros três meses do ano. Porém, tendo em conta que esta deterioração na Balança de Pagamentos está, em parte - certamente, na rubrica de Rendas -, associada à própria projecção que o Brasil tem vindo a adquirir na cena internacional, duvido que, enfim, seja motivo para grande alarme. Assim, na origem desta inexplicável desvalorização sentida na Bovespa talvez possa estar o mesmo factor que esteve na origem do chamado milagre de Lula: a bolha no preço das matérias primas. Ou então, é alguma coisa que os investidores já farejaram acerca da política da Dilma, ou da Dilma herself...

forte e feio

As declarações de hoje do Governador do Banco de Portugal não podiam ter sido mais certeiras. Carlos Costa "considera [ser] crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e que sejam responsabilizados". Vindo de quem vem, a afirmação surpreende pela sua assertividade. O Governo, naturalmente, declinou comentar as afirmações do Governador.

Ps: Reza a imprensa que os salários dos jogadores de futebol do Santa Clara, nos Açores, foram pagos com dinheiros, indevidamente, redireccionados para tal. Ora, a ser verdade a notícia, e não há de ser difícil comprová-lo, ali está um magnífico exemplo daquilo que deveria ser sancionado.

defensor da escravatura

Como é que um homem, especialmente um universitário, passa desse estado de felicidade intelectual, de quase êxtase espiritual, que as universidades anglo-saxónicas proporcionam, exactamente para o estado oposto, o estado de desânimo e de abulia intelectual, que é característico das universidades portuguesas? Como é que um homem se deixa abater assim, como é que ele é corrompido, na realidade destruído, naquilo que existe de mais íntimo na sua pessoa, que é a sua espiritualidade?

É através de um processo longo envolvendo mais de um milhão de golpes diferentes, que se vão sucedendo sem parar no tempo, cada um sem importância decisiva, mas que no conjunto representam uma agressão avassaladora e fatal. Estes episódios ocorrem em todos os lugares, quase todos os dias, e nas mais variadas circunstâncias, em primeiro lugar e em maior número na universidade, com estudantes e principalmente com colegas de profissão. Mas ocorrem também com familiares, com amigos, e nos meios de comunicação social.

É como matar um elefante com alfinetes. O primeiro alfinete não faz mossa ao elefante, nem o segundo nem o terceiro, na realidade, nenhum deles faz mossa, apenas lhe causa um ligeiro incómodo. Mas quando, passados uns anos, o elefante tiver o corpo crivado de alfinetes, ele cai exangue no chão. Esta é a forma de agressão típica da cultura portuguesa e, naturalmente, é uma forma de agressão feminina. Um homem destrói outro através de um golpe, ou de uma série rápida de golpes, violentos, incisivos e fatais. Uma mulher faz diferente. Começa por lhe vibrar um pequeno golpe sem importância, que ele nem dá por isso, e que só lhe deixa uma pequena ferida. Mas depois continua assim de forma persistente, e sem nunca parar, até ao fim dos tempos. Chegará o dia em que a vítima tem o corpo coberto de feridas. Nesse dia cai para o lado.

Vou contar um desses episódios. Foi em 1993. Eu tinha então uma crónica diária na TSF, a qual gravava normalmente nos estúdios do Porto, onde resido. À Quarta-feira, porém, eu trabalhava em Lisboa, no Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação (ISEGI), da Universidade Nova de Lisboa, de que sou um dos fundadores. De manhã dava aulas, e à tarde participava na reunião semanal da Comissão Instaladora do Instituto. Por isso, às Quartas-feiras, eu gravava a crónica nos estúdios da TSF em Lisboa, normalmente durante a hora do almoço.

Cruzava-me frequentemente com o Miguel Sousa Tavares, que, por essa altura, também lá fazia uma crónica de natureza política. O MST era então também director de uma revista chamada Grande Reportagem. Um dia, entre cumprimentos apressados e troca breve de impressões, ele disse-me que queria uma entrevista minha para a Grande Reportagem. Eu respondi que sim, quando ele quisesse. Ele disse-me, então, que me iria mandar uma jornalista.

Passadas umas semanas, recebi em minha casa no Porto, uma jornalista da Grande Reportagem. A entrevista durou mais de quatro horas, e eu próprio, no fim, a fui levar à estação de Campanhã para o regresso a Lisboa, que se fazia tarde para o combóio.

Notei desde o início que havia alguma tensão nela, que ela não morria propriamente de apreço por mim. Mas não liguei. Eu não estava ali para saber o que ela pensava de mim; ela é que estava ali para saber o que eu pensava sobre vários assuntos.

Interrompia-me frequentemente, e a entrevista acabou por ter imensas divagações. Às tantas falou-se de Economia e de economistas. Dias antes, tinha sido anunciada a atribuição do Prémio Nobel da Economia de 1993 aos economistas norte-americanos Robert Fogel e Douglass North. Eu aproveitei - numa altura em que ainda não havia acesso à internet -, para explicar à jornalista em que é que consistiam as teses que tinham levado à atribuição do Prémio Nobel a este dois economistas, e fi-lo com grande detalhe. Devo ter estado a dissertar quinze ou vinte minutos sobre o assunto. Essencialmente, no caso de Fogel, ele tinha sido galardoado porque os seus trabalhos demonstravam conclusivamente que, à época da escravatura nos EUA, o trabalho escravo era mais produtivo do que o trabalho livre.

Bom, quando, semanas depois, a entrevista saíu a público, não é que a jornalista me apresentava aos leitores como eu sendo um defensor da escravatura (entre outras fantasias)?

um prodígio de ignorância

The EU must show respect for Portugal’s political process
  1. Não há empréstimos intercalares (afirmado pelo próprio Durão Barroso).
  2. Não foi a UE que não respeitou a democracia portuguesa, foram os partidos políticos portugueses que se marimbaram para o Estado de Direito, hipotecando a soberania do País.
  3. Os partidos políticos nunca cumpriram as sua promessas eleitorais, porque é que o iriam começar a fazer agora?
  4. Não foi a UE que criou um terreno propício ao aparecimento de partidos extremistas. Foram os partidos políticos portugueses que o criaram (aliás como em França e na Finlândia).
  5. Os portugueses não estão dispostos a gastar nem mais um cêntimo com esta farsa.
  6. O plano da UE/FMI é totalmente legítimo.
  7. Afirmar que o plano de resgate tem falta de legitimidade é que é abrir as portas a uma reestruturação.
Enfim

Refer



Transportes públicos (VI)



Transportes públicos (V)



Transportes públicos (IV)



Transportes públicos (III)



show respect

Sir, The European Union’s urge to have the main Portuguese parties sign a comprehensive rescue plan before the general election (report, April 19) is misguided, as it affronts democratic values and provides an opening for populist parties to rise. International institutions must learn the lessons from Ireland’s rescue, including showing respect for the political process. It would suffice to have a two-month bridge loan that comes due very soon after the election, at a punitive interest rate, coupled with a written commitment from the main parties to hit a multi-year deficit target. The Portuguese could then choose what mix of higher taxes and lower spending they want when casting their votes in the election. Paying an interest rate close to the current market values on a two-month loan is a cost the Portuguese should be willing to pay to keep their right to vote, and the EU’s rescue plan would gain legitimacy and a lower risk of future renegotiation.

Vamos supor que a UE aceitava um empréstimo intercalar e um compromisso escrito dos partidos políticos sobre o défice, alguém, no seu perfeito juízo, pensa que os dois principais partidos políticos, o PS e o PSD, iriam apresentar propostas alternativas credíveis aos eleitores? Por amor de Deus!

