29 junho 2011

jovens

Este governo possui ministros razoavelmente jovens. E a equipa de secretários de Estado parece ainda mais jovem. Será isto uma vantagem?

Não. Definitivamente não. A cultura católica não é compreensível a pessoas jovens. Para se compreender (e apreciar) a cultura católica é preciso tempo, muito tempo. Dificilmente alguém a compreende aos 30 ou 40 anos. O mesmo sucede com os países de cultura católica, como é Portugal. Enquanto jovens, precisamente porque não os compreendem, as pessoas indignam-se contra eles. Mais tarde, mais velhas e mais maduras, são bem capazes de achar que aquilo que de mais parecido existe na Terra com o paraíso é um país de cultura católica - como Portugal.

Não surpreende que assim seja. A doutrina católica é feita e sancionada pela elite da Igreja - os cardeais e, em última instância, o Papa. Basta atentar na idade deles para concluir que esta é uma doutrina feita por homens que já viram muito na vida e que tiveram toda uma vida para reflectir sobre aquilo que viram. A doutrina católica não é feita por meninos nem para meninos. É feita por pessoas maduras e para pessoas maduras. E, por isso, uma comunidade católica (a Igreja ou um país) só funciona bem quando governado por pessoas maduras. Trata-se de uma condição necessária, embora, obviamente, não suficiente. (Convém talvez reparar na idade média dos ministros de Salazar e Marcello Caetano, o último período da história de Portugal em que o país foi bem governado).

Um país de cultura católica governado por pessoas jovens? Não vai dar nada. Vai falhar. Na sua maior parte, eles não compreendem ainda a cultura do seu país. E o Ministro da Economia (39 anos), talvez por ser aquele que mais obra tem publicada e, por isso, está mais exposto, é o caso mais nítido. Ele não se deu sequer conta da importância do factor cultura, e no entanto é o factor cultura que vai minar toda a sua actividade. Ele está convencido que tudo isto se resolve com soluções técnico-científicas, que são um traço maior e distintivo da cultura protestante, mas não da cultura católica.

Tornar Portugal a Flórida da Europa? (sugere ele, numa comparação que bem portuguêsmente deprecia Portugal). Mas Portugal é cinquenta vezes melhor do que a Flórida. A Flórida é que talvez gostasse de se tornar o Portugal da América.

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