31 agosto 2009

alianças

Esta entrevista de Paulo Mota Pinto ao jornal i não credibiliza o PSD como alternativa. A questão põe-se na política de alianças pós-eleitoral, nomeadamente quando o entrevistado afirma peremptoriamente que não se deve excluir, nessa matéria, «nenhum caminho». Não é assim. Se o PSD quer ser alternativa ao PS, se entende, como bem afirmou Manuela Ferreira Leite, que o caminho do estatismo protagonizado por aquele partido no governo não serve para Portugal, então tem de dizer claramente ao país que em cenário algum se coligará com o PS. O mesmo raciocínio pode e deve aplicar-se igualmente ao CDS: admite o partido do Caldas uma coligação pós-eleitoral com o Partido Socialista, ou não? Estas questões não são secundárias, nem podem ficar dependentes dos «resultados eleitorais», como afirma Mota Pinto na mesma entrevista. Elas dependem de princípios e de projectos que se têm ou não têm para o país. Projectos alternativos e não cumulativos ao sabor das circunstâncias do voto: ou o PSD tem um projecto para o país diferente do do PS, ou não faz sentido pedir o voto dos portugueses, tão pouco afirmar que o governo socialista criou um estatismo asfixiante. É bom, pois, que a direita, a começar pelo PSD, mas logo seguida pelo CDS, torne bem clara e inequívoca a sua posição sobre o assunto.

P.S.: O assunto torna-se ainda mais sério se pensarmos que um dos argumentos mais invocados para o voto no PSD, nomeadamente por alguns dos seus mais influentes dirigentes, como José Pacheco Pereira, é que é necessário tirar o PS do governo, custe o que custar. Esperemos, então, que o voto no PSD não sirva para que ele lá continue.

desgoverno

Os prejuízos dos hospitais EPE (entidades públicas empresariais) cresceram 22,6 por cento para os 91,1 milhões de euros, indica a Administração Central do Sistema de Saúde na Demonstração dos Resultados do primeiro semestre de 2009.
Via RTP

7 de setembro*

Sete anos depois, o regresso de Paddy Maacaloon, o homem que queria fazer a "música-mais-que-perfeita" e que fez muito mais do que uma. Sai dia 7 de Setembro.

* Com os meus públicos agradecimentos ao Gabriel, o verdadeiro responsável pela edição deste post.

30 agosto 2009

programa do PS para a saúde

Já alguém reparou que o programa do PS para a saúde parece fotocopiado do índice do Manual Merck?

Pandemia da gripe A
Diabetes
Dependências
VIH/SIDA
Oncologia
Saúde materna e infantil
Idosos
Saúde Mental
Medicamentos

Confirme aqui, por sua conta e risco (2,59 MB).

educação sexual

... a verdade é que o governo entendeu por bem pôr termo a esta atávica falta de educação sexual nacional. Mas, se pega a moda de o Estado pretender ensinar o que é óbvio e natural, em vez do que é elevado e racional, é de esperar que a reforma educativa não se fique pela sexualidade. Falta, por exemplo, uma disciplina de educação respiratória, porque há quem não saiba inspirar e expirar em condições. O mesmo se diga da educação digestiva e de todas as outras expressões das mais básicas necessidades do nosso organismo.

Gonçalo Portocarrero de Allmada
Vice-presidente da CNAF
Via Público

diferenças notáveis

Descentralizar a gestão do SNS é essencial para responder às necessidades locais, para melhorar a eficácia do sistema e para controlar os gastos. O grande pecado do PS, na saúde, foi fazer exactamente o contrário, centralizar todas as decisões em Lisboa e gerir por “comando e controle”.
O plano de redução das urgências e das maternidades, desenhado a régua e esquadro em Lisboa e a consequente resposta exaltada das populações, é o exemplo mais patético da política centralista do PS. Uma política certamente bem intencionada e com fundamento técnico inquestionável, mas desencontrada das expectativas locais.
Descentralizando a gestão é possível ir ao encontro das necessidades dos utentes (que são os clientes do SNS) e ouvi-los antes de decidir. Simultaneamente é possível controlar os gastos, através de uma maior responsabilização.
O programa do PSD vai no caminho certo:
Reforçaremos a autonomia das diversas unidades de saúde, aumentando a responsabilidade da gestão pelos resultados clínicos e financeiros. Preveremos a obrigação de as unidades de saúde, num quadro de transparência, prestarem contas aos cidadãos e à comunidade do resultado das suas actividades, segundo critérios clínicos, de saúde pública e de gestão.
A diferença com o PS é notável. Com tem vindo a dizer o Rui A.: agora escolham.

um país normal

Manuela Ferreira Leite pode estar com reserva mental perante o país e pretender fazer tudo ao contrário do que lhe tem dito. Pode estar nas mãos de gangsters e de bandidos, e ter preenchido as listas de candidatos a deputados com gente saída das trincheiras da Máfia siciliana (círculo da Europa) e da Cosa Nostra (círculo do Resto do Mundo). Pode estar, neste preciso momento, ao telefone com José Sócrates a preparar o governo do bloco central, e, juntamente com ele, a dividir sordidamente as mordomias da governação. Pode já ter feito uma lista de amigalhaços para colocar na Caixa Geral de Depósitos, na Rádio Televisão Portuguesa, na PT-Telecom, na TAP, e, já agora, no BCP e no BPN, os dois novos bancos do estado português. Tudo isto pode, na verdade, estar ou vir a acontecer. Admito que sim. Mas, muito francamente, não me interessa nada.

O que me interessa, e resultou já do seu discurso de apresentação do programa de governo do PSD, foi que, pela primeira vez na história da nossa democracia, se deu uma clarificação e uma divisão de águas entre os dois principais partidos de governo: o PS que defende o Estado Social, e o PSD que põe em causa o Estado Social e o “estatismo asfixiante” que dele resultou. A partir de agora, se o PSD quiser, os cidadãos portugueses poderão claramente escolher entre esquerda e direita para governar o seu país. Acabaram-se as águas turvas e as meias-tintas do costume. As pessoas passaram a saber que o Estado Social não é o único caminho. E o Partido Socialista, que estava à espera das conversa habitual do centrão, também já o entendeu. Esse passou a ser, de resto, o seu receio principal.

Pode ser que, a partir de agora, comecemos a ser um país politicamente normal.

29 agosto 2009

olha que boa notícia!

inimigos do tarolo








Esta parábola do PL contém uma grande verdade, o Estado moderno é inimigo do tarolo.

o programa também conta...

Excertos do programa do PSD, para a saúde:

...
Alargaremos progressivamente a liberdade de escolha pelo utente dos prestadores de serviços de saúde: o beneficiário passará a poder escolher cada vez mais, dentro ou fora do sistema público, o hospital ou o centro de saúde da sua eleição, reduzindo as listas de espera, aumentando a competição e, consequentemente, a qualidade dos serviços prestados.
...
Reforçaremos a autonomia das diversas unidades de saúde, aumentando a responsabilidade da gestão pelos resultados clínicos e financeiros. Preveremos a obrigação de as unidades de saúde, num quadro de transparência, prestarem contas aos cidadãos e à comunidade do resultado das suas actividades, segundo critérios clínicos, de saúde pública e de gestão.
...
Privilegiaremos passos graduais no sentido de aumentar a pluralidade na prestação de cuidados de saúde, seja aumentando a liberdade de escolha do utente, seja aumentando o papel das alternativas dadas pelos subsistemas, sistemas regionais, sistemas de saúde oriundos da economia social e do mercado privado.
...
Introduziremos uma separação funcional, e porventura orgânica, entre o financiamento, a prestação e a regulação da saúde, que permita simultaneamente a maior abertura ao mercado concorrencial e a melhor clarificação das relações entre os sectores público, privado e social. Rejeitamos a introdução, na próxima legislatura, de co-pagamentos ou taxas moderadoras progressivamente mais elevadas com finalidades de financiamento do sistema de saúde e poremos termo às incompreensíveis taxas moderadoras para internamento e cirurgias.


PS: Para abordar em próximos posts. A diferenças com o PS são significativas.

Pedido de desculpas

As minhas sinceras desculpas às deputadas Ana Drago e Catarina Mendes, por ter citado os seu nomes em referência a esta "notícia" do jornal i.

é pena

continuam as boas notícias

A Dr.ª Paula Teixeira da Cruz não gosta de Maquiavel.

28 agosto 2009

agora escolham

José Sócrates promete um governo que manterá o Estado Social, o investimento público como dinamizador da economia e do emprego, ao mesmo tempo que critica o liberalismo e aqueles que querem reduzir o peso do estado. Os últimos quatro anos do país, sob a sua governação, demonstram que ele faz aquilo em que acredita.