Transportes públicos (II)



arrastando os pés

As taxas de juro exigidas a Portugal na sua dívida a 2 anos ultrapassaram hoje o patamar de juros exigidos a 5 anos, sendo que estes, por sua vez, há muito que já estavam acima do rendimento exigido nas emissões a 10 anos. Ou seja, hoje, os credores internacionais exigem-nos 11,79%, 11,53% e 10,02% a 2, 5 e 10 anos, respectivamente. Acrescem a estes níveis, os prémios de risco associados a Portugal, face à dívida alemã, que, naqueles prazos, são agora de 997, 884 e 672 pontos base. Em suma, seja lá qual for a perspectiva, estamos na presença de uma curva de rendimentos invertida, que pré-anuncia um rotundo falhanço na colocação de dívida pública agendada para a próxima semana. Ao mesmo tempo, as negociações com a UE/FMI arrastam-se, prologando-se para além do prazo que seria de esperar e que foi necessário na Grécia e na Irlanda. Enfim, maldito povo: não se governa nem se deixa governar!

Ps: Aposto que, na próxima quarta-feira, o FEFSS será o bombeiro de serviço...

de qual?

Do PEC I, do PEC II, do PEC III, do PEC IV? Ou dos que viriam a seguir?

nostalgia



Aquele artigo do MEC, anteontem, mais o dia de hoje, encheram-me de nostalgia, um sentimento amaricado e, portanto, genuinamente português.

Nostalgia do Canadá. Foi à hora do almoço quando corria em tronco nú sobre o passadiço entre as praias de Miramar e Francelos. (Eu aprendi no Canadá a apreciar as coisas que Portugal tem de melhor, e uma delas é seu extraordinário clima, como o dia que faz hoje).

O artigo do MEC levou-me a pensar de novo na questão na qual reflicto muitas vezes, e à qual chego sempre à mesma resposta. Qual foi a maior perda que tive resultante da minha decisão em 1986 de regressar a Portugal? A Universidade e a vida universitária.

O dia de hoje, porque faz 27 anos a minha filha S. que nasceu lá. Lembro-me perfeitamente de tudo nesse dia. Era Sábado. Estava um dia de sol; os melhores meses no Canadá são Abril e Maio embora, mesmo esses, não como em Portugal. Ela nasceu às seis e meia da tarde, eram onze e meia da noite da noite em Portugal.

E foi assim, movido por esta nostalgia, que eu me dei a pensar enquanto corria, como é que eu poderia voltar a viver aqueles anos de tanta felicidade intelectual que tinha vivido no Canadá. Na universidade portuguesa, não - isso eu sei por experiência própria. Mas em Portugal há de tudo, e deve existir algum sítio onde se possa viver assim. Foi então que se fez luz no meu espírito. Nos Conventos. Deve ser nos Conventos. Nas minhas próximas saídas do Porto vou continuar a visitar Conventos.

Visitei dois ultimamente, as ruínas do Convento de Tomar, onde já não ia desde adolescente, e o Convento das Carmelitas, em Fátima, onde fui pedir para rezarem pela minha mulher, que convalesce de uma doença grave. Fiquei encantado. Se algum dia ficar viúvo, e se a minha ideia se confirmar, sou bem capaz de acabar a vida num Convento e experimentar de novo aquela felicidade espiritual de há 30 anos atrás.

suspeito

O que é viver a estudar, como o MEC diz que se vive numa universidade anglo-saxónica?

É adormecer a sonhar com a ideia ou tese que se vai defender amanhã, perante colegas ou estudantes. É acordar às quatro da manhã, atravessar o campus, e ir para a biblioteca ler aquele livro que se devia ter trazido para casa. É dar uma aula sobre um assunto que não está em nenhuma sebenta nem em nenhum livro. É viver em comunidade uma ideia ou a discordância acerca dela. É haver um ouvido benevolente para a nossa mais recente ideia, alguém que a encoraja, a corrige e a acrescenta. É acordar ao Sábado ou ao Domingo de manhã e ... ir para a Universidade tomar café e ler o New York Times do dia, ou o The Economist ou a Time da semana. É passear pelo meio dos livros na biblioteca e trazer para casa o livro de um autor que não se conhecia e sobre um assunto que não se imaginava. É viver uma vida do espírito em comunidade e onde as coisas materiais perdem largamente o significado e importância.

As universidade portuguesas são masmorras de ignorância, diz o MEC. São mais do que isso, são máquinas embrutecedoras do espírito, acrescento eu. São fábricas de dar aulas, sempre dadas da mesma maneira pelas mesmas pessoas, sobre os mesmos assuntos e com as mesmas respostas.

E, no entanto, ao contrário do que diz o MEC, nem sempre foram assim. As universidades são criações da Igreja, comunidades espirituais de homens à procura da Verdade universal. Transformaram-se, em Portugal, por alturas do Marquês de Pombal. Tornaram-se agências de empregos. E só uma geração embrutecida pela universidade portuguesa actual, como é a geração deolinda, pode queixar-se de ter frequentado a universidade, obtido uma licenciatura, e não conseguir arranjar emprego.

Foram as universidade protestantes, as do mundo anglo-saxónico, aquelas que melhor guardaram a tradição católica da universidade - a de uma comunidade espiritual total e livremente entregue à procura da Verdade. Será possível viver esta vida em Portugal? Certamente que não na universidade. Mas Portugal é um país católico, tem tudo aquilo que existe no mundo, frequentemente está é escondido, é preciso procurar porque, quase de certeza, se vai encontrar. Eu suspeito que é nos conventos, em certos conventos, que em Portugal se pode viver este ideal.

o PS acabou com o Estado Social

Estela Barbot diz que o Estado Social não vai ser posto em causa com a presença do FMI em Portugal, porque o Estado Social já foi posto em causa pelas decisões do passado.

"Quando me dizem que é com o Fundo Monetário Internacional que o Estado Social vai ser posto em causa - não. Foi agora que o Estado Social foi posto em causa, pelas pessoas que resolveram fazer estádios de futebol - dez quando chegavam oito - e tantas autoestradas", frisou Estela Barbot, durante o debate "Portugal - Que Futuro?", que decorreu no auditório da Renascença.

Transportes públicos

No dia em que o Jornal de Negócios revela que a Transtejo ainda está à espera de um aval do Estado para garantir um empréstimo de 60 milhões de euros (página 10), sem o qual aquela empresa se arrisca a uma ruptura de tesouraria, aqui deixo (ver tabela em baixo) o resumo económico e financeiro do sector dos transportes públicos (Carris, STCP, Metro do Mondego, Metro do Porto, Metro de Lisboa, Transtejo, CP e Refer) que, ontem, serviu de mote à minha intervenção no programa Sociedade Civil da RTP2.

(Fonte: Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças)

Em face do exposto, as minhas simulações, assumindo o alargamento da contratualização pública, anunciada recentemente para a Refer, Metro de Lisboa e CP, a todo o sector dos transportes públicos, indicam que a actualização tarifária, calculada sobre os passes sociais, necessária para atingir o break-even seria a seguinte:

Carris: +12%
STCP: +19%
Metro de Lisboa: +75%
Metro do Porto: +252%
Transtejo: +80%
CP: +286%

Associados à premissa da contratualização pública estão outros dois pressupostos: a) uma procura inelástica (imune às eventuais actualizações tarifárias) e b) um congelamento de custos operacionais. Assim, são de notar duas conclusões: primeiro, que o sector rodoviário está muito menos desequilibrado do que o ferroviário e, segundo, que as discrepâncias de critério na atribuição das indemnizações compensatórias (num extremo, a Carris, onde os subsídios cobrem um terço dos custos operacionais, e, no outro extremo, o Metro do Porto, onde os subsídios não cobrem sequer a décima parte dos mesmos custos) conduzem, depois, a enormes discrepâncias na actualização tarifária, necessária ao break-even, ao ponto de, politicamente, a inviabilizar.

o erro de Fukuyama

Neste artigo, Fukuyama defende que as qualidades necessárias para se ser um bom CEO são diferentes, e até opostas, às qualidades de um bom presidente.
É um artigo excelente e muito relevante para os tempos que correm em Portugal, porque, entre nós, ainda se confunde a administração pública com a gestão.
O erro de Fukuyama, se assim lhe posso chamar, é que nos últimos 20 anos a gestão transformou-se de forma radical. Passou de um paradigma de “comando e controle” para um modelo matricial, menos hierárquico, mais participativo e mais “democrático”.
O “boss” que Fukuyama descreve e que poderia corresponder a um Henry Ford é muito diferente de um CEO moderno, tipo Mark Zuckerberg.
A complexidade do mundo em que vivemos exige que as organizações recrutem os melhores e que lhes deixem capacidade de iniciativa. Desse modo, o líder é mais uma espécie de maestro do que comandante. Procura consensos, harmoniza e negoceia os interesses dos múltiplos “stakeholders”; é muito mais político.
O erro de Fukuyama é não incorporar esta nova visão. Os CEO’s modernos estão muito melhor preparados para assumir funções políticas do que estavam há 30 anos atrás.