Manuela Ferreira Leite ontem, surpreendentemente, é certo, anunciou que o seu governo será contra a asfixia do estatismo reinante, que preferirá a iniciativa privada empresarial ao investimento público, e teceu duras críticas à visão estatista do PS, o mesmo é dizer, ao Estado Social. A mais violenta crítica a esse modelo de estado que me lembro ter escutado a qualquer político português com responsabilidades de chefia partidária.

É evidente que todas as reservas e hesitações são legítimas em relação às verdadeiras intenções de Manuela Ferreira Leite. Até porque, pelo menos para mim, foi, repito, absolutamente inesperado o tom que atravessou todo o seu discurso de ontem. É verdade que Manuela Ferreira Leite sempre me pareceu uma social-democrata clássica, uma keynesiana feroz e uma estatista empedernida. Disse-o e escrevi-o abundantemente. Não foi isso, porém, que ela disse ontem à noite, e que anunciou para o rumo a seguir pelo seu futuro governo.

Em síntese: de José Sócrates e do seu governo já sabemos o que se pode esperar; de Manuela Ferreira Leite existem dúvidas absolutamente legítimas. Agora escolham.

veneno

Quando se fizer a história do declínio e queda dos EUA, alguns nomes vão emergir repetidamente:
Harvard, Yale, Cornell, Stanford, Berkeley, UCLA, Princeton...

inner circle

Em trinta e quatro anos que leva a III República, foi ontem, pela primeira vez, que ouvi um líder partidário em exercício - a Dr.ª Manuela Ferreira Leite - a criticar aberta, frontal e fundamentadamente o estatismo, o estatismo dirigista, e a dizer, também com clareza, que o estado e o governo são instrumentais em relação à sociedade e aos indivíduos, e não o contrário. Esta posição é verdadeiramente nova no PSD e na classe política dirigente portuguesa. E contrasta frontalmente com a do Partido Socialista, que mantém - e muito bem porque é socialista - a visão de que é a partir do estado, do governo e do investimento público que se promove o desenvolvimento.

A crítica ao estatismo ontem feita pela líder do PSD, a proposta de uma economia fundada sobre a livre-iniciativa e as empresas e não sobre o estado e o investimento público, foram os pontos nucleares do discurso de Manuela Ferreira Leite, e não devem ser contornados nem secundarizados. Pelo contrário, eles serão, segundo afirmou, os pressupostos do seu futuro governo, caso o venha a constituir e a liderar. Por mim, parece-me que nenhum liberal pode deixar de subscrever o que ela disse, ainda que tenha sido dito por quem menos se esperaria que fosse capaz de o dizer. A verdade é que o disse.

Fica naturalmente por determinar se a vontade declarada corresponderá à vontade real de um futuro governo chefiado por Manuela Ferreira Leite. Ou se o partido, se os seus barões e os muitos interesses envolvidos a consentirão. Esse é o risco inerente à política e não se pode contornar antes das coisas acontecerem. Mas também não é legítimo presumir que ela venha a fazer o contrário do que ontem anunciou, e que se tenha posicionado com reserva mental perante o país.

Todavia, seria interessante ver Manuela Ferreira Leite dar mais um passo no sentido de credibilizar o seu discurso. Por mim, ela deveria anunciar nos próximos dias quem serão os seus ministros das cinco áreas prioritárias governativas que escolheu: justiça, segurança (administração interna), economia, educação e segurança social. Ou seja, por outras palavras, quem será o seu inner circle. Isso ajudaria a ajuizar melhor da seriedade de intenções e da exequibilidade das propostas, e corresponderia um pouco à tradição infelizmente perdida dos principais partidos da oposição apresentarem os seus governos sombra.

Groundforce


A greve de hoje na Groundforce, uma empresa semi falida detida pela TAP - que também não está muito melhor -, é quase criminosa e o exemplo acabado da acção nefasta dos sindicatos. Merece uma resposta rápida, enérgica e, especialmente, punitiva.

o programa do psd

O aspecto mais significativo do programa do PSD, ontem apresentado ao fim do dia por Manuela Ferreira Leite, foi o reconhecimento - que ocupou largos minutos do início da intervenção - de que o estado, através do seu órgão político executivo que é o governo, é naturalmente impotente para resolver todos os problemas do país. Este princípio poderá parecer insignificante, mas, se levado a sério, pode ser decisivo. Ele poderá representar, de facto, uma mudança de paradigma do Estado Social dirigista para um Estado de liberdade.

Diga-se, de resto, que todo o discurso de Manuela Ferreira Leite foi atravessado por uma surpreendente crítica ao estatismo, ao "estatismo asfixiante", como referiu, sublinhando sempre, em todas as políticas de que tratou, o papel do estado como subsidiário da sociedade civil e não o inverso, como tem sucedido no governo do Partido Socialista. Este é outro excelente princípio, corolário, de resto, do anterior.

Também foi particularmente revelador que a sua intervenção tenha terminado com a síntese do modelo de estado que defende e a crítica ao modelo actual: um estado que pratica um "dirigismo asfixiante de tudo o que é livre", "um estado que permita a cada cidadão, a cada família, a cada instituição a realização do seu projecto de vida e das suas aspirações", "um estado que seguirá a tradição da liberdade" própria das sociedades ocidentais.

Muito significativo também o facto do programa apresentado abordar somente cinco áreas governativas, em vez de ser um extenso relambório existencialista sobre o mundo e a vida. Assim, ficou claro que o governo do PSD privilegiará a justiça, a segurança, a economia, a educação e as questões sociais e de saúde. O que significa que considerará o resto fora da sua área natural de intervenção.

A justiça e a segurança são duas áreas naturais da soberania do estado. Devem ser objecto de qualquer programa de governo. Na economia, Manuela Ferreira Leite anunciou que o seu governo seguirá um modelo "que rompa com o modelo socialista e dirigista dos últimos anos", que aposte no "investimento privado" e nas empresas, reservando ao estado a tarefa de eliminar os "constrangimentos" que põem em causa a liberdade económica das empresas. Este é igualmente um aspecto diferenciador em relação ao programa do Partido Socialista, que volta a insistir no investimento público como motor do desenvolvimento económico. Uma diferença abissal, portanto.

Quanto às medidas avulsas, nenhuma me chocou. Não esperava - ninguém de bom senso esperaria - que as políticas sociais desaparecessem, ou não mantivessem uma ponte com o passado. Qualquer liberal minimamente sério sabe que desmontar o Estado Social não é tarefa para dois ou três anos, nem para uma legislatura, sequer para uma geração. Não se pode passar de um estado assistencialista para um estado de liberdade sem pagar uma pesada factura, uma factura que ninguém minimamente sério poderá assumir sem compromissos de transição. Mas não vi nenhuma medida proposta que me escandalizasse particularmente, nem me pareceu que elas representem uma simples continuação das políticas do governo anterior. Há rupturas claras em quase todos os domínios.

Por último, uma palavra sobre a Dr.ª Manuela Ferreira Leite, para dizer que esteve que esteve firme e convincente, muito bem, portanto.


P.S.: Não li o programa completo que o CAA aqui refere, ao que parece cheio de banalidades e de coisas sem interesse nenhum. Mas, muito francamente, acho que esse é precisamente o documento que ninguém lê e que não serve para nada, a não ser para cumprir uma mera formalidade pré-eleitoral. É muito mais importante o discurso da líder - eventual futura Primeira Ministra -, os princípios inspiradores e de actuação futura que enunciou, e as prioridades programáticas que apontou, do que todo o documento em causa.

des-desenvolvimento

"A massive campaign must be launched to restore a high-quality environment in North America and to de-develop the United States."
John Holdren, Czar para a ciência.

Proponho o termo “des-desenvolvimento” para traduzir “de-development”. Em Portugal somos campiões do des-desenvolvimento, há 10 anos, e nem sabíamos o que isso era. Santa ignorância.