27 abril 2011

www.despesapublica.com

Screen shot.

um artigo muito relevante

An American chief executive exercises authoritarian powers of which a politician could only dream. The chief executive is held accountable for performance, but only upwards to a board of directors who in turn delegate huge amounts of discretion to the boss. The chief executive does not have to share power with other authority figures; indeed, forced marriages between powerful chief executives do not last long and almost always end badly. The chief executive can hire, fire, make mergers and acquisitions or divest himself of entire divisions at will, without the board looking over his shoulder and seeking to micromanage every step. And there is a single bottom line, the corporation’s profitability, which is easily measurable at every moment in time.

An American president, by contrast, occupies an office which is weak by design, limited by the framers of the constitution by checks and balances that prevent the exercise of strong power. The president shares powers with Congress, which is often in the hands of the other party. He is downwardly accountable to voters on many levels, who distrust politicians and are loathe to delegate authority to the executive. A recent example is opposition to Barack Obama’s plan to set up an independent review board to control Medicare costs, which many argue usurps Congress’s oversight role. This is as if a corporate board demanded to be able to individually review a chief executive’s cost-cutting decisions, which in the private sector would be seen as intolerable micromanagement.

Finally and most importantly, there is no clearly measurable bottom line in presidential performance. Government is mandated to pursue a host of often contradictory aims by the voters: the latter want both expansive services and low taxes; some see universal healthcare as an inalienable right, while others regard it as a wasteful boondoggle.

These differences in executive authority mean that the skills required of a president are very different from those of a chief executive.

FT

contar com o ovo no da dita

El incremento del contrabando y las falsificaciones supone una merma de ingresos de 530 millones de euros.
El Estado reducirá este año un 3,9% la recaudación por los impuestos especiales que gravan los cigarrillos, lo que supondría la primera caída desde 1986 y una reducción de ingresos de cerca de 300 millones de euros respecto a 2010, como consecuencia de la caída de las ventas, que la industria tabaquera estima en un 17% al cierre de 2011, según informaron fuentes de Altadis.
En el caso de que continúen los actuales niveles de caídas de ventas, del 26,5% en los dos primeros meses del año, el retroceso de la recaudación estatal sería del 14,8%, alrededor de 1.100 millones de euros menos que en 2010.
De este modo, no se cumpliría el cálculo realizado por el Gobierno con motivo de la última subida de este impuesto en diciembre pasado, cuando pronosticó que la recaudación subiría en 780 millones de euros. "El hecho de que las últimas subidas de impuestos no mejoren la recaudación, sino que la hagan caer, muestra el agotamiento del sistema utilizado", apuntan desde la filial de Imperial Tobacco.

Search for Extraterrestrial Intelligence

O SETI tem pouca probabilidade de encontrar vida extraterrestre, mas é um tipo de programa que dificilmente pode ser desenvolvido pelo sector privado.
Eu acabava com todos os programas de ajuda a toxicodependentes, antes de acabar com o SETI.

civilização

Recomendado pelo João Carlos Espada, no Expresso. Excelente!

o elixir da eterna juventude

"Mundo em mudança: perspectivas de um novo modelo económico e de novos paradigmas civilizacionais"

Título de uma conferência organizada para comemorar o 25/4. Otelo não faria melhor.

ele sabe que nós sabemos que ele sabe

Boaventura Sousa Santos defendeu hoje que os portugueses deviam recusar-se a pagar a dívida do Estado, evocando o exemplo da Islândia.

BSS sabe que o caso da Islândia é completamente diferente do português. Na Islândia, o que está em causa é a dívida da banca a entidades estrangeiras, não é a dívida do Estado. Em Portugal, a dívida do Estado foi contraída pelos nossos representantes eleitos. Não misturemos alhos com bugalhos.
Claro que BSS conhece estas diferenças, mas está a falar para o "galinheiro". Ele sabe que nós sabemos que ele sabe, mas está-se nas tintas.

26 abril 2011

Universidade

O Miguel Esteves Cardoso é, hoje em dia, um dos raros colunistas da Imprensa portuguesa que vale a pena ler. É o único que trata de coisas sérias e de forma séria. É o único que olha para Portugal de maneira original, o que, numa cultura essencialmente fantasista como a portuguesa, significa uma maneira realista.

Os outros falam todos da mesma coisa e dos mesmos personagens - Sócrates, Passos Coelho Teixeira dos Santos. Parecem mulheres, as quais, quando se juntam, acabam sempre a falar do mesmo assunto - homens. É curioso como é que nesta cultura, cuja característica principal é o personalismo, um cultura onde cada pessoa se julga diferente de todas as outras, todas as pessoas acabam a parecer iguais umas às outras, todas a falar da mesma coisa e da mesma maneira.

O MEC traz hoje um pequeníssimo artigo no Público a explicar a diferença entre a Universidade e a vida universitária em Inglaterra e a Universidade e a vida universitária em Portugal. Em Inglaterra, na Universidade, vive-se a estudar; em Portugal, na Universidade, estuda-se a viver. Reproduzo a seguir o artigo, que eu não me importava nada de ter escrito, porque ele reproduz a minha própria experiência de vida na universidade portuguesa, depois de me ter doutorado e exercido a profissão académica durante oito anos num país de cultura inglesa. Sob o título "A academia podre", o MEC escreve:

"Quando eu era estudante na Inglaterra, antes e depois de me licenciar e doutorar, durante mais de uma década, feliz ou infeliz, graças aos estudos que eram (agora reconheço e agradeço) licenças pagas para as leituras estudiosas que me apetecessem, vivi num mundo sem cálculos de eficiência, recompensas monetárias ou expectativas de emprego.

As universidades em Portugal, onde depois fui professor cheio de esperanças e incertezas, revelaram-se ser masmorras ignorantes, cheias de preconceitos e privilégios medievais, sem a mais pequena pretensão académica.

Nem os estudantes estudavam - mantinham uma vida social intocável -, nem os professores professavam. Dizer que era um sistema corrupto implica que tinha sido, nalgum passado, por muito distante, mais puro. Não tinha. Tinha melhorado. Mas muito pouco - e só graças ao tique-toque inevitável do progresso. Em Portugal, a podridão intelectual, que consiste na valorização da superioridade hierárquica e etária, não mudou nem mudará tão depressa.

O mal está no vício de ver e entender a carreira académica como um prenúncio ou o sinal de outra coisa qualquer, quando não é mais do que uma carreira académica, uma maneira de continuar a estudar.

É muito diferente a perspectiva portuguesa - de viver enquanto se estuda - da inglesa - de estudar enquanto se vive. Continua a ser muito mais difícil ser estudante aqui e ainda mais difícil seguir uma carreira académica, com o espírito distraído".

idiotices

Uma ideia candidata à ideia mais idiota do ano: "Ginásio só para clientes nus abre em Espanha". Valha-me Deus!

IMF bombshell: Age of America nears end



Clicar no gráfico.