4 mulas 4

Quantas mulas é que um tio com sangue na guelra precisa de ter no serralho? Presumo que esta dúvida tenha assaltado as mentes mais débeis que tropeçaram na minha série de posts estivais (já só temos mais quatro dias), sobre a arte de bem cavalgar toda a sela.
Ora bem, não há um número mágico, como compreendem, mas a necessidade de preparar uma nova geração para a guerra dos sexos obriga-nos a ser didácticos. Daí que proponha que os candidatos a garanhões se fixem nos ancestrais ensinamentos da sharia que sugere uma relação de quatro para um.
Quatro mulas bem aperaltadas já fazem um serralho razoável, capaz de satisfazer as necessidades físicas e psicológicas de qualquer tio. Particularmente porque não sempre as mesmas quatro, as mulas vão entrando e saindo à medida que os relacionamentos atingem o zénite e começam a entrar em declínio.
Sejam práticos. A patroa tem sempre uma melhor amiga, não é? Pimba! A segunda secretária (a primeira é para trabalhar) pimba! No health club, no cabeleireiro, na livraria, há sempre uma menina agradecida e sorridente, não é? Pimba! Por fim, não descurem a “empregadinha do shopping”, a menina que serve café na província, ou a serigaita das bombas de gasolina. Pimba!
Convém que as mulas não se conheçam entre si para, ocasionalmente, realizar um 2 em 1. As mulas gostam de se emparelhar e, obviamente, chega-se mais depressa ao destino. Mais depressa e com um grande sorriso no focinho.
PS: Rogo aos interessados o favor de clicarem na imagem.

27 agosto 2009

o pior do programa do PSD


"Revisão do modelo de remuneração de juízes e de magistrados do Ministério Público, para incorporação de uma componente que varie em função de indicadores quantitativos e qualitativos sobre o seu trabalho".
Do programa do PSD

Os juízes são titulares de um orgão de soberania. Presumimos que todos se esforçam, no limite das suas capacidades, para assegurar o direito dos cidadãos à justiça. Correlacionar o desempenho de um juiz com interesses económicos é, na minha opinião, corromper o espírito da Justiça.

o melhor do programa do PSD









O melhor do programa do PSD foi sintetizado de forma magistral por Santos Silva: “rasgar, romper, rever, suspender, adiar”.

Bebés


Um dos mais sérios desafios à sustentabilidade da economia portuguesa reside na nossa baixa taxa de natalidade. Contudo, do que tenho tido oportunidade de ler nas últimas semanas nem PS nem PSD propuseram o que quer que fosse para abordar o problema. Enfim, a exemplo de outros problemas, Portugal não é o único país nesta situação. A diferença é que noutros países faz-se, ou pelo menos tenta-se fazer, alguma coisa para endereçar o assunto.

No próximo dia 30 de Agosto, o Japão vai a votos. As sondagens são claras: o partido incumbente, no poder desde 1955 (!!), será finalmente derrotado e substituído pelo partida da oposição. Ora, entre os países mais desenvolvidos do mundo, o Japão é aquele que apresenta a pirâmide demográfica mais insustentável. Daí que, uma das principais propostas eleitorais, defendida pelo partido que se prepara agora para formar governo, é precisamente no domínio da natalidade. Assim, o Estado japonês pagará às mães nipónicas 200 euros por mês por cada criança. A medida inspira-se na política implementada em França e que tem contribuído para aumentar a taxa de natalidade daquele país.

E nós, estamos à espera de quê?

Bancos problemáticos



Foi hoje divulgado que nos Estados Unidos existem 411 bancos problemáticos, a maior parte dos quais são bancos regionais. A fonte é oficial: trata-se do todo poderoso FDIC, o fundo de garantia norte-americano.

A notícia surpreende pela dimensão dos números. Nos últimos 12 meses, o sector da banca foi dizimado por insolvências - umas de pequena dimensão, outras de grande aparato. A lista agora apresentada, que representa um acréscimo de quase 150 bancos desde a última contagem, dá força aos argumentos daqueles que defendem que o colapso só não aconteceu porque se mudaram algumas regras a meio do jogo. A crítica refere-se especificamente ao relaxamento da regra "Mark to Market", decidida em Março pelos reguladores das práticas contabilísticas utilizadas na América. Na altura, sob forte pressão governamental, foi permitido aos bancos que contabilizassem muitos dos seus activos, depreciados pelas quedas da bolsa, ao custo histórico, com a finalidade de melhorar os seus balanços. Desde então, as acções da banca foram das que mais valorizaram, daí que fosse de esperar uma melhoria real - não apenas cosmética - dos fundamentais do sector bancário. Infelizmente, tal parece não estar a acontecer.

E em Portugal, como será que andam os nossos bancos?

ilusões perigosas

Pedro Correia manifestou-se desagradado com a intervenção de Paulo Rangel na Universidade de Verão do PSD, na qual o deputado europeu defendeu, ao contrário do interveniente que o antecedeu, Marques Mendes, que “A política é autónoma da ética e a ética é autónoma da política”, remetendo depois para O Príncipe, de Maquiavel, a fundamentação do seu ponto de vista. Eu julgo que Paulo Rangel tem toda a razão e tentarei explicá-lo em três breves pontos.

Primeiro, a política corresponde a uma categoria essencial da natureza humana, omnipresente em todas as manifestações existenciais da espécie. Ela tem um domínio próprio, objectivos particulares e um critério que a distingue de todas as outras actividades humanas. Esse domínio é o poder, aquilo a que Julien Freund, no L’Essence du Politique, designava pela relação dialética do “comando” e da “obediência”. Os seus objectivos são o da conquista e preservação do poder de comando do estado. O critério distintivo baseia-se na dicotomia “amigo-inimigo”, que é o padrão pelo qual se separam as águas desse jogo muito particular.

Segundo, a ética consiste nos pressupostos do que deve ser um comportamento moralmente correcto e justo dos seres humanos. Tem padrões variáveis conforme as épocas e as circunstâncias, mas deve aferir-se, pelo menos para um liberal, pela observação dos direitos fundamentais dos indivíduos, que resultam do que acreditamos ser o direito natural. Deve prosseguir objectivos de justiça moral e de elevação pessoal. A ética é uma disciplina eminentemente individual, dependente da vontade, da razão e do juízo de cada ser humano. Não existem, por conseguinte, “éticas colectivas” ou grupais, que não sejam senão a simples adição dos juízos éticos singulares de cada um dos indivíduos que participam na decisão do grupo. Dessa adição nunca resulta uma ética própria, independente das dos indivíduos.

Terceiro e por último, o que o maquiavelismo ensina é que o comportamento político funda-se nas suas próprias regras e objectivos, e não exactamente nas de outras disciplinas do género humano, entre elas a ética. Esta lição, aparentemente incomodativa, foi de enorme utilidade ao espírito liberal e à constituição do Estado de Direito, este último, verdadeiramente limitador da potência bruta que é o poder político. Se não se tivesse essa ideia exacta do poder e da política seria desnecessário limitá-los por via do direito e da Constituição. Se o poder se auto-conformasse na e pela ética, não seriam necessários entraves e limites às suas manifestações sobre os homens. A relação do “comando” e da “obediência” seria, assim, pacífica e auto-regulada.

Por outras palavras e para concluir, o domínio do dever ser que é o da ética, não se confunde com a brutalidade do ser que é a realidade da política. Isto não significa, obviamente, que o comportamento ético não deva inspirar o comportamento dos políticos. Mas desilude-se frequentemente quem julga que esse é o critério utilizado na política para a tomada de decisões. Desconheço se o Dr. Marques Mendes alguma vez teve essa ilusão, ou se verdadeiramente nunca acreditou no que a esse propósito dizia em público. Os critérios da política levam-me a acreditar mais na segunda hipótese do que na primeira.

Macrocefalia estatal


O tema que o Joaquim levantou nos dois posts anteriores (ver aqui e aqui) - acerca da relação do especulador financeiro com a política - é muito interessante. Diria que depende...da jurisdição e dos intervenientes.

Primeiro, uma nota acerca da natureza dos especuladores. A ideia de que estes são inerentemente propensos ao risco é falsa. Na realidade, existem muitos especuladores que são profundamente avessos ao risco! Aquilo que os distingue dos demais é a forma como relacionam risco e recompensa, ou seja, em geral são muito perspicazes na avaliação da rentabilidade marginal do investimento. É aqui que reside o sucesso do especulador: muito retorno associado a risco relativamente reduzido.

Quanto à promiscuidade entre negócios e política, só acontece quando esta última participa de forma activa na vida empresarial do país - infelizmente, o caso de Portugal, onde o Estado, além de jogador, é também (mau) árbitro. Reduza-se o peso do Estado na economia e, rapidamente, todos esses empresários e gestores estrela terão um choque de realidade...porque, afinal de contas, será que é difícil ser Presidente executivo da Brisa ou da EDP?! Será que é difícil gerir empresas que estabelecem contratos leoninos - como aquele dos contentores do porto de Lisboa - à custa dos bolsos fundos do Estado?! Pois claro que não.