Estado de mal estar

Ontem, a propósito das comemorações do 25 de Abril, estive numa pequena charla que a RTP-N promoveu e que andou à volta de temas como "Valeu a pena o 25 de Abril?" ou "Como mudou o País desde então?" A tertúlia foi interessante. E no meu caso, foi uma oportunidade para extravasar o âmbito restrito das apreciações técnicas (sobre macroeconomia e mercados) às quais me circunscrevo quando falo na televisão ou quando escrevo nos jornais. Deu para dar voz a um estado de indignação que, cada vez mais, me atravessa a alma. É que o estado do País tornou-se, de facto, numa dor de alma...

Assim, e citando o Luciano Amaral e o seu magnífico livro "Economia Portuguesa" (página 27), publicado pela louvável Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), também eu sou da opinião que "Interessante é verificar como, depois do 25 de Abril, Portugal foi muito mais bem sucedido a convergir em termos institucionais (Democracia e Estado-Providência) do que económicos, como que invertendo o sucedido no período anterior [Estado Novo]". Ora, os factos são indiscutíveis (fontes: "Economia Portuguesa" e "Portugal e os Números", também da FFMS): a evolução que se registou na Educação (redução da taxa de analfabetismo, de quase 30% em 1970 para menos de 10% nos dias de hoje; nº de doutoramentos, de 61 novos doutorados em 1960 para quase 1500 em 2008), na Saúde (nº de médicos e enfermeiros por cada 100 mil habitantes, de 80 médicos e 108 enfermeiros por cada 100 mil habitantes em 1960 para 367 e 534, respectivamente, em 2008) e na Segurança Social (nº de pensionistas no regime geral, de 56 mil em 1960 para quase 3 milhões em 2008), ou seja, a melhoria alcançada nas áreas sociais, não foi acompanhada de uma evolução proporcional no crescimento económico.

Deste modo, estamos hoje, comparando o nosso PIB per capita face ao PIB per capita dos países mais desenvolvidos do mundo, apenas ligeiramente melhor do que estávamos por alturas do 25 de Abril. A riqueza média por habitante de Portugal é hoje de 60% da riqueza média por habitante dos países mais desenvolvidos, sendo que em 1974 esse rácio era de 50% e que a quase totalidade da convergência obtida desde então se resumiu ao período 1986-1992. Em 1930 essa mesma leitura era de 30%. Ou seja, do ponto de vista estritamente económico, a evolução registada em cerca de 40 anos de Estado Novo, em particular no período entre 1950 e 1974, foi muito superior ao crescimento registado nos quase 40 anos que levamos em Democracia. Crescemos em Democracia, é certo, porém, o resto do mundo cresceu bem mais. Não é, por isso, de estranhar que a Economia Portuguesa se encontre hoje em recessão crónica e que a taxa de desemprego atinja níveis recorde, ao contrário de então quando o produto crescia vigorosamente (em 1973, o PIB português cresceu 11%) e o desemprego quase não existia (em 1973, a taxa de desemprego foi de 1,5%).

Posto isto, valeu a pena o 25 de Abril? Sem dúvida que sim. Porém, nos últimos dez anos, a deterioração do País foi notória: divergimos do resto do mundo. E o País defraudou as expectativas que os avanços sociais, decorrentes do 25 de Abril, permitiram alimentar. De quem é a responsabilidade? É, em primeiro lugar, dos portugueses e, em segundo lugar, da sua estrutura política. Dos portugueses porque se desinteressaram do estado da Nação; preocuparam-se muito com os seus direitos e muito pouco com os seus deveres. E dos políticos porque a corromperam, desbaratando recursos públicos em prol de agendas partidárias. Na realidade, só um clima de opinião acrítica, como aquele que se verifica em Portugal, pode justificar que, mesmo em face da repetida insolvência do Regime, não exista uma natural renovação da estrutura política e que se continuem a premiar os mesmos Lellos de sempre deste, cada vez mais, pobre e pequeno mundo que é Portugal. E só num clima de opinião verdadeiramente acrítica se toleram, impunemente, os abusos que, por cá, o poder e os cargos institucionais permitem perpetrar. Enfim, creio que não foi para isto que se fez Abril. É, portanto, o regresso às origens, o regresso a um certo idealismo revolucionário, que importa promover. As revoluções fazem-se para combater Estados de mal. E, infelizmente, o Estado actual, não sendo ainda de mal extremo - para lá caminha -, também já não é de bem.

sem oxigénio

Viver em Portugal está a tornar-se impossível. A incompetência de sucessivos governos estrangulou a sociedade de tal modo que não sobram recursos para investir.
Eis um pequeno exemplo. Por Lei sou obrigado a ter um seguro de acidentes de trabalho para a minha secretária. Custa-me a módica quantia de 258,63 € / ano e este ano vem acrescido de uma taxa de 2% para o INEM, retroactiva a 1 de Janeiro de 2009. Diz a seguradora:

Aproveitamos a oportunidade para informar que, de acordo com o orçamento do Estado para 2009, a taxa a favor do INEM foi alterada de 1% para 2%, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2009.

Nem sei bem como interpretar esta informação porque estamos em Abril de 2011. Enfim...
Se fosse só esta taxa, bem estávamos. O problema é o conjunto das que vamos pagando em quase todas as facturas que nos cobram.

PEC-X

Os técnicos da ‘troika’ consideram que as medidas de consolidação do PEC IV estão mal avaliadas e exigem mais austeridade.

O DE, em vez de destacar a incompetência do governo, destaca a possibilidade do subsídio de Natal ser pago em títulos do tesouro. Talvez por culpa do PSD não ter aprovado um PEC que afinal era insuficiente e teria de ser seguido por outro. Enfim, critérios "jornalísticos".

25 abril 2011

pobres e primitivos (III)

é claro

Otelo: "O regime está a criar condições para ser abatido".

Quem não compreender que as opiniões do Otelo fazem eco de um sentimento popular está delirante.

o ou um

A demagogia sempre apimenta a coisa. Será que era isto que os jornalistas do Jornal de Negócios pretendiam dizer?
"O minimo de demagogia" não é o mesmo que "um mínimo de demagogia"!
Ai as novas oportunidades...

25 de Abril, sempre!

O que é que eu estava a fazer no dia 25 de Abril de 1974?
Meus caros, para vos aguçar o apetite, deixem-me começar por vos dizer que esta é a primeira vez que revelo, em público, as minhas atividades nesse dia de há 37 anos atrás. Tinha eu 23 e estudava medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Não tinha qualquer atividade política, como a grande maioria dos estudantes desse tempo, e não tive qualquer conhecimento prévio do golpe de estado iminente.
No dia 24 à noite, depois de um café na esplanada do café Londres, fui simplesmente para casa com uma colega da faculdade e passámos a noite e a madrugada do 25 a ... estudar anatomia e fisiologia.
De manhã, ainda exausto da direta, soube pela rádio que havia uma revolução e que era aconselhável permanecer em casa. Vai daí, vestimo-nos à pressa e saímos para a rua... Estava tudo calmíssimo e acabámos a tomar o pequeno almoço na Av. de Roma.
Tudo o que recordo do 25 de Abril, foi portanto uma intensa noite e madrugada de estudo. Ora sendo um fervoroso adepto do trabalho e do esforço individual, não é de estranhar que para mim:
- 25 de Abril, sempre!

2 manifestos 2

Manifesto dos 47

Manifesto dos 74

o inebitábel é inbiábel

É raro depararmos com uma redação tão pobre e ociosa como este texto dos 74. Raro também, é os autores explicarem no próprio texto a causa de tanta confusão mental: "A própria capacidade de pensar e enunciar alternativas se encontra ofuscada".
Estamos conversados, botem aí um CD dos Deolinda. Pode ser o Fon-Fon-Fon.

diplomatic mission

Cristina Keller, the SDP head-candidate for the district of Castle Vienna, has an extensive network of important diplomatic connections. This post captures the moment US Congressman John Culvert Dwight from Austin, Texas - also known as El Jodillón de las Pampas, a nickname he got in Buenos Aires, Argentina - arrived at Portela International Airport on a diplomatic mission to visit her in Chamusca, Ribatejo.