Em suma, é a macrocefalia do Estado que gera a promiscuidade e que, a par da incapacidade da Justiça - convenientemente minada pela própria classe política - faz com que, em Portugal, o proveito associado à especulação em redor do sector público seja tão grande...e tão descarado!

esquerda V

A aliança entre um especulador financeiro e a política é contra-natura.

esquerda IV

Para um especulador financeiro:

1. É útil estar próximo do poder?
2. Influenciar as decisões legislativas?
3. Controlar partidos políticos?
4. Controlar sindicatos?
5. Ser o primeiro a saber?
6. Ter poder sobre os stakeholders, que têm poder sobre os CEO’s?

Sim, sim, sim, sim, sim, sim! Elimina-se o risco e acumulam-se os lucros.

esquerda III







1. Aumentar o salário mínimo*.
2. Aumentar as transferências sociais.
3. Promover a sindicalização*.
4. Saúde gratuita.
5. Educação gratuita.
6. Auxílio às crianças em risco.
7. Habitação social.
8. Bolsas de estudo para cursos superiores.
9. Promover a integração dos presidiários.
10. Garantir os subsídios de desemprego.
11. Criar jobs for the boys*.
12. Criar mais jobs for the boys*.

O Center for American Progress é uma organização apoiada por George Soros. Submeto como prova irrefutável de esquerdalhice, as propostas que o camarada Soros apoia.
* Sinais patognomónicos.

programa do psd

Mantenho uma razoável expectativa sobre o Programa de Governo do PSD, que será apresentado no fim do dia de hoje. O que espero, sem alimentar falsas ilusões, é que ele seja breve, pequeno, que insista essencialmente nos domínios da soberania do estado (justiça. defesa, segurança, etc.) e que deixe o máximo possível de espaço à sociedade e aos cidadãos nas restantes áreas sociais (educação, saúde, economia, etc.). Não espero - e, francamente, seria um péssimo sinal que sucedesse o contrário - um "plano" para salvar Portugal do atoleiro em que se encontra. Nestes momentos, para um liberal, o melhor plano é não haver plano nenhum. Fartos de planos desses estamos nós, e os resultados são os que se conhecem... Por outras palavras, o governo deve reconhecer a sua natural incompetência fora dos seus domínios próprios, e comprometer-se, quando muito, a ajudar na criação das condições para que os cidadãos possam agir em liberdade (desburocratizar, baixar impostos, legislar com clareza, tornar a justiça célere, segura e inteligível, defender os direitos dos cidadãos, acabar com leis persecutórias e violadoras dos direitos fundamentais, etc.). Conto poder ainda hoje pronunciar-me sobre o que será apresentado ao país.

memorabilia

Isto de fazer caridade política, arranjando lugares elegíveis nas listas de deputados a quem já devia estar no Jardim dos Passarinhos a ler A Bola e a jogar o dominó, tem destes inconvenientes, como, por exemplo, a entrevista de hoje ao i do candidato a deputado do PSD João de Deus Pinheiro. Não se pode dizer que a coisa seja inaproveitável. Pelo contrário, o texto até está escorreito, a fotografia tem estilo, e a “mensagem” seria mesmo pertinente se dita há para aí uns vinte anos. A sensação que transmite, lida nos dias de hoje, é que o venerável Prof. Deus Pinheiro não foi capaz de sair da década de 80, das delicias sensuais das Festas do Champanhe do T-Clube, da estética das calças rouge, e das volúpias do Bloco Central. As memórias são imensamente gratificantes: tudo gente séria e ultracompetente do PS e do PSD, “que punha sempre o interesse nacional acima do interesse partidário”. Acorde, homem! A Dr.ª Manuela Ferreira Leite já disse – já garantiu aos seus eleitores vindouros – que ela nunca viabilizará um governo do Bloco. Nem do de Esquerda, nem do Central, ok? Convinha que pelo menos nestes assuntos nucleares, as figuras mais proeminentes do PSD (os “entrevistáveis”) não dissessem o que lhes salta ao cérebro, e alinhassem a retórica pelo diapasão da líder do partido. A um mês das eleições é o mínimo que se lhes pode pedir.

26 agosto 2009

o ensino da medicina

O ensino da medicina deve ser livre, neste ponto apoio sem reservas este post do Rui A..
Agora, paremos para reflectir. Portugal tem médicos a menos? Não. O número de médicos per/capita em Portugal é superior à média da OCDE. Então, que se passa? As autoridades fartam-se de falar na escassez de médicos e até estão a “importar” técnicos de medicina de Cuba... Há algo que não bate certo!
Eu explico, como o sistema de saúde está colectivizado, o número de médicos necessário (e os seus vencimentos) não é determinado pelo mercado, mas pelo MS.
Por exemplo, são necessários dois médicos para uma operação às cataratas. Um médico privado não pode passar atestados de doença, etc.
Se o sistema de saúde fosse privatizado (arrenego Satanás), teríamos desemprego médico e ninguém estaria interessado em abrir uma Faculdade de Medicina.
De algum modo, é algo parecido ao que já se passa em Espanha. Privatizar o ensino da medicina sem privatizar a saúde, meus caros, é alimentar ilusões. Recordemos, contudo, que o curso de medicina não serve apenas para exercer a profissão. Muitos médicos podem dedicar-se à investigação, à industria farmacêutica, à gestão... eu sei lá, à política. Sim, à política.

sem planos

Outra coisa animadora neste PSD, ao fim de meses e meses à espera de ideias, projectos e soluções salvíficas para a pátria, é a convicção – quase a certeza – de que ninguém sabe muito bem o que irá fazer ao país, quando e se alguma vez o partido for para o poder. As declarações de Manuela Ferreira Leite são, nessa matéria, muito esperançosas, e esta entrevista de hoje do seu vice António Borges é também estupenda. Quanto mais tempo passa e quanto menos dizem os responsáveis pelo PSD, mais me convenço sinceramente que não nos dizem nada por não saberem o que nos hão-de dizer. Ora isso, para um espírito liberal como o meu, francamente crente na ordem espontânea, e avesso aos grandes planos e à planificação, é uma notícia formidável. Por mim, quanto menos planos tiverem os governantes para o país e para os portugueses, melhor.

liberdade de ensino

Subscrevo inteiramente este post do Nuno Gouveia sobre a urgência de se ensinar livremente Medicina aos jovens portugueses. E acrescento que o que os governos têm feito nesta matéria, restringindo os cursos de Medicina em virtude de interesses corporativos, é absolutamente indigno e quase criminoso: faz com que sejamos obrigados a importar do estrangeiro maus profissionais, pondo em risco a saúde dos cidadãos, e obriga muitos jovens a irem estudar noutros países aquilo que se lhes devia ensinar cá. Por último, uma questão: porque razão cabe ao senhor da foto, o célebre Dr. Amaral, um poder quase discricionário nesta matéria, remetendo-lhe para a sua emérita sapiência a decisão sobre a criação ou não de novas Faculdades de Medicina?

conversão?

Estranhamente, ao fim de meses de reserva (muito) crítica, este PSD começa a convencer-me. Por uma simples razão, que é exactamente a inversa da que tem feito descrer recentemente alguns dos fiéis. É que aquilo está cheio de gente comum e vulgar, com ideias vulgares e comuns, não tendo, pelo menos por enquanto, surgido nenhum “salvador da pátria”, o que é excelente. Ao invés do Dr. Soares, que se constrangeu aristocraticamente com a vulgaridade da entrevista da Dr.ª Ferreira Leite, ela foi para mim um verdadeiro bálsamo: eu gosto de gente comum à frente do estado. A mim assustam-me os líderes voluntariosos, cheios de certezas e com os bolsos cheios de projectos que nos vão salvar a todos. Prefiro-os titubeantes, inseguros e reservados. É que é sempre dos primeiros que vêm as maiores tragédias e não destes últimos.

esquerda II












A maior ameaça à sociedade aberta, penso, já não é o comunismo mas o capitalismo.
George Soros

esquerda










Porque é que os bilionários são de esquerda?

as consequências do estatismo

Elisa Ferreira revelou em campanha que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, 114 mil dos 216 mil habitantes da cidade do Porto, mais de metade da sua população, portanto, recebe subsídios do estado. A informação é assustadora por várias razões. Mas a mais significativa de todas é que meia cidade vive provavelmente sem rendimentos próprios, portanto, à custa de rendimentos de outros. O Porto, outrora a cidade do empreendedorismo, a cidade da burguesia ascendente, a cidade do trabalho transformou-se numa cidade de mendigos e de dependentes da caridade alheia. Como se chegou a isto? E como se pode sair disto? Certamente que não responderemos à segunda questão sem termos resposta para a primeira.

25 agosto 2009

the green czar

paulo portas

Paulo Portas é inequivocamente o político mais brilhante da sua geração. Tem inteligência, carisma, competência, ideias e um sentido afinadíssimo da política. Há uns tempos, após um regresso que me pareceu desastrado à liderança do CDS, acreditei – e escrevi – que a direita não lhe perdoaria a brincadeira e que ele se arriscava a morrer politicamente. Errei. Paulo Portas é um gato com, não sete, mas, pelo menos, setenta vidas políticas e, ainda que essa jogada lhe tenha levado algumas, não vai ainda na metade das que dispõe.

Portas aguenta praticamente sózinho há onze anos um partido sem estruturas, sem quadros de relevo, sem meios, sem um eleitorado fixo e seguro que dê tranquilidade. O partido é ele, com o que isso tem de negativo e de positivo, mas o facto é que ele tem chegado para manter o CDS na orla do poder, para o ter levado uma vez ao governo, e para o levar, muito provavelmente, uma segunda vez nas próximas eleições legislativas. O CDS de Portas não é o partido que lidera a direita portuguesa, e dificilmente o poderia ser em virtude da sua história. Mas pode bem atingir o estatuto de partido charneira e tornar-se cronicamente indispensável à estabilidade governativa.

Nessa perspectiva, ao longo de todos estes anos, o erro principal de Portas terá sido a antecipação do projecto PP antes do seu tempo natural. Ele ter-se-á eventualmente convencido que o fim do cavaquismo era o princípio do fim do PSD e que, nessa altura, a transformação do CDS em Partido Popular poderia fazer ao partido laranja o que o PP de Fraga fez à velha UCD. Estava enganado. O fim do cavaquismo só virá nas próximas legislativas, com a derrota ou até com a eventual vitória de Manuela Ferreira Leite, a última das líderes do partido geradas politicamente por Aníbal Cavaco Silva. Depois dela, no dia 28 de Setembro ou em futura data incerta, dificilmente se seguirá alguém da safra do actual Presidente da República.

Esta última ideia tem um corolário evidente: o de que Paulo Portas nunca acreditou seriamente em protagonizar, ele mesmo, a liderança da direita portuguesa. Se o tivesse, teria aguardado pela decadência previsível do PSD, para protagonizar uma tentativa de unificação da direita sob o sua chefia. Não seria um número fácil, mas, ao estado que o PSD chegou nos últimos anos, também não seria impossível. Quando muito perderia mais algumas vidas políticas na jogada, o que, como já se viu em situações muito mais difíceis, não lhe seria fatal. O pior que poderia suceder-lhe era manter o seu património natural que é o CDS, que é o que ele possui há catorze anos. Não ficaria mais pobre por isso.

a esquerda caviar II

Laurinda Alves pode estar de férias, mas não abandona o esquerdalho, como diz José de Pina.
As mulheres e as crianças violadas no Congo; a dignidade dos que nascem do lado de lá da vida, mas que podiam ser do lado de cá, e que a deixam “profundamente devedora”; a coragem do resistente que chama nomes ao homem branco; o drama dos eritreus, dos sudaneses, dos somalis, dos afegãos e dos vietnamitas; os doentes; os órfãos; os tristes de toda a espécie.
Felizmente que Laurinda Alves não teve de sofrer na pele todas estas injustiças e iniquidades. Conhece-as, e sofre com elas, porque leu qualquer coisa no “The Guardian” ou no “New York Times”. Depois, é só imaginar-se no lugar das vítimas e debitar emocionalismo.
Debitar emoções é o máximo divisor comum da cultura humana, qualquer pessoa sabe o que é a tristeza ou a alegria, mesmo que nada saiba de tudo o resto. E LA debita emoções à velocidade da luz.
Deve ter sido por isso que um taxista de Lisboa lhe deu uma gorjeta. Estava farto de a ouvir e queria vê-la pelas costas.

a esquerda caviar

Obama iniciou uma semana de férias na região mais aristocrática dos EUA: Martha’s Vineyard, em Cape Cod. Vai ficar instalado numa mansão que custa apenas 50.000,00 USD/semana. Não há dúvida que ser socialista é uma categoria.
Gostaria de realçar que a população de Cape Cod é maioritariamente de esquerda. Da tal esquerda caviar, como se diz entre nós, de onde saíram figuras como o Senador Ted Kennedy.
Em Cape Cod, quase todos apoiam as políticas do Presidente, desde o resgate da banca, à nacionalização da GM, ao “cap and trade” e, por último, o chamado Obamacare. Porquê?
- Porque estes aristocratas da esquerda caviar, de Cape Cod, estão a facturar grosso nas empresas que Obama resgatou à custa dos contribuintes e vão lucrar de forma monumental com a nacionalização da saúde.

24 agosto 2009

princípios económicos

Qual é o fundamento moral dos teus princípios económicos? Os princípios económicos necessitam de um fundamento moral?

Consideras natural aceitar os princípios religiosos dos outros, mesmo que contrários aos teus? Por outro lado, defrontas-te frequentemente com pessoas que têm princípios económicos diferentes dos teus? Porquê? Se os princípios religiosos são o fundamento dos económicos?

Usarias o voto para forçar os outros a praticar a tua religião ou forçar os outros a construírem-te uma igreja? Porque é que consideras que o voto te legitima a forçar os outros a aceitarem os teus princípios económicos e a pagarem as políticas que tu defendes?

Pensas que a riqueza é um roubo? Ou um privilégio? Pensas que a riqueza só pode provir da exploração? Haverá no mundo um montante fixo de recursos para partilharmos? Se sim, de onde proveio e porque é que estamos cada vez mais ricos? ...

Admiras desportistas que auferem vencimentos milionários, mas desdenhas dos executivos que também os têm? Porquê? Tem algum interesse que os accionistas dessas empresas considerem que estão a pagar um vencimento adequado? E se tu não fores um accionista, como é que este assunto te diz respeito?

A pobreza é um indicador absoluto de valor? Acreditas que os pobres têm alguma responsabilidade em melhorarem a sua condição? ...

Todos os pobres têm direito aos recursos dos ricos, independentemente de como uns e outros se tornaram pobres ou rico
s?

Bill Frezza

o que é um socialista?

O que é um socialista? É uma pessoa que se considera devedora aos pobres, mas que é demasiado preguiçosa ou forreta para pagar o que deve. Para compensar a pobreza pretende, então, que sejam os ricos a pagar as suas próprias dívidas; independentemente destes serem devedores ou credores da sociedade.

Definição inspirada nesta crónica da LA.

23 agosto 2009

«não há empregos»

«Não há empregos. Procura-se e não se encontra», afirma o Público de hoje. Pois não, não há. E cada vez vai haver menos emprego em Portugal. Porquê? Pela simples razão de que, nos últimos anos, o estado cuidou de destruir as pequenas, as médias e algumas das (poucas) grandes empresas que existiam no nosso País para equilibrar as contas públicas. Ou seja, para pagar as suas próprias asneiras, resultantes de más políticas e de péssimas decisões de quem nos governa e que, de resto, nunca responde pelos prejuízos causados, o estado foi buscar dinheiro à economia. Como um toxicodependente progressivo, dos que roubam aos pais e aos amigos para sustentar o vício, o estado português continuou a ir despudoradamente ao bolso dos portugueses e das empresas que eles iam, com sacrifício, conseguindo manter. Foi-os, assim, descapitalizando e criando toda a espécie de entraves à sua sobrevivência. Sem a possibilidade de acumularem capital resultante do seu trabalho, os portugueses e as empresas vivem para se sustentar, para pagar salários ao fim do mês, e para pagar ao estado que, por sua vez, só lhes paga o que lhes deve quando quer e lhe apetece. Se as coisas correm mal, se falham os clientes, ou a banca, ou se a crise é particularmente sensível, um empresário que arriscou capital e nome para criar riqueza e emprego, ainda se arrisca a ter problemas com a justiça e a ir parar à prisão. Acrescente-se a isto a burocracia tradicional do País, a lentidão da justiça e a recessão económica com as consequentes quebras de crédito bancário, e assim se explica porque não há emprego em Portugal. E assim se percebe, também, porque vai continuar a não haver, enquanto se mantiver a mentalidade estatista em que vivemos.