Vote Cristina Keller!

24 abril 2011

pobres e primitivos (II)

"Comecemos por onde estas coisas devem começar: o escriba que diariamente bolça sentenças nesta página e que dá pelo nome de Manuel António Pina é um refinado cretino. Posto isto, assim, que é a forma honesta de pôr este tipo de coisas, nada mais haveria a dizer. Citando um treinador de futebol dado a elucubrações epistemológicas, 'um vintém é um vintém e um cretino é um cretino'. E...Pronto! Estaria tudo dito. Além disso, só se MAP não fosse tão cretino é que valeria a pena mostrar-lhe por que é tão cretino (...) Senhor Manuel António Pina, não se atormente mais. O seu mal cura-se com uma dose apropriada de iodo. Trate-se! Vá para uma boa praia e...Ioda-se!", António Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, hoje, no Jornal de Notícias (página 63).

Os dois parágrafos anteriores, dois entre muitos de um artigo a todos os títulos execrável, são o exemplo perfeito de que, como escrevia Rui Ramos no Expresso desta semana, na sociedade portuguesa só conta o poder. Fosse o dr. Marinho e Pinto um simples cidadão, ou um simples advogado, e nunca teria visto aquele texto ser publicado num dos principais jornais nacionais. Um texto que envergonha, primeiro, o Jornal de Notícias, segundo, o sistema judiciário, e, terceiro, o País. Foda-se!

exactamente opostos

A cultura católica é constituída por duas subculturas, a da elite e a do povo, e só é compreensível na relação entre estas duas subculturas. O equilíbrio e a fecundidade da cultura católica resulta da combinação destas subculturas em proporções adequadas. Quando uma das subculturas prevalece em detrimento da outra, a cultura católica desequilibra-se e torna-se estéril.

Aquilo que caracteriza estas duas subculturas na sua relação uma com a outra é que perfilham valores exactamente opostos, e é esta característica que confere à cultura católica a imagem de um pêndulo, que pode variar entre os extremos da sua amplitude ou ocupar qualquer posição intermédia. Esta característica para variar, para nunca permanecer na mesma posição, opõe-se à cultura protestante que parece ocupar um ponto fixo e imutável no arco de variação do pêndulo. Não é possível definir e caracterizar uma comunidade católica, ou um país de cultura católica, de uma maneira definitiva e válida para sempre, porque aquilo que ela é hoje pode ser radicalmente diferente daquilo que era ontem e do que será amanhã.

Considero a comunidade católica alargada e a sua elite, genericamente os padres, mais especificamente a alta hierarquia católica.

Os padres são castos, estando-lhes vedada toda a actividade sexual. Pelo contrário, não existe na civilização ocidental povo mais sexual que o povo católico. Por vezes, ao extremo. Esta é a cultura mais sensual da civilização ocidental, como vários estudiosos têm notado.

Os padres dedicam a sua vida inteiramente às coisas do espírito, à gratificação da alma. O povo, pelo contrário, é extraordinariamente materialista, dedicando a vida sobretudo à gratificação do corpo.

Os padres não vivem por dinheiro e nada fazem por dinheiro, está-lhes vedado pelo seu código de conduta, segundo o qual não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro. Pelo contrário, um povo de cultura católica adora o dinheiro, é capaz de fazer tudo por dinheiro e vende tudo por dinheiro.

Os padres estão vinculados à Verdade. Pelo contrário, o povo católico é o mais fantasista que se pode imaginar (para não utilizar um termo mais forte correspondente a uma das variantes do fantasista).

Os padres levam uma vida recolhida de estudo, reflexão e meditação, eles são a primeira classe organizada de professores que a civilização Ocidental conheceu. Pelo contrário, o povo gosta é de festa, actividades de rua, e detesta estudar.

Os padres são pessoas altruístas por excelência, dedicando a sua vida aos outros em nome do principal valor cristão - o amor ao próximo ou caridade. Pelo contrário, o povo católico é radicalmente egoísta, só cuida de si e dos seus. Um padre não diz mal de outras pessoas. Ao invés, o homem e a mulher do povo deleitam-se a falar mal dos outros.

tolerância de ponto II

Lights in Lisbon’s finance ministry will burn late into the night this weekend as European Union, International Monetary Fund and Portuguese officials toil over the details of the country’s €80bn ($116bn) bail-out agreement.
Outside, the streets have been deserted since Thursday, when the caretaker government granted public administration workers an extra half-day holiday so they could leave early for the long Easter weekend.
By the time Portugal goes back to work on Tuesday, the plan to rescue its debt-ridden economy on condition of tough austerity measures and structural reforms should be close to conclusion.
As well as tax increases, wage cuts and a pensions freeze, the package is expected to include measures to liberalise labour, rent and energy markets to tackle Portugal’s problems of weak growth and low productivity.
For many Portuguese it is in fact the contrast between what they perceive as the strong work ethic of the north European officials leading the bail-out talks and Portugal’s more relaxed attitude to work and leisure that goes to the heart of the country’s economic woes.

o povo não muda

Pede-lhe até para fazer outro golpe militar, que endireite o País: "Todos os dias, quando ando na rua, pedem-me para fazer outro 25 de Abril. São os taxistas, são os populares."
Considera, todos estes anos depois, que os portugueses pouco mudaram desde a madrugada em que liderou o derrube de um regime com 48 anos: "O povo está sempre à espera que alguém faça alguma coisa". E continua pouco preocupado em ser politicamente correcto, explica: "O povo está sempre nas encolhas, e dizem: 'É preciso que vocês façam, que nós apoiamos.'"

No DN

De facto, a cultura muda pouco em 37 anos. Os intelectuais que não entendem o Otelo nada sabem sobre a cultura portuguesa e seria melhor que se calassem.

23 abril 2011

a populaça não é simplória

Gostaria de alertar os escribas que se dedicam a dizer mal do que a populaça pensa sobre a democracia e mal sobre o que a populaça pensa do Salazar sobre a fragilidade de dois argumentos que têm vindo a ser invocados:

1. Se não tivesse havido 25 de Abril estaríamos muito pior.
2. Os portugueses vivem muito melhor do que em 1974 e portanto não podem ter assim tantas razões de queixa.


Sem pretender ignorar a turba belicosa que tem esgrimido estas alegações, permitam-me que destaque dois eminentes autores. José Couto Nogueira, que invoca o primeiro argumento num artigo intitulado “Otelo, a tragédia”, e Manuel Villaverde Cabral, que invoca o segundo argumento, nesta entrevista ao Ionline.

Eis a retórica de José Couto Nogueira:
Talvez a melhor maneira de apreciar o que temos seja imaginar como seria se não tivesse havido o 25 de Abril. Como estaríamos agora distantes da Europa, com passaportes que só dariam para ir a 12 países, com quatro anos de serviço militar obrigatório, com a indústria retrógrada, o ensino exclusivista e anquilosado, as conversas em família na televisão, a inquisição da moral e dos bons costumes, os livros proibidos, a verdade é só uma, o sr. dr. e a sua Excelência Meritíssima, manda quem pode e obedece quem deve. Os anos de chumbo a cobrir-nos ainda, como uma carapaça lúgubre e tenebrosa. As colónias em guerra permanente há 50 anos com todos os países limítrofes, agora apoiados pela China e pela África do Sul, com núcleos de colonos sitiados a precisar dos contingentes da metrópole para proteger petróleo e diamantes.

Julgo que não será necessário nenhum bacharelato em sociologia para explicar que o tempo não pára, nem volta para trás. O cenário descrito pelo autor, não se aplica a 2011, mesmo que Salazar ainda fosse vivo. Com o devido respeito, estamos perante um exercício despudorado da mais pura demagogia.