poliginia

A poliginia é o nome atribuído à poligamia masculina (do grego: polýs + gyné). É uma forma de organização social e de reprodução que permite aos homens cruzarem-se com várias mulheres. Historicamente, parece ter sido este o paradigma familiar predominante.
Os Profetas Abraão e Jacob foram polígamos, assim como o Rei Salomão. O Profeta Muhammad também. Polígamos terão sido, igualmente, a grande maioria dos líderes da humanidade: reis, imperadores, califas, etc.
Claro que por cada macho polígamo há vários que nunca chegam a reproduzir-se, como se passa hoje nos países islâmicos. Este fenómeno está demonstrado cientificamente, através do estudo do ADN mitocondrial (que se transmite apenas pela linha materna) e do ADN do cromossoma Y (que se transmite apenas pela linha paterna). Os machos humanos que se reproduziram, e que portanto deixaram os seus genes no cromossoma Y, foram em muito menor número do que as fêmeas. Comprovando uma assimetria sexual que só pode ser explicada pela predominância da poliginia, ao longo de dezenas de milhares de anos.
A apetência pelo poder pode ser explicada em termos reprodutivos. Para os machos, o poder confere os recursos e a oportunidade para a poliginia. É portanto útil pensarmos nos diferentes modelos de organização política como modelos biológicos de reprodução. Figurando, num extremo as teocracias e as ditaduras absolutistas e no outro extremo a democracia liberal e capitalista.
Este último modelo é o que confere ao maior número possível de machos a oportunidade de transmitirem os seus genes. Nas ditaduras, de direita ou de esquerda, esta oportunidade está reservada aos chefes.

simplex

Entidades envolvidas ou que se manifestaram a propósito do acidente na praia Maria Luísa:

Ministério da Administração Interna
Ministério do Ambiente
Autoridade Regional Hidrográfica
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
Câmara de Albufeira
Polícia Marítima
Protecção Civil
Instituto da Água
Comando Marítimo de Faro
Instituto de Socorros a Náufragos
Instituto de Meteorologia
Laboratório Nacional de Geologia e Minas
Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve
Bombeiros
GNR
Hospital de Faro
INEM

Compareceram ainda no local o Sr. Presidente da República e o Sr. Primeiro-ministro.

22 agosto 2009

tradição de obras públicas...







O Alentejo e a Bretanha foram as regiões onde se ergueram, pela primeira vez, grandes monumentos megalíticos: os menires.

Luísa Pereira e Filipa M. Ribeiro, em O Património Genético Português.

cortes

O aumento de 170% no défice do Estado, devido a uma queda de 18,8% nas receitas e a um aumento de 3,7% na despesa, diz tudo. O governo que sair das próximas eleições vai ter de efectuar cortes drásticos.
Não chega aumentar, de novo, os impostos como promete o primeiro-ministro ou vender activos, como foi feito no passado. Desta vez vão ser necessários cortes na despesa pública.
Os partidos que não expliquem, nos seus programas, os cortes que consideram indispensáveis, não merecem o nosso voto.

governo MFL










Futuro Ministro das Finanças?

especial por conta

O que é que torna MFL especial? O que é que a qualifica para governar Portugal? Segundo os seus correligionários, o que a torna especial é a necessidade de correr com Sócrates.
Ou seja, MFL é especial à conta de Sócrates. É “especial por conta”!

21 agosto 2009

a culpa é das vítimas

Um Sr. do governo, que foi apresentado como Ministro do Ambiente, afirmou em directo, na RTP:
- Isto é um grande aviso para os banhistas que não respeitam as indicações de perigo.

cosa nostra



Confesso o meu fascínio de sempre pela Máfia. Pela história da instituição, pelas origens míticas e perdidas no tempo, pela inteligência de alguns dos seus líderes, pela dimensão empresarial da organização, pela estratégia de dissimulação que seguiu durante décadas (“A Máfia é coisa que não existe”...), pelos rituais, pela arrogância de atravessar o Atlântico e implantar-se na terra das oportunidades, mas, sobretudo, pela natureza eminentemente política que possuiu antes de ser uma organização criminosa, e que nunca deixou de ter, nem mesmo nos seus momentos mais sinistros. A Máfia foi e é, antes de mais, um estado, isto é, uma forma de organizar politica e socialmente uma comunidade alargada de pessoas, concretamente, durante décadas, a Sicília e os sicilianos. Foi um estado antes do estado quando a Sicília era terra de ninguém, foi um estado para além do imberbe estado italiano quando este se começou a impor naquela ilha, e foi um estado dentro do estado e contra o estado quando este se afirmou em pleno na Itália após a 2ª Guerra Mundial, e nos EUA do século XX.

As origens históricas da Máfia perdem-se no tempo e não reúnem o consenso dos historiadores. Essencialmente, perduram duas teses. A primeira, a de que ela é uma organização siciliana muito antiga, que implantou um regime de natureza feudal gerido por chefes soberanos (os “padrinhos”), que eram os homens mais influentes da sua região. Em cada território mafioso o padrinho e a sua organização política e administrativa (a “Família”, que não é a família de sangue, mas a família mafiosa constituída pelos homens que ele selecciona e que prestam juramento à organização de acordo com os seus rituais de iniciação) gozam de soberania quase absoluta e administram as comunidades como um qualquer poder político: garantem a segurança, prestam serviços a quem lhos suscita (ficando devedores, por esse facto, ao padrinho e à organização), enunciam o direito local (quase sempre baseado na tradição e nos costumes) e aplicam a justiça. Em troca, cobram impostos e favores a quem se sujeita ao seu poder. A segunda tese, bem mais prosaica e muito menos idílica, defendida, entre outros, por John Dickie (Cosa Nostra – História da Máfia Siciliana, Edições 70, 2006), afirma que todo esse suposto passado é uma lenda criada pela própria organização com a finalidade de se enaltecer, e que a sua história é muito mais recente, datando somente do fim do século XIX, tendo-se iniciado com a extorsão criminosa feita aos proprietários das plantações sicilianas de limão, ao tempo tão valorizado por combater eficazmente algumas doenças, entre elas o escorbuto. Nesta interpretação, a Máfia fora sempre, apenas e só, uma organização criminosa, sem qualquer ligação à tradição siciliana e aos costumes dessa parte da Itália.

Curiosamente, esta última é a versão que mais e melhor assenta à estratégia que a Máfia seguiu durante décadas: negar a sua existência e desvalorizar tudo quanto era dito a seu respeito. Esta foi, de resto, a estratégia brilhantemente posta em prática por Lucky Luciano na conferência de 1929 dos grandes chefes da Máfia americana em Atlantic City, onde nasceu a célebre “Comissão”, organismo mafioso que reunia todos os padrinhos da principais Famílias. Rudolph Giuliani, que na década de sessenta foi um dos procuradores que investiu contra a Máfia, reconhece que só nessa altura ouviu falar na célebre “Comissão”, o que dá bem conta da natureza da estratégia seguida e do êxito da mesma. Luciano, um italo-americano cujo nome de baptismo era Salvatore Lucania, alcunhado de “Luckie” pela sorte que teve de conseguir escapar, muito novo ainda, a uma morte certa (fora pendurado num gancho de carne, com a garganta cortada, sendo que os seus algozes não lhe deram sequer o “tiro de misericórdia” por o julgarem já condenado), defendeu nessa conferência que a organização devia ser absolutamente discreta e que nem nome deveria ter. Os assuntos de que tratavam, as gentes que lhe pertenciam e as regras a que obedeciam eram “Cosa Nostra” e ponto final. Durante as décadas em que Luciano pontificou na Máfia dos dois lados do Atlântico, a organização dedicou-se aos seus negócios sem grandes sobressaltos. Mesmo quando Luciano foi preso nos Estados Unidos, as autoridades tiveram de ceder e negociar com a Máfia. A partir de 1941, quando entraram na 2ª Guerra Mundial, os EUA precisaram e pediram o apoio de Luciano e da sua vasta organização para conseguirem serenar os sindicatos (que a Máfia verdadeiramente controlava), estancarem as greves, e para prepararem a invasão da Sicília e a reorganização da Itália. Luciano foi transferido da penitenciária onde se encontrava e de que não gostava particularmente, para uma outra mais do seu agrado. Muitos padrinhos foram “milagrosamente” libertados muito antes de cumprirem as penas a que tinham sido condenados, e Luciano foi também, por sua vez, finalmente posto em liberdade pouco tempo após o fim da guerra, embora recambiado para Itália. Nos EUA houve quem sugerisse que fosse condecorado pelo Presidente, hipótese lançada com algum entusiasmo de circunstância, que acabou por não ter vencimento...