Relativamente ao segundo argumento, de que não estamos assim tão mal, nem devíamos ter tantas razões de queixa. É necessário ignorar a natureza humana para o invocar. Todos querem melhorar a sua condição e todos desejam para os filhos uma vida melhor do que a que tiveram. Uma vez que estas espectativas estão a sair frustradas, temos razões de sobra para nos queixarmos.
Manuel Villaverde Cabral, não compreendendo este fenómeno, conclui que os portugueses se queixam porque são neurasténicos. Mais uma vez, com o devido respeito, um exercício monumental de demagogia ou uma idiossincrasia ininteligível para o comum dos mortais. 

A populaça pode ser simples mas não é simplória e, no meu ponto de vista, não se deixa levar por estes argumentos.

alhos e bugalhos

Para ser fiel aos seus princípios Sarkozy deveria ter uma política de "pernas abertas" e as namoradas, para serem fiéis aos seus príncipes, deveriam ter uma política de pernas fechadas.
Estão confusos? Insurjam-se!
A responsabilidade máxima de qualquer chefe de estado é garantir a segurança do seu povo, o verdadeiro soberano. Todos os acordos e tratados podem e devem ser rasgados se colocarem em causa este princípio. Perante uma invasão de bárbaros, as "pernas devem fechar-se" se estavam inoportunamente abertas.
Sarkozy pode ser um parvalhão e a Bruni pode ter todos os defeitos do mundo, que não são para aqui chamados, mas nesta situação concreta está a agir como um estadista responsável.
Quem não compreende isto deve estar a clamar pelos "verdadeiros franceses".

Trai-nos

A cultura é uma força muito poderosa. Trai-nos a cada esquina, apunhála-nos pelas costas nos momentos mais elevados, quando nós pensamos estar a exprimir uma ideia grandiosa ou a fazer um apelo patriótico. Aconteceu ao Rui Ramos aqui. Depois de observar realisticamente que o povo português é incapaz de uma iniciativa sem o bafo aprovador do Poder e, portanto, que é um povo naturalmente bajulador do Poder, e que menospreza aqueles que não têm poder (porque não lhe são úteis), ele acaba a fazer prova daquilo que critica aos outros, menosprezando os portugueses, a quem ele trata de pobres e primitivos - coisas que eles, uma e outra, na realidade, não são.

Happy birthday



devaneios e fantasias

O equilíbrio e a fecundidade de um país de cultura católica, como Portugal, depende criticamente da relação de complementaridade entre o povo e a elite, no mesmo sentido em que o equilíbrio e a fecundidade de uma família depende da relação de complementaridade entre uma mulher e um homem.

Quando um dos elementos da relação falta, o resultado é o desequilíbrio e a esterilidade.

Como é a vida de um homem sem uma mulher? É uma vida de excessos e exageros.

Como é a vida de uma mulher sem um homem? É a uma vida de devaneios e fantasias.

Eis o que nos últimos 37 anos trouxe Portugal aqui, devaneios e fantasias - a imagem de uma mulher sem homem, ou de um povo sem elite.

22 abril 2011

pobre e primitiva

"Na sociedade portuguesa, só conta o poder. Não somos capazes de respeito ou crítica, mas apenas de medo ou de menosprezo - medo pelos que mandam e menosprezo pelos outros. É por isso que em Portugal são os lugares que fazem os políticos (...) Mais do que qualquer outra coisa, convinha-nos mudar esta atitude de sociedade pobre e primitiva. Mas o FMI não trata destes assuntos.", Rui Ramos, no Expresso desta semana (página 31).

Vargas Llosa II



Os latino-americanos têm dificuldade em distinguir a ficção da realidade. MVL.

Vargas Llosa

herético

Deveríamos obrigar os nossos concidadãos à prática do bem? A caridade (no sentido de caritas) deveria ser imposta?
S. Paulo, na segunda carta aos coríntios, afirma que não:
2 Coríntios 9:7
Cada um contribua segundo o que decidiu no seu coração, sem relutância, ou por obrigação; porque Deus ama ao que dá com alegria.
O Arcebispo da Cantuária afirma que sim:
"What about having a new law that made all Cabinet members and leaders of political parties, editors of national papers and the hundred most successful financiers in the UK spend a couple of hours every year serving dinners in a primary school on a council estate, or cleaning bathrooms in a residential home?" he suggested.
Alternatively, he said, they could spend a night working in town centres as street pastors "ready to pick up and absorb something of the chaos and human mess you will find there, especially among young people".

somos uns gastadores

A intelligentsia anda por aí a causticar os portugueses sobre os seus gastos de férias, como se fossemos uns inconscientes e até uns anormais. À primeira vista assim parece, mas se aprofundarmos a análise verificamos o contrário.

Imaginemos um casal com dois filhos. Homem e mulher trabalham e a prole está a estudar. Imaginemos que cada um aufere 1.000,00 € /mês (mileuristas). A este valor temos de acrescentar os pagamentos em espécie - a educação, a saúde, a segurança social e os múltiplos subsídios que os portugueses recebem. Em números redondos, esta família vive com cerca de 4.000,00 € /mês.

Ora uma família que dispõe de 4.000,00 /mês não tem 500,00 € para passar um fim-de-semana no Algarve? Por favor! Acresce que no rendimento pago em espécie não é possível qualquer poupança porque o pilim não lhes chega a passar pelas mãos e aí é que está o despesismo.

Os portugueses comportam-se portanto de forma racional. Irracionais são os decisores políticos que endividaram o País para os tais pagamentos em espécie. Nos países socialistas é assim.

dar a cara

Na cultura portuguesa e católica nada é o que parece porque a realidade está sempre romanceada, introduzindo elementos de complexidade e de mistério que despertam a curiosidade e a emocionalidade, duas características do carácter feminino e que são comuns aos portugueses.

A Igreja Católica é uma figura de mulher - Maria - desenhada em caras de homem - os padres. Na cultura católica são os homens que dão a cara por valores que são predominantemente femininos, como a compaixão, a solidariedade, o amor, a paz.

Portugal é a Igreja Católica em regime civil, também uma figura de mulher, o povo, representada em caras de homem, a elite. Para juntar à complexidade e ao mistério, a figura da mulher - o povo - é designada por um substantivo masculino, e a figura do homem - a elite - por um substantivo feminino.

Portugal encontra-se actualmente num estado em que a mulher, o povo, não tem homem, a elite. Aquilo que Otelo fez na entrevista ao Jornal de Negócios é tipicamente católico. Eis um homem (Otelo) a dar a cara por um desejo feminino - o do povo -, o desejo de encontrar homem - a elite, na figura de Salazar ou alguém parecido.

carpideiras

carpideira
nome feminino
1.antiquado mulher que era paga para ir chorar os defuntos durante os funerais
2.figurado mulher que anda sempre a lastimar-se
3.figurado lamúriachoradeira
(De carpir+-deira)
...
Os portugueses adoram carpir, é uma tradição antiga que não existe nos países anglo-saxónicos. Dizem-me que é um traço característico da cultura cristã, é possível. Na cultura cristã a riqueza é um pecado e até a felicidade é um sentimento problemático, daí que os portugueses, como bons cristãos se lamuriem constantemente, mesmo sem quaisquer motivos.
Não devemos é confundir esta característica portuguesa, eminentemente feminina (as carpideiras são sempre mulheres) com neuroses, ou "neuroticismo".
Para além de que há quase sempre um lucro que advém da lamúria. As carpideiras eram pagas e os portugueses quando se lamuriam estão quase sempre a reivindicar qualquer coisa. Mais uma vez, nada é o que parece nas sociedades católicas.

a herança do socialismo

Se os números fossem uma ciência exacta, nós portugueses estaríamos em ponto de rebuçado para fazer uma revolução nas ruas. Só 14% da população portuguesa está convencida de que vive num país próspero, segundo o estudo do instituto Gallup sobre "Bem-estar Global", que coloca o pessimismo dos portugueses ao nível dos habitantes da Tunísia ou da Líbia.
Neuroticismo Tudo isso tem um nome e chama-se "neuroticismo". O palavrão, segundo Villaverde Cabral, significa a tendência que um povo tem para a neurose colectiva e que acaba por explicar essa "bizarria" de ter uma população que se sente tão infeliz quanto os outros povos que enfrentam maiores índices de pobreza ou até guerras civis.
Ionline

A afirmação de que os portugueses sofrem de neuroticismo é do mais hilariante que já tenho visto. Esta nem do Otelo.

21 abril 2011

muito quentinho

Todas as revoluções em Portugal obedecem invariavelmente aos seguintes parâmetros:

1. Uma unidade militar sai para a rua e dirige-se ao Terreiro do Paço para depôr o regime.

2. As forças afectas ao regime ficam nos quarteis, não interceptando os revoltosos.

3. O povo mete-se em casa a ver para que lado a coisa cai.

4. Os revoltosos triunfam.

5. O povo sai para a rua a vitoriar os revoltosos.

Foi assim o 25 de Abril, foi assim o 28 de Maio, foi assim o 5 de Outubro, foram assim todas as revoluções em Portugal. Nunca há combate, nunca há feridos, nunca há mortos, nunca há sangue.

O ponto 5 não merece grandes desenvolvimentos. No 28 de Maio, o povo vitoriou a ditadura contra a democracia, no 25 de Abril vitoriou a democracia contra a ditadura. A 5 de Outubro o povo vitoriou a República contra a Monarquia, mas se amanhã um general monárquico marchasse sobre o Terreiro do Paço, no dia seguinte o povo vitoriava a Monarquia contra a República.

O ponto mais intrigante é o ponto 2. Porque é que as forças afectas ao regime nunca reagem, interceptando e combatendo os revoltosos? A cultura católica, como mencionei noutro post, é uma cultura que não se defende. A defesa exige confronto, frequentemente violência, às vezes sangue, e a cultura portuguesa (católica), fazendo prova de mais uma das suas características femininas, é radicalmente avessa à violência.

Imaginemos que uma ou mais unidades militares afectas ao regime decidem saír para a rua e fazer frente aos revoltosos. Vai haver combate, feridos, mortos, vai haver sangue - e a cultura portuguesa (católica) detesta tudo isto.

Curados os feridos e enterrados os mortos, a sociedade portuguesa vai julgar e, com a falta de julgamento que lhe é proverbial, quem é que irá condenar pelos feridos e pelos mortos, as forças revoltosas ou as forças afectas ao regime? Sem dúvida, as forças afectas ao regime, porque se elas tivessem ficado quietas no quarteis, não tinha havido vítimas.

O Raúl Solnado na sua célebre charla "A Guerra de 1908" tinha uma frase que ficou célebre: "Estava eu a matar muito quentinho ... ". E eu imagino, em termos caricaturais, o general-chefe dos revoltosos a depôr num tribunal militar contra os generais do regime que decidiram fazer-lhe frente: "Estava eu a fazer a revolução muito quentinho ... e aqueles senhores vieram meter-se comigo, aos tiros contra mim e os meus homens ... Tive de me defender ... Se não fossem eles, ninguém tinha morrido." O povo português e o tribunal vão dar razão aos revoltosos e condenar os generais do regime. É por isso que eles nunca saem dos quarteis para interceptar os revoltosos, e as revoluções portuguesas triunfam sempre. Sem sangue e, às vezes até, com flores.

Romance

Romance. A origem da palavra é Roma, a sede da cultura católica. É o género literário típico da cultura católica e o mais apreciado desta cultura. Não existe ninguém com capacidade para romancear como um homem ou uma mulher nascido na cultura católica. São raros os Prémios Nobel da Ciência atribuídos a autores de cultura católica. Mas os da literatura são abundantes, normalmente a romancistas. O último - Vargas Llosa - não é excepção. O romance que é, por vezes, considerado a obra máxima da literatura Ocidental - D. Quixote, de Cervantes - não podia senão ter sido escrito por um homem nascido na cultura católica e no país que, na altura, era o expoente máximo desta cultura.

A característica central do romance é que é frequentemente inspirado na realidade, possui elementos da realidade, mas o resto é fantasia. E é esta capacidade para fantasiar a realidade que é distintamente portuguesa, italiana, espanhola e latino-americana, os países ocidentais de maior influência católica.

Por princípio, nunca se deve acreditar em tudo aquilo que um português diz porque uma parte é fantasia. As coisas nunca são exactamente como ele diz, e frequentemente são mesmo muito diferentes do que ele diz, às vezes exactamente ao contrário. E isto é assim vindo de um amigo, de um intelectual, de um artista ou de um porta-voz governamental (que é a razão da indignação do Ricardo aqui).

Uma qualificação é necessária. Eu não pretendo afirmar que todos os portugueses são fantasistas. Não. Há de tudo, e em todos os graus, como é próprio da cultura católica. A tendência para romancear a realidade é uma característica do povo - e uma característica feminina - que encontra o seu oposto no realismo que é característico da elite católica - uma característica masculina. A cultura católica vive desta relação de opostos, de complementaridade, semelhante à relação que se estabelece entre um homem e uma mulher. Aquilo que um tem por defeito, o outro tem por excesso, aquilo que falta a um, o outro possui.

Numa sociedade, como a portuguesa que, a 25 de Abril de 1974, decidiu pôr de lado as suas elites, e renunciar a elas, aquilo que ficou foi o povo com a sua tendência para a fantasia. E o acontecimento que, provavelmente, mais tem sido fantasiado desde então é a própria revolução do 25 de Abril.

Otelo ao lado do povo

Não adianta tentar ridicularizar o Otelo, como fez jmf1957. O verdadeiro desafio intelectual é explicar como é que 37 anos depois do 25/4 a populaça suspira por um Salazar. Talvez a leitura de alguns posts do PA, aqui no PC, ajude a elucidar esta questão.
O Otelo, meus caros, é a vox populi.

Execução orçamental de Abril

Este mês não farei a minha habitual análise detalhada dos números da execução orçamental (ver aqui a última que escrevi, referente a Março), por uma simples razão: deixou de ser relevante, já que perdemos a oportunidade que nos havia sido concedida pelos nossos credores para, em tempo útil, corrigirmos os desequilíbrios orçamentais. E os juros sobre a nossa dívida pública aí estão a comprová-lo: a dois, cinco e dez anos, exigem-nos agora 11,0%, 11,5% e 9,5%, respectivamente. É uma pena...o Governo português esperou até ao final de Novembro passado para fazer, em cima do joelho, aquilo que outros, como a Espanha, começaram a fazer quase um ano antes.

Ps: Uma nota de rodapé para dar conta da minha indignação quanto às afirmações de altos responsáveis do Governo, a) quando estes se referem à redução do défice, transformando-os em putativos superávites orçamentais que, pura e simplesmente, não existem e; b) quando se referem às reduções de despesa, que, tendo ocorrido, estão, no caso da despesa primária (que é a mais relevante), ainda aquém do previsto no OE 2011...

ninguém lhe sai ao caminho



Num post anterior, eu descrevi como na manhã do 25 de Abril, enquanto no Largo do Carmo, em Lisboa, o capitão Salgueiro Maia negociava a transferência do poder de Marcello Caetano para o general Spínola, o povo da cidade do Porto estava todo metido em casa.

Num comentário, o leitor D. Costa levanta a questão acerca da natureza das revoluções em Portugal, perguntando-me se eu posso ajudar a fazer luz sobre elas, especialmente sobre a facilidade com que triunfam. Julgo que posso ajudar porque essa é uma questão que, a mim próprio, anos a fio me intrigou, e só muito recentemente cheguei a uma resposta que me satisfaz.