Na Sicília e nos EUA a estratégia da Máfia, sob o comando de Lucky Luciano e com padrinhos como Vito Genovese, Meyer Lansky, Carlo Gambino (que inspirou a personagem de Marlon Brando no filme de Coppola), ou de Vito Cascio Ferro, foi sempre a da discrição. Tinham outra regra de ouro: a de não colidir, em circunstância alguma, com os poderes públicos, não matando gente ligada à política, à justiça e ao estado em geral. Para Luciano a Máfia precisava do estado para viver e, por conseguinte, não o devia hostilizar. Quanto melhor estivesse o estado, melhor estaria a Máfia, certamente. Em Itália, na Sicília, a Máfia substituiu o estado nas suas funções tradicionais durante anos. Conviveu sempre bem com os poderes públicos que, de resto, não tinham um módico de poder real comparado com o da organização. Esta verdadeira pax mafiosa só foi interrompida pelo estado italiano no tempo do fascismo de Mussolini, que, compreensivelmente, na lógica totalitária dessa ideologia, não podia conceber nenhum poder que ensombrasse o seu. Por isso, o fascismo foi o grande adversário que a Máfia siciliana conheceu até aos anos 80, quando a organização esqueceu as regras de Luciano e declarou o estado italiano como o seu inimigo principal. Foi a época de Totò Riina e da Máfia de Corleone que lançou a Itália num verdadeiro pandemónio, assassinou políticos e agentes da justiça (entre eles os célebres juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino). Como era óbvio, no fim, apesar dos estragos imensos que causou, perdeu. O seu sucessor, Bernado Provenzano, tentou acalmar as coisas, mas era já tarde. O estado italiano aplicava, por sua vez, a estratégia de Falcone: não se deixar iludir pela aparente fraqueza do inimigo e continuar a investir impiedosamente sobre ele.

A verdade dos factos é que, quer em Itália quer nos EUA, a fronteira entre o poder da Máfia e o do estado era difícil de distinguir durante largos períodos do século passado. Certamente que muito mais em Itália, até por razões históricas e de antiguidade da instituição, onde a Máfia e o estado frequentemente se sobrepunham, do que nos EUA, onde a Máfia infiltrou o estado e vivia à sua custa, mas nunca o substituiu. O objectivo da organização, em ambos os casos, consistia em ter o poder político e o poder judicial sob o controlo possível e, mais do que isso, conseguir aceder a benefícios e vantagens que só o estado - sobretudo o estado democrático e social - pode conceder: grandes obras públicas, concessões de licenças, exploração de serviços públicos, grandes negócios, etc. Não por acaso a Máfia americana apostou na infiltração e no domínio dos sindicatos como objectivo estratégico prioritário. Através deles conseguiram pressionar poderes públicos e privados, obtendo para si os negócios que lhes convinham.

Em face do poder alcançado por esta organização criminosa no século XX, surgiram duas teorias para lidar com o problema: uma, aparentemente vitoriosa, a de o atacar frontalmente, sem contemplações, como associação criminosa que é; outra, a de aceitar a pax mafiosa de Lucky Luciano, tolerando as suas actividades como um custo natural inerente às sociedades desenvolvidas e democráticas, mantendo-as, não obstante, sob observação. Eu creio que a tendência tem sido outra: a da absorção do tipo de negócios da Máfia pelo estado actual, uma vez praticamente derrotada essa organização, e num momento de crescimento exponencial das funções do estado e, consequentemente, do seu orçamento. De facto, os negócios a que a Máfia se dedicava continuam a existir, e já não se fazem à margem do estado ou à sua sombra por uma organização paralela, mas dentro do próprio estado e por gente que supostamente o serve. Atenda-se, de resto, ao que diz a célebre Lei Rognoni-La Torre, promulgada em Itália em 1982, no ciclo de combate estatal à Máfia, no seu artigo 2º que define as finalidades dessa organização: “(...) praticarem crimes, assumirem o controlo directo ou indirecto sobre actividades económicas, franchises, licenças, empreitadas e serviços públicos (...)”. Isto pratica-se hoje nas sociedades democráticas ocidentais, faz parte do jogo da política, e é domínio reservado a uns poucos, às elites políticas e empresariais que com elas se relacionam, que estão encostadas ao estado, em suma, às oligarquias do Estado Social. Para elas aqueles benefícios e privilégios estão-lhe praticamente reservados em exclusivo, sendo de muito difícil acesso ao cidadão ou ao empresário comum. Os cidadãos praticamente já se habituaram e muito raramente questionam este estado das coisas. São “cosa nostra”, como se dizia noutros tempos. Deles, é claro.

20 agosto 2009

as 9 +

Ronald Reagan used to joke that the nine most terrifying words in the English language were:
I'm from the government and I'm here to help.
Via RCP

gado muar

O que é uma mula?
É uma gaja tão boa, tão boa, tão boa... tão convencida e tão provocante, que só a podemos levar a passear de trela curta e com uma pistola automática carregada.
PS: Rogo aos interessados o favor de clicarem na imagem, para uma melhor perspectiva.

aumentar o saque

Os programas do PS e do PSD para a saúde, embora diferentes, parecem-me conduzir aos mesmo resultados.
O PS propõe-se abolir as deduções fiscais para as despesas com a saúde e com os seguros de saúde, pela igualdade dos cidadãos. O resultado será aumentar o saque à classe média.
O PSD propõe-se diferenciar a comparticipação dos “utentes” em função dos seus rendimentos, pela igualdade dos cidadãos. O resultado será aumentar o saque à classe média.

sem dúvida

A redução drástica de impostos é a medida cirúrgica que urge para extirpar esse tumor galopante que é o desemprego. Uma eventual consequência seria a diminuição das receitas do Estado. Tanto melhor, pois obrigaria à adopção dessa medida de higiene económica que se impõe há décadas, que é a eliminação das despesas supérfluas do Estado.
Paulo Morais
Via Blasfémias

19 agosto 2009

silent no more


Quando o povo tem medo do governo há tirania, quando o governo tem medo do povo há liberdade.
Tom Paine

e se nos deixássemos de merdas?...

Via Blasfémias e CAA, cheguei a este inenarrável post de Pacheco Pereira, onde ele, certamente preocupado pelas imprevisíveis consequências eleitorais dos recentes actos políticos do seu partido, nos quais terá provavelmente comparticipado, defende a peregrina tese de que nada importa, nas próximas eleições, que não seja substituir o governo do Partido Socialista. Tão pouco os “erros”, tão pouco os “erros graves” que ele reconhece terem sido cometidos por Manuela Ferreira Leite, e com os quais não “concorda”, dos quais não “gosta” e de que até acha “mal”. Tudo “tretas”, no fim de contas, perante o “simples, meridiano, claro facto” de que é necessário tirar o PS do governo.

Eu também concordo com este último ponto. Também julgo que o governo de José Sócrates é nocivo a Portugal e que urge substituí-lo. Pensei, por isso, que o partido a quem cabe vencê-lo nas próximas eleições, o PSD, e os seus dirigentes tivessem a suficiente noção das suas responsabilidades, e fossem capazes de evitar “erros graves”, segundo o Dr. Pacheco, tão graves que neste momento podem pôr em causa esse desígnio nacional que é tirar o PS do governo. Não foram. É pena. Em vez de terem pensado nesse “simples, meridiano e claro facto” que é o futuro do País, deixaram-se perder nas questiúnculas internas, nos ódios pessoais e nas jogatinas de aparelho. Nas merdas, perdão, nas tretas do costume, em suma.

"When Markets Collide" (*)


O mercado accionista chinês está novamente sob pressão. Depois de ter implodido em 2008, teve uma recuperação espantosa nos últimos 9 meses. Contudo, ao fecho de hoje, o principal índice de acções em Shanghai regista já uma correcção de 20% face aos máximos recentes - a definição que tecnicamente caracteriza um "Bear Market" (tendência de baixa). Ao mesmo tempo, para animar o fluxo noticioso de hoje, há outros dois elementos dignos de registo: as posições (negativas) que Warren Buffett e Bill Gross (gestor da PIMCO, que detém o maior fundo mundial de obrigações) assumiram acerca do dólar norte-americano. Mas vamos por partes.

De facto, actualmente, a China é a maior ameaça à estabilidade financeira mundial. Apesar do programa de estímulo económico aprovado no início do ano, correspondente a mais de 20% do seu PIB (!), ter dado resultado. A produção industrial aumentou. E os preços do activos - imobiliários e mobiliários - também. Estes resultados são o reflexo da extraordinária política orçamental adoptada, mas também da forma como esta foi executada: com proteccionismo (barrando a actividade de fornecedores estrangeiros que competissem com os locais) e com enorme laxismo bancário (exigindo aos bancos a abertura de linhas de crédito sem análise de risco).

Infelizmente, a recuperação sensacional operada na China não foi acompanhada - nem podia ser - pelo resto do mundo, que não lhe tem comprado bens e serviços na medida proporcional. E como a China se mantém essencialmente como uma economia exportadora, das duas uma, ou implode ou faz desencadear um processo de escoamento maciço de tudo aquilo que, desmesuradamente, andou a produzir. O problema é que nenhum dos dois cenários é bom para o Ocidente. Para os chineses, apesar de tudo, o menos mau é continuar a exportar, porventura, a preços unitários ainda mais baixos. Inundar o mercado internacional, que é o que vão tentar fazer.