A explicação popular segundo a qual os regimes depostos estavam podres é uma explicação que nunca me convenceu, menos ainda hoje. No caso do regime do Estado Novo, este era o regime de um pequeno país que enfrentava guerras coloniais em várias partes do mundo, da Guiné a Timor; que, para além das guerras colonias, enfrentava tesamente na cena diplomática, e nos principais aerópagos internacionais (v.g., ONU), a adversidade das principais potências mundiais, como a União Soviética e os próprios EUA; era um regime, que no ano anterior à sua queda, teve um crescimento económico de 11,2%, e cerca de 7%, em média desde a Segunda Guerra Mundial. O regime estava podre? Não estava, não.

Quanto às revoluções, aquela que mais me intrigava não era a de 1910 ou a de de 1974, porque essas partiram de Lisboa, mas a de 28 de Maio de 1926, e também o golpe das Caldas de 16 de Março de 1974, que precedeu o 25 de Abril.

No caso do 28 de Maio, o Marechal Gomes da Costa partiu de Braga com a sua coluna militar rumo a Lisboa. Demorou vários dias para lá chegar. Parou em Coimbra, onde ficou um dia ou dois, também em Santarém onde ficou dois dias. Quando entrou a Lisboa já foi recebido com vivas à Revolução. Demorou oito ou dez dias a chegar a Lisboa, e nunca ninguém lhe saiu ao caminho. Esta era a questão que me intrigava: durante este tempo todo, nunca uma unidade militar afecta ao regime o interceptou, nem uma?

O golpe de 16 de Março de 1974 foi semelhante. Uma unidade militar sai das Caldas da Raínha rumo a Lisboa. Faz o percurso de 100Km nas calmas e entra em Lisboa de madrugada também nas calmas. Ninguém lhe sai ao caminho. Chegada a Lisboa, fica à espera que outras unidades, previamente combinadas, se juntem a ela. Como ninguém aparece, resolve voltar para as Caldas e faz o percurso de regresso na maior das calmas. Em nenhum momento uma unidade militar afecta ao regime sai para a interceptar. A Revolução do 25 de Abril não foi antecipada para 16 de Março porque o comandante da unidade das Caldas não quis.

Curioso. Este parece ser um país em que um qualquer militar de patente que decida juntar atrás de si 50 homens e três blindados e marchar sobre o Terreiro do Paço faz uma revolução e triunfa, porque ninguém o incomoda pelo caminho. E, na realidade, é assim. E é isso que procurarei explicar num dos próximos posts.

Mas não sem antes me referir a uma outra característica da cultura portuguesa e católica, que é uma característica, também ela, eminentemente feminina - a tendência dos portugueses para romancear a realidade.

Ouro

Como tão bem notou o nosso leitor D. Costa neste post, o preço do ouro continua imparável, tendo ontem quebrado a barreira dos 1.500 dólares por onça. Trata-se de um máximo histórico, sendo que, em termos reais, o preço nominal ajustado pela taxa de inflação - e pela própria desvalorização do dólar -, ainda terá margem para novas valorizações. E, de facto, não é apenas o fosso entre preços nominais e preços reais que alimenta as expectativas daqueles que estão a apostar na valorização do ouro. A prolongada crise das dívidas soberanas, na qual também se insere a monetização da dívida pública norte-americana pela Reserva Federal, é o principal factor de sustentação desta tendência de alta nos metais que já dura há vários anos.

Porém, neste momento estamos próximos do momento que, julgo eu, será crítico. Refiro-me a duas situações em concreto. Primeiro, à decisão que os Estados Unidos da América serão forçados a tomar no que diz respeito ao financiamento dos seus próprios défices. Esta semana, através da ameaça de downgrade da S&P, tivemos o segundo aviso à navegação de Obama - o primeiro havia sido o anúncio por parte da influente PIMCO de que a perspectiva, quanto à evolução dos títulos do Tesouro norte-americano, era negativa - e que poderá ter consequências. Se os EUA tomarem os avisos como sérios, então, reduzirão o défice, o dólar inverterá a sua trajectória descente e o preço do ouro corrigirá. Se, pelo contrário, nada fizerem, e a Reserva Federal continuar a imprimir papel para financiar o buraco orçamental da América, então, o preço nominal do ouro continuará em alta. Quanto à segunda situação crítica, trata-se da resolução, que quer dizer reestruturação, que se aproxima, da dívida pública periférica no espaço da Zona Euro.

Ponto um: quando se fala dos EUA, é preciso não esquecer o facto de o dólar, para o bem ou para o mal, ainda ser a principal divisa de referência mundial, e que, se for preciso, pode ser manipulado pela Reserva Federal. Além disso, a América é a maior economia, politicamente integrada, do globo. Ou seja, é um mundo em si e o que se passa fora das suas fronteiras, num cenário de limite ou de ruptura, pode muito bem tornar-se irrelevante. Por fim, não esqueçamos que os EUA são os maiores detentores mundiais de reservas de ouro, o que faz com beneficiem, directamente, da valorização daquele metal. Dito isto, estou convencido de que os EUA tentarão conversar com os mercados, a fim de mitigar as expectativas dos analistas quanto à ausência de uma estratégia credível no que diz respeito à disciplina orçamental. Obama tem-se esforçado, porém, no domínio financeiro, recentemente, tem perdido credibilidade sempre que o tem feito. A prova disso é que agora, também, o Presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, inaugurará, a partir da próxima 4ª feira, uma nova era de diálogo e abertura - uma espécie de glasnost financeira, como lhe chama o WSJ -, introduzindo conferências de imprensa depois das decisões sobre taxas de juro, até hoje, inexistentes nos EUA. Creio que o mercado lhe dará o benefício da dúvida, que já não dá a Obama, mas, em última instância, a linha ideológica de Helicopter Ben será a mesma de sempre (veja-se aqui a trajectória do M2 na América) e que, honra lhe seja feita, sempre defendeu: larguem-se notas sobre o sistema! Dólar destruído? Paciência, será um mal menor. E quanto ao ouro cotado em dólares estamos conversados...

Ponto dois: à medida que o preço do ouro vai atingindo novos máximos relativos (em termos reais), aumentará a ansiedade daqueles países que, tendo um problema de dívida pública, possuem elevados stocks de ouro. De acordo com a Economist (Pocket World in Figures, 2011 edition, página 36), entre os 25 maiores detentores de reservas auríferas, os EUA, como já disse, qualificam em 1º lugar. Porém, se considerarmos toda a Zona Euro em conjunto, os EUA baixam para 2º lugar. E entre os países da Zona Euro mais bem posicionados na classificação temos a Itália (3º lugar, na classificação discriminada de países), Portugal (11º), Espanha (15º lugar) e a Grécia (25º). Pelo meio, há ainda um conjunto de outras nações que, por motivos económicos ou políticos, actualmente, também se encontram debilitadas, casos do Japão (8º), do Reino Unido (13º), ou, ainda, outras nações exóticas como a Venezuela (12º), Líbano (14º), Argélia (18º), Arábia Saudita (21º) e a Líbia (20º lugar). Ou seja, com tantos dedos nervosos ansiosos por apertar o gatilho, estamos a falar de quase duzentos e cinquenta mil milhões de dólares, a preços de mercado, em ouro open for sale, uma vez eliminadas as restrições institucionais à venda daquele metal. Em suma, um efeito mais do que suficiente para, no curto prazo, colocar um travão na progressão actual das cotações.

Ps: Apesar da minha argumentação, não posso deixar de admitir que estou contra a tendência, pelo que, uma boa ideia, para aqueles que acreditam na bondade de um investimento imediato em ouro, talvez seja comprar ouro, através de futuros ou de ETF's, procedendo depois à cobertura de risco do dólar, através de francos suíços.