Em simultâneo, a questão do dólar, como moeda de referência do sistema financeiro internacional. As posições de Buffett e Gross não são novas - limitam-se a expôr (novamente) os receios associados aos "Twin deficits" da América. Contudo, é verdade que a situação orçamental dos Estados Unidos se tem vindo a deteriorar e, neste momento, estima-se que o défice orçamental possa até chegar aos 15% do PIB. Uma tragédia que resultaria na inevitável desvalorização do dólar. Porém, para que o dólar desvalorize é necessário que outras divisas valorizem. Mas quais? O euro? Não, a ausência de uma união política entre os membros da zona euro descredibiliza a moeda. O yen? Não, o Japão já vai na segunda década perdida e a provável mudança de cores políticas no governo traz incerteza. O yuan? Duvido e explico porquê.

No início do ano passado, um dos colegas de Bill Gross na PIMCO, Mohamed El-Erian, publicou um magnífico livro chamado "When Markets Collide". Nele, o autor - um dos mais conceituados investidores profissionais do nosso tempo - define os quatro estágios associados à evolução dos países emergentes, da transição "from a debtor regime to a creditor regime". A primeira fase é a do "Benign Neglect", ou seja, estes países começam a receber fluxos e receitas até aqui improváveis, sem lhes dar grande importância. A segunda fase é a da "Sterilization" dos fluxos, emitindo dívida pública ou, simplesmente, escondendo o dinheiro em "offshores". A terceira fase é marcada pela "Liability and Asset Management", em que estes países emergentes começam a ter alguma consciência política em relação às gerações futuras, iniciando assim a diversificação da sua riqueza através de fundos soberanos ou afins. Por fim, a quarta fase, que é "Embracing Change", em geral acompanhada de abertura política (quando esta não existe), valorização das taxas reais de câmbio e crescimento do respectivo mercado interno (aparece a classe média e aumentam as importações).

Ora, na minha opinião, a China já passou pelas primeiras três fases, mas não pela quarta e derradeira fase. Por isso, infelizmente, acredito não se deve esperar muito do mercado interno chinês nem do yuan.

(*) El-Erian, Mohamed (2008). When Markets Collide, Integrated Strategies for the Age of Global Economic Change. New York: McGraw-Hill

outro nazi

Diminuir os custos implica alterar o modo como os médicos pensam nos doentes: os médicos levam o juramento de Hipócrates demasiado a sério, como um imperativo para fazer tudo pelos doentes, independentemente dos custos ou do impacto nos outros.
Sim, isso é o que os doentes querem. Mas Emanuel pretende que os médicos olhem para lá das necessidades dos seus doentes e considerem a justiça social. Por exemplo, o dinheiro não seria melhor gastos com outros? (Journal of the American Medical Association, June 18, 2008).
Muitos médicos ficam horrorizados com esta perspectiva; julgam que a função do medico é lutar pela justiça social; mas um doente de cada vez.
Emanuel, contudo, pensa que o comunitarismo deve guiar as decisões dos médicos. Os cuidados de saúde devem ser reservados para os mais aptos e não devem ser dispensados aos que estão irreversivelmente incapacitados para uma cidadania activa…
Um exemplo óbvio seria não assegurar serviços de saúde a dementes
(JAMA, Feb. 27, 2008).

Emanuel Ezequiel é assessor do presidente Obama
Via NYP

18 agosto 2009

à deriva

Enquanto parece haver um consenso, em Portugal, de que o sistema de saúde necessita de reforma, governos fracos e grupos de interesse bem entrincheirados não permitirem o desenvolvimento de qualquer projecto. De momento, Portugal anda à deriva.
Via CATO

orgulhosamente sós

"Em Portugal, caros camardas, nós temos o privilégio de viver ainda o nosso estatuto de homens de esquerda, numa espécie de felicidade semelhante à dos sonhos. À Revolução o devemos, naturalmente, ao capital de intervenção social então acumulado".
O resto da Europa, "neste momento, não só é pouco socialista, mas militante e determinadamente anti-socialista".

Custa a crer que um intelectual como Eduardo Lourenço tenha caído no discurso do "orgulhosamente sós", tão caro a Salazar.
Eduardo Lourenço, em A Esquerda na Encruzilhada ou Fora da História?

mais leituras


não é NICE



Quando o estado desenvolve políticas colectivistas que desvalorizam os cidadãos, está subjacente um velho princípio nazi: “Du bist nicht, dein Volk ist alles”.
O NICE é um exemplo acabado destas políticas. O que conta é o colectivo.

Obamacare


"Let's talk about health care around the advanced world. Every wealthy country other than the United States guarantees essential care to all its citizens. There are, however, wide variations in the specifics, with three main approaches taken. (...) In Britain, the government itself runs the hospitals and employs the doctors. (...) Like every system, the National Health Service has problems, but over all it appears to provide good care while spending only 40 percent as much per person as America does. (...) The second route to universal coverage leaves the actual delivery of health care to private hands, but the government pays most of the bills. That's how Canada and, in a more complex fashion, France do it (...) Finally, the third route to universal coverage relies on private insurance companies, using a combination of regulation and subsidies to ensure that everyone is covered. Switzerland offers the clearest example: Everyone is required to buy insurance, insurers can't discriminate based on medical history or pre-existing conditions, and lower income citizens get government help in paying for their policies. (...) So where does Obamacare fit into all this? Basically, it's a plan to Swissify America.", Paul Krugman, International Herald Tribune de hoje.

Entre os países citados no artigo de Paul Krugman, a percentagem do PIB que cada um gasta na Saúde é a seguinte:

Reino Unido: 8,2%
Canadá: 9,7%
França: 11,1%
Suíça: 11,4%
EUA: 15,9%

(fonte: The Economist)

Imobiliário em Portugal


"At the height of the bubble, a US citizen had to put up aside the equivalent of five and a half years' worth of salary to meet mortgage payments. Right now, that figure is more like three and a half years. In Spain, if housing prices are divided by gross income, it emerges that families have to put aside nearly seven years' worth of wages.", International Herald Tribune de hoje.

Esta informação é muito relevante para nós Portugueses. Por dois motivos. Primeiro, dá-nos uma noção dos preços imobiliários que são de esperar num enquadramento altamente concorrencial (EUA) e num ambiente competitivo mais rígido (Espanha). Segundo, permite-nos comparar com os preços que por cá se praticam, a fim de aferir da sua razoabilidade ou não.

Nos últimos dois anos, tem-se argumentado que em Portugal não se justificam correcções significativas nos preços das casas pela simples razão de que nunca houve uma bolha especulativa no imobiliário nacional. Trata-se de uma tese defendida por todas as entidades técnicas ou profissionais envolvidas na análise do sector - Governo, Banco de Portugal, Imobiliárias e Bancos. Contudo, apesar daquilo que nos contam os técnicos, existe um quase consenso popular que diz o contrário: que as casas estão muito caras. Portanto, afinal de contas, quem é que tem razão?

Em Portugal, o preço por metro quadrado tenderá a aproximar-se do exemplo espanhol, citado anteriormente. A exemplo de Espanha, o nosso mercado também é relativamente rígido, por isso, são de esperar preços relativamente elevados. O problema é que neste momento a nossa factura imobiliária é superior à de Espanha.

De acordo com o INE, no segundo trimestre de 2009, os bancos que concedem empréstimos hipotecários em Portugal avaliaram o metro quadro lusitano em 1.168 euros (valor médio). Se considerarmos que no nosso país: a) cada agregado familiar possui 2,7 pessoas; b) a tipologia necessária para albergar essa família é de 90 metros quadrados; c) o rendimento médio de cada trabalhador português é de 750 euros mensais e; d) a população activa corresponde a apenas metade da população total....conclui-se que cada família portuguesa gasta 7,4 anos do seu rendimento agregado para adquirir uma casa, estimativa que resulta da seguinte conta: (1.168 * 90) / (2,7*50%*750*14).

Portanto, o que é vai acontecer no nosso país? Há essencialmente duas possibilidades. Cenário A: Portugal permanece na sua tendência estrutural. Ou o cenário B: os preços baixam. Alguns dados divulgados há poucos dias na imprensa económica atestam que estamos a viver na terra de ninguém, ou seja, há muito inventário disponível, mas compradores e vendedores, teimosamente, não se entendem quanto ao valor de negociação. O mercado imobiliário está parado. Em suma, a situação pode, rapidamente, normalizar (cenário A) ou descambar (cenário B). E qual será a variável crítica nesta contenda? Será a evolução do desemprego